Autor Tópico: A Turma da Mônica não é sua amiga.  (Lida 10079 vezes)

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Offline BetinhOzinhO

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A Turma da Mônica não é sua amiga.
« Online: 28 de Março de 2010, 22:48:31 »
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http://www.observatoriodaimprensa.com.br/artigos.asp?cod=578JDB009

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HQ & IDEOLOGIA

Violência na Turma da Mônica

Por Dioclécio Luz em 23/2/2010
 
Existe uma certa condescendência por parte da imprensa – e mais ainda da crítica – em relação à Turma da Mônica. Muito provavelmente por razões nacionalistas – não é de hoje que os quadrinhos brasileiros tentam se impor no mercado nacional diante das grandes empresas norte-americanas. Ocupar o mercado nacional, porém, não é mais problema para a Turma da Mônica – ela é hoje a revista infantil mais vendida do país, desbancando Disney e companhia.

Na verdade, a exemplo da Disney, a Turma da Mônica, há muito tempo é bem mais que um grupo de personagens de Histórias em Quadrinhos (HQ). Estamos tratando de uma marca fazedora de dinheiro de uma grande empresa – Maurício de Souza Produções – que se manifesta em brinquedos, sabonetes, xampus, fraldas, pentes, parques temáticos... Enfim, uma gigantesca quantidade de produtos infantis.

A questão, porém, não é a dimensão ou os negócios da empresa. Não é o que interessa no momento. Vai se tratar aqui dos personagens da Turma e, em especial, da relação desses personagens com a violência.

O principal deles é, claro, a própria Mônica. A garotinha tem uma característica: ela resolve as coisas na porrada. Tudo. Este é um elemento educativo complicado. Ao invés do diálogo, da negociação, apela-se para a violência. Quando está em apuros, é no braço, ou fazendo uso do seu coelhinho, que Mônica resolve. Moral da história: em situações de conflito, ganha o mais forte.

Hábito que aprendeu com o pai

A Mônica é exemplo de um fenômeno muito comum entre as crianças, em especial nas escolas: o bulling. Pode se dizer que o bulling é uma agressão verbal e sistemática à criança, quando se apelidos que a incomodam, pejorativos, nomeando-a por algo que ela não gosta. No caso, Mônica é chamada de "dentuça", "gorducha" e "baixinha". Isso a deixa irritada. E ela resolve, claro, na porrada. É evidente que, na vida real, nenhum psicólogo iria sugerir o método Mônica para resolver os problemas do bulling. Seria por demais primitivo. No entanto, espantosamente, ele está presente nos gibis da Turma da Mônica. Tudo indica (seria preciso uma pesquisa mais aprofundada) que a solução pela violência é o tema mais recorrente nas histórias em que a garotinha aparece.

Ao que parece, os adultos leitores ou pais de crianças que lêem os gibis da Mônica são condescendente com esta prática da violência. Afinal, para uns, "é uma menina". Isto é, violência feminina pode, masculina não. Na verdade, estamos transferindo para o mundo infantil uma cultura do mundo adulto. A lógica é: se o nosso mundo adulto é machista, com extraordinários índices de violência masculina contra a mulher, é bom que as mulheres reajam. Esse pensamento comete um erro grave: a violência contra a mulher não pode ser corrigida com a mulher também sendo violenta. Quando ela usa as mesmas armas do homem-machista está se igualando a ele. Claro, há momentos em que é preciso se defender, reagir, partir para a luta e aí vale tudo – porque pode ser uma questão de sobrevivência, inclusive. Mas não creio que seja bem aceita na sociedade a mulher que tem por hábito, como o homem violento e machista, resolver tudo na porrada.

De qualquer forma, esse é um problema do mundo dos adultos. Ainda não faz parte do universo infantil. Corrija-se: faz sim, quando as crianças observam os pais e como eles agem para resolver seus conflitos. Se o pai resolve na porrada, o filho ou a filha vão saber que é assim que deve ser feito. É desse modo que se constrói a personalidade. Enfim, numa leitura superficial pode se dizer que se a Mônica tem o hábito de resolver as coisas na porrada, a princípio, direta ou indiretamente, ela aprendeu isso com seu pai ou sua mãe – pela ação ou omissão, atos ou palavras. A princípio, porque teríamos que fazer uma análise mais aprofundada do seu caráter.

A ótica do hormônio

A Mônica, porém, não é um caso, uma personagem de gibi. Ela é um símbolo. Milhares de crianças lêem a Mônica. E o que estão aprendendo?

1) as coisas se resolvem na porrada;

2) a regra é olho por olho, dente por dente;

3) o bulling deve ser praticado;

3) a inteligência ou a sensibilidade não devem ser usados para resolver conflitos.

É o caso de se comparar a Turma da Mônica com outras turmas. Pode-se pensar na Mafalda, do argentino Quino. Mafalda é brilhante. Mesmo sendo uma HQ para adultos, os conflitos são resolvidos com inteligência e muita sensibilidade. Alguns personagens são cruéis, mas dificilmente alguém sai no tapa; não é comum, mas ocorre. Mas nenhum deles tem na violência sua marca, como é o caso da Mônica.

Outra turma brilhante é a do Calvin, do norte-americano Bill Watterson. Não é exatamente para crianças, mas elas também podem participar das histórias de um garotinho nada fácil que vive questionando as nossas regras morais ou sociais. Por exemplo, Calvin costuma fazer compras de bazucas e metralhadoras por telefone... Calvin tem uma "amiga", a Susie, a quem vive importunando. Quase sempre ele leva a pior. Mas, se observa, é uma questão de gênero – os meninos na sua idade não gostam de brincar com meninas. Eles pensam coisas diferentes do que elas pensam; cada qual vê o mundo diferente – pela ótica do seu hormônio. E, às vezes, ela sai no tapa com ele. Mas a violência não é um traço seu. Susie não é a mandona da rua ou da escola.

Desvios comportamentais

É importante registrar que Calvin e Mafalda são personagens com fundamentos sociais revolucionários; são filósofos – eles fazem o leitor refletir sobre o mundo, sobre a sociedade, o nosso modo de vida, a política, os costumes, e claro, a relação dos adultos com as crianças. A turma da Mônica não tem nada disso. Essa gurizada é extremamente conservadora e moralista. Reproduzem as tradições, os costumes, as modas e modos sociais, sem questionamentos. Talvez por isso, a violência com que a Mônica lida com os conflitos seja uma prática comum.

