Autor Tópico: Educação chinesa  (Lida 5458 vezes)

0 Membros e 1 Visitante estão vendo este tópico.

Offline Dr. Manhattan

  • Moderadores Globais
  • Nível Máximo
  • *
  • Mensagens: 8.342
  • Sexo: Masculino
  • Malign Hypercognitive since 1973
Educação chinesa
« Online: 16 de Janeiro de 2011, 13:47:50 »
(Inglês)

Aqui vai o link para um artigo interessante.

http://online.wsj.com/article/SB10001424052748704111504576059713528698754.html?=no

Trata-se de uma americana de origem chinesa explicando
algumas diferenças entre chineses e ocidentais acerca da educação dos filhos. Eu não concordo com a
maior parte do que ela diz, mas alguns aspectos da maneira chinesa de educar são interessantes. Por
exemplo:

Citar
Chinese parents demand perfect grades because they believe that their child can get them. If their child doesn't get them, the Chinese parent assumes it's because the child didn't work hard enough. That's why the solution to substandard performance is always to excoriate, punish and shame the child. The Chinese parent believes that their child will be strong enough to take the shaming and to improve from it. (And when Chinese kids do excel, there is plenty of ego-inflating parental praise lavished in the privacy of the home.)

Isso me chamou a atenção porque coincide com uma observação que fiz algum tempo atrás acerca da cultura de HQs nos EUA
e no Japão. Não é sempre assim, mas me parece que na maioria dos casos, os heróis dos quadrinhos americanos ou possuem
um talento inato (X-Men, Super Homem) ou recebem um dom como um presente (de grego ou não vai depender do personagem),
de forma proposital ou por acidente, como é o caso do Quarteto Fantástico, Lanterna Verde, Homem Aranha e outros. Já no caso dos
heróis de mangá, os talentos muitas vezes surgem em consequência de um árduo treinamento (mesmo no caso de Goku, que já
era naturalmente superpoderoso, havia a necessidade de treino).

Acho que isso tem a ver com um certo mito ocidental, que vi descrito em um texto que infelizmente perdi: a crença no Talento
Latente. Ou seja, existiriam pessoas que são cantores/karatecas/escritores/etc. natos, e que poderiam "despertar" esse talento
apenas com um mínimo de treino. Uma bobagem, claro, mas que parece infectar a mente de muitas crianças (o texto original
usava Harry Potter como exemplo), quando na verdade se sabe que, mesmo havendo uma predisposição natural para certas
atividades, o seu domínio exige prática árdua. Já foi dito que para se dominar qualquer arte, a regra geral é que são necessárias
por volta de 10000 horas de treino, ou cerca de 10 anos treinando 3 horas por dia. O talento natural apereceria então como uma
espécie de tempero a mais, o qual pode diferenciar, digamos, um BOM pianista de um pianista excepcional.

Voltando ao texto da chinesa. Ela escreveu uma frase interessante: "Nenhuma atividade se torna divertida até que você se
torne bom nela" (tradução livre). Isso me faz pensar que um erro da educação atual é querer tornar toda atividade
divertida. Isso é impossível. É da natureza do nosso cérebro que o aprendizado implica em repetição, e é preciso repetir que
toda repetição se torna tediosa. Um certo nível de tédio é um preço inevitável do aprendizado.
You and I are all as much continuous with the physical universe as a wave is continuous with the ocean.

Alan Watts

Offline Hold the Door

  • Editores
  • Nível Máximo
  • *
  • Mensagens: 5.656
  • Sexo: Masculino
Re: Educação chinesa
« Resposta #1 Online: 16 de Janeiro de 2011, 14:15:17 »
Isso me chamou a atenção porque coincide com uma observação que fiz algum tempo atrás acerca da cultura de HQs nos EUA
e no Japão. Não é sempre assim, mas me parece que na maioria dos casos, os heróis dos quadrinhos americanos ou possuem
um talento inato (X-Men, Super Homem) ou recebem um dom como um presente (de grego ou não vai depender do personagem),
de forma proposital ou por acidente, como é o caso do Quarteto Fantástico, Lanterna Verde, Homem Aranha e outros. Já no caso dos
heróis de mangá, os talentos muitas vezes surgem em consequência de um árduo treinamento (mesmo no caso de Goku, que já
era naturalmente superpoderoso, havia a necessidade de treino).
Outro tema muito explorado nos quadrinhos japoneses é o da auto-superação. Invariavelmente o herói se depara com um obstáculo/adversário muito mais poderoso que ele e só com um esforço pessoal extremo e sobrehumano aliado ao fato de nunca desistir ele consegue superar a dificuldade e triunfar.
Hold the door! Hold the door! Ho the door! Ho d-door! Ho door! Hodoor! Hodor! Hodor! Hodor... Hodor...

