1. O argumento :
1 – Premissa: Todos os eventos, no universo, tem uma causa.
2 – Premissa: O Universo é o conjunto de todos os eventos;
3 – Inferência: Como todos os eventos tem uma causa, todo subconjunto de eventos tem causa;
4 – Inferência: Isso implica que o Universo, que é subconjunto dele mesmo, tem uma causa;
7 – Esta causa é Deus.
Ou
1 – Premissa: Todo evento tem uma causa.
2 – Premissa: O Universo teve um começo, uma origem(admitindo-se que a teoria do Big-Bang está correta, sendo qualquer outra teoria um complemento desta.)
3 – Premissa: Começar envolve um evento.
4 – Inferência: Isso implica que o começo do Universo envolveu um evento(Big-Bang).
5 – Inferência: Logo, o começo do Universo(Big-Bang) teve uma causa.
6 – Conclusão: O Universo teve uma causa.
7 – Esta causa foi Deus
2. A falácia :
Se esta causa foi Deus, quem ou o que causou Deus ?
3. A Análise (considerando-se o modelo do Big-Bang como correto) :
Um detalhe parece ter passado despercebido, na determinação desta falácia, da forma como foi feita: não faz sentido falar de causa e efeito com relação à algo não-local, transcendente.
Então, o universo tem uma causa, mas não podemos afirmar que seja um criador. Porém, podemos analisar algumas possibilidades:
1 - Lei da Gravidade(recentemente sugerido pelo Stephen Hawkins) : A gravidade só se manifesta após a existência do espaço e do tempo. Assim, não pode ser a causa básica do surgimento do universo, mas sim uma causa secundária do seu desenvolvimento.
Alguns físicos, e o próprio Hawkins, consideram a possibilidade das leis da física sempre terem existido, mesmo “antes” do surgimento do universo. Isto, levaria esta causa para o item 4 desta lista.
2 - O próprio Universo: argumenta-se que o princípio da incerteza, qdo aplicado a t=0 e s=0, levaria a criação do universo. Porém, devemos nos lembrar que t=0 e s=0 pertencem ao universo. Então, o princípio da incerteza só poderá existir, depois que o universo existir. Assim, não pode ser a causa-básica do mesmo. No máximo, uma causa secundária, da mesma forma que a lei da gravidade.
3 - Outro Universo/Seres de Outro Universo: esta hipótese leva sempre a recursividade infinita que traz complicações quanto ao momento presente ou, em determinado momento, a um universo com um evento único de "criação", o que leva a questão - quem criou este universo? Assim, voltamos para esta análise.
No caso de seres de outros universos, teremos também uma regressão infinita, o que levaria ao seguinte problema, além da própria regressão infinita: o que surgiu antes, o universo ou a consciência ?;
3- Criador ;
4 - Outras causas não-locais;
As causas 3 e 4, do ponto de vista do nosso universo, são não-locais, transcendentes (que, atualmente, já está incorporada ao “mundo da física”, através dos fenômenos não locais).
O importante aqui é que, realmente, não faz mais sentido continuarmos perguntando coisas do tipo: o que esta causa não-local (qqer que seja ela - um criador ou uma lei que tenha "existência" transcendental) fazia? Era? quem foi seu pai? quem a criou? Etc. Por serem não-locais, estarem além do espaço-tempo, nossos conceitos de causa e efeito perdem sentido. Mas não podemos afirmar que a não-localidade não pode gerar o universo, pois temos exemplos de interação entre nosso universo e a não-localidade em eventos com relação instantânea de causa-efeito.
Esta análise não tem por objetivo provar a existência de Deus, mas sim demonstrar que, qualquer que seja a causa do universo, esta deverá ser não local, transcendente.
3.1 A Análise (considerando-se modelos eternos) :
Nestas situação, temos duas possibilidades:
1) universos eternos , porém com um momento inicial (big-bag) – neste caso, teremos a mesmo análise realizada anteriormente;
2) universos eternos, porém sem um momento inicial;
No caso 2, temos uma primeira dificuldade que é : se o universo tem existência de tempo infinita para o passado e para o futuro, o que faz deste momento o momento presente? Ou, como chegamos neste momento? Pois temos, obrigatoriamente, um tempo anterior infinito, referente aos infinitos cilcos de bilhões de anos dos outros universos, anteriores ao nosso universo, ao momento atual.
Vale ressaltar que existe uma diferença significativa com relação a este paradoxo e o paradoxo de Zenão. No segundo, apesar de termos infinitos “segmentos” a serem percorridos, o tempo para percorrer um determinado segmento tende a zero, a medida que o segmento também tende a zero, e as séries convergem. Já no primeiro, o tempo passado é ,literalmente, infinito.
Abs
Felipe