Sobre o Tucano, vi o vídeo abaixo (reportagem do Fantástico):
http://www.youtube.com/v/NgizyYGNrf4A passagem do objeto ocorre 5 segundos antes do acidente. Mas, a asa direita se desprende justamente no momento em que sofre muito arrasto devido ao aumento do ângulo de ataque (subida). Coincidência?
No começo, o narrador diz que os peritos da aeronáutica não souberam explicar o acidente. E, que os aviões Tucano da Esquadrilha da Fumaça eram reforçados para suportar as manobras. Mas, no final da reportagem, o narrador diz (em tom de escárnio) que o Capitão Siqueira, coordenador da Esquadrilha da Fumaça, relatou que houve fadiga do material das ferragens de suporte da asa. Que todos os outros aviões receberam reforços para voltarem a fazer voos de treinamento. E, que o Capitão havia ressaltado não possuir elementos para atribuir responsabilidades ao suposto OVNI indicado pelo Fantástico. A contradição é evidente e fica claro que, independente de qualquer informação prestada pela Aeronáutica, o Fantástico iria ressaltar o suposto OVNI e dar credibilidade para pessoas sem conhecimentos técnicos tecerem teorias infundadas.
Surge o Ufólogo Reginaldo de Ataíde e é dito que ele havia feito uma análise das imagens com auxílio de computador. Ele somente mostra pequenas fotos (alguns quadros do registro em VHS). Em 1997, ainda era como um argumento de autoridade dizer que algo havia sido feito com o auxílio de computador. Talvez influência do cinema. Mas, uma análise boa depende mais de quem faz do que de qualquer outra coisa. Então, o ufólogo fez as seguintes considerações (que outros repetem até hoje):
- Tratava-se de alguma coisa metálica;
- Desenvolveu uma velocidade três, quatro ou cinco vezes maior que a do avião. Em Km/h, estimou algo entre 1200 e 1500 km/h;
- O objeto possuía aproximadamente 1 m de diâmetro;
- O objeto passou a dois metros da asa direita;
- O acidente pode ter sido causado pelo campo magnético ao redor do objeto;
Porém, questiono e penso o seguinte:
1. Como ele determinou que o objeto era metálico? Suposição infundada, pois, usou de subjetividade.
2. Como ele determinou que o objeto passou a dois metros da asa direita? Foi uma suposição infundada. Saber o comprimento e a altura do avião não é referência suficiente para determinar tal distância em uma imagem 2D, pois, o tamanho do objeto é suposto e o registro não apresenta outras referências no momento de interesse. O ufólogo não saberia informar nem a distância aproximada que o avião se encontrava do cinegrafista, pois, seria necessário saber quanto de zoom estava sendo aplicado naquele momento específico da filmagem.
3. Como ele pode saber que um campo magnético afetou as estruturas da asa? Sem comentários. Foi uma suposição infundada.
4. Ele provavelmente procurou determinar a velocidade do objeto comparando com a velocidade de cruzeiro do T-27 (319 km/h).
5. Ele provavelmente procurou determinar o diâmetro do objeto comparando com o comprimento (9,86 m) ou altura do T-27 (3,40 m).
Mas, pelas comparações, fica claro que o ufólogo já estaria partindo do pré-julgamento de que o objeto estava muito próximo do avião (apenas por subjetividade). Será que o objeto estava realmente muito próximo do avião?
O capitão Barreto, piloto do avião, disse não ter observado nada. Acho difícil o piloto não ter visto algo com quase 1 m de diâmetro passando pelo seu campo de visão (vindo a dois metros da asa direita que, no T-27, está logo abaixo da cabina). Pela distância sugerida e leve inclinação do avião (bico apontando para baixo), o objeto poderia ser perfeitamente observado da cabina. Uma velocidade cinco vezes maior (sugerida) também não impediria a visualização do objeto, pois, o objeto continuaria seguindo muito próximo (e paralelamente) ao centro do campo de visão do piloto até se perder no horizonte. Ainda daria para ver um objeto de aproximadamente 1 m de diâmetro se distanciar por alguns segundos. É preciso lembrar que os pilotos da Esquadrilha da Fumaça não evitam colisões com TCAS. Pois, as aeronaves voam muito próximas umas das outras. Então, precisam ter atenção difusa.
Para que a imagem gravada fique clara, os feixes de luz vindos do objeto filmado precisam ser direcionados precisamente para o CCD da câmera. Ajustar o foco nada mais é do que mover a lente de focalização, para dentro ou para fora, de forma que os feixes de luz se cruzem no CCD. Existe um dispositivo de foco automático que auxilia no processo de focalização. Uma grande amostra de feixes de luz de objetos em foco é direcionada para o CCD. Uma pequena amostra de feixes de luz de objetos desfocados é direcionada para o CCD. Se um objeto está sendo focado, é natural que outros em outras distâncias maiores acabem desfocados. Se um objeto está sendo focado, é natural que outros próximos não fiquem muito desfocados. É possível ver detalhes no padrão de pintura do avião (faixas brancas) e outros detalhes como a largura das hélices pelo Efeito Estroboscópico que, possuem medidas menores que 1 m. Então, pelo baixo nível de detalhamento no objeto não identificado e comparação do seu tamanho com o comprimento do avião, é muito provável que o objeto está desfocado e muito longe do avião. Um objeto de 1 m próximo do avião e aparentando estar desfocado teria que estar variando a sua opacidade (não ser "metálico"), mas, existem outras possibilidades perfeitamente reprodutíveis ao considerar um objeto desfocado e distante do avião.
Uma das possibilidades é ser um pássaro desfocado muito mais próximo do cinegrafista que o avião. Existe um padrão muito similar ao bater de asas:
Parece um pássaro batendo as asas e depois guinando para um dos lados:
E, em um dado momento é possível notar extensões que lembram asas no objeto:
Como um pássaro pode ser mais rápido que um avião? Novamente, o pássaro estaria mais próximo do cinegrafista que o avião. Não é a medida linear que nos dá a impressão de deslocamento. O que importa é a medida angular, que depende fundamentalmente da distância. Um objeto próximo percorre uma distância menor entre um ponto A e B, distantes entre si no horizonte, que um objeto longe. Assim, temos a ilusão de que o objeto próximo está mais rápido que o avião distante.
Moscas ou outros insetos voadores desfocados, obviamente muito mais próximos do cinegrafista, seriam vistos como riscos na filmagem. Mas, como a câmera faz 24 quadros por segundo (suficiente para criar a ilusão de movimento contínuo em humanos), o risco poderia não ocupar toda a extensão de um quadro (depende da velocidade e distância do inseto). E, devido ao intervalo entre os quadros, poderia não aparecer em todos os quadros de uma sequência (criando a ilusão de desaparecimento momentâneo). Veja pássaros e um inseto em um outro vídeo:
http://www.youtube.com/v/aCV3qgfd5P8