Assistia muito ao sítio do pica pau amarelo quando criança, mas talvez por ser uma série de tv, já nos anos 80, qualquer manifestação racista tenha sido suprimida ou abrandada.
Não consigo concordar com nenhuma forma de censura, penso ser um retrocesso, mas talvez a indicação de algumas obras possa sofrer uma adequação a faixa etária.
A versão da série que ficou mais famosa foi a que começou a ser produzida pela Globo, em 1977 (provavelmente era essa que você via). Não sei se as manifestações de racismo velado foram suprimidas, mas a série teve que fazer algumas adaptações para passar pela censura. A principal delas foi em relação ao pó de pirlimpimpim.
Acho que o livro "Viagem ao Céu" não está na atual lista de livros das escolas públicas, caso contrário já teria alguém afirmando que Monteiro Lobato fazia apologia ao uso de drogas. E, na verdade, um trecho chega a ser cômico:
“(…) enganaram Tia Nastácia e lhe deram um pouco de pó de pirlimpimpim dizendo que era rapé. A velha cozinheira cheirou uma dose dupla do pó mágico e foi parar na Lua com as crianças e seus bonecos (…)”. Rapé não é uma substância ilegal e já apareceu em outros livros (em "Os Maias" e "O Crime do Padre Amaro"), mas sua presença em um livro infantil, nesse contexto, soa bem estranha para os dias atuais. E o pó de pirlimpimpim, que se cheirado, leva à Lua, onde se pode ver São Jorge e perseguir um dragão, então... pra quem gosta de implicar com tudo é uma oportunidade única.