Na escola de Calvin há uma criança, Mool, um grandalhão que costuma bater nas outras crianças e resolver tudo na porrada. Mas seu autor, Bill Watterson, coloca-o no seu devido lugar: Mool é tratado como um grosso, sem nada na cabeça, um gorila. Ele é o resumo caricato de todo cara (ou instituição) que adota a força para se impor sobre os outros. No caso da Mônica ocorre exatamente o contrário: a palavra final, a decisão sobre os conflitos, quem dá é o personagem que tem mais força, isto é, a Mônica. E essa sua característica de violência é transformada numa virtude – devidamente premiada com a solução dos conflitos em que se envolve e a satisfação dos seus desejos.

O outro aspecto a se observar na Turma da Mônica é o abuso dos clichês. Pelo menos três personagens são clichês: Mônica, como se viu, a que resolve as coisas na porrada; Cascão, que odeia água; Magali, a comilona. Antes de tudo, note-se que são clichês negativos. Ninguém da turma é conhecido por ser inteligente, criativo, sensível, cuidadoso, gentil, amável, isto é, por qualidades humanas, por virtudes humanas. Na verdade, temos, mais uma vez, o incentivo ao bulling – esses três personagens trazem consigo motivos para discriminação e para serem agredidos pelos colegas.

O problema dos clichês nos personagens é que eles não existem fora disso. Cascão ou Magali (e a Mônica) não existem fora dessas suas "virtudes". As observações, as visões do mundo, as idéias, as sugestões, tudo isso que dá personalidade a um personagem, não existe na Turma da Mônica. A gente sabe que é Magali quando ela fala em comida; a gente sabe que é Cascão por seu ódio à água; a Mônica aparece quando é hora da porrada. Mas essas características de Cascão e Magali, como veremos mais adiante, não são exatamente traços de personalidade, e sim, desvios comportamentais. A violência da Mônica, sim, está mais próximo de um problema de personalidade.

Por que Magali não engorda?

A Magali merece uma observação mais cuidadosa. Ela é uma menina que tem obsessão por comida. E como as histórias da Maurício de Souza Produções abordam isso? Como algo normal. Ter obsessão por comer, para a Maurício de Souza Produções, não é problema.

Há uma confusão no discurso da Magali (o dela e o de quem a faz falar): a obsessão por comida é considerada um traço da sua personalidade, mas não causa efeitos negativos sobre a saúde. Esse é o problema. Se uma criança que tenha obsessão por comer se identificar com Magali, não vai se esforçar para romper com essa obsessão.

O que se percebe é que o assunto – o desejo de comer sempre mais – é muito sério para ser tratado da maneira como trata a Turma da Mônica. O Brasil tem uma população obesa de adultos que ultrapassa 50%. Entre os pobres, os percentuais podem chegar a 60%. No ano passado, o Ministério da Saúde fez uma campanha contra a obesidade das crianças. E obesidade é doença, reconhece a Organização Mundial da Saúde. Magali, porém, embora tenha essa obsessão pela comida, não é uma menina obesa. Isto é, os roteiristas e desenhistas eliminaram das histórias o que é consequência natural de quem come demais. Todo mundo que come bastante engorda. Magali, não. Porque a Maurício de Souza Produções eliminou essa parte da história da Magali? Pode-se pensar em várias alternativas: para focar no clichê da obsessão por comida; para não discriminar leitores e leitoras que têm essa obsessão; para não ferir os interesses comerciais da revista que costuma publicar anúncios de biscoitos e guloseimas para o público infantil. Seja como for, a abordagem é extremamente perigosa para o leitor, principalmente para aquele ou aquela que tem obsessão por comida.

As marcas das personalidades

A questão da personalidade merece mais atenção.

Observando os clássicos dos quadrinhos pode se notar que os personagens têm personalidade. Não é necessário olhar a imagem para distinguir nos balões se quem fala é Batman ou Robin, Tarzan ou Guran, Flash Gordon, Fantasma; Miguelito, Felipe, Mafalda ou Manolito. A bem da verdade, diga-se que Quino também usa clichês, como Suzie (que é tudo que a mulher passiva deve ser) e Manolito (o capitalista radical). Mas, está bem claro aí que esses personagens são símbolos caricaturados de uma proposta de sociedade que ele (o autor) condena. De fato, estes dois aparecem como representações semióticas do cenário político ideológico da sociedade criticada por Mafalda e sua turma. Seriam o contraponto ao mundo que Mafalda (Quino) pensa. E mesmo assim não se pode dizer que não tenham personalidade. Suzie e Manolito pensam e agem conforme a postura ideológica de cada um. Eliminem-se os desenhos na HQ e o leitor que costuma ler Quino irá identificar os dois. Eles têm opinião, idéias, posturas. Todos os personagens de Mafalda têm personalidade – cada um pensa diferente. As boas histórias em quadrinhos criam personagens fortes – e são considerados fortes porque se impõem pela singularidade, pela personalidade. Vide a turma de Hagar, o horrível, de Dik Browne; ou os personagens criados por Laerte (Piratas do Tietê, Zelador, Gato & gata) ou Angeli (Rê Bordosa, Rhalah Ricota), F Gosales (Niquel Naúsea); ou gibis mais antigos como Manda-chuva e Os Flinststones. Tira, cartum ou HQ, os personagens têm personalidade.

E quanto aos principais personagens da Turma da Mônica? Não têm nada disso. Quais são as marcas das personalidades deles? Não existem. A única que se sabe tem uma personalidade é Mônica, mas por seu desvio. Quando ela não está dando porrada, também não existe.

A demanda bélica do Pentágono

Podemos pensar em outros personagens. Chico Bento, por exemplo, revela a vida no campo, mas como clichê. As situações vividas por ele mais parecem narradas por um observador instalado na Rua Augusta, um urbanóide que nunca botou os pés na terra. Por isso, o meio rural é tratado como um outro planeta. E se alguém perguntar as características da personalidade de Chico Bento não vai ter resposta. No máximo vai fazer uso do clichê – que ele é um matuto, um caipira paulista, algo genérico. Chico Bento é uma visão burguesa – distante e elitista – do campesinato. Ele não existe, o que existe é o meio em que vive, forjando todos iguais a ele. (Ele não existe porque não pensa, tomando de empréstimo o cogito cartesiano.) Não pensa como uma pessoa chamada Chico Bento, mas como o protótipo de um ser qualquer, genérico, que vive no meio rural. A gente identifica Chico Bento por causa do ambiente, da roupa, do sotaque caipira. Mas Chico Bento pode ser qualquer um.

Esta visão de personagem que não pensa, não tem opinião, mas apenas age e, conforme o meio, vem dos anos 50, 60 ou 70 do século passado, quando a turma da Marvel já fazia sucesso. Além dos citados Batman, Tarzan, Fantasma, havia Hulk e uma enormidade de gibis de cowboys. No Brasil, a melhor experiência de HQ infantil foi a Turma do Pererê, de Ziraldo, que já ia além dos personagens clichês, fazendo-os ter personalidade.

Hoje são outros tempos. E os personagens mudaram. Batman ainda é cultivado pela garotada mais nova, porém avançou em traços mais exuberantes (Frank Miller, por exemplo) e adquiriu uma personalidade dark. O mesmo aconteceu com Hulk. E com a grande maioria dos antigos heróis. De fato, eles evoluíram porque o público também evoluiu. Os desenhos (e filmes) de Batman contêm muita violência, mas, regra geral, agora se tenta explicar isso como traço de personalidade (revolta pela morte de parentes). Isto é, Batman tem personalidade. Super-heróis puramente ideológicos, como é o Capitão América, criados para atenderem à demanda bélica do Pentágono, são mortos e depois revividos conforme os interesses bélicos do momento.

Um exagero na idolatria

Neste sentido, a Turma da Mônica é um retrocesso. É um monte de clichês, como era comum principalmente nos personagens de Walt Disney – sem opinião e naturalmente conservadores. Sim, Disney foi um histórico conservador, conhecido por delatar aqueles que lhe pareciam comunistas na época do presidente McArthur. Tio Patinhas é o símbolo maior da Disney.

A personagem Mônica não tem uma obsessão como a do Tio Patinhas (pelo dinheiro), mas os dois têm algo em comum – Mônica sugere que os conflitos do mundo devam ser resolvidos através da violência. E isso pode ser visto como uma postura bélica, característica histórica e cultural dos Estados Unidos. Afinal, o big stick, a solução de conflitos através da porrada, tem sido a forma diplomática dos Estados Unidos agirem nos últimos séculos.

Tio Patinhas, salvo engano, é de meados do século passado. Mas Tio Patinhas, mesmo assim, ainda é um avanço em relação a Cascão ou Magali porque, como o Manolito de Quino, a sua necessidade de juntar dinheiro é uma ideologia, e o medo da água de Cascão ou a fome de Magali, são apenas bullings reverenciados pela Maurício de Souza. É muito provável que Maurício de Souza tenha se espelhado em Walt Disney para criar os seus. Talvez haja um exagero nessa idolatria: há uma semelhança física (forjada ou não) entre o criador da Turma da Mônica e o criador do Pateta. Isso não explica o porquê da Mônica ser violenta ou dos personagens da sua turma não terem personalidade. Mas deixa o alerta sobre o que nossas crianças estão lendo.

MODEDIT: Título alterado por SnowRaptor para remover as maiúsculas.
« Última modificação: 29 de Março de 2010, 21:19:08 por SnowRaptor »
O GOOGLE NÃO É SEU AMIGO! HAHAHAHHOHOHOHO! http://www.google-watch.org/

Offline HeadLikeAHole

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Re: A Turma da Mônica NÃO É SUA AMIGA.
« Resposta #1 Online: 28 de Março de 2010, 23:19:34 »
Os videogames tudo bem. Mas os HQs?! Malditos moralistas bastardos!!

Offline Donatello

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Re: A Turma da Mônica NÃO É SUA AMIGA.
« Resposta #2 Online: 29 de Março de 2010, 00:22:44 »
Concordo em absoluto com o texto, tanto nas críticas, quanto nas comparações com outros HQs. Dia destes estava vendo o desenho na CN (aliás, coisa mais fundo-de-quintal o desenho da Mônica) e me passaram metade dos questionamentos listados no texto.

Offline Gaúcho

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Re: A Turma da Mônica NÃO É SUA AMIGA.
« Resposta #3 Online: 29 de Março de 2010, 00:24:26 »
Turma da Mônica são os melhores gibis EVER! Eu morro de rir até hoje lendo :P
"— A democracia em uma sociedade livre exige que os governados saibam o que fazem os governantes, mesmo quando estes buscam agir protegidos pelas sombras." Sérgio Moro

Offline Hold the Door

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Re: A Turma da Mônica NÃO É SUA AMIGA.
« Resposta #4 Online: 29 de Março de 2010, 00:29:25 »
Compra erva com data de validade vencida, dá nisso...

PS: presidente(??) McArthur? [google mode on]Você quis dizer senador McCarthy.[google mode off]

 ::)
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Offline Mr."A"

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Re: A Turma da Mônica NÃO É SUA AMIGA.
« Resposta #5 Online: 29 de Março de 2010, 01:29:06 »
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Ao que parece, os adultos leitores ou pais de crianças que lêem os gibis da Mônica são condescendente com esta prática da violência. Afinal, para uns, "é uma menina". Isto é, violência feminina pode, masculina não. Na verdade, estamos transferindo para o mundo infantil uma cultura do mundo adulto. A lógica é: se o nosso mundo adulto é machista, com extraordinários índices de violência masculina contra a mulher, é bom que as mulheres reajam. Esse pensamento comete um erro grave: a violência contra a mulher não pode ser corrigida com a mulher também sendo violenta. Quando ela usa as mesmas armas do homem-machista está se igualando a ele. Claro, há momentos em que é preciso se defender, reagir, partir para a luta e aí vale tudo – porque pode ser uma questão de sobrevivência, inclusive. Mas não creio que seja bem aceita na sociedade a mulher que tem por hábito, como o homem violento e machista, resolver tudo na porrada.
Esse pessoal que estuda Análise do Discurso está cada vez mais paranóico. Não sei o que eles andam bebendo, fumando, cheirando ou injetando. Baseado em que diabos ele acha que a Mônica representa uma reação feminina à violência? Quem entende a Mônica assim além dele? Quem é que permite a violência pelo fato de ela ser uma menina? Quem foi que ele entrevistou para tirar essa conclusão? Qual é o contexto no mínimo socio-histórico que ele toma por base? Que pesquisa mostra que crianças que lêem Turma da Mônica são mais agressivas, que são mais comilonas ou que não gostam de tomar banho?

Aliás, por que ele não citou o Cebolinha? Perturba a Mônica o tempo todo e ainda tem problemas fonoaudiológicos crônicos. Isso não é uma má influência para as criancinhas na visão dele não? Por que ele não vai fazer uma crítica similar às meninas superpoderosas? Garanto que são bem mais violentas.
« Última modificação: 29 de Março de 2010, 05:54:18 por Acolon »
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Offline Mr."A"

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Re: A Turma da Mônica NÃO É SUA AMIGA.
« Resposta #6 Online: 29 de Março de 2010, 01:34:49 »
Para não dizer que discordo de tudo, concordo que a representação do caipira é, de fato, bem clichê e beira o estigma. Já morei na zona rural e nunca vi nem metade do mundo exótico em que vive o Chico Bento. Mas resta saber se o indivíduo que escreveu o texto conhece, empiricamente, um mínimo da vida campestre para ter um mínimo de respaldo sobre o que fala.
8-)

Offline Zeichner

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Re: A Turma da Mônica NÃO É SUA AMIGA.
« Resposta #7 Online: 29 de Março de 2010, 02:07:19 »
Babaquice ideológica extrema.
O pseudo-intelectual-marxista  só quer dar uma de "para ler Disney" adaptado ao Brasil. Todos estes argumentos de que quadrinhos faz mal para as criancinhas já foi à muito refutado por pessoas bem mais inteligentes e capazes. Criança sabe separar realidade de ficção, principalmente de humor. Este coió pelo visto ainda não descobriu isso.

