Autor Tópico: Em nome da Igualdade  (Lida 5614 vezes)

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Offline Donatello

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Em nome da Igualdade
« Online: 08 de Maio de 2011, 17:29:32 »
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Vascaínos presos por agredirem pessoas apenas por elas serem flamenguistas: o ato de agredir alguém apenas por conta do clube que torce deve mesmo se tornar legalmente menos grave que agredir pessoas só por conta de se faz sexo com pessoas do mesmo gênero? Ou seria o próximo passo levantarmos juntos a bandeira da igualdade clubística e do respeito à diversidade torcimental?

Talvez seja o grande tópico moral dos 200 últimos anos: durante toda a trajetória da humanidade nunca nos preocupamos seriamente (eu acho) com as nossas desigualdades culturalmente inatas: aquelas desigualdades em função de gênero ou cor de pele ou idioma ou local de nascimento ou religião dos pais. Talvez nunca tenhamos nos preocupado de fato com elas. Nossas revoluções filosóficas, nossas disputas filosóficas, não falavam exatamente de igualdade de direitos entre indivíduos: a democracia grega não incluia um sem número de pessoas que não eram exatamente iguais aos eleitos membros de tal democracia: era sim um sistema democrata, foi sim o primeiro ou o primeiro de grande vulto, mas você não estava nele se fosse mulher, ou escravo... não, não tinham lembrado de você e não havia nenhum problema nisto.

Mas como num rompante, talvez estimulado pelo esbofete moral que foi a Escravidão na América. De uma hora pra outra o conceito novo de democracia passou a entender que só existe democracia se todos tiverem os mesmo direitos presumidos e a priori. Não é democracia se um grupo de pessoas que tem pinta na testa valer menos que um grupo de pessoas que tem as testas lisas e sem nenhuma mancha.

E danamos a, nestes mais ou menos 200 anos, tentar acabar com todas as desigualdades que atingiam inatamente quase todos os seres humanos nascidos antes disso: tentamos acabar com o modo desigual que pessoas eram tratadas pela sociedade em cada um de suas instituições basilares (justiça, igreja, família...) em função da cor de suas peles. Nos empenhamos em anular as regras diferenciadas que determinadas pessoas eram obrigadas (ou quase) a seguir durante toda a vida apenas por terem nascido com uma perereca e não com um pintinho. Percebemos que em situação parecida estavam aqueles que nasciam com pintinhos mas preferiam ter nascido com perereca: e cobramos que eles também tivessem direitos igualitários em relação aos que estavam contentes e serelepes com seus pintinhos.

Em nome da Igualdade criamos leis que tornam mais grave chamar um negro de crioulo do que um gordo de baleia; ou que tornam mais grave o crime de um homem esfaquear uma mulher que o crime de uma mulher esfaquear um homem; ou que em nome de uma pretensa e não muito claramente exposta injustiça nas divisões de trabalho dê a um dos gêneros 5 anos a mais de descanso aposentarístico que a outro; já estamos pensando em colocar os homossexuais no mesmo grupo dos negros quando se trata de xingamento (ou seja: chamar um gordo de baleia passaria a ser não apenas menos grave que chamar um negro de crioulo como também do que  chamar um gay de bicha).

E, talvez... só agora estamos começando a perceber que criar desigualdades em nome da busca por igualdades leva ao mesmo inferno que outro monte de boas intenções. Provavelmente o primeiro grande resultado desastroso da busca de por igualdades  tenha sido obtido pelo movimento feminista. Eis um trecho da carta fundamental do movimento feminista, redigida em 1876

“Nós pedimos justiça, pedimos respeito e tratamento igualitário, pedimos que todos os direitos civís e políticos dos cidadãos sejam garantidos a nós”

Será que em 1876 Susan Anthony e suas companheiras feministas de então pensavam, mesmo que em seus mais vagos devaneios, que em 2011 as mulheres (que na época, em geral, eram proibidas pelos pais e maridos de sequer trabalhar fora ou estudar) jovens teriam salários mais altos que os homens da mesma idade (e que este padrão se repetiria por todo o Ocidente)?

