É leitura, ué. Que diferença faz se a pessoa lê Senhor dos Anéis ou Dom Casmurro?
Não importa. Mas para o professor de literatura, sim. Sua classe não é uma de cultura popular.
(Aliás, seria bacana uma aula de cultura popular.

)
E eu tenho minhas dúvidas se best-sellers levam a um gosto por leitura, e não somente um gosto por best-sellers. Eu imagino que seja o caso de Crepúsculo, Harry Potter, e coisas do gênero.
Mas tem algum tipo de leitura que leve a um gosto amplo pela leitura? Eu já li e leio de tudo quanto é coisa, mesmo assim a quantidade de livros que leio depende sempre do tipo de rotina que eu tenho e como as leituras se encaixam nela.
Eu nunca tive algo como: "Nossa, hoje ainda não li nada, PRECISO ler algo antes de dormir". Talvez quando era adolescente, e só lia romances policiais e livros de fantasia, que realmente me empolgavam.
Eu acho que romances policiais podem levar a um gosto mais "amplo". Para dar um exemplo, O Longo Adeus do Raymond Chandler, é escrito em uma lingüagem simples, de fácil leitura, tem um mundo envolvente, mas também diversas idéias interessantes ao longo do livro. Para mim, a maior é que o crime é resolvido não usando lógica, mas pelas emoções do Marlowe, o protagonista, subvertendo o clichê de romances policiais que o frio raciocínio deve ser utilizado. E o leitor é 'ativo' durante todo o livro, tentando resolver o crime (e os pensamentos do Marlowe sobre ele nunca são passados, de forma que não há atalho).
Eu friso esse negócio de "romance com idéias" e "leitor ativo" porque me parece o choque que um leitor de Harry Potter pode ter lendo outros livros que não são "best-seller", fazendo ele abandonar a leitura. Quando ele abre um Crime e Castigo ou Memórias Póstumas, por exemplo, o fato de uma das maiores graças dos dois livros é como você interage com suas idéias, e não apenas como o livro lhe transporta para um mundo mágico. Você não pode se jogar na cama e dizer 'me come'. Tem que fazer parte do jogo.

É verdade que há livros que se ligam tanto nisso de 'romance de idéias' que não ligam para ter um bom argumento. É incrível a quantidade de livros sem história alguma. Mas há livros de "Literatura" com histórias muito boas que podem ser boas "introduções", também, como o Borges, o Sérgio Rodrigues, Rubem Fonseca, o Haruki Murakami, e sei lá mais quantos. Seria o que eu recomendaria para um filho, por exemplo, se ele estivesse interessado em ler.