Mas já existe um movimento para mostrar a idiotice moral e ideológica deste energúmeno.  E foi feito com muito bom humor, para mostrar como se faz uma desconstrução de personagens baseados em retirá-los do contexto:

http://porramauricio.tumblr.com/

Offline CyberLizard

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Re: A Turma da Mônica NÃO É SUA AMIGA.
« Resposta #8 Online: 29 de Março de 2010, 09:30:14 »
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Carta Aberta ao Sr. Dioclécio Luz

Tenho 34 anos, sou jornalista e leitor de quadrinhos há três décadas. E foi tanto como leitor de quadrinhos quanto na posição de jornalista que fiquei estarrecido ao ler seu texto discorrendo sobre a violência encontrada nas histórias da Turma da Mônica.

Disposto a tudo para provar a sua tese de que a Mônica é um estereótipo violento, você simplesmente justifica todos os outros exemplos de violência dos quadrinhos – alguns, muito mais intensos que aquele que você tenta (inutilmente) provar.

É o caso do Batman: em muitas de suas aventuras, o herói fratura ossos de criminosos (muitas vezes descrevendo isso em detalhes gráficos e textuais) e os manda para hospitais. Mas, aos seus olhos, esta conduta é aceitável, já que ele teve “parentes” assassinados. Ou seja, em sua opinião, um crime justifica o outro.

Dentro do seu texto, a política do “olho por olho, dente por dente” é maleável, funcionando apenas como prova para incriminar a Turma da Mônica, inocentando outros personagens à conveniência daquilo que você tenta provar.

Aos seus olhos, a violência da Mônica é falha de caráter; a de Batman é traço de personalidade. Isso seria digno de uma análise mais detalhada, especialmente no caso do Batman (dizer apenas que “ele teve familiares assassinados” é pobre demais, pois a Mônica também tem motivos para bater em Cebolinha e Cascão: ela é provocada), mas você se furta a isso.

Aliás, me arrisco aqui: tenho certeza de que se pegássemos dez personagens que utilizam de violência como elemento em suas histórias (Lobo, por exemplo), você encontraria argumentos para continuar provando que a Turma da Mônica é a única a esbanjar este traço nocivo. Mesmo sendo jornalista, você não tem compromisso com a verdade, mas sim com uma idéia - o que é totalmente inaceitável.

Além disso, seu trabalho carece de uma pesquisa mais detalhada. Ao contrário do que seu texto indica, os personagens Tarzan e Guran nunca habitaram o mesmo universo (Guran é o chefe da tribo dos pigmeus bandar que habitam as cercanias da caverna da caveira, lar do Fantasma).

E o universo que você se refere como “Turma da Marvel” é totalmente equivocado. Em primeiro lugar, a “Turma da Marvel” não fazia sucesso na década de 50, pois ela foi criada nos anos 60. E finalizando, a única relação entre Batman, Tarzan e Fantasma com a editora Marvel é a mídia “história em quadrinhos”, já que eles nunca pertenceram à mesma editora que publica Homem-Aranha e Hulk.

Detalhes? Certamente. Mas que demonstram que o propósito inicial do texto era panfletário, pois provam que poucos minutos (ou nenhum) foram gastos numa pesquisa mais detalhada.

Quanto ao império de merchandising que você aponta como força motriz do universo criado por Maurício de Sousa (e traçando um paralelo com o universo Disney e, previsivelmente, com os Estados Unidos), nota-se outro argumento tendencioso.

As empresas que publicam os quadrinhos de heróis, sobretudo Marvel e da DC, que você propaga como lar de personagens com “personalidade”, há muito deixaram de atuar apenas como editoras, trabalhando muito com licenciamento – a própria Marvel Comics abandonou este nome e passou a operar sob a marca Marvel Entertainment Group. São desenhos animados, brinquedos, jogos eletrônicos, filmes, objetos escolares estampados com todos os seus personagens. E não é preciso pesquisa para saber isso, basta apenas olhar ao seu redor.

Mas, no seu texto, este elemento serve apenas para atacar a Mônica – no caso das editoras citadas acima, isso não é levado em conta em momento algum, pois contradiz seu argumento.

E uma observação: o Tio Patinhas – que, ao contrario do que você diz, não encontra solução para tudo na violência, mas sim no dinheiro – é o símbolo máximo da Disney apenas aos olhos de comunistas. Para o resto do mundo, incluindo aí própria empresa, o personagem-símbolo da marca é o camundongo Mickey Mouse: o desenho de suas orelhas é conhecido mundialmente, enquanto a cartola do Tio Patinhas é uma imagem que jamais funcionaria sozinha.

Walt Disney era reacionário? Totalmente. Mas daí a dizer que Maurício de Sousa também tem esta visão – pelos argumentos que você indica – é o mesmo que dizer que todo publicitário é nazista somente porque Joseph Gobbels o era.

Não vejo como sua análise poderia se tornar mais rasa.

Outro fator relevante no seu texto é a maleabilidade dos estereótipos; você cita os personagens da turma da Mônica, praticamente sem exceções, como criações unidimensionais. Mônica é forte, Cascão tem medo de água, Magali é comilona.

Bem, outros personagens dos quadrinhos – citados por você como tridimensionais – podem ser vistos desta forma também. Entrego aqui a fórmula: basta apenas pegar sua característica mais marcante e elevá-la a máxima potência, a ponto de ela se tornar o único traço de personalidade do personagem em questão. Assim, temos Hagar como um beberrão; Rê Bordosa como uma junkie; Peter Parker é um nerd; Bruce Wayne, um milionário obcecado por vingança. A lista seria interminável.

Mas, da mesma forma que Hagar não é apenas um beberrão e Rê Bordosa não é apenas uma junkie (e você deve saber o que mais eles são, caso tenha pesquisado), Mônica, além de forte, vive o dilema de diversas garotas, por ser gordinha e dentuça; Cascão, além de temer a água, é apaixonado por futebol; Magali não é apenas comilona, mas ensina às crianças valores pertinentes sobre os cuidados com animais de estimação, graças à presença de seu gatinho Mingau. Cebolinha, que você certamente apontaria como um garoto que valoriza problemas fonéticos, em muitas de suas histórias precisa cuidar de sua irmã menor.

Todos estes personagens têm mais de uma característica – cito apenas uma de cada um deles (não necessariamente a mais importante) apenas para exemplificar a falha de seu argumento. Não vou dizer aqui que você deveria ler mais as histórias para conhecê-las; isso seria inútil: você se recusa a colocá-las em seu texto, pois arruinaria a idéia que pretende provar com unhas e dentes.

Como leitor de quadrinhos, pessoa e profissional, eu aprendi muito com a Turma da Mônica. Mafalda e Calvin têm grande valor, mas, como você disse, eles não são exatamente destinados às crianças.

Mas Turma da Mônica é.

E me ensinou muito, desde que sou criança.

Por trás da violência “descabida” das histórias de Maurício de Sousa. Aprendi que brincar na rua com meus amigos é melhor que ficar sozinho em casa e a respeitar meus pais, os idosos e os animais. Além disso, aprendi que existiu uma pré-história (lendo as histórias do Piteco), a respeitar as diferenças (com as presenças do negro Jeremias e do oriental Hiro) e os deficientes (quantas histórias em quadrinhos podem se gabar de possuir um personagem mudo, como o Humberto?), a não ter medo de fantasmas com a Turma do Penadinho.

Aprendi tudo isso com as histórias dos personagens criados por Maurício de Sousa, e dificilmente encontraria palavras para agradecer por tudo o que ele me ensinou ao longo de décadas. Sim, porque Mafalda e Calvin me ensinaram a questionar o mundo e super-heróis me ensinaram a lutar pelo que é certo.

Mas a Turma da Mônica me ensinou mais que qualquer outra HQ.

A Turma da Mônica me ensinou a ser cidadão.

E isso porque ainda nem falamos sobre as histórias do pequeno dinossauro Horácio, que, sozinhas, derrubam totalmente seus argumentos.

Fortes abraços.

Sem mais,

Rob Gordon

FONTE: http://champ-vinyl.blogspot.com/2010/03/carta-aberta-ao-sr-dioclecio-luz.html

Offline _Juca_

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Re: A Turma da Mônica NÃO É SUA AMIGA.
« Resposta #9 Online: 29 de Março de 2010, 11:22:05 »
Os videogames tudo bem. Mas os HQs?! Malditos moralistas bastardos!!

Ele disse que os VG tudo bem?

Mas concordo com você. Acho que a Mônica pode ensinar mais sendo politicamente errada do que ser um personagem todo certinho, que toda vez que eu me deparo com um personagem muito correto, ele acaba me parecendo hipócrita.

Offline _Juca_

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Re: A Turma da Mônica NÃO É SUA AMIGA.
« Resposta #10 Online: 29 de Março de 2010, 12:07:11 »
Resposta dele as críticas, agora tenho que concordar com ele:

http://www.observatoriodaimprensa.com.br/artigos.asp?cod=582JDB004

HQ & ÉTICA
A violência na Turma da Mônica, parte 2

Por Dioclécio Luz em 23/3/2010


No fim de fevereiro de 2010 escrevi neste Observatório um texto despretensioso sobre a Turma da Mônica (ver "Violência na Turma da Mônica"). Fiz isso porque, pai de um menino de 6 anos que me faz ler o gibi todos os dias, me achei no direito de opinar sobre o assunto. Não esperava, todavia, que um texto sobre um personagem de gibi alimentasse tanto ódio, tanta repulsa, de tanta gente. Só este Observatório contou mais de 200 mensagens. E deste total, apenas uma minoria de fato criticou o texto e apontou falhas ou acertos nele. A maioria optou pelo xingamento, ou pela violência verbal, como, aliás, faria a própria Mônica.

Essa quantidade de gente indignada – e a forma como se mostrou indignada – me levou a escrever este segundo texto sobre o assunto. Ou, mais exatamente, sobre essas mensagens.

A primeira coisa que incomoda é perceber que criticar um personagem de gibi causa tanta celeuma. Ora, neste mesmo Observatório da Imprensa, semanalmente, dezenas de textos são publicados tratando de temas muito mais urgentes e "sérios" e não há manifestações tão exaltadas assim. Aqui já se falou no papel da imprensa com relação à guerra do Iraque e os milhares de mortos nessa guerra e essa gente que agora se incomoda com a Mônica nem se mexeu. Já tratei da repressão às rádios comunitárias; falei da forma violenta com que as pessoas que fazem rádios comunitárias são abordadas pelos agentes da Anatel e da Polícia Federal e essa gente também não se sentiu incomodada. Já se falou da censura que os grandes meios de comunicação exercem sobre os movimentos sociais e sobre a pessoa comum e tampouco incomodou...

Agora, uma crítica a um personagem de gibi resulta numa comoção nacional...

O poder limitado da mensagem

Sei que gibi é algo muito sério, e por isso mesmo resolvi escrever aquele artigo. Mas temos que saber a forma e a dimensão da discussão. O texto, certamente, não era para o fã-clube da Mônica. Por exemplo, algumas pessoas apontaram erros no meu texto. E assumo esses erros. Fiz uma confusão entre McArthur e McCarthy... Citei a Marvel quando não era Marvel. Escrevi errado o termo bullying... etc.

Basicamente, o texto sugere três pontos:

1. Mônica resolve todos os conflitos na porrada.

2. Os personagens principais não têm personalidade.

3. Os personagens são conservadores.

Meu texto não trata dos efeitos da violência da Mônica sobre os leitores. Quem entende o mínimo de jornalismo (e o rudimentar de psicologia) sabe que é limitado o poder de influência de uma mensagem (texto ou imagem). As pessoas – adultos ou crianças – não são sujeitos passivos diante de uma mensagem. O fato da Mônica ser uma criança violenta não determina que seu leitor seja (ou vá ser) violento. Isso não é dito no texto. Por isso, o debate maduro não tem nada a ver com frases do tipo "Eu li e não me tornei violento", ou algo assim: "Meu sobrinho de 10 anos lê Turma da Mônica e é normal..." Minha análise foi sobre o personagem e não sobre os efeitos desse personagem sobre a audiência.

A defesa do politicamente correto

Mas boa parte das mensagens enveredou por uma lógica imatura e personalista. As conclusões tiradas por alguns são de uma lógica infantil. O autor não gosta da Mônica, logo...

** não gosta de histórias em quadrinhos;

** não gosta de crianças;

** é infeliz;

** é puritano;

** não é pai;

** é comunista.

A bem da verdade, aprendi a ler nos gibis e leio gibis até hoje. Mas cresci. E se leio a Turma da Mônica é porque sou pai de um menino que adora ler esse gibi e nem por isso é censurado; pelo contrário, toda semana ganha um ou dois gibis, que ele lê sem saber ler ou pede e seu pai lê para ele.

