Calvino, agora vou comentar a parte mais polêmica do que vc está pondo em discussão: (não sou pc o tempo todo, hehe)
Resumo da ópera segundo o ponto de vista da galera: O aborto deve ser realizado antes de o cérebro estar completamente formado. Até esse momento o feto não é considerado "pessoa" e não há problema algum.
Acho que o feto é uma pessoa em formação biológica com tecidos vivos etc, mas como já comentaram sem formação neurológica estabelecida, onde para isso foi adotado o critério de 3 meses na maioria dos países. Devido a credibilidade institucional da medicina, eu acho razoável, apesar de respeitar quem critique, e acho bom, pois assim podemos ter mais estudos para melhorarmos o conhecimento no assunto.
Agora como a sociedade é dividida se este critério neurológico é bom, ético, moral, etc sobre a questão do abortamento, acho que não dá para se decidir por ele.
Logo acho que a posição de quem defende a não criminalização do aborto mais correta e democrática, pois ela permite que os dois tipos de critério sejam respeitados, e de escolha individual, pois ninguém é obrigado a abortar.
Tem também o fator social e de saúde pública, pois a proibição não elimina o abortamento clandestino e auto-imolante. Logo do ponto de vista de saúde pública, a descriminalização (criteriosa) permitiria uma melhora do atendimento de saúde dos casos que já acontecem de qualquer jeito.
Há ainda o argumento discutível (depende de se for corretamente implantado) de que uma descriminalização com uma melhora da educação e atendimento de saúde sexual e familiar possa diminuir os casos de abortamento tardio, e até do abortamento em geral, pois políticas públicas bem implantadas geralmente tem melhores resultados sociais do que tabús culturais marginalizados.
Esses são alguns critérios que me tornam a favor da descriminalização (com critérios é claro).
1. Pensei e minha posição oficial será a seguinte: Particularmente apoio o aborto segundo o que já prevê a constituição federal: Em caso de estupro e em caso de risco de morte para a mãe. Tirando esses itens sobram apenas casos de aventuras sexuais irresponsáveis, o que não justifica a morte de um feto.
Respeito realmente essa sua opinião, que imagino que seja a da maioria da população. E acho que é perfeitamente aceitável e razoável, mas se fosse uma opinião somente para regular a vida de quem concorda com ela seria perfeita. Como é uma opinião sobre uma criminalização de quem pensa diferente, aí fica uma disputa.
Eu entendo e acho louvável que vcs põe a defesa da vida do feto em qualquer estágio após a fertilização, mas essa é obviamente uma opinião particular de vcs, enquanto que para outros, o critério neurológico é o que pode determinar a prioridade de defesa da vida sobre critérios sociais.
E eu acho que esse tipo de decisão deveria ser pessoal, uma vez que não há consenso amplamente majoritário e estabelecido, como há contra o assassinato de qualquer pessoa já nascida.
Eu aceito que democraticamente a maioria é contra a descriminalização do abortamento, mesmo eu sendo a favor.
Só acho que no caso do estupro há uma hipocrisia, pois somente nesse caso a sociedade considera que o critério social tem prioridade sobre o critério da fertilização. Mas aceito o ponto de vista da maioria, pois não vejo exagero que cause mais transtorno social, ou de saúde, na verdade nesse ponto em particular acho que diminui os danos.
Resumindo, dado que a polêmica sobre quando a vida começa não tem solução ainda, os critérios social, de saúde pública, e de livre escolha me inclinam a apoiar a descriminalização.
2. Lutamos para que todos assumam as conseqüências de seus atos. Por isso os bandidos vão presos, os caloteiros denunciados e têm seus nomes restritos nas casas de crédito, etc. Já com relação ao sexo todo mundo pode DAR a vontade e o feto que se lasque. Violamos assim a base dos direitos humanos: O DIREITO A VIDA.
Novamente temos o problema de indecisão de onde começa a vida. Sem um critério objetivo e mais importante consensual, qualquer outro conceito relacionado, como criminalidade, responsabilidade, etc ficam polêmicos. Ou seja, um não vai convencer o outro, sobrando o arbítrio da maioria simples.
Mas vamos a outros assuntos relacionados:
Como já disse, acho que a prevenção da gravidez não planejada, e consequentemente indesejada, deva ser a prioridade máxima, para que os casos de abortamento efetivamente possam diminuir e o debate entre em um nível que esse problema relamente tenha perspectivas de solução de amplo consenso.
Mas para isso, talvez fosse necessário que as escolas, que é a instituição pública onde a juventude mais passa o tempo atualmente pudesse dar melhores informações sobre:
- Abstinência sexual e menos parceiros - pois com abstinência não há gravidez indesejada, e com menos parceiros tb diminui a probabilidade - ponto para as posições religiosas e não religiosas nesse sentido
- Amplo fornecimento de camisinha - pois é a melhor forma de prevenir gravidez e DST - aí a religião tem que ceder
- Amplo fornecimento de anti-concepcional - pois é sabido e notório que vão fazer sexo sem camisinha - idem tb para a religião
Esse tipo de ações são muito polêmicas para serem implantadas, logo não acho que vai ter solução em curto prazo. Vai depender de um longo trabalho ... parabéns para os que se dedicarem seriamente a melhorar essa questão.
Além do mais a família e toda a socidade teria que ter uma maior responsabilização para o problema, pois o número de tabús e recriminações dificultam muito políticas de saúde mais efetivas.
E isso só na questão da gravidez de jovens e adolescentes, que claro, influencia toda a vida adulta.
E Calvino, como eu disse, eu acho que as instituições religiosas carecem de credibilidade para dar soluções desse tipo, pois muitos de vcs tem boas e respeitosas propostas, mas muitos de vcs tb tem um histórico de tentativa de implantação de autoritarismo dogmático aos que não concordam com vcs. Tá bom, muito de vcs já superaram bastante isso, mas vejo que muito de vcs não. Por exemplo no caso dos direitos civis de homossexuais, eu vejo que vcs entram em uma polêmica que vai contra a credibilidade de vcs. Não recomendar o homossexualismo, tudo bem, mas ter atuação política para a manutenção e até amplicação de leis discriminatórias, pesa contra vcs na minha opinião.
Além do fato de que já comentei que as instituições religiosas perderam o bonde da história para questões pragmáticas e realizações efetivas.
Desculpe escrever um montão, é que comecei e resolvi falar tudo para não ficar no fala e responde de 10 posts. Assim vc pode avaliar de forma mais ampla a minha opinião. E contrariá-la tb.