Durante a Guerra das Malvinas um único submarino nuclear britânico imobilizou a frota argentina nos portos. É uma arma estratégica e o fato de poder permanecer longos períodos submersos faz com que possa aparecer em qualquer lugar a qualquer momento.
Como eu escrevi na postagem anterior, a Guerra das Malvinas não pode ser considerada como balizadora de uma guerra atual, por pelo menos 2 fatores:
O primeiro motivo foi a assimetria das forças combatentes. A marinha inglesa era a terceira mais poderosa do mundo enquanto que a marinha argentina era (e é) uma marinha de terceira linha, com belonaves ultrapassadas tecnologicamente em todas as categorias e com grande inferioridade numérica.
O segundo motivo, específico do caso em tela, o cruzador General Belgrano simplesmente não era páreo para o submarino HMS Conqueror. Não possuía nenhum arma de defesa anti-submarino e seus meios de detecção eram muito antigos e primários (um sonar SQS 12, se não estiver enganado). Já o submarino ingles possuía grande autonomia, sonares ativo e passivo quase no estado-da-arte molitar de então e, o mais importante, possuíam 6 lançadores de torpedos de 533mm do modelo 'Tigerfish'.
O poderio era desproporcional, mas o Reino Unido não utilizou toda a Marinha Real, apenas 42 navios. E aqui pode-se mostrar justamente o que eu disse. Um único submarino inglês bloqueou toda a esquadra argentina e os ingleses tiveram duas fragatas e dois destroyers afundados pelos aviões argentinos. Ou seja, submarinos e poder aeronaval, o resto é alvo.
Sim, o poderio era desporporcional (terceira marinha versus uma marinha de terceira) e o caso do submarino não serviria como cenário parâmetro se do outro lado estivesse uma marinha um pouco melhor equipada ou se o combate tivesse ocorrido em águas mais rasas.
Se a marinha argentina possuísse algumas unidades semelhantes às fragatas Oliver H. Perri, por exemplo, o(s) submarino(s) ingles(es) não ficariam tão desenvoltos ou até mesmo se veriam em apuros, dependendo do número de navios envolvidos. Como eu já escrevi antes, não basta quão avançado é um submarino, após o primeiro disparo ele fica vulnerável, pois perde o elemento surpresa.
Quanto aos gastos militares, eu considero como os gastos com planos de saúde: você gasta esperando nunca usar, mas se precisar estará disponível (como profissional de saúde devo dizer que não é bem assim, mas serve para entender o meu ponto).
Qual é o limite de gasto que se deve ter para o Brasil?
Depende do momento. Hoje o gasto deveria ser muito maior do que é porque as FFAA estão sucateadas. Os gastos do Brasil correspondem a 2,6% do PIB, mas deve ser, realmente, muito menos que isso, já que nessas contas são computados gastos com salários, aposentadorias e pensões, despesas aeroportuárias, infraero, controle de tráfego aéreo... Acho que após o reaparelhamento deveria girar em torno de 2,9 a 3,5%, com a desmilitarização de serviços como Controle de Tráfego Aéreo e INFRAERO.
Sem contar com as despesas de manutenção de aeronaves e navios para o transporte de "muambas". Nada como ter contrabando em alto estilo e com escolta militar!

Como o Dr. Manhattan disse, não sabemos como estará a geopolítica em 30 anos (nem em menos tempo), contudo o Brasil está começando ter um peso no cenário mundial e, com o tempo, esse peso vai acabar obrigando ao Brasil tomar posições que muitas vezes representará uma atuação militar.
Se for em missões de paz, tudo bem. Mas qual seria o papel da marinha neste caso?
Se não for em missões de paz então há somente duas alternativas: autodefesa ou intervenção externa.
Em missões de paz pode servir como apoio, como trasporte de tropas e navio-hospital, mas também serve como autodefesa, autoexplicativo, e intervenção externa também. O fato do Brasil não entrar em conflitos há mais de 150 anos (com uma pequena participação na II Guerra), não significa que não entrará em algum momento no futuro. Outro uso é justamente projeção de poder, e nenhuma outra força projeta mais poder que a Marinha.
Se for para fazer transporte de tropas ou servir de base médica como missão de paz, não há necessidade de ampliar os atuais meios.
No mais eu concordo com voce.
Não digo com o peso dos grandes atores, mas como coadjuvante (por enquanto), provavelmente em uma aliança com os EUA.
Sem dúvida. O Brasil não tem a menor condição de desenvolver e manter uma marinha do porte da francesa, por exemplo, em um período de tempo menor que 20 anos.
Mas acho que uma Marinha do porte da francesa dveria ser o nosso objetivo, ainda mais se o nosso crescimento econômico se sustentar nos próximos anos.
Sim, se houver uma disposição política para este tipo de despesa. E se forem revistas as benesses" que os militares desfrutam.
E essa é uma tendencia que não se restringe ao Brasil: a Alemanha começa a participar de ações e a montar um exército mais bem preparado e o Japão também, inclusive participando de missões no Iraque (e são países que tiveram suas forças desmanteladas após a II Guerra).
Ainda assim tanto a Alemanha como o Japão são proibidos constitucionalmente de possuírem forças armadas com caráter ofensivo, mas apenas e tão somente de natureza defensiva.
Mas o debate nesses países é justamente a mudança nessa proibição constitucional. A Alemanha participa de missões no Afeganistão e o Japão participou da Guerra do Iraque. Não me parecem situações muito defensivas...
Nenhum militar alemão ou japones entrou em combate. Suas funções foram (são) essencialmente burocráticas ou de retaguarda.
Possuir uma força armada forte (para as nossas necessidades) também serve para outra coisa: projeção de poder. Principalmente verdade com o Poder Naval. Esse poder que vem com a posse de uma força armada forte fortalece as próprias negociações políticas do País, tanto diplomática quanto financeiramente.
De fato, hoje o Brasil possui capacidade 'zero' de projetar poder fora de sua região. Mas mesmo que os seus meios militares aumentem significativamente, não vejo ainda uma capacidade efetiva de projetar poder, mesmo com uma pequena flotilha de submarinos nucleares.
De qualquer modo, a posse de submarinos nucleares preocupa os planejadores estratégicos de outros países, principalmente da "polícia do mundo" (http://www.defesanet.com.br/usa1/subs_br.htm).
UM submarino nuclear já é uma enorme projeção de poder pelas próprias características do aparato. Quantos países dominam a tecnologia? 6! EUA, Rússia, Inglaterra, França, China e Índia! A construção de um submarino nuclear pelo Brasil o colocaria em um grupo muito restrito.
Certo Derfel, mas a sua relação merece um comentário um pouco maior.
Os submarinos chineses e indianos atuais somente existem por conta da tecnologia soviética/russa.
Os navios da classe INS Arihant, indianos, são cópias dos submarinos soviéticos das classes Charlie I e Victor II (denominação da OTAN). Os submarinos chineses da classe Jin são cópias dos submarinos soviéticos da classe Delta (denominação da OTAN).
Os sistemas de armas e de sensores igualmente são frutos de cessão (cópia, roubo) de tecnologia dos soviéticos/russos.
Se o Brasil se juntar a este grupo também será por cessão de tecnologia, alemã ou francesa.