Alguns temas abordados nas mensagens merecem um posicionamento melhor. Separei três:

1. Uma boa parcela me criticou por fazer a defesa do politicamente correto. É verdade eu faço a defesa do politicamente correto. Sou contra:

a) Homofobia

b) Racismo, discriminação e preconceito racial

c) Violência

d) Machismo

Sou favorável:

a) Ao direito das mulheres votarem

b) Ao direito das mulheres decidirem sobre o aborto

c) Aos direitos dos idosos

d) Aos direitos dos índios

e) Ao respeito à faixa de pedestre

f) Aos direitos das crianças

g) A não jogar lixo na rua

h) À Lei Maria da Penha

Lei ou norma

Isso é o politicamente correto. E somente um estulto para confundir o politicamente correto com puritanismo. E quem é contra o politicamente correto? Tudo isso, eu vejo como avanços sociais e humanos. Por isso tenho medo dos que são críticos do "politicamente correto" – eles podem estar querendo a volta da barbárie. Acreditam que "tapa de amor não dói", como alguém colocou aqui. Ser politicamente correto é adotar uma moral? Sim, são normas morais que se confundem com normas legais, isto é, valores. Que valores você vai defender para a sociedade? Que valores você vai dar para o seu filho? Ou você é do tipo que delega ao padre ou ao pastor ou ao bispo a missão de dizer ao seu filho quais devem ser seus valores? Ou você deixa isso com a escola? Talvez na aula de catecismo? Sim, você vai deixar a freira ou o vigário dizer o que é certo e errado ao seu filho?

Alguém falou aqui que, regra geral, as crianças conseguem distinguir o real da fantasia. E é verdade. Elas vão mais longe que isso ao construírem, com esse imaginário (dos gibis, historinhas, lendas, filmes, colegas,...), seus valores. Certo dia meu filho pediu para ver minha coleção do Hagar, mas não conseguiu entender (aceitar) o "herói", Hagar, porque ele tem uma noção de moral completamente diferente da dele (Hagar é um imoral). O que é "bom" para Hagar não é bom para ele. Não foi isso o que ele aprendeu na escola, comigo, com a mãe, com os colegas, com os filmes infantis. Em contrapartida, achou muito engraçadas algumas histórias de Calvin. Calvin, claro, é para adultos. Mas alguns que mandaram mensagens para cá não perceberam que quando Calvin pede bazuca e metralhadora por telefone, no sistema delivery, está criticando o belicismo. Só um adulto entende isso. Essa imoralidade não é acessível às crianças.

O politicamente correto não é necessariamente lei ou norma. A lei diz que o motorista deve respeitar o pedestre na faixa de pedestre. Mas antes de existir lei, o politicamente correto é respeitar o pedestre. Contar piada que humilhe os negros sempre foi politicamente incorreto, só mais recentemente virou lei. Até se descobrir que os índios eram gente (o que é politicamente correto) estava aberta a temporada de caça aos selvagens – e ela se estendeu até bem pouco tempo em Brasília, quando um índio foi queimado em praça pública. Não matar índio é politicamente correto. Você é contra? O meio ambiente foi devastado e o planeta está se acabando num churrasco porque não foi aplicado por todos o que é politicamente correto – a preservação ambiental.

Carta-aberta-privê

Portanto, desconfio de quem critica o politicamente correto. Ser politicamente incorreto não tem nada de rebeldia ou revolucionário – é apenas a velha cultura da barbárie querendo retornar. Aliás, é preciso reconhecer que boa parte dos personagens da Mônica age de forma politicamente correta em muitas ocasiões. Esse agir correto é o que reforça os bons valores passados pela escola e pela família.

2. Por que criticar a Mônica, que embalou a nossa infância?

Não encontro outra revista em quadrinhos para o meu filho. Bolinha e Luluzinha não existem mais. Pimentinha e Riquinho, entre outros, sumiram das bancas. Não digo que estes gibis fossem melhores que a Turma da Mônica. Não creio. Aqui é apenas faço a constatação: existe um monopólio de quadrinhos infantis e ele está com a Maurício de Souza Produções. Isso é bom para o Brasil? Não. Eu me pergunto pelos muitos artistas que estão aí em busca de oportunidade e não têm espaço para publicar. Essa discussão precisa ser feita. Não me interessa discutir com o fã clube da Turma da Mônica ou com os adultos que defendem a Turma da Mônica porque ela ocupou espaço na sua infância. Mas com adultos, com quem faz quadrinhos ou pensa nos quadrinhos a partir de uma lógica de adulto. O debate aqui, porém, resvalou para isso de "eu li a Turma da Mônica e não sou violento". Ou para a fantasia...

Fico sabendo por essas mensagens que alguém colocou no seu blog uma "Carta aberta a Dioclécio Luz", mas esqueceu de avisar para ele! É a primeira carta-aberta-privê de que tenho notícia. Uma aluna do curso de Comunicação da Universidade de Brasília, para quem dei aula de Ética na comunicação, questiona a universidade por aceitar pessoas como ela (!) num curso de ética, onde o "professor" (eu) escreve um artigo sem fazer a devida apuração dos fatos... Para esta aluna, eu não poderia estar tratando de ética no jornalismo na sala de aula porque fiz um artigo criticando a Mônica!

Vergonha para a categoria

3. Artigo científico ou jornalístico

É evidente que o texto publicado não era um artigo científico e muito menos um texto jornalístico; era apenas uma opinião. Então por que algumas pessoas fizeram essa confusão? Talvez porque precisassem de motivo para bater nesse Cebolinha (Dioclécio) que investia sobre o seu coelhinho (a Mônica). E xingam esse "intelectual esquerdista" e "comunista" (eu), ou esse "jornalista" (eu) porque não apurou para fazer o "artigo". Descubro assim que permanece atual xingar de "comunista" – e eu pensava que isso tinha acabado com o fim da ditadura militar no Brasil...

A propósito, aqui, por minha causa, uma jornalista de Brasília afirmou estar envergonhada da profissão. Mas eu não a vi se envergonhar quando os principais jornais de Brasília, escritos por jornalistas, saíram na defesa do governador Arruda quando brotou essa operação Caixa de Pandora e começou a botar todo mundo na cadeia. Tampouco ela apareceu aqui no Observatório, ou outro espaço público de debate, para se dizer envergonhada com a Folha de S.Paulo por ter tratado a ditadura de "ditabranda", aquela que matou o jornalista Wladimir Herzog, entre tantas e tantas pessoas. Ela também não demonstrou estar envergonhada pelo fato do jornal O Globo todos os dias (eu disse "todos os dias") arranjar um jeito "jornalístico" para falar mal de Lula e do PT. Ela não parece se envergonhar com a revista Veja (e uma boa parte do seu quadro de jornalistas) por seu "jornalismo". Ela tampouco se mostrou envergonhada com o jornalismo das emissoras de TV comerciais – tendencioso e censor da cultura e do cidadão comum. Essa jornalista não se envergonhou da categoria quando Boris Casoy, em rede nacional, menosprezou os garis. E tampouco se sente mal em ver o jornalista Pedro Bial comandar essa coisa medíocre que é o Big Brother Brasil...

Mas ela considera vergonhoso para a categoria um jornalista criticar um personagem de gibi!

Mundo simbólico e mundo real

Como levar a sério posições públicas como esta? As pessoas estão perdendo o senso de ridículo. E se resolvem fazer a denúncia à Comissão de ética da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) ou ao meu sindicato, no Distrito Federal?

"Ah, muito bem. A senhora tem uma queixa contra o jornalista Dioclécio Luz."

"Sim. Ele envergonha a minha classe."

"E qual é a queixa?"

"Ele falou mal da Mônica."

"Ah, calúnia e difamação... Tem razão. Isso é grave. O bom jornalismo não deve fazer isso. Eu defendo que ele seja punido. E quem é Mônica?"

"Uma criança."

"Uma criança?! Então é mais grave do que eu pensava. Além de denunciar na comissão de ética dos jornalistas, a colega deve ir imediatamente à delegacia. Esse cara tá ferindo o Estatuto da Criança e do Adolescente. Mas vamos completar. Qual o sobrenome dessa criança."

"Não sei."

"E onde ela mora?"

"Ela é personagem de um gibi!"

"Personagem de gibi?!"

"Mas ela é uma gracinha. Leio toda semana..."

Não se pode descartar que o gibi (como os jornais, a TV, os livros) constrói ativamente o mundo a partir do imaginário. A questão não é: "Eu leio gibi violento e não fico violento." Trata-se de um argumento imaturo. O fato é que constantemente estamos construindo o nosso mundo simbólico que não se dissocia do chamado mundo real. Os dois não estão dissociados. Os valores de um são levados ao outro e vice-versa. A questão, portanto, não é de separar o real do irreal porque isto é impossível quando se considera o imaginário de cada um, mas de observar os valores que cada um constrói. Os valores que estão no gibi não são, necessariamente, os de cada leitor, mas são valores, isto é, moral.

Efeitos e reações do imaginário

Pode se dizer, incorrendo no risco de errar por generalização, que as crianças na idade da Turma da Mônica têm a tendência de resolver os conflitos fazendo uso da força. E o que os pais e as escolas devem fazer? Mostrar que existem outros modos de se resolver conflitos. As boas escolas ensinam isso. A escola do meu filho ensina isso. Eu ensino isso. É função da escola e dos pais. Porque se a escola e os pais não ensinam as crianças como resolver os conflitos sem violência, fechemos as escolas e deixemos os filhos nas creches! Felizmente há muito tempo que as escolas sabem disso. Talvez alguns os pais não saibam...

As crianças, a partir de certa idade, sabem, sim, separar o real da ficção. Mas os valores delas estão sendo construídos. Se um menino vê o pai batendo na mãe (atenção, defensores do politicamente incorreto) ele vai saber que isso é permitido. Vai ver a mãe sofrer, vai sentir uma dor com isso, mas sabe que é permitido porque seu pai, seu modelo de homem, faz isso. Se o pai (ou a mãe, ou a irmã) mostram que os conflitos se resolvem na porrada, ele vai ter esse valor. Se vai adotar para si é outra história. Se a Mônica age assim e os pais da criança dizem que é assim mesmo a coisa pode se complicar. Mas, atenção, as variáveis são muitas. Os efeitos e as reações desse imaginário sobre as crianças não cabem num artigo. O que fiz aqui foi apontar que a Mônica têm características violentas, e esperava que os adultos, como adultos, discutissem isso.

Offline Andre

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Re: A Turma da Mônica NÃO É SUA AMIGA.
« Resposta #11 Online: 29 de Março de 2010, 12:25:59 »
Boa resposta. :ok:
Se Jesus era judeu, então por que ele tinha um nome porto-riquenho?

Offline Moro

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Re: A Turma da Mônica NÃO É SUA AMIGA.
« Resposta #12 Online: 29 de Março de 2010, 13:06:30 »
Eu achei o primeiro texto ruim e o segundo também.

O gibi é despretensioso, diverte, mostra situações claramente estereotipadas e não há nenhum problema nisso.
“If an ideology is peaceful, we will see its extremists and literalists as the most peaceful people on earth, that's called common sense.”

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"To claim that someone is not motivated by what they say is motivating them, means you know what motivates them better than they do."

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Offline Andre

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Re: A Turma da Mônica NÃO É SUA AMIGA.
« Resposta #13 Online: 29 de Março de 2010, 13:27:19 »
Embora ele exagere na interpretação de como os personagens fictícios podem interferir no amadurecimento de uma criança, ele tem um ponto em criticar Turma da Mônica artisticamente, como a (falta de) personalidade dos personagens.

Harry Potter também é despretensioso e divertido, e é óbvio que uma criança sabe que ela não vai conseguir pegar uma vassoura e sair voando, mas nem por isso HP e sua criadora estão imune de críticas.
Se Jesus era judeu, então por que ele tinha um nome porto-riquenho?

Offline Pandora

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Re: A Turma da Mônica NÃO É SUA AMIGA.
« Resposta #14 Online: 29 de Março de 2010, 13:39:43 »
Não sou uma pessoa qualificada para falar do comportamento infantil, apenas do meu. Foi lendo a turma da Mônica que desenvolvi meu gosto pela leitura e, aliás, leio esse gibi e vejo o desenho sempre que posso. Concordo que o Chico Bento pode ser clichê (digo pode porque não conheço nenhuma uma pessoa do interior para fazer qualquer comparação), e quanto a falta de personalidade das personagens, só posso dizer que quando era criança isso pouco me importava... o que eu com seis anos sabia sobre personalidade?

Em relação ao bullying (que na minha época era encarnação), eu sofri e muita gente também, mas não da forma que há hoje em dia ( e pessoalmente acho que é muito mais influência dos filmes americanos que dos quadrinhos). E quando eu digo que sofri, quero dizer que fui vítima  porque eu não abaixava a cabeça como as crianças normalmente fazem, eu retrucava evidenciando os "defeitos" delas e muitas vezes parti sim para porrada, até com menino.  Se é certo, não sei, mas nunca mais fui incomodada. E nem foi porque a Mônica fazia isso, até porque não resolve o problema, já que o Cebolinha faz tudo de novo; e sim porque nunca gostei de "levar desaforo para casa" nem servir de capacho!