Offline Diegojaf

  • Moderadores Globais
  • Nível Máximo
  • *
  • Mensagens: 24.204
  • Sexo: Masculino
  • Bu...
Re: Educação chinesa
« Resposta #2 Online: 16 de Janeiro de 2011, 14:32:51 »
Tem um texto do Cracked.com que diz respeito a isso de "talento latente", citando Karatê Kid como o filme que estragou uma geração inteira, que passou a acreditar que um professor místico e 5 cenas de exercícios eram o necessário para conquistar a perfeição em algo que se praticava.

Obviamente, milhões de crianças se decepcionaram quando viram que pra ser mais ou menos em qualquer coisa, é preciso um pouquinho mais do que isso.
"De tanto ver triunfar as nulidades; de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça. De tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar-se da virtude, a rir-se da honra e a ter vergonha de ser honesto." - Rui Barbosa

http://umzumbipordia.blogspot.com - Porque a natureza te odeia e a epidemia zumbi é só a cereja no topo do delicioso sundae de horror que é a vida.

Offline Luiz Souto

  • Nível 33
  • *
  • Mensagens: 2.356
  • Sexo: Masculino
  • Magia é 90% atitude
Re: Educação chinesa
« Resposta #3 Online: 16 de Janeiro de 2011, 14:36:26 »
Isso me chamou a atenção porque coincide com uma observação que fiz algum tempo atrás acerca da cultura de HQs nos EUA
e no Japão. Não é sempre assim, mas me parece que na maioria dos casos, os heróis dos quadrinhos americanos ou possuem
um talento inato (X-Men, Super Homem) ou recebem um dom como um presente (de grego ou não vai depender do personagem),
de forma proposital ou por acidente, como é o caso do Quarteto Fantástico, Lanterna Verde, Homem Aranha e outros. Já no caso dos
heróis de mangá, os talentos muitas vezes surgem em consequência de um árduo treinamento (mesmo no caso de Goku, que já
era naturalmente superpoderoso, havia a necessidade de treino).
Outro tema muito explorado nos quadrinhos japoneses é o da auto-superação. Invariavelmente o herói se depara com um obstáculo/adversário muito mais poderoso que ele e só com um esforço pessoal extremo e sobrehumano aliado ao fato de nunca desistir ele consegue superar a dificuldade e triunfar.

Esta diferença talvez tenha sua origem no conceito de Graça do pensamento cristão , onde um talento ou a superação das dificuldades se dá pela intervenção divina ( a Divina Providência). Fica sob o arbítrio divino que o indivíduo tenha ou não tal capacidade ou supere uma dificuldade ; os quadrinhos ocidentais seriam um reflexo secularizado desta concepção ( em que a causa seria o acaso , acidentes , etc...). Acho que não há na cultura oriental este tipo de background ideológico.
Se não queres que riam de teus argumentos , porque usas argumentos risíveis ?

A liberdade só para os que apóiam o governo,só para os membros de um partido (por mais numeroso que este seja) não é liberdade em absoluto.A liberdade é sempre e exclusivamente liberdade para quem pensa de maneira diferente. - Rosa Luxemburgo

Conheça a seção em português do Marxists Internet Archive

Offline Dr. Manhattan

  • Moderadores Globais
  • Nível Máximo
  • *
  • Mensagens: 8.342
  • Sexo: Masculino
  • Malign Hypercognitive since 1973
Re: Educação chinesa
« Resposta #4 Online: 16 de Janeiro de 2011, 14:40:54 »
Isso me chamou a atenção porque coincide com uma observação que fiz algum tempo atrás acerca da cultura de HQs nos EUA
e no Japão. Não é sempre assim, mas me parece que na maioria dos casos, os heróis dos quadrinhos americanos ou possuem
um talento inato (X-Men, Super Homem) ou recebem um dom como um presente (de grego ou não vai depender do personagem),
de forma proposital ou por acidente, como é o caso do Quarteto Fantástico, Lanterna Verde, Homem Aranha e outros. Já no caso dos
heróis de mangá, os talentos muitas vezes surgem em consequência de um árduo treinamento (mesmo no caso de Goku, que já
era naturalmente superpoderoso, havia a necessidade de treino).
Outro tema muito explorado nos quadrinhos japoneses é o da auto-superação. Invariavelmente o herói se depara com um obstáculo/adversário muito mais poderoso que ele e só com um esforço pessoal extremo e sobrehumano aliado ao fato de nunca desistir ele consegue superar a dificuldade e triunfar.

