(Inglês)
Aqui vai o link para um artigo interessante.
http://online.wsj.com/article/SB10001424052748704111504576059713528698754.html?=noTrata-se de uma americana de origem chinesa explicando
algumas diferenças entre chineses e ocidentais acerca da educação dos filhos. Eu não concordo com a
maior parte do que ela diz, mas alguns aspectos da maneira chinesa de educar são interessantes. Por
exemplo:
Chinese parents demand perfect grades because they believe that their child can get them. If their child doesn't get them, the Chinese parent assumes it's because the child didn't work hard enough. That's why the solution to substandard performance is always to excoriate, punish and shame the child. The Chinese parent believes that their child will be strong enough to take the shaming and to improve from it. (And when Chinese kids do excel, there is plenty of ego-inflating parental praise lavished in the privacy of the home.)
Isso me chamou a atenção porque coincide com uma observação que fiz algum tempo atrás acerca da cultura de HQs nos EUA
e no Japão. Não é sempre assim, mas me parece que na maioria dos casos, os heróis dos quadrinhos americanos ou possuem
um talento inato (X-Men, Super Homem) ou recebem um dom como um presente (de grego ou não vai depender do personagem),
de forma proposital ou por acidente, como é o caso do Quarteto Fantástico, Lanterna Verde, Homem Aranha e outros. Já no caso dos
heróis de mangá, os talentos muitas vezes surgem em consequência de um árduo treinamento (mesmo no caso de Goku, que já
era naturalmente superpoderoso, havia a necessidade de treino).
Acho que isso tem a ver com um certo mito ocidental, que vi descrito em um texto que infelizmente perdi: a crença no Talento
Latente. Ou seja, existiriam pessoas que são cantores/karatecas/escritores/etc. natos, e que poderiam "despertar" esse talento
apenas com um mínimo de treino. Uma bobagem, claro, mas que parece infectar a mente de muitas crianças (o texto original
usava Harry Potter como exemplo), quando na verdade se sabe que, mesmo havendo uma predisposição natural para certas
atividades, o seu domínio exige prática árdua. Já foi dito que para se dominar qualquer arte, a regra geral é que são necessárias
por volta de 10000 horas de treino, ou cerca de 10 anos treinando 3 horas por dia. O talento natural apereceria então como uma
espécie de tempero a mais, o qual pode diferenciar, digamos, um BOM pianista de um pianista excepcional.
Voltando ao texto da chinesa. Ela escreveu uma frase interessante: "Nenhuma atividade se torna divertida até que você se
torne bom nela" (tradução livre). Isso me faz pensar que um erro da educação atual é querer tornar
toda atividade
divertida. Isso é impossível. É da natureza do nosso cérebro que o aprendizado implica em repetição, e é preciso repetir que
toda repetição se torna tediosa. Um certo nível de tédio é um preço inevitável do aprendizado.