Autor Tópico: A Falácia da Causa Primeira e Modelos Cosmológicos – Big-Bang e Universo Eterno  (Lida 4091 vezes)

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Offline Feliperj

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1. O argumento :
1 – Premissa: Todos os eventos, no universo, tem uma causa.
2 – Premissa: O Universo é o conjunto de todos os eventos;
3 – Inferência: Como todos os eventos tem uma causa, todo subconjunto de eventos tem causa;
4 – Inferência: Isso implica que o Universo, que é subconjunto dele mesmo, tem uma  causa;
7 – Esta causa é Deus.
Ou
1 – Premissa: Todo evento tem uma causa.
2 – Premissa: O Universo teve um começo, uma origem(admitindo-se que a teoria do Big-Bang está correta, sendo qualquer outra teoria um complemento desta.)
3 – Premissa: Começar envolve um evento.
4 – Inferência: Isso implica que o começo do Universo envolveu um evento(Big-Bang).
5 – Inferência: Logo, o começo do Universo(Big-Bang) teve uma causa.
6 – Conclusão: O Universo teve uma causa.
7 – Esta causa foi Deus

2. A falácia :
Se esta causa foi Deus, quem ou o que causou Deus ?
     3. A Análise (considerando-se o modelo do Big-Bang como correto) :

Um detalhe parece ter passado despercebido, na determinação desta falácia, da forma como foi feita: não faz sentido falar de causa e efeito com relação à algo não-local, transcendente.

Então, o universo tem uma causa, mas não podemos afirmar que seja um criador. Porém, podemos analisar algumas possibilidades:
 
1 - Lei da Gravidade(recentemente sugerido pelo Stephen Hawkins) : A gravidade só se manifesta após a existência do espaço e do tempo. Assim, não pode ser a causa básica do surgimento do universo, mas sim uma causa secundária do seu desenvolvimento.

Alguns físicos, e o próprio Hawkins, consideram a possibilidade das leis da física sempre terem existido, mesmo “antes” do surgimento do universo. Isto, levaria esta causa para o item 4 desta lista.
 
2 - O próprio Universo: argumenta-se que o princípio da incerteza, qdo aplicado a t=0 e s=0, levaria a criação do universo. Porém, devemos nos lembrar que t=0 e s=0 pertencem ao universo. Então, o princípio da incerteza só poderá existir, depois que o universo existir. Assim, não pode ser a causa-básica do mesmo. No máximo, uma causa secundária, da mesma forma que a lei da gravidade.
 
3 - Outro Universo/Seres de Outro Universo: esta hipótese leva sempre a recursividade infinita que traz complicações quanto ao momento presente ou, em determinado momento, a um universo com um evento único de "criação", o que leva a questão - quem criou este universo? Assim,  voltamos para esta análise.

No caso de seres de outros universos, teremos também uma regressão infinita, o que levaria ao seguinte problema, além da própria regressão infinita:  o que surgiu antes, o universo ou a consciência ?;
 
3- Criador ;
 
4 - Outras causas não-locais;
 
As causas 3 e 4,  do ponto de vista do nosso universo, são não-locais, transcendentes (que, atualmente, já está incorporada ao “mundo da física”, através dos fenômenos não locais).
 
O importante aqui é que, realmente, não faz mais sentido continuarmos perguntando coisas do tipo: o que esta causa não-local (qqer que seja ela - um criador ou uma lei que tenha "existência" transcendental) fazia? Era? quem foi seu pai? quem a criou? Etc. Por serem não-locais, estarem além do espaço-tempo, nossos conceitos de causa e efeito perdem sentido. Mas não podemos afirmar que a não-localidade não pode gerar o universo, pois temos exemplos de interação entre nosso universo e a não-localidade em eventos com relação instantânea de causa-efeito.
 
Esta análise não tem por objetivo provar a existência de Deus, mas sim demonstrar que, qualquer que seja a causa do universo, esta deverá ser não local, transcendente.


     3.1 A Análise (considerando-se modelos eternos) :

Nestas situação, temos duas possibilidades:

1) universos eternos , porém com um momento inicial (big-bag) – neste caso, teremos a mesmo análise realizada anteriormente;

2) universos eternos, porém sem um momento inicial;

No caso 2, temos uma primeira dificuldade que é : se o universo tem existência de tempo infinita para o passado e para o futuro, o que faz deste momento o momento presente? Ou, como chegamos neste momento? Pois temos, obrigatoriamente, um tempo anterior infinito, referente aos infinitos cilcos de bilhões de anos dos outros universos, anteriores ao nosso universo, ao momento atual.

Vale ressaltar que existe uma diferença significativa com relação a este paradoxo e o paradoxo de Zenão. No segundo, apesar de termos infinitos “segmentos” a serem percorridos, o tempo para percorrer um determinado segmento tende a zero, a medida que o segmento também tende a zero, e as séries convergem. Já no primeiro, o tempo passado é ,literalmente, infinito.

Abs
Felipe

Offline Pagão

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Re: A Falácia da Causa Primeira e Modelos Cosmológicos – Big-Bang e Universo Eterno
« Resposta #1 Online: 12 de Janeiro de 2011, 20:27:10 »
Contribuição interessante.
Contudo a insistência na noção de Criador parece obrigar a um acto de vontade de alguma entidade supra-física num dado momento ...e a  pergunta é:  por que o universo tem de derivar de uma fonte eterna e infinita, fundamento de todo o Ser, que tenha resolvido produzi-lo? E utilizou o quê para o criar? E essa fonte tem de ser inteligente ou pode ser apenas incausada? E a inteligência pode existir sem suporte material?
Não estou propriamente questionando a fonte eterna e infinita, mas sim a sua transcendência e a sua capacidade consciente de agir  com um propósito.
Nenhuma argumentação racional exerce efeitos racionais sobre um indivíduo que não deseje adotar uma atitude racional. - K.Popper

Offline Geotecton

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Re: A Falácia da Causa Primeira e Modelos Cosmológicos – Big-Bang e Universo Eterno
« Resposta #2 Online: 12 de Janeiro de 2011, 20:52:52 »
[...]
[...]

3.1 A Análise (considerando-se modelos eternos) :

Nestas situação, temos duas possibilidades:

1) universos eternos , porém com um momento inicial (big-bag) – neste caso, teremos a mesmo análise realizada anteriormente;

2) universos eternos, porém sem um momento inicial;

No caso 2, temos uma primeira dificuldade que é : se o universo tem existência de tempo infinita para o passado e para o futuro, o que faz deste momento o momento presente? Ou, como chegamos neste momento? Pois temos, obrigatoriamente, um tempo anterior infinito, referente aos infinitos ciclos de bilhões de anos dos outros universos, anteriores ao nosso universo, ao momento atual.

Vale ressaltar que existe uma diferença significativa com relação a este paradoxo e o paradoxo de Zenão. No segundo, apesar de termos infinitos “segmentos” a serem percorridos, o tempo para percorrer um determinado segmento tende a zero, a medida que o segmento também tende a zero, e as séries convergem. Já no primeiro, o tempo passado é ,literalmente, infinito.

Abs
Felipe

A hipótese que contempla um "universo"* eterno (que sempre "foi") e cíclico (temporalmente finito) resolveria o problema das séries temporais infinitas para o passado e para o futuro.

* Aqui eu defino "universo" como sendo o estágio onde existe o conjunto de todas as coisas E o estágio onde não há como distinguir a matéria da energia, em uma singularidade. E estou ciente que é uma definição para lá de arbitrária.
Foto USGS

Offline uiliníli

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Re: A Falácia da Causa Primeira e Modelos Cosmológicos – Big-Bang e Universo Eterno
« Resposta #3 Online: 12 de Janeiro de 2011, 23:57:52 »
Felipe, eu discuti uma versão do argumento cosmológico muito semelhante à sua recentemente, então, se me permite, vou colar aqui exatamente a mesma resposta que usei antes, afinal a minha objeção é já à primeira premissa, de que todos os eventos têm causa:

Eis a refutação ao Argumento Kalam de William Lane Craig.

../forum/topic=759.775.html#msg548608

../forum/topic=759.775.html#msg548610

../forum/topic=759.775.html#msg548611

Estou lendo essa refutação agora. Digo 'estou lendo' porque não terminei, o texto é enorme, embora seja excelente. Mas estou fazendo um adendo aqui porque pensei em outra abordagem para refutar o argumento Kalam que o autor não considera.

O argumento Kalam diz o seguinte:
1. O que começa a existir tem uma causa.
2. O universo começou a existir.
3. Logo, o universo tem uma causa.

Eu truco já na premissa 1. Não a aceito. Na verdade eu digo que não apenas não aceito que tudo que começa a existir tem uma causa, como também que eu acho que é igualmente provável que nada que começa a existir tem uma causa.

A razão é simples: nós temos no máximo um único precedente em toda a história do universo de alguma coisa ter começado a existir, que é o próprio evento de origem do universo. Desde então nada nunca mais surgiu. É a Primeira Lei da Termodinâmica. Matéria e energia não se criam, somente se transformam. Se eu atrito dois pedaços de madeira e faço fogo eu não criei coisa alguma, eu apenas transformei energia mecânica em energia térmica e moléculas de oxigênio reagiram com moléculas orgânicas para se transformar em gases oxidados.

Nós podemos aceitar que todas as transformações que conhecemos têm causas, mas passar a existir é um fenômeno diferente de transformar-se. O nada não se transforma em algo. Como esse é um fenômeno sem precedentes na história, não temos nenhuma evidência que torne nem ao menos persuasivo acreditar que como regra geral os eventos de criação tenham causas e dizer "tudo que passa a existir tem uma causa" não é mais óbvio que dizer "nada que passa a existir tem causa."

Offline Feliperj

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Re: A Falácia da Causa Primeira e Modelos Cosmológicos – Big-Bang e Universo Eterno
« Resposta #4 Online: 13 de Janeiro de 2011, 12:46:35 »
Ola Sergio,

Mas o que mais tenho são dúvidas!!! ::))

Ola Geotecton,

"A hipótese que contempla um "universo"* eterno (que sempre "foi") e cíclico (temporalmente finito) resolveria o problema das séries temporais infinitas para o passado e para o futuro."

Como exatamente, pois para mim geram este problema de regressão infinita. Como falei no texto :

"No caso 2, temos uma primeira dificuldade que é : se o universo tem existência de tempo infinita para o passado e para o futuro, o que faz deste momento o momento presente? Ou, como chegamos neste momento? Pois temos, obrigatoriamente, um tempo anterior infinito, referente aos infinitos cilcos de bilhões de anos dos outros universos, anteriores ao nosso universo, ao momento atual.

Vale ressaltar que existe uma diferença significativa com relação a este paradoxo e o paradoxo de Zenão. No segundo, apesar de termos infinitos “segmentos” a serem percorridos, o tempo para percorrer um determinado segmento tende a zero, a medida que o segmento também tende a zero, e as séries convergem. Já no primeiro, o tempo passado é ,literalmente, infinito."


Ola Unilínili,

O seu respondo mais tarde, que agora vou almoçar.

Abs
Felipe


Offline Dbohr

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Re: A Falácia da Causa Primeira e Modelos Cosmológicos – Big-Bang e Universo Eterno
« Resposta #5 Online: 13 de Janeiro de 2011, 12:53:50 »
Não tenho a menor dificuldade de imaginar um Universo que sempre tenha existido. Tampouco é difícil supor que o Universo tenha surgido expontaneamente a partir de um evento único (ou em mais de um evento, como se queira). E não precisa de motivo: basta que alguma teoria que aponte um mecanismo físico que permita essas possibilidades seja confirmada por observações astrofísicas.

Acho filosoficamente confortável a ideia de um Universo que sempre tenha existido, mas não vejo (ainda) muita evidência disso no momento.

Offline Feliperj

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Re: A Falácia da Causa Primeira e Modelos Cosmológicos – Big-Bang e Universo Eterno
« Resposta #6 Online: 13 de Janeiro de 2011, 13:19:13 »
Ola Dhor,

A questão não é imaginar, mas sim verificar se esta existência é logicamente consistente.

Em um universo eterno, teremos obrigatoriamente uma quantidade de eventos infinitos, com tempo infinito envolvido, antes do nosso tempo atual. Então, como chegamos nele ?

Abs
Felipe

Offline Dbohr

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Re: A Falácia da Causa Primeira e Modelos Cosmológicos – Big-Bang e Universo Eterno
« Resposta #7 Online: 13 de Janeiro de 2011, 13:39:02 »
Como você conta de 1 até 10?

Offline uiliníli

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Re: A Falácia da Causa Primeira e Modelos Cosmológicos – Big-Bang e Universo Eterno
« Resposta #8 Online: 13 de Janeiro de 2011, 13:50:01 »
O universo definitivamente é eterno. Acontece que, segundo o teoria do Big Bang, a eternidade é finita! Não existe tempo pré Big Bang, assim como não existe velocidade acima da velocidade da luz, assim como não existe temperatura abaixo do zero absoluto, assim como não existe ponto ao norte do Polo Norte, assim como não existe número positivo menor do que zero. Ao imaginar que antes da origem do universo "havia o nada" vocês estão imaginando coisas sem sentido. A gente chama um tempo que nunca existiu de "nunca", então vamos deixar bem claro o fato de que nunca existiu o nada "anterior" ao Big Bang. Assim, essa história de criação ex nihilo simplesmente não faz sentido, a matéria existe desde sempre. A dificuldade de entender isso está no conceito de que sempre só começa a ser contado a partir da origem do tempo, que é no Big Bang. O "antes" do Big Bang não faz parte do domínio do sempre, faz parte do domínio do nunca.

Offline Dbohr

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Re: A Falácia da Causa Primeira e Modelos Cosmológicos – Big-Bang e Universo Eterno
« Resposta #9 Online: 13 de Janeiro de 2011, 13:54:48 »
Questão de semântica :-D

O Universo começou num evento tipo Big Bang ou não; está numa série infinita e cíclica de contrações e expansões ou não.

Offline uiliníli

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Re: A Falácia da Causa Primeira e Modelos Cosmológicos – Big-Bang e Universo Eterno
« Resposta #10 Online: 13 de Janeiro de 2011, 15:02:40 »
Eu acho que não é uma mera questão de semântica, Dbohr, pelo contrário, acho essa uma questão física importante. Ao falar em tempo, estamos falando de um objeto físico com significado. "Eternidade", "sempre", esse tipo de palavra tem um significado na vida cotidiana, mas ao transpô-los para o universo da física é importante garantir que eles tenham um significado coerente dentro da linguagem da Física, por isso é importante delimitar bem o que faz sentido chamar de "eterno" ou de "sempre" dentro do contexto da Física e o que não faz sentido. Falar em "eternidade" como "poder percorrer o tempo infinitamente em direção ao passado" é uma ideia que fisicamente não faz sentido nenhum! Falar "desde sempre" como "tempo contido entre menos inifinito e zero, onde zero é o momento atual" também não faz sentido. Se quisermos usar essas palavras, precisamos defini-las com referência ao Big Bang, situar o Big Bang como tempo zero e dizer que não existe tempo negativo. Ou isso ou vamos falar nonsense.

Offline Feliperj

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Re: A Falácia da Causa Primeira e Modelos Cosmológicos – Big-Bang e Universo Eterno
« Resposta #11 Online: 13 de Janeiro de 2011, 15:05:21 »
Ola Dbhor,

"Como você conta de 1 até 10?"

Agora experimente contar de 1 até infinito, para chegar no infinito +1.......

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Re: A Falácia da Causa Primeira e Modelos Cosmológicos – Big-Bang e Universo Eterno
« Resposta #12 Online: 13 de Janeiro de 2011, 15:07:56 »
... isso se houve um evento tipo Big Bang. Se não houve, é perfeitamente razoável definir "eternidade", "desde sempre" etc. de outra forma, o que era todo o meu ponto :-)

Não que eu tenha lá muitas esperanças de não ter havido um Big Bang, mas...

Ola Dbhor,

"Como você conta de 1 até 10?"

Agora experimente contar de 1 até infinito, para chegar no infinito +1.......

Abs
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Se eu tiver um tempo infinito para contar, eu chego lá ;-)

Offline Dbohr

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Re: A Falácia da Causa Primeira e Modelos Cosmológicos – Big-Bang e Universo Eterno
« Resposta #13 Online: 13 de Janeiro de 2011, 15:09:17 »
Dito de outra forma, parece-me inteiramente possível que o tempo seja uma grandeza discreta -- se for ligado à Entropia do Universo, como sugere Sean M. Carroll. Mas mesmo que fosse contínua não faria muita diferença num cenário de Universo eterno.

Offline Pagão

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Re: A Falácia da Causa Primeira e Modelos Cosmológicos – Big-Bang e Universo Eterno
« Resposta #14 Online: 13 de Janeiro de 2011, 18:15:11 »
A matéria não existe desde sempre... a não ser que queiramos chamar matéria a realidades em que não há átomos...mas isso não será apenas uma atitude oportunista? que "dá jeito"? É que não está de acordo com a ideia humana de chamar de átomo à mais pequena porção de matéria.
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Offline uiliníli

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Re: A Falácia da Causa Primeira e Modelos Cosmológicos – Big-Bang e Universo Eterno
« Resposta #15 Online: 13 de Janeiro de 2011, 18:24:14 »
Assumindo que houve um Big Bang, a matéria existe desde sempre. O que você erradamente chama de "sempre" é que não existe desde sempre. Sempre é medido do momento em que começou o tempo até o presente e a matéria existiu durante todo este período, logo desde sempre. Essa realidade em que não havia matéria a que você se refere simplesmente nunca existiu. Não existe tempo antes da origem do tempo, assim como não existe ponto ao norte do Polo Norte. Isso não é atitude oportunista, é lógica elementar.

Offline Dbohr

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Re: A Falácia da Causa Primeira e Modelos Cosmológicos – Big-Bang e Universo Eterno
« Resposta #16 Online: 13 de Janeiro de 2011, 19:02:06 »
É preciso se desprender desse conceito aristotélico de que todo efeito tem que ter uma causa, até a Primeira Causa. Pode simplesmente não haver Primeira Causa; e estamos aqui porque as leis que regem o Universo exigirem que algo exista em vez de nada.

Por que algo existe em vez de nada é outra questão que não necessariamente tem a ver com o fato do Universo ter ou não um Big Bang ;-)

Offline Pagão

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Re: A Falácia da Causa Primeira e Modelos Cosmológicos – Big-Bang e Universo Eterno
« Resposta #17 Online: 13 de Janeiro de 2011, 20:24:31 »
Assumindo que houve um Big Bang, a matéria existe desde sempre... Sempre é medido do momento em que começou o tempo até o presente e a matéria existiu durante todo este período, logo desde sempre. Essa realidade em que não havia matéria a que você se refere simplesmente nunca existiu....
Os átomos só terão surgido 300.000 a 400.000 anos após o Big Bang... e como considerei que a matéria começa com os átomos, a matéria não existiu desde sempre... durante o tempo que referi a temperatura era tão elevada que pura e simplesmente os electrões não se associavam aos núcleos. Só passado o tempo antedito aparecem os átomos de hidrogénio e com eles a verdadeira matéria. Você não pareceu contestar que antes dos átomos não é de falar em matéria...
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Offline uiliníli

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Re: A Falácia da Causa Primeira e Modelos Cosmológicos – Big-Bang e Universo Eterno
« Resposta #18 Online: 13 de Janeiro de 2011, 21:06:53 »
Não estou usando matéria nesse sentido, mas de forma mais frouxa incluindo a energia (que afinal, Einstein mostrou que equivale à matéria). É o sentido presente na raiz da palavra "materialismo". Note que eu não usei a palavra "átomos" na minha resposta.

Offline Buckaroo Banzai

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Re: A Falácia da Causa Primeira e Modelos Cosmológicos – Big-Bang e Universo Eterno
« Resposta #19 Online: 14 de Janeiro de 2011, 14:37:17 »
Versão bem sucinta que imaginei contra esses argumentos: qualquer que seja o problema com o universo ser eterno ou ter aparecido do nada, por que isso deixaria de ser problema com um super-cara, além de se simplesmente definir arbitrariamente que assim seria? E por que não podemos fazer o mesmo para outra coisa além desse super-cara, o próprio universo, que é a única coisa que sabemos de fato existir?

Offline Feliperj

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Re: A Falácia da Causa Primeira e Modelos Cosmológicos – Big-Bang e Universo Eterno
« Resposta #20 Online: 17 de Janeiro de 2011, 13:10:58 »
Ola Uiliníli,

O "antes" do Big Bang não faz parte do domínio do sempre, faz parte do domínio do nunca."

"O antes" faz parte da não localidade, somente isto.

Vc fala que nosso universo é autocontido, com o tempo estando dentro deste universo, e que isto inviabilizaria um criador. Porém, pq o fato de não existir tempo antes do big-bang implica em não existência de um criador ?

Vc disse : "O universo seria inteiramente autocontido e não afetado por nada fora dele."

Em um universo autocontido existiria espaço para fenômenos não-locais ??

Abs
Felipe

Offline lusitano

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Re: A Falácia da Causa Primeira e Modelos Cosmológicos – Big-Bang e Universo Eterno
« Resposta #21 Online: 02 de Fevereiro de 2011, 12:43:17 »
Caro - uiliníli

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Citar
O universo definitivamente é eterno. Acontece que, segundo o teoria do Big Bang, a eternidade é finita! Não existe tempo pré Big Bang, assim como não existe velocidade acima da velocidade da luz, assim como não existe temperatura abaixo do zero absoluto, assim como não existe ponto ao norte do Polo Norte, assim como não existe número positivo menor do que zero. Ao imaginar que antes da origem do universo "havia o nada" vocês estão imaginando coisas sem sentido. A gente chama um tempo que nunca existiu de "nunca", então vamos deixar bem claro o fato de que nunca existiu o nada "anterior" ao Big Bang. Assim, essa história de criação ex nihilo simplesmente não faz sentido, a matéria existe desde sempre. A dificuldade de entender isso está no conceito de que sempre só começa a ser contado a partir da origem do tempo, que é no Big Bang. O "antes" do Big Bang não faz parte do domínio do sempre, faz parte do domínio do nunca.

O zero é um número positivo ou negativo :?: :arrow: :|

Se não há temperatura abaixo de zero "absoluto", porque é que a temperatura acima de zero "absoluto", tende ao "infinito" :?: :arrow: :|
Vamos a ver se é desta vez que eu acerto, na compreensão do sistema.

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Offline lusitano

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Re: A Falácia da Causa Primeira e Modelos Cosmológicos – Big-Bang e Universo Eterno
« Resposta #22 Online: 02 de Fevereiro de 2011, 12:53:02 »
Caro - Dbohr   :arrow:

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Nível Máximo - Mumonkanismo

Citar
isso se houve um evento tipo Big Bang. Se não houve, é perfeitamente razoável definir "eternidade", "desde sempre" etc. de outra forma, o que era todo o meu ponto

...

Não que eu tenha lá muitas esperanças de não ter havido um Big Bang, mas...

...

Citar Feliperj: "Como você conta de 1 até 10?"

Agora experimente contar de 1 até infinito, para chegar no infinito +1.......

...

Se eu tiver um tempo infinito para contar, eu chego lá


Se você evocar Cantor & Zenão, primeiro, tem de chegar a 2... :arrow: 8-)
Vamos a ver se é desta vez que eu acerto, na compreensão do sistema.

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Offline West

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Re: A Falácia da Causa Primeira e Modelos Cosmológicos – Big-Bang e Universo Eterno
« Resposta #23 Online: 08 de Fevereiro de 2011, 11:09:18 »
Alguma coisa pode existir e/ou acontecer sem que exista tempo?

Por analogia, imaginem o estado de ausência de tempo como um quadro (obra de arte). Desconsiderando o desgaste natural, percebemos que nada acontece. As pessoas e os objetos permanecem imóveis e inauteráveis. Agora imagine-se dentro desse quadro e reflita sobre suas possíveis consequências.

Agora, como pode o big bang ter ocorrido na ausência de tempo? A teoria do big bang é incapaz de explicar isso. Ela somente é aplicável até o tempo de Plank, antes disso falha tremendamente. Então, como uma teoria que não explica o "começo" pode ser tida como a explicação do "começo"? O big bang não explica o "começo" do universo. O que ela faz é fornecer um quatro descritivo da evolução do universo a partir de um momento determinado, o que já é muita coisa.
"Houve um tempo em que os anjos perambulavam na terra.
Agora não se acham nem no céu."
__________
Provérbio Iídiche.

"Acerca dos deuses não tenho como saber nem se eles existem nem se eles não
existem, nem qual sua aparência. Muitas coisas impedem meu conhecimento.
Entres elas, o fato de que eles nunca aparecem."
__________
Protágoras.Ensaio sobre os deuses. Séc. V a.C.

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Re: A Falácia da Causa Primeira e Modelos Cosmológicos – Big-Bang e Universo Eterno
« Resposta #24 Online: 09 de Fevereiro de 2011, 10:37:20 »
Caro - West
 
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Gênero: :arrow: "Como um grão de poeira suspenso num raio de sol"

Citar
Alguma coisa pode existir e/ou acontecer sem que exista tempo?

Por analogia, imaginem o estado de ausência de tempo como um quadro (obra de arte). Desconsiderando o desgaste natural, percebemos que nada acontece. As pessoas e os objetos permanecem imóveis e inauteráveis. Agora imagine-se dentro desse quadro e reflita sobre suas possíveis consequências.

Agora, como pode o big bang ter ocorrido na ausência de tempo? A teoria do big bang é incapaz de explicar isso. Ela somente é aplicável até o tempo de Plank, antes disso falha tremendamente. Então, como uma teoria que não explica o "começo" pode ser tida como a explicação do "começo"? O big bang não explica o "começo" do universo. O que ela faz é fornecer um quatro descritivo da evolução do universo a partir de um momento determinado, o que já é muita coisa.

:ok: :arrow: :!: :arrow: :)
Vamos a ver se é desta vez que eu acerto, na compreensão do sistema.

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