Ou que alcançariam melhores níveis de escolaridade em relação à média dos seres humanos? Ou que para elas não só o trabalhar e estudar seriam uma opção mas além disso, seria exatamente o grupo das mulheres o único a ter de fato esta opção (já que  para os homens do século 21 trabalhar continua sendo a obrigação, e avançar nos estudos só é uma opção se o trabalho permitir)?

E o mais importante: será que feministas do século 19 imaginavam que no século 21, no Ocidente, numa sociedade cujos censos oficiais apontam que mulheres ganham mais que homens, estudam mais tempo que os homens, sofrem com menores índices de desemprego que os homens (se considerados apenas os trabalhadores EM BUSCA de emprego), praticam mais agressões domésticas que os homens, sofrem menos agressões domésticas que os homens... será que as feministas del siglo XIX imaginavam que ainda assim a maioria das mulheres iria manter o discurso de vítimas indefesas, e não apenasmente não abririam mão das compensações conquistadas outrora como permaneceriam exigindo mais e mais privilégios em nome desta suposta vitimização e obteriam o incrível apoio da grande parte dos homens?

Há um homem chamado Warren Farrell, PHD em Ciências Sociais formado pela prestigiosa Universidade de Nova York, que na década de 70, enquanto ainda era um estudante de humanidades, se engajou no movimento feminista e se tornou um dos mais notórios feministas da época: foi eleito para a mesa diretora da NOW,  mais importante organização feminista do mais importante país do mundo ( e aquele em que o discurso feminista mais tinha conseguido espaço): não era pouca merda.

Foi só pelos meados dos anos 80 que o sujeito percebeu a grande falha: os feministas não mudavam o discurso ante as conquistas sucessivas. Os privilégios (como a aposentadoria mais cedo em função de uma carga dupla de trabalho: em casa e fora de casa; um dos primeiros obtidos) eram defendidos não mais como compensações, mas como direitos a priori das mulheres.

Se tornou um ferrenho anti-feminista e criou uma nova comunidade de defensores das igualdades de gênero (os masculinistas). Se notabilizou, então, como um dos primeiros intelectuais influentes a perceber que o discurso feminista padrão não era mais de qualquer modo igualitário.

A questão é: quanto tempo levará para que os movimentos negro e GLTB obtenham o mesmo "sucesso" que o movimento feminista?Quanto tempo levará para que se realize o medo (que hoje nos parece doentio) dos pastores evangélicos, de que o Ocidente vire uma Gaycracia?

Note, eu sou negro, e sou absolutamente afeito a boa parte das causas gays: acredito que homossexuais deveriam ter o mesmo direito de criar crianças que os heterossexuais, que deveriam ter direito a receber os direitos previdenciários de seus conjugues, que não possam ser agredidos em função de sua sexualidade... amo as paradas gay, participei de algumas e acho que nunca presenciei manifestação humana que louve tão bem a diversidade de humanos que somos quanto uma parada gay. Mas será que criminalizar a crítica ao homossexualismo é um direito ou um pivilégio? Será que tornar o crime de bater em alguém só porque ele é viado algo mais grave do que bater em alguém só porque ele é gordo ou flamenguista é mesmo um direito fundamental e equalitário?

E será que instituir um número mínimo de negros em determinadas instituições de ensino é um direito ou um privilégio? Quando o baixo número de negros em instituções públicas de ensino superior não for mais um problema (como não é mais um problema a divisão de trabalhos entre homens e mulheres no que tange ao serviço doméstico: uma leitura atenta e imparcial dos dados das últimas PNADs indica isto muito claramente a qualquer um que saiba ler "vovó viu vovô" e que saiba contar "2+2") será que os negros vão dizer: "ok, o sistema de cotas não é mais uma necessidade: abramos mão dele" ou, pelo contrário, dirão: "epa, não metam a mão na nossa cota, este é um direito nosso, dos negros, conquistado com muita luta de nossos ancestrais, seu racista" como dizem as mulheres sobre o privilégio que têm de trabalhar 5 anos a menos que os homens?

Talvez esteja na hora boa de aprendermos com a História que em nome da Igualdade não se pode criar privilégios, a não ser que queiramos mesmo apenas inverