Ângelo Melo… Entenda o seguinte: Eu não sou criacionista bíblico, ou de qualquer outra confissão de fé;
Isso pouco importa ao tema da discussão presente. Uma vez que você defende que o DI, uma derivação do criacionismo bíblico, seja ensinado junto a TE nas escolas então na prática é a mesma coisa.
apenas defendo que a vida Natural, aparenta projectar-se a si mesma, porque eu desconfio que a Natureza em si própria, é inteligente. Senão não podia ser compreendida.
Non sequitur. Não há qualquer relação entre o nível de inteligência de algo e a possibilidade que esse algo tenha de ser compreendido. O que é necessário para a compreensão é mostrar um padrão, que significa que existem leis por detrás desse comportamento, não inteligência.
Aliás, se houvesse uma inteligência ela não precisaria necessariamente seguir padrões de comportamento, poderia "mudar as regras do jogo" para achar a melhor solução para cada caso, o que a tornaria menos compreensível, não mais compreensível. Mas ao invés disso ela usa sempre os mesmos padrões, para o "bem" ou para o "mal". Poderia, por exemplo, ter construído nossa coluna vertebral de uma forma mais apropriada para um animal bípede como nós. Uma mudança radical como essa, uma verdadeira reconstrução que não poderia ser obtida simplesmente da mutação e adaptação da estrutura quadrúpede pré-existente, seria um argumento em favor de uma intenção por detrás da evolução. Mas ao invés disso o que observamos é um simples "remendo", uma coluna de quadrúpede "improvisada" como bípede, que não se adaptou mais do que os mecanismos da TE permitem e que nos rende inúmeros problemas por causa disso. Não há nenhuma inteligência por detrás disso.
Quer eu seja ou não, um bom observador dos seres da cadeia alimentar, aquilo que eu observo, informa-me que ali está algo que eu verifico ser inteligentemente construído. E eu com isso, não estou propriamente a considerar que foi um criador externo à vida natural que o concebeu: ou que me parece, contrariar o evolucionismo darwinista.
Eu concordo implicitamente com Darwin. Mas não é por causa disso, que eu deixo de considerar a Natureza compreensível e propositada.
Compreensível, como já demonstrei, sim. Por causa dos seus padrões. E não de sua suposta inteligência (conclusão que não passa de um
non sequitur seu.
Propositada, como também demonstrei, não. Igual ao exemplo que dei, existem inúmeros outros na natureza. Basta observá-la sem suas idéias pré-concebidas de perfeição e propósito.
Desculpe: quando eu falo de “desenho inteligente”, não me refiro necessariamente à tese bíblica. Falo da minha capacidade de observação pessoal e da forma como me parece mais acertado interpretar aquilo que eu vejo.
Queira você ou não, o DI é apenas uma variação do criacionismo bíblico. A única razão da sua criação (o recriação, já que se trata do resgate de uma antiga idéia de Paley) foi legal. Uma vez que o criacionismo clássico perdeu todas as batalhas jurídicas nos EUA para se inserir no sistema de ensino, justamente por ser religião e não ciência, tentaram vestí-lo com um disfarce científico para ver se assim entrava. Um verdadeiro lobo em pele de cordeiro.
Agora se você não concorda que se ensine o criacionismo bíblico, nas escolas como tese “científica”, pode ser que tenha muita razão... Mas não me parece muito democrática a sua atitude.
Minha atitude não seria democrática
se o criacionismo fosse outra
teoria científica concorrente a qual fosse negada o direito de conhecimento. Mas impedir que
religião seja ensinada nas aulas de
ciência não é falta de democracia.
Criacionismo é mito. Da mesma forma que ninguém ensina mitologia grega em pé de igualdade com a história nas aulas de história, tratando-a como fato, não se pode ensinar mitologia bíblica em pé de igualdade com a ciência.
E além disso, você quer discutir democracia para os criacionistas bíblicos? Pergunte a eles se eles aceitariam que fosse discutido junto o criacionismo hindu, o grego, o nórdico, o guarani, etc, em pé de igualdade com o deles. Você vai ver qual a noção de democracia que eles têm.
Admito que você deve ter bons motivos, para não considerar “científico”, aceitar que a estrutura mecânica da vida, tem uma lógica existencial, que em última instância, só é perfeitamente explicável e compreendida, com o recurso a uma causa inteligente; exterior ou não à Natureza.
Meus motivos já expliquei acima. Inteligência ou propósito na natureza é apenas wishful thinking, sem qualquer corroboração na observação ou experimentos.
Caro Ângelo Melo: Não me fale em bobagens e coisas afim; (magia, astrologia, alquimia, numerologia, astrologia, etc) porque eu também posso devolver-lhe a deixa e dizer-lhe, que as suas refutações, são afirmações tão bobas como as minhas, embora de estilo diferente; ao não levar em consideração os meus pontos de vista, só porque discorda inteiramente deles.
Se você quiser, fique a vontade para demonstrar que física, química, matemática, biologia e outras ciências são bobagens...
Mas o ponto não é esse. Como eu disse, você tem direito de acreditar nessas coisas e até não achá-las bobagens. Mas simplesmente não pode afirmar que qualquer uma das ciências naturais citadas precisam de qualquer complementação vinda delas. As ciências explicam muito bem suas respectivas áreas sem qualquer "complementação" mística ou esotérica.
Acredito que a sua “formação “científica e académica”, o condiciona a interpretar a Natureza, como algo desprovido de inteligência própria.
Respeito a sua forma de interpretar a vida, como algo que evolui, desprovido de qualquer intencionalidade. Mas isso não a torna mais lógica e “científica” que a minha maneira de a interpretar.
Torna-a concordante com as evidências, apenas isso.
Quando eu concordo que a Natureza é um processo evolutivo absolutamente natural, entendo que nessa evolução está presente uma inteligência, também natural. Senão, seria impossível, nós sermos conscientemente inteligentes.
De novo, non sequitur.
Então trata-se de observar a Natureza de maneira “cientificamente correcta”: e
Fica a seguinte questão… Se a Natureza não é inteligente em si própria, porque é que ela é inteligível?
Porque ela obedece a padrões, como expliquei acima.
Se a Natureza em si mesma, não é viva, porque é que produz seres viventes?
Por reações químicas auto-replicantes que se mantém longe do equilíbrio termodinâmico. Desde 1828 que sabe-se que não há diferença nenhma entre compostos orgânicos e inorgânicos, que não há nenhuma "energia vital" animando os primeiros e que, como foi demonstrado mais tarde, compostos essenciais a vida podem ser obtidos rotineiramente por meio de reações químicas triviais.
Se a Natureza, é desprovida de propósito, porque que nós somos intencionais?
Poderia inverter a pergunta e dizer, se a natureza não é desprovida de propósito, por que somos os únicos a mostrar intencionalidade? Até onde sabemos, somos a única espécie que a consciência de si mesmo emergiu, um efeito colateral do crescimento da complexidade do nosso cérebro. Qual foi a intencionalidade da natureza em criar inúmeras espécies que terminaram extintas porque entraram em um beco evolutivo sem saída?
Se a natureza, é assim tão imperfeita, porque é que nós tentamos tornar-nos mais perfeitos e tentamos compreende-la cada vez melhor, afim de a conseguir-mos imitar e até aperfeiçoar?
Se a natureza é perfeita, porque então somos imperfeitos a ponto de precisar buscar a perfeição que não nos foi dada por essa entidade perfeita?
Tudo o que tentamos imitar da natureza são estruturas que vêm evoluindo há milhões de anos, sob uma depuração completamente mecânica que eliminou aquilo que não dava certo e preservou as variações bem sucedidas. Não é uma obra inteligente, mas uma filtragem ambiental de bilhões de variações ao acaso.
Se a Natureza é destituída de vontade, porque é que nós, a tentamos controlar o máximo possível?
Desde quando algo precisa estar imbuído de vontade para que você possa ou tente controlá-lo? Se você estiver dentro de um caminhão desgovernado a 160 km/h na contramão, você também não vai tentar controlá-lo o máximo possível? E ele também não é destituído de vontade?