Esta diferença talvez tenha sua origem no conceito de Graça do pensamento cristão , onde um talento ou a superação das dificuldades se dá pela intervenção divina ( a Divina Providência). Fica sob o arbítrio divino que o indivíduo tenha ou não tal capacidade ou supere uma dificuldade ; os quadrinhos ocidentais seriam um reflexo secularizado desta concepção ( em que a causa seria o acaso , acidentes , etc...). Acho que não há na cultura oriental este tipo de background ideológico.

Pode ser. No caso dos heróis americanos, muitas vezes a dificuldade é superada pela maior esperteza/inteligência do heróis, ou através
da superação de um obstáculo psicológico. Isso fica bem claro no segundo filme do Homem Aranha, quando sua falta de confiança
faz com que ele gradativamente vá perdendo seus poderes. Quando ele, digamos assim, recupera sua "fé", seus poderes voltam
imediatamente.
You and I are all as much continuous with the physical universe as a wave is continuous with the ocean.

Alan Watts

Offline Geotecton

  • Moderadores Globais
  • Nível Máximo
  • *
  • Mensagens: 28.345
  • Sexo: Masculino
Re: Educação chinesa
« Resposta #5 Online: 16 de Janeiro de 2011, 15:56:36 »
No EUA há também a ênfase para o duo superação/tecnologia como no caso do Homem de Ferro.
Foto USGS

Offline Dr. Manhattan

  • Moderadores Globais
  • Nível Máximo
  • *
  • Mensagens: 8.342
  • Sexo: Masculino
  • Malign Hypercognitive since 1973
Re: Educação chinesa
« Resposta #6 Online: 16 de Janeiro de 2011, 16:35:19 »
No EUA há também a ênfase para o duo superação/tecnologia como no caso do Homem de Ferro.

É, mas note que Tony Stark já nasceu um gênio, e milionário. O que houve no caso dele foi uma epifania que o fez
mudar de atitude e utilizar seu "talento latente" para fazer o bem.
You and I are all as much continuous with the physical universe as a wave is continuous with the ocean.

Alan Watts

Offline Buckaroo Banzai

  • Nível Máximo
  • *
  • Mensagens: 38.735
  • Sexo: Masculino
Re: Educação chinesa
« Resposta #7 Online: 16 de Janeiro de 2011, 20:54:41 »
Acho que isso tem a ver com um certo mito ocidental, que vi descrito em um texto que infelizmente perdi: a crença no Talento
Latente.

Já li algumas coisas nesse sentido, embora eu não lembre exatamente onde (possivelmente várias fontes). Depois procuro. Era sobre inteligência e/ou desempenho acadêmico, ressaltando justamente diferenças de crença quanto ao desenvolvimento das capacidades ser algo mais inato ou algo que se pode influenciar com esforço, e como "viram reais". Os grupos comparados eram também acho que chineses e americanos, embora não lembre de ter visto destaque nesse aspecto da vergonha.

Offline Cumpadi

  • Nível 32
  • *
  • Mensagens: 2.247
  • Sexo: Masculino
Re: Educação chinesa
« Resposta #8 Online: 16 de Janeiro de 2011, 22:18:54 »
Acho que essa visão de que aprendizado acadêmico venha de repetição para mim e uma ilusão derivada da forma como avaliamos o aprendizado. Avalia-se se o aluno decorou, portanto pensa-se isso erroneamento. Claro que minha visão depende do que eu considero como aprendizado, mas não da para medir o que eu considero como aprendizado (não de forma pratica). Mais tarde farei um tópico explicando detalhadamente meu posicionamento sobre isso.
http://tomwoods.com . Venezuela, pode ir que estamos logo atrás.

Offline Moro

  • Nível Máximo
  • *
  • Mensagens: 20.984
Re: Educação chinesa
« Resposta #9 Online: 16 de Janeiro de 2011, 22:37:54 »
Acho que uma maneira de ver a eficiência da educação é o resultado dessa educação, mas não resultado mensurado em provas, mas sim no mundo prático. Tirando o mundo acadêmico onde muitas vezes ser mais eficiente é saber mais justamente o conteúdo acadêmico, não são muitas atividades que dependem do tipo de conhecimento que é estressado nas universidades.

Acho que a grande pergunta é.. o tipo de educação dos chineses está dando a eles diferencial prático? Não sei quais critérios poderíamos adotar, mas eles estão fazendo mais descobertas, tendo uma vida melhor, se tornarão mais ricos que seus pares europeus, canadenses, americanos, etc..?

“If an ideology is peaceful, we will see its extremists and literalists as the most peaceful people on earth, that's called common sense.”