Muito mais importante do que a personalidade da Mônica é pensar por que as crianças estão ficando cada vez mais cruéis. Lembrar aos pais que educação  que se aprende na escola é a acadêmica, os valores, limites se aprende em casa! Lembrá-los, também que são eles os responsáveis pela criação de seus filhos e não as professoras!

Vou exemplificar com uma situação que vi no ponto de ônibus na última quarta. A mãe descobriu que o filho estava com um brinquedo que não era dele e que ele não pediu emprestado ao dono. E ela teve a brilhante idéia de dizer ao filho para escoder e não contar para ninguém. Quando eu fiz algo parecido, meu pai me fez voltar, confessar e pedir desculpas, além de um sermão. Nunca mais fiz de novo. E outras coisas que ele e minha mãe me ensinaram de forma parecida.

Offline Dr. Manhattan

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Re: A Turma da Mônica NÃO É SUA AMIGA.
« Resposta #15 Online: 29 de Março de 2010, 13:41:18 »
Eu achei o primeiro texto ruim e o segundo também.

O gibi é despretensioso, diverte, mostra situações claramente estereotipadas e não há nenhum problema nisso.

2.

E ainda me divirto muito lendo esses gibis*. Na minha opinião, levando em conta os aspectos culturais, filosóficos
e políticos da questão, posso concluir que esses textos gastam português demais com uma discussão que se perde
em pura baitolagem de um cabra que tem tempo demais em suas mãos para gastar com fuleiragem.


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Offline Gaúcho

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Re: A Turma da Mônica NÃO É SUA AMIGA.
« Resposta #16 Online: 29 de Março de 2010, 14:17:30 »
Alguém já viu a história do "Jogo do Taco", com o Cebolinha e o Cascão? Eu rolo de rir toda vez que re-leio ela, no verão (os gibis ficam na praia). :P
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Offline Derfel

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Re: A Turma da Mônica NÃO É SUA AMIGA.
« Resposta #17 Online: 29 de Março de 2010, 17:35:36 »
Eu já tinha lido o primeiro texto no OI. O que o autor fez agora foi, mais ou menos, "putz, falei besteira, vamos ver se dá para consertar". No final, o segundo texto saiu pior que o primeiro. Interessante é ler os comentários, tanto do primeiro quanto do segundo. No primeiro eu ia também postar um comentário sobre o artigo, mas não lembro se consegui (acho que foi na época da mudança de política para postagem). Quando ao Chico, ele é um estereótipo do caipira paulista, vindo do Jeca Tatu e de memórias da infância do Maurício de Souza.

Offline _Juca_

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Re: A Turma da Mônica NÃO É SUA AMIGA.
« Resposta #18 Online: 29 de Março de 2010, 17:40:20 »
Eu já tinha lido o primeiro texto no OI. O que o autor fez agora foi, mais ou menos, "putz, falei besteira, vamos ver se dá para consertar". No final, o segundo texto saiu pior que o primeiro. Interessante é ler os comentários, tanto do primeiro quanto do segundo. No primeiro eu ia também postar um comentário sobre o artigo, mas não lembro se consegui (acho que foi na época da mudança de política para postagem). Quando ao Chico, ele é um estereótipo do caipira paulista, vindo do Jeca Tatu e de memórias da infância do Maurício de Souza.

Acho que no segundo ele consertou algumas coisas, mas já tinha feito a besteira, daí já não adianta muito.

Offline Eleitor de Mário Oliveira

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Re: A Turma da Mônica NÃO É SUA AMIGA.
« Resposta #19 Online: 29 de Março de 2010, 18:55:28 »
As merdas que saem quando os machos dos críticos literários deixam a desejar...

Offline _tiago

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Re: A Turma da Mônica NÃO É SUA AMIGA.
« Resposta #20 Online: 29 de Março de 2010, 19:13:32 »
http://br.groups.yahoo.com/group/direitofederal2000/message/12780

http://www.observatoriodaimprensa.com.br/artigos.asp?cod=578JDB009

Citar
HQ & IDEOLOGIA

O principal deles é, claro, a própria Mônica. A garotinha tem uma característica: ela resolve as coisas na porrada. Tudo. Este é um elemento educativo complicado. Ao invés do diálogo, da negociação, apela-se para a violência. Quando está em apuros, é no braço, ou fazendo uso do seu coelhinho, que Mônica resolve. Moral da história: em situações de conflito, ganha o mais forte.

Putz, li demais a Turma da Mônica. Até hoje acho que em situações de conflito, ganha o mais forte.
Coisa mais, "Se alguém lhe ofender a face, ofereça a outra!"
Gibis dominando a cabeça das pessoas...

Offline Dbohr

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Re: A Turma da Mônica NÃO É SUA AMIGA.
« Resposta #21 Online: 29 de Março de 2010, 19:31:23 »
Eu achei o primeiro texto ruim e o segundo também.

+1. O segundo texto consegue ser ainda pior, porque o autor se coloca firmemente no papel de vítima e de intelectual incompreendido -- quando o seu primeiro texto, aliás, era uma colagem de erros grosseiros e um viés tacanho...

Harry Potter também é despretensioso e divertido, e é óbvio que uma criança sabe que ela não vai conseguir pegar uma vassoura e sair voando, mas nem por isso HP e sua criadora estão imune de críticas.

Imune, não. Mas crítica mal-feita tem mais é que ser sacaneada :-P

Offline Zeichner

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Re: A Turma da Mônica NÃO É SUA AMIGA.
« Resposta #22 Online: 29 de Março de 2010, 20:55:35 »

+1. O segundo texto consegue ser ainda pior, porque o autor se coloca firmemente no papel de vítima e de intelectual incompreendido -- quando o seu primeiro texto, aliás, era uma colagem de erros grosseiros e um viés tacanho...


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Offline Flavia

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Re: A Turma da Mônica NÃO É SUA AMIGA.
« Resposta #23 Online: 29 de Março de 2010, 21:22:30 »
Eu aprendi muito com o Do Contra. :P

Bom, falando sério (ei, eu estava falando sério!), eu adoraaaava ler a Turma da Mônica, também era uma das que rolavam de rir (começava a ler o gibi pela tirinha da última página). Não fui influenciada negativamente, acho exagerado falar isso desse tipo de "produto". É tentar tirar leite de pedra...
vanitas vanitatum omnia vanitas

Offline Eleitor de Mário Oliveira

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Re: A Turma da Mônica não é sua amiga.
« Resposta #24 Online: 29 de Março de 2010, 21:32:39 »
É tentar tirar leite de pedra...

Acabou de descrever 99% da produção acadêmica de humanidades.

 

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