Bilionários russos e novas regras contábeis mudam futebol europeuCom normas que impedem gastos descontrolados, times devem continuar perdendo craques para Rússia, que agora tenta conquistar GansoO jogador de futebol camaronês Samuel Eto’o está prestes a se tornar um dos atletas mais bem pagos do mundo, após assinar contrato com o Anzhi, da região de Daguestão, na Rússia. O valor do salário – que chegou a ser especulado em R$ 47 milhões por ano – não foi revelado, mas um porta-voz confirmou que o clube pagou US$ 39 milhões, ou R$ 62,4 milhões, à Inter de Milão pela transferência. Por trás desta história está a aquisição do Anzhi, em janeiro, pelo magnata russo Suleiman Kerimov – e também as regras que, por outro lado, controlam os gastos dos clubes europeus.
Senador russo nascido no Daguestão, Kerimov, segundo artigo recente do “Wall Street Journal”, é um amante de festas sofisticadas e carros esportivos exóticos. Dono de uma fortuna estimada em US$ 7,8 bilhões, que o coloca na posição 118 na atual lista de bilionários da Forbes, ele sobreviveu a um acidente que dividiu sua Ferrari Enzo em duas, numa rua de Nice, na França.
Ao assumir o controle do time, Kerimov prometeu transformar o Anzhi num competidor de verdade, levá-lo à Liga dos Campeões e ajudar a melhorar a reputação da região. Em março, atraiu o brasileiro Roberto Carlos para o clube com um salário anual de US$ 7,2 milhões, ou R$ 11,5 milhões. Na festa de aniversário do jogador, que o jornal diz ter custado US$ 3 milhões, deu a ele um Bugatti Veyron.
Entre outras aquisições, estão os colegas brasileiros Jucilei e Diego Tardelli e o húngaro Balász Dzudszak, que custou outros US$ 20 milhões. Kerimov também está construindo um estádio de 45 mil lugares, hotéis e um campo de treinamento no mar Cáspio, num projeto estimado em US$ 1,5 bilhão. Recentemente, fez uma oferta de R$ 15 milhões para o meia santista Paulo Henrique Ganso.
Escolhida para ser a sede da Copa do Mundo em 2018, a Rússia – sobretudo seus bilionários – gasta bilhões de dólares no futebol desde o início da década. Porém, com novas regras financeiras impostas aos clubes europeus e patronos com bolsos recheados, o País pode mudar o cenário do futebol europeu, diz o “Wall Street Journal”.
A partir desta temporada, os times europeus terão de se submeter às regras do Financial Fair Play, uma série de medidas impostas pela UEFA para evitar que os clubes gastem mais do que ganham. No comunicado oficial que anunciou a medida, a entidade diz estar "totalmente comprometida em assegurar que as regras sejam cumpridas com rigor". Entre as várias normas, a principal é a que determina que os clubes não podem se comprometer com despesas que superem suas receitas – o que, obviamente, limita as transações multimilionárias de jogadores.
A contabilidade desta temporada será a primeira a ser submetida às novas regras e tem revelado a força dos magnatas russos, a perda de espaço dos times europeus e até o preconceito naquele país, agora em evidência. Dois times foram multados por racismo, quando a torcida jogou bananas no jogador Roberto Carlos.
Vencedor por três vezes da Liga dos Campeões, Eto’o marcou mais de 100 gols para o Barcelona. Também estava em alta na Inter de Milão, que trocou pelo Anzhi, time de uma liga de segunda categoria, com público médio de 11.067 pessoas por partida. A província do Daguestão, além disso, é um centro de insurgência do Jihad, onde tiroteios entre rebeldes e polícia são quase diários. Jogadores de primeira linha do Anzhi, por questões de segurança, vivem em Moscou e voam para a cidade para jogar. Kerimov, que é pai de três filhos, também escolheu morar na capital.
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