Faisal Saeed Al Mutar


"To claim that someone is not motivated by what they say is motivating them, means you know what motivates them better than they do."

Peter Boghossian

Sacred cows make the best hamburgers

I'm not convinced that faith can move mountains, but I've seen what it can do to skyscrapers."  --William Gascoyne

Offline Cumpadi

  • Nível 32
  • *
  • Mensagens: 2.247
  • Sexo: Masculino
Re: Educação chinesa
« Resposta #10 Online: 16 de Janeiro de 2011, 23:01:37 »
Agnostico, no mundo acadêmico o resultado também e mais importante que decorar (você usou saber) mais. 
Novamente caímos no perigo de medir o "resultado" de forma errônea, o exemplo disso e o Brasil mesmo, que dad mais recursos a quem publica mais, e nao a quem publica melhor, dai depois eles vao la e anunciam: olha como o Brasil esta evoluindo na ciencia: produzimos agora xxxx artigos x% mais que no governo(lideranca ou sei la quem possa se beneficiar disso) de y.

Edit: so para ilustrar, o que e mais útil ler: todos os posts sobre física do enio ou um so do Snowraptor? :)
« Última modificação: 16 de Janeiro de 2011, 23:28:59 por parcus »
http://tomwoods.com . Venezuela, pode ir que estamos logo atrás.

Offline Barata Tenno

  • Nível Máximo
  • *
  • Mensagens: 16.283
  • Sexo: Masculino
  • Dura Lex Sed Lex !
Re: Educação chinesa
« Resposta #11 Online: 16 de Janeiro de 2011, 23:40:24 »
Acho que uma maneira de ver a eficiência da educação é o resultado dessa educação, mas não resultado mensurado em provas, mas sim no mundo prático. Tirando o mundo acadêmico onde muitas vezes ser mais eficiente é saber mais justamente o conteúdo acadêmico, não são muitas atividades que dependem do tipo de conhecimento que é estressado nas universidades.

Acho que a grande pergunta é.. o tipo de educação dos chineses está dando a eles diferencial prático? Não sei quais critérios poderíamos adotar, mas eles estão fazendo mais descobertas, tendo uma vida melhor, se tornarão mais ricos que seus pares europeus, canadenses, americanos, etc..?


Então, pense em orientais que estudam em universidades no exterior, e não nos que estão na China. Qualquer pessoa que ja prestou um vestibular sabe que das primeiras 50 vagas, umas 30 pertencem a descendentes de orientais. Nos EUA não é muito diferente com bolsas de estudo e incentivos. E no mercado de trabalho, principalmente o americano, o que não faltam são descendentes de japoneses, chineses e coreanos dominando em varias áreas...
He who fights with monsters should look to it that he himself does not become a monster. And when you gaze long into an abyss the abyss also gazes into you. Friedrich Nietzsche

Offline Cumpadi

  • Nível 32
  • *
  • Mensagens: 2.247
  • Sexo: Masculino
Re: Educação chinesa
« Resposta #12 Online: 17 de Janeiro de 2011, 00:14:11 »
Depois procuro a percentagem tamanho da população( de jovens se encontrar) e porcentagem nas top universidades dos EUA para comparar. Mas prelirminamente, ao menos aqui na unb a quantidades de orientais e bem pequena. De qualquer forma, o esforço Em decorar e o que conta no vestibular e cai no que eu falei. Sem duvidas o Brasil vai sair perdendo, mas acredito que quemvai acabar ganhando e a inglaterra, ate sobre países orientais como Cingapura-onde o inglês também e o oficial. Vamos ver. Vou ver se faço isso essa semana.

Ps: depois eu edito este post e coloco uma ordem de frases mais coerentes, por hora tenho que estudar para a prova de hoje.
« Última modificação: 17 de Janeiro de 2011, 00:17:46 por parcus »
http://tomwoods.com . Venezuela, pode ir que estamos logo atrás.

Offline Nina

  • Nível Máximo
  • *
  • Mensagens: 5.805
  • Sexo: Feminino
    • Biociência.org
Re: Educação chinesa
« Resposta #13 Online: 17 de Janeiro de 2011, 00:15:02 »
Acho que uma maneira de ver a eficiência da educação é o resultado dessa educação, mas não resultado mensurado em provas, mas sim no mundo prático. Tirando o mundo acadêmico onde muitas vezes ser mais eficiente é saber mais justamente o conteúdo acadêmico, não são muitas atividades que dependem do tipo de conhecimento que é estressado nas universidades.

Acho que a grande pergunta é.. o tipo de educação dos chineses está dando a eles diferencial prático? Não sei quais critérios poderíamos adotar, mas eles estão fazendo mais descobertas, tendo uma vida melhor, se tornarão mais ricos que seus pares europeus, canadenses, americanos, etc..?


Então, pense em orientais que estudam em universidades no exterior, e não nos que estão na China. Qualquer pessoa que ja prestou um vestibular sabe que das primeiras 50 vagas, umas 30 pertencem a descendentes de orientais. Nos EUA não é muito diferente com bolsas de estudo e incentivos. E no mercado de trabalho, principalmente o americano, o que não faltam são descendentes de japoneses, chineses e coreanos dominando em varias áreas...

Isso depende muito da região.

Agora, outras culturas também valorizam a auto-superação. Um exemplo são as raízes germânicas, onde sempre é preciso  fazer o melhor possível em tudo, buscando a perfeição.
"A ciência é mais que um corpo de conhecimento, é uma forma de pensar, uma forma cética de interrogar o universo, com pleno conhecimento da falibilidade humana. Se não estamos aptos a fazer perguntas céticas para interrogar aqueles que nos afirmam que algo é verdade, e sermos céticos com aqueles que são autoridade, então estamos à mercê do próximo charlatão político ou religioso que aparecer." Carl Sagan.

Offline Moro

  • Nível Máximo
  • *
  • Mensagens: 20.984
Re: Educação chinesa
« Resposta #14 Online: 17 de Janeiro de 2011, 00:15:49 »
Barata,

não tenho números...

Algumas considerações

Não vejo grandes executivos orientais de empresas não orientais. Na empresa que trabalho, a predominancia entre os orientais são de indianos, assim como algumas outras que conheço no mesmo setor.

Não vejo tantos prêmios nobel para Orientais. Os EUA são os primeiros, depois britãnicos, depois alemães, depois franceses... Japão, um país muito rico há muito tempo, vem em 10.

Olhando os ganhadores desses países, o número de estrangeiros é o esperado.

Na questão de patentes, segue o predomínio ocidental.

Minha percepção é que essa correria toda para ver quem se dá bem em provas não é muito pragmático.
“If an ideology is peaceful, we will see its extremists and literalists as the most peaceful people on earth, that's called common sense.”

Faisal Saeed Al Mutar


"To claim that someone is not motivated by what they say is motivating them, means you know what motivates them better than they do."

Peter Boghossian

Sacred cows make the best hamburgers

I'm not convinced that faith can move mountains, but I've seen what it can do to skyscrapers."  --William Gascoyne

Offline Derfel

  • Moderadores Globais
  • Nível Máximo
  • *
  • Mensagens: 8.887
  • Sexo: Masculino
Re: Educação chinesa
« Resposta #15 Online: 17 de Janeiro de 2011, 00:22:35 »
No EUA há também a ênfase para o duo superação/tecnologia como no caso do Homem de Ferro.

É, mas note que Tony Stark já nasceu um gênio, e milionário. O que houve no caso dele foi uma epifania que o fez
mudar de atitude e utilizar seu "talento latente" para fazer o bem.

Existem o Mestre do Kung Fu  e o Punho de Ferro. Também tem Nick Fury e o Arqueiro Verde. Mas a ideia do dom divino que confere a certas pessoas um talento natural não seria tanto do cristianismo, mas algo mais antigo: os gregos já possuíam esse conceito com seus heróis que sempre possuíam uma parcela divina.

Offline Derfel

  • Moderadores Globais
  • Nível Máximo
  • *
  • Mensagens: 8.887
  • Sexo: Masculino
Re: Educação chinesa
« Resposta #16 Online: 17 de Janeiro de 2011, 00:23:41 »
Esse tipo de educação, de uma forma extremada, não seria a causa de um grande índice de suicídio entre japoneses?

Offline Cumpadi

  • Nível 32
  • *
  • Mensagens: 2.247
  • Sexo: Masculino
Re: Educação chinesa
« Resposta #17 Online: 17 de Janeiro de 2011, 00:29:42 »
Vocês são muito velhos...a moda agora e diZer que o amor salva as pessoas. Muito mais lógico, claro. O amor salvou o harry potter, lembram? (juro que ouvi isso no filme x)
http://tomwoods.com . Venezuela, pode ir que estamos logo atrás.

Offline Dr. Manhattan

  • Moderadores Globais
  • Nível Máximo
  • *
  • Mensagens: 8.342
  • Sexo: Masculino
  • Malign Hypercognitive since 1973
Re: Educação chinesa
« Resposta #18 Online: 17 de Janeiro de 2011, 10:49:57 »
Acho que essa visão de que aprendizado acadêmico venha de repetição para mim e uma ilusão derivada da forma como avaliamos o aprendizado. Avalia-se se o aluno decorou, portanto pensa-se isso erroneamento. Claro que minha visão depende do que eu considero como aprendizado, mas não da para medir o que eu considero como aprendizado (não de forma pratica). Mais tarde farei um tópico explicando detalhadamente meu posicionamento sobre isso.

O fato, que muita gente parece esquecer, é que a base do nosso aprendizado depende sim de memorização: tabuada, alfabeto, anatomia,
tabelas de integração, partituras etc. Isso porque para que possamos ter um conhecimento mais aprofundado de um assunto, temos que
ter um ponto de partida - as peças fundamentais do quebra-cabeça. Infelizmente, não há como evitar a memorização.

Agnóstico: nos cursos de pós-graduação dos EUA, os estrangeiros já são mais da metade dos alunos, e boa parte destes são orientais.
Muitos dos prêmios Nobel de americanos foram concedidos a imigrantes ou filhos de imigrantes. Vá também a um concerto de música
erudita em qualquer departamento de música americano que você verá a quantidade de olhos puxados. Existe até uma universidade
(não sei de Stanford, Berkeley ou UCLA) que é famosa pelo imenso número de alunos chineses ou descendentes de chineses.
You and I are all as much continuous with the physical universe as a wave is continuous with the ocean.

Alan Watts

Offline Titoff

  • Nível 23
  • *
  • Mensagens: 967
  • Sexo: Masculino
Re: Educação chinesa
« Resposta #19 Online: 17 de Janeiro de 2011, 11:18:42 »
Isso me chamou a atenção porque coincide com uma observação que fiz algum tempo atrás acerca da cultura de HQs nos EUA
e no Japão. Não é sempre assim, mas me parece que na maioria dos casos, os heróis dos quadrinhos americanos ou possuem
um talento inato (X-Men, Super Homem) ou recebem um dom como um presente (de grego ou não vai depender do personagem),
de forma proposital ou por acidente, como é o caso do Quarteto Fantástico, Lanterna Verde, Homem Aranha e outros. Já no caso dos
heróis de mangá, os talentos muitas vezes surgem em consequência de um árduo treinamento (mesmo no caso de Goku, que já
era naturalmente superpoderoso, havia a necessidade de treino).
Outro tema muito explorado nos quadrinhos japoneses é o da auto-superação. Invariavelmente o herói se depara com um obstáculo/adversário muito mais poderoso que ele e só com um esforço pessoal extremo e sobrehumano aliado ao fato de nunca desistir ele consegue superar a dificuldade e triunfar.

Esta diferença talvez tenha sua origem no conceito de Graça do pensamento cristão , onde um talento ou a superação das dificuldades se dá pela intervenção divina ( a Divina Providência). Fica sob o arbítrio divino que o indivíduo tenha ou não tal capacidade ou supere uma dificuldade ; os quadrinhos ocidentais seriam um reflexo secularizado desta concepção ( em que a causa seria o acaso , acidentes , etc...). Acho que não há na cultura oriental este tipo de background ideológico.

Uma amiga me mostrou um trabalho dela sobre o tema, comparando desenhos ocidentais com desenhos orientas (japoneses, vá). Além do que foi colocado aqui no tópico, uma das diferenças colocadas, resumidamente, é que heróis de desenhos americanos possuem uma confiança inquestionavel no seu papel e sua capacidade, já tá tudo pronto, enquanto os animes da vida mostram personagens que começam duvidando de sua capacidade, inseguros, tendo que correr atrás e superar fracassos, que nem... uma pessoa normal.:)

Offline Buckaroo Banzai

  • Nível Máximo
  • *
  • Mensagens: 38.735
  • Sexo: Masculino
Re: Educação chinesa
« Resposta #20 Online: 17 de Janeiro de 2011, 11:32:17 »
Citar
[...] Cultural beliefs and practices affect the child at least from the moment of birth and perhaps sooner. Even the parents' expectations of their unborn child and their reactions to the discovery of the child's sex have an impact. The family, teachers, and other sources of influence in the culture signal what is important to the growing child, and these messages have both short- and long-term impact. How one thinks about oneself, one's prospects in this world and beyond, and whether one regards intelligence as inborn or acquired--all these shape patterns of activity, attention, and personal investments in learning and self-improvement. Particularly for stigmatized minorities, these signals can wreck any potential for cognitive growth and achievement.

Consider Claude Steele's research on the effects of stereotyping on performance. African-American students perform worse than white students when they are led to believe that the test is an intellectual one and that their race matters, but these differences wash out completely when such "stereotype vulnerable" conditions are removed.

To understand the effects of culture, no study is more seminal than Harold Stevenson and James Stigler's book The Learning Gap: Why Our Schools Are Failing and What We Can Learn from Japanese and Chinese Education (1992). In an analysis that runs completely counter to The Bell Curve, Stevenson and Stigler show why Chinese and Japanese students achieve so much more in schools than do Americans. They begin by demonstrating that initial differences in IQ among the three populations are either nonexistent or trivial. But with each passing year, East Asian students raise their edge over Americans, so that by the middle school years, there is virtually no overlap in reading and mathematics performance between the two populations.

Genetics, heredity, and measured intelligence play no role here. East Asian students learn more and score better on just about every kind of measure because they attend school for more days, work harder in school and at home after school, and have better-prepared teachers and more deeply engaged parents who encourage and coach them each day and night. Put succinctly, Americans believe (like Herrnstein and Murray ) that if they do not do well, it is because they lack talent or ability; Asians believe it is because they do not work hard enough. As a Japanese aphorism has it, "Fail with five hours of sleep; pass with four." Both predictions tend to be self-fulfilling. As educator Derek Bok once quipped, Americans score near to last on almost all measures save one: When you ask Americans how they think they are doing, they profess more satisfaction than any other group. Like Herrnstein and Murray, most Americans have not understood that what distinguishes the cultures is the pattern of self-understanding and motivation, especially the demands that we make on ourselves (and on those we care about) and the lessons we draw from success and failure--not the structure of genes or the shape of the brain. [...]

http://www.psych.utoronto.ca/users/reingold/courses/intelligence/cache/20gard.html




Ainda relacionado:


Citar
Writing Exercise Helps Female Physics Students

A simple writing exercise that had been shown to help minority students improve their grades also seems to help female physics students. Cynthia Graber reports

Back in April 2009, this podcast covered research finding that a simple writing exercise helped minority students improve their grades. Now, a new study shows that the same exercise can help female college students overcome stereotypes about women in science and improve their performance. The work is in the journal Science. [Akira Miyake et al., Reducing the Gender Achievement Gap in College Science: A Classroom Study of Values Affirmation]

Women in physics classes tend to do more poorly than men on exams. The researchers wanted to look at the role of psychological issues. They surveyed 399 students of both sexes in an intro physics class about whether they agreed with the stereotype that men are generally better at physics.

Then half took part in exercises where they chose values important to them, and they wrote about why these mattered. They did so at the beginning of the semester and again before a midterm exam.

In the control group—which did not do the values writing—men scored much better on the exam. But in the affirmation group, women saw their grades improve, significantly reducing the gender gap. And women who had agreed that men were better at physics improved the most. So a little positive affirmation might help more women thrive in science—and stay in the field.

—Cynthia Graber

[The above text is an exact transcript of this podcast]

http://www.scientificamerican.com/podcast/episode.cfm?id=writing-exercise-helps-female-physi-10-11-26
http://www.scientificamerican.com/podcast/episode.cfm?id=writing-exercise-helps-female-physi-10-11-26

Offline Derfel

  • Moderadores Globais
  • Nível Máximo
  • *
  • Mensagens: 8.887
  • Sexo: Masculino
Re: Educação chinesa
« Resposta #21 Online: 17 de Janeiro de 2011, 16:03:36 »
Isso me chamou a atenção porque coincide com uma observação que fiz algum tempo atrás acerca da cultura de HQs nos EUA
e no Japão. Não é sempre assim, mas me parece que na maioria dos casos, os heróis dos quadrinhos americanos ou possuem
um talento inato (X-Men, Super Homem) ou recebem um dom como um presente (de grego ou não vai depender do personagem),
de forma proposital ou por acidente, como é o caso do Quarteto Fantástico, Lanterna Verde, Homem Aranha e outros. Já no caso dos
heróis de mangá, os talentos muitas vezes surgem em consequência de um árduo treinamento (mesmo no caso de Goku, que já
era naturalmente superpoderoso, havia a necessidade de treino).
Outro tema muito explorado nos quadrinhos japoneses é o da auto-superação. Invariavelmente o herói se depara com um obstáculo/adversário muito mais poderoso que ele e só com um esforço pessoal extremo e sobrehumano aliado ao fato de nunca desistir ele consegue superar a dificuldade e triunfar.

Esta diferença talvez tenha sua origem no conceito de Graça do pensamento cristão , onde um talento ou a superação das dificuldades se dá pela intervenção divina ( a Divina Providência). Fica sob o arbítrio divino que o indivíduo tenha ou não tal capacidade ou supere uma dificuldade ; os quadrinhos ocidentais seriam um reflexo secularizado desta concepção ( em que a causa seria o acaso , acidentes , etc...). Acho que não há na cultura oriental este tipo de background ideológico.

Uma amiga me mostrou um trabalho dela sobre o tema, comparando desenhos ocidentais com desenhos orientas (japoneses, vá). Além do que foi colocado aqui no tópico, uma das diferenças colocadas, resumidamente, é que heróis de desenhos americanos possuem uma confiança inquestionavel no seu papel e sua capacidade, já tá tudo pronto, enquanto os animes da vida mostram personagens que começam duvidando de sua capacidade, inseguros, tendo que correr atrás e superar fracassos, que nem... uma pessoa normal.:)
Homem-Aranha?

Offline Titoff

  • Nível 23
  • *
  • Mensagens: 967
  • Sexo: Masculino
Re: Educação chinesa
« Resposta #22 Online: 17 de Janeiro de 2011, 16:31:56 »
Isso me chamou a atenção porque coincide com uma observação que fiz algum tempo atrás acerca da cultura de HQs nos EUA
e no Japão. Não é sempre assim, mas me parece que na maioria dos casos, os heróis dos quadrinhos americanos ou possuem
um talento inato (X-Men, Super Homem) ou recebem um dom como um presente (de grego ou não vai depender do personagem),
de forma proposital ou por acidente, como é o caso do Quarteto Fantástico, Lanterna Verde, Homem Aranha e outros. Já no caso dos
heróis de mangá, os talentos muitas vezes surgem em consequência de um árduo treinamento (mesmo no caso de Goku, que já
era naturalmente superpoderoso, havia a necessidade de treino).
Outro tema muito explorado nos quadrinhos japoneses é o da auto-superação. Invariavelmente o herói se depara com um obstáculo/adversário muito mais poderoso que ele e só com um esforço pessoal extremo e sobrehumano aliado ao fato de nunca desistir ele consegue superar a dificuldade e triunfar.

Esta diferença talvez tenha sua origem no conceito de Graça do pensamento cristão , onde um talento ou a superação das dificuldades se dá pela intervenção divina ( a Divina Providência). Fica sob o arbítrio divino que o indivíduo tenha ou não tal capacidade ou supere uma dificuldade ; os quadrinhos ocidentais seriam um reflexo secularizado desta concepção ( em que a causa seria o acaso , acidentes , etc...). Acho que não há na cultura oriental este tipo de background ideológico.

Uma amiga me mostrou um trabalho dela sobre o tema, comparando desenhos ocidentais com desenhos orientas (japoneses, vá). Além do que foi colocado aqui no tópico, uma das diferenças colocadas, resumidamente, é que heróis de desenhos americanos possuem uma confiança inquestionavel no seu papel e sua capacidade, já tá tudo pronto, enquanto os animes da vida mostram personagens que começam duvidando de sua capacidade, inseguros, tendo que correr atrás e superar fracassos, que nem... uma pessoa normal.:)
Homem-Aranha?

Que foi/é aclamado por ser um herói diferente neste quesito. Mas como ele ganhou os poderes, não.

Imagino que hoje, devido a influencias do oriente, algumas caracteristicas destas já tenham sido absorvidas por personagens mais recentes.

Offline André Luiz

  • Nível 38
  • *
  • Mensagens: 3.657
  • Sexo: Masculino
    • Forum base militar
Re: Educação chinesa
« Resposta #23 Online: 17 de Janeiro de 2011, 16:45:22 »
Este topico me fez lembrar de uma mítica "frase de banheiro de universidade em tempo de vestibular"

"Enquanto voce esta ai cagando tem um japones estudando"

Offline Derfel

  • Moderadores Globais
  • Nível Máximo
  • *
  • Mensagens: 8.887
  • Sexo: Masculino
Re: Educação chinesa
« Resposta #24 Online: 17 de Janeiro de 2011, 16:53:50 »
Apesar de concordar que isso acontece com a maioria dos personagens, existem algumas exceções. O Batman seria um exemplo, apesar da fortuna, ele desenvolveu suas habilidades que não eram inatas (para isso percorreu o mundo estudando e aprimorando suas habilidades físicas), mas possui também uma característica psicótica. O Justiceiro é outro exemplo, ainda que de um anti-herói. Interessante é o paralelo entre os dois personagens, psicopatas vítimas de uma tragédia pessoal que não conseguiu superar. O John Constantine também poderia ser um outro exemplo (mas cai também no quesito anti-herói).

 

Do NOT follow this link or you will be banned from the site!