Tenho dois consultórios, um deles é num (Centro Médico) ponto muito visado aqui no Rio. No início recebíamos fiscalizações quase diárias, sempre no mesmo esquema de apontar dificuldades esdrúxulas (o sabonete do banheiro dos médicos tinha que ser líquido, quando colocamos líquido tinha de ser de parede, quando colocamos na parede tinha que ser do outro lado...).
Como somos um grupo bem grande e começamos muito unidos conversamos bastante e decidimos que ninguém ia dar propina em momento algum, coisa que mantemos até hoje.
Depois de um tempo, de muito dinheiro gasto para cumprir todas essas exigências, agora a fiscalização vem apenas para encher o saco, mas não pede mais dinheiro (mas exige TUDO que vocês possam imaginar).
Reconheço que por sermos um grupo médico grande, e alguns dentre nós sermos extremamente bem relacionados nos meios políticos e judiciais, não sofremos nenhuma retaliação.
PS- apenas para ilustrar o debate sobre fiscalização e governo. Há alguns anos trabalhei temporariamente num consultório que tinha um alvará provisório, pois era em área residencial. Por conta disso não consegui tirar um alvará para atendimento de pessoa física e atendi nesse consultório mesmo assim.
Na época atendia um alto funcionário da prefeitura e contei para ele minhas agruras. Ele gentilmente me indicou um chefe de departamento de fiscalização que poderia me orientar em como resolver minha pendência.
Fui conversar com o sujeito, que me recebeu superbem, e relatei o acontecido e externei que gostaria de regularizar a minha situação, não importando de pagar pelo período que trabalhei irregularmente.
Pasmem, o sujeito (que era o chefe!) me falou "ih, doutor, vai dar muito trabalho. Continua trabalhando irregular que antes das eleições sempre pinta uma anistia. Daí o senhor vem aqui e regulariza tudo..."