Kepler, por exemplo, não induziu suas leis a partir dos dados de Tycho. Ele os usou como parâmetros para ensaiar vários modelos geométricos do sistema solar, impelido por crenças religiosas, teológicas e metafísicas.
É por aí... o processo de produção do conhecimento científico não permite obter
conhecimento simplesmente a partir de induções, uma vez que estas não validam enunciados
universais. Todos os cisnes vistos podem ser brancos, mas isto não nos garante a brancura de
todos os cisnes que existem (Popper). Ademais, observações de laboratório, que tão
freqüentemente são usadas como símbolo da perscrutação científica, não permitem a obtenção
de uma lei científica, uma vez que “um mesmo conjunto de pontos é compatível com um
número infinito de funções” (Silveira e Ostermann, 2002, p. 23, ver abaixo). As leis científicas são
obtidas hipoteticamente com explicações muito mais abrangentes que a mera adequação com
os dados de uma tabela.
Para uma leitura bastante ilustrativa destes pontos, recomendo a todos o artigo:
SILVEIRA, F. Lang. da; OSTERMANN, F. A insustentabilidade da proposta indutivista
de “descobrir a lei a partir de resultados experimentais”. Caderno Brasileiro de Ensino de
Física, v. 19, n. especial: p.7-27, jun. 2002.
Taí o link, de brinde:
http://www.periodicos.ufsc.br//fisica/article/view/10052/9277