Primeiro, o assunto dos partidos.
Apareça nos diretórios acadêmicos, principalmente das humanas, que achará muitos comunistas a moda antiga para debater.
Lembro de um debate de dois grupos, um do psol e outro do pstu, concorrendo a presidência do DCE. Foi uma das coisas mais hilárias que vi na vida!
Dá pra imaginar o besteirol que saiu de um debate desses? Em certo momento achei que um dos sujeitos iria propor a estatização da mãe do outro
Embora DCE seja uma entidade representativa da política estudantil [e portanto, algo sério], não posso negar que já dei umas boas risadas... tanto como gestão como oposição...
Mas se você quiser algo realmente hilário, chama-se CEB - Conselho de Entidades de Base. Junta o DCE com centros acadêmicos, que normalmente são de gente nova e inexperiente em política. Eles se perdem fácil no assunto, falam abobrinhas, ficam discutindo pontos mínimos, e rola até porrada.
Gente, é assim. Como já foi dito, existem N questões políticas e econômicas. Isso por si só gera uma multidão de partidos - é natural e mesmo saudável.
Natural- concordo
Saudável- é discutível
Na minha opinião quase 30 partidos é muito exagerado e um caso totalmente atípico se considerarmos os países minimamente democráticos.
A questão é: a maioria dos países com a chamada democracia plena possui um número muito mais modesto de partidos e aparentemente sem nenhuma perda de "qualidade" (diria eu que são muito mais democráticos que o Brasil) então porque cargas d'agua existe esse número absurdo e desproporcional de partidos onde a maioria desses são na verdade um peso morto que só serve para aumentar o tempo da propaganda eleitoral?
Acho saudável porque fica mais fácil de alguém se encaixar em um partido com idéias politicamente similares à dele. Mas o DDV deu uma idéia boa, a de permitir independentes a determinados cargos:
O ideal era acabar com a obrigação de filiação a partidos para se concorrer a qualquer cargo, e que os parlamentares fossem escolhidos por sorteio* entre toda a população voluntária e apta ao invés de votação.
*Após um concurso onde seria necessário obter um rendimento mínimo para poder ser parlamentar. E os salários dos parlamentares seriam IGUAIS ao salário que o indivíduo já recebia em seu trabalho.
Salário igual ao que o sujeito recebia antes - concordo. Evita gente querendo se folgar e entrando na política só por causa de salário.
Candidatura de independentes - pra cargos "menores", como vereadores, pode até funcionar. Dá pra testar... [mas provavelmente não vai ser testado :-/ ]
Sorteio entre a população voluntária - tá, e se meia dúzia de Hitlers aparecem e são sorteados, a gente faz o quê? A idéia é aumentar a democracia, não diminuir.
Nesse caso, votação ainda é melhor que sorteio...
Outra idéia semi-relacionada que tenho, em âmbito nacional, seria implantar um sistema unicameral [só deputados] e não bicameral [deputados+senadores]. Entendo o motivo do sistema bicameral - impedir que Estados mais populosos mandem demais por elegerem mais deputados - mas há outras formas de fazer o equilíbrio entre Estados mais e menos populosos.
Só eu acho que o obrigatoriedade dos horários eleitorais imoral?
Acho que os partidos deveriam se bancar, sem usar qualquer auxílio do Estado. Ok, os partidos maiores teriam uma vantagem inicial, mas a qualidade supera a "quantidade", como ocorreu com PV e a Marina Silva, que, relativamente, com poucos recursos conseguiu uma grande expressão.
Isso não daria certo.
O problema não é só a vantagem de
quantos afiliados um partido tem, mas também de
quem.
Grosseiramente falando, pobre acaba defendendo as mesmas coisas que outros pobres, e rico acaba defendendo as mesmas coisas que outros ricos.
(Ex: não é rico que defende melhorias no SUS, e sim pobre; e não é pobre que defende menos "degraus" de taxação no Imposto de Renda.)
Então, é natural que os pobres acabem se concentrando em alguns partidos, e os ricos em outros partidos.
Se não há
nenhum apoio estatal, os "partidos de pobre" acabam não conseguindo verbas, exposição efetiva na mídia, ter seus representantes eleitos, e, no fim das contas, todas as medidas estatais são as que priorizam a população rica e não a pobre. Ou seja: aí, esqueça igualdade social.
Inclusive, isso é uma das falhas da democracia
representativa... a facilidade com que ela evolui pra uma plutocracia [governo de ricos].
O caso da Marina Silva foi bastante atípico. Ela já tinha bastantinho reconhecimento político antes de ter entrado no PV... acaba sendo a exceção que confirma a regra, entende?
Só eu acho que o obrigatoriedade dos horários eleitorais imoral?
A obrigatoriedade de votar; o sistema de voto proporcional e de coligação que permite a eleição de pessoas que tiveram pouquíssimos votos; o assistencialismo; e por aí vai.
Acho que os partidos deveriam se bancar, sem usar qualquer auxílio do Estado.
[...]
Também sou contra o financiamento público de campanha, ao mesmo tempo que não deveria haver quaisquer tipos de restrições nas doações de campanhas, contanto que fossem publicadas todas as informações sobre os doadores.
Obrigatoriedade de votar: concordo com você, por dois motivos.
Moralmente falando, defendo que uma pessoa que assim deseja abdique de seu poder - no caso, o de decidir os representantes votando.
Pragmaticamente falando, isso só faz que gente de má-vontade vote num candidato ou partido pela hilaridade dele.
Quando é pra votar no Macaco Tião ou no Rinoceronte Cacareco, tudo bem, eles não vão ser eleitos mesmo...
Mas e se resolvem votar num palhaço qualquer? E se o cara é eleito??? Já imaginou?
[Ops, nem precisa imaginar... cof cof Tiririca!
]
Sistema de votos proporcionais: discordo. Idealmente, não se vota em
pessoas e sim em
partidos e seus ideários - as figurinhas que estão lá estão representando os partidos deles, então quanto mais votos
um partido recebe, acho correto que esse partido eleja mais gente.