Autor Tópico: Testemunhas de Jeová e a questão do sangue  (Lida 6964 vezes)

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Offline Hold the Door

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Re: Testemunhas de Jeová e a questão do sangue
« Resposta #50 Online: 07 de Março de 2010, 13:29:17 »
Então o que fazer, perante as pessoas, que em estado limite, recusam terminantemente, o sangue alheio? :|
Se ela é maior de idade, plenamente capaz, então é um direito dela...
Desde que não impeça que se faça transfusão em outros, como os filhos.
Aí o caso já é diferente. Pais não têm poder de vida ou morte sobre os filhos. E não é a religião que vai lhes dar isso. Nesse caso o médico deve obrigatoriamente realizar a transfusão.
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Offline lusitano

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Re: Testemunhas de Jeová e a questão do sangue
« Resposta #51 Online: 10 de Março de 2010, 19:50:42 »
Fabi

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Que tipo de pessoas? Que não aceitam transfusão? :?
 

Certo tipo de "místico-maníacos" e os temerosos de contrairem doenças "perigosas e incuráveis" por esse meio.

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Se tem tratamento e a pessoa não aceitar e morrer é livre opção. Estamos numa época em que a medicina pode dizer o que você tem mas muitas vezes não tem cura. E é essa cura que estão procurando em pesquisas e etc. Pra que perder tempo com pessoas que não aceitam um tratamento por frescura?

Talvez por motivos legais.

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Perder tempo, porque tem muitas pessoas com essas doenças incuráveis e que estão esperando que algum dia encontrem uma cura, ou um tratamento. E enquanto esperam, a doença vai progredindo.

Digamos que há os que estão condenados à morte, por impossibilidade médica e os que aproveitam para praticar "eutanásia" ocasional.

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Me diz você, é justo com essas pessoas? É justo querer que a medicina invente sangue só porque sua* religião proíbe, enquanto existem pessoas que dariam tudo para ter uma cura?

Direi que não é justo haver pessoa que vão morrer, por falta de hipóteses de cura e que há outras que recusam a cura por parvoice cultural.

Todavia, quanto aos que recusam um tratamento, por cepticismo a respeito da eficácia do mesmo, ou por temerem que iriam ficar muito piores que antes, parece-me que a medicina deverá mesmo tentar outras opções de tratamento. Como por exemplo, justamente inventar sangue compatível com o natural.

Afinal, parece que existem descobridores e inventores compulsivos, que se divertem a desafiar os impossíveis habituais.

Quem diria que as células estaminais, contém toda a informação para criar qualquer espécie de orgão diferenciado?

Esta questão leva-me a perguntar. Será que poderemos vir a ser "imortais"? :) 





 
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Offline Spitfire

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Re: Testemunhas de Jeová e a questão do sangue
« Resposta #52 Online: 10 de Março de 2010, 19:56:25 »
Existem testemunhas de jeová que sejam doadores de sangue? 

Offline lusitano

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Re: Testemunhas de Jeová e a questão do sangue
« Resposta #53 Online: 10 de Março de 2010, 20:28:26 »
Spitfire

......................
Hagar, o horrível


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Existem testemunhas de jeová que sejam doadores de sangue?

Seria paradoxal se houvesse. :arrow: :idea:   
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Offline Spitfire

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Re: Testemunhas de Jeová e a questão do sangue
« Resposta #54 Online: 10 de Março de 2010, 21:06:09 »
Spitfire

......................
Hagar, o horrível


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Existem testemunhas de jeová que sejam doadores de sangue?

Seria paradoxal se houvesse. :arrow: :idea:   

Em hipótese nenhuma!

Seria caridoso.

Offline lusitano

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Re: Testemunhas de Jeová e a questão do sangue
« Resposta #55 Online: 11 de Março de 2010, 01:44:05 »
Spitfire

----------------
Hagar, o horrível


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Existem testemunhas de jeová que sejam doadores de sangue?

.........................................

Seria paradoxal se houvesse.     

.................................

Em hipótese nenhuma!

Seria caridoso.

Só se fosse um herege, ou uma pessoa de boa vontade, para com o próximo em sofrimento; que concordasse que oferecer uma transfusão sanguínea, não violava nenhuma lei sagrada.

Já tive oportunidade de conversar com um testemunha de jeová, que me revelou,
que em caso de dúvida, perante interpretações discordantes dos textos bíblicos, o melhor seria pedir explicações directas ao "espírito santo" e agir conforme o conselho divino e não pelo livro. :) 
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Offline Shinigami-Ateu

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Re: Testemunhas de Jeová e a questão do sangue
« Resposta #56 Online: 19 de Março de 2010, 15:50:10 »
portunidade de conversar com um testemunha de jeová, que me revelou,
que em caso de dúvida, perante interpretações discordantes dos textos bíblicos, o melhor seria pedir explicações directas ao "espírito santo" e agir conforme o conselho divino e não pelo livro. :) 
Haja Dorgas manolos pra falar com jesuis araraiarer
"Por que temer a morte? Enquanto eu sou, a morte não é; e, quando ela for, eu já não serei. Por que deveria temer o que não pode ser enquanto sou?”.

Offline Donatello

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Re: Testemunhas de Jeová e a questão do sangue
« Resposta #57 Online: 20 de Março de 2010, 12:08:58 »
Eu costumo achar que a questão Transfusão x TJs é o melhor símbolo do equívoco que é a associação entre religião e moralidade.

Como as definições de Moral são diversas e polêmicas (algumas eruditas demais), definamos Moral (substantivo) como o campo onde se discutem as qualificações das ações humanas. Onde se define se determinada ação é digna de status e porquê. Definamos moral (adjetivo) como a ação humana que é ou que deva ser estimulada pela coletividade, cujos autores ganhem ou devam ganhar status social ao cometê-la e sejam ou devam ser convencidos a repetí-la. Definamos como imoral toda a ação humana que é ou que deva ser desprezada pelos outros homens, cujos autores sejam ou devam ser repudiados pela coletividade, punidos pelas autoridades contituídas, etc.

É óbvio que nada disso depende de religiosidade, em geral depende exclusivamente da percepção coletiva de que determinada ação cometida por um indivíduo prejudica ou auxilia a comunidade. A definição em uma sociedade sobre a moralidade de um ato pode surgir inclusive a despeito do que prega a religião dominante: exemplar é a questão do uso da camisinha, que mesmo sendo combatido pela religião de 7 em cada 10 brasileiros não deixou de ser aceita pela quase totalidade da população como a coisa certa a se fazer.

Qual o problema quando uma religião assume para sí a posição de defensora de um comportamento moral (que já existia antes que ela tivesse assumido para sí, sempre)? Ela o sacraliza e o torna desprovido do caráter utilitário que o deu origem. O uso de camisinha só se tornou tópico moral porque existem doenças infectocontagiosas graves, potencialmente letais, e de difícil ou impossível cura que são transmissíveis por uma trepada. É por isso que todos nós consideramos correto usar camisinha em relações com pessoas que não tenhamos certeza de serem soronegativas para as doenças X. No dia que a AIDS, a hepatite B e a sífilis estiverem enfim erradicadas ou não forem mais potencialmente letais o uso de camisinha deixará imediatamente de ser algo moralmente exigível (a não ser que durante o processo alguma religião tenha encontrado uma brecha em seus livros sagrados e passe a proclamar que o uso de camisinha é exigido por deus).

Moralidade é uma questão utilitária e circustancial. Definir se uma ação deve ser praticada ou não deveria sempre implicar num prévio exame sobre os seus efeitos esperados. E o incrível é que nós estamos programados para isso, naturalmente. É (em grande parte das vezes) a religião que funciona como um vírus que trava o nosso software moral e o impede de ser atualizado.

A questão das TJ's contra o sangue é exatamente esta. As Testemunhas de Jeová são uma seita que surgiu exatamente na segunda metade do século XIX, em 1870. O século XIX foi o século em que a medicina começou a perceber a possibilidade do uso terapêutico da tranfusão de sangue. A primeira transfusão tinha se dado em 1818, mas os cientistas logo encontraram um problema com o método. Embore fisesse sucesso com alguns pacientes, levava outros a óbito mais depressa do que se não fossem tratados. É óbvio que era um método moralmente discutível. É óbvio que havia debates sobre se deviam ou não levar adiante as pesquisas. Em diversos países esta prática foi proibida.

É no meio disto tudo que surge a seita de Charles T Russell e o que ele faz é simplesmente se apropriar do princípio moral que já existia. Ora, por que as demais religiões não se apropriaram do mesmo princípio? Porque o protestantismo, o catolicismo e outras credulices não incluiram também a proibição da transfusão em seu rol de dogmas? Simples: porque as listas de dogmas destas religiões já tinham sido feitas havia tempo, é mais complicado fazer uma rasura numa lista enorme de dogmas para incluir mais um do que colocar um dogma qualquer numa página em branco que está só esperando por eles. Charles estava exatamente no trabalho de inventar o que as TJs iriam considerar sagrado, o que elas iam considerar pecaminoso, e achou por bem incluir aquela questão tão pontual da medicina da época no rol das opiniões que seus fiéis teriam que ter, a despeito das circustâncias.

Acontece que a ciência, como sempre, evoluiu. Os médicos encontraram enfim o motivo pelo qual o procedimento dava mais errado do que certo. As leis que proibiam a prática em países como França, Inglaterra e Itália cairam já que o motivo que as havia feito surgir (o fato de que o método era perigoso e potencialmente letal) já não existia mais. Os médicos que combatiam o uso do método passaram a usá-lo. Os pacientes que diziam que jamais passariam por tal procedimento já não excluiam mais esta possibilidade, se precisassem.

Os únicos que permaneceram contra foram os que tranformaram uma posição utilitária e incondicionalmente submissa às circunstâncias em uma questão mitológica e irrevogável sob qualquer circunstância.

É o mesmo com a questão do incesto. Provavelmente é o mesmo com a questão da homossexualidade. E com tantas outras questões morais das quais já devíamos estar livres, que já fizeram sentido algum dia mas que hoje já não make any sense. E que por conta de terem em algum momento do processo se tornado ponto moral de alguma religião, ainda nos afligem.
« Última modificação: 21 de Março de 2010, 06:30:33 por Donatello van Dijck »

Offline lusitano

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Re: Testemunhas de Jeová e a questão do sangue
« Resposta #58 Online: 20 de Março de 2010, 14:28:09 »
Donatello van Dijck

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É o mesmo com a questão do incesto. Provavelmente é o mesmo com a questão da homossexualidade. E com tantas outras questões morais das quais já devíamos estar livres, que já fizeram sentido algum dia mas que hoje já não make any sense. E que por conta de terem em algum momento do processo se tornado ponto moral de alguma religião, ainda nos afligem.

Muito bom o seu texto. :ok:
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