O post do Gaba me carfundiu total
À primeira vista, o projeto de Aércio Neves pode sugerir se tratar de um benefício indevido, com ônus para os cofres públicos, já que, mesmo fora da faixa, o pagamento continuaria a ser feito por seis meses. Mas não é bem assim. É o contrário. Hoje, muita gente evita o emprego formal, com carteira assinada porque teme o imediato desligamento do programa, sem saber se permanecerá ou não no emprego. Havendo garantia suplementar, a tendência é que haja mais formalização da mão de obra.
Mesmo assim, sendo um bom projeto, a minha surpresa
1 maior foi ver que o PT agita essa bandeira do Bolsa-Família, fazendo campanha de medo, que adversários podem extinguir o programa e agora fica contrariado porque um adversário instituiu o programa como de Estado, impedindo que um aventureiro possa acabar com ele.
Ou seja, desmontou o castelo de cartas de cujo topo o partido do governo brandia defesa dos mais necessitados.
1 Apenas retórica, porque não é surpresa nenhuma saber que o PT se interessa mesmo é em derrubar adversário e não se preocupar com quem ele diz que defende e protege.
Olha só o que Lula falava no passado:
Eu, um dia desses, Ciro [Gomes, ministro da Integração Nacional], estava em Cabedelo, na Paraíba, e tinha um encontro com os trabalhadores rurais, Manoel Serra [presidente da Contag - Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura], e um deles falava assim para mim: “Lula, sabe o que está acontecendo aqui, na nossa região? O povo está acostumado a receber muita coisa de favor. Antigamente, quando chovia, o povo logo corria para plantar o seu feijão, o seu milho, a sua macaxeira, porque ele sabia que ia colher, alguns meses depois. E, agora, tem gente que já não quer mais isso porque fica esperando o ‘vale-isso’, o ‘vale-aquilo’, as coisas que o Governo criou para dar para as pessoas.” Acho que isso não contribui com as reformas estruturais que o Brasil precisa ter para que as pessoas possam viver condignamente, às custas do seu trabalho. Eu sempre disse que não há nada mais digno para um homem e para uma mulher do que levantar de manhã, trabalhar e, no final do mês ou no final da colheita, poder comer às custas do seu trabalho, às custas daquilo que produziu, às custas daquilo que plantou. Isso é o que dá dignidade. Isso é o que faz as pessoas andarem de cabeça erguida. Isso é o que faz as pessoas aprenderem a escolher melhor quem é seu candidato a vereador, a prefeito, a deputado, a senador, a governador, a presidente da República. Isso é o que motiva as pessoas a quererem aprender um pouco mais.
Viram que o Bolsa-Família podia comprar voto e viraram a casaca.
A conversa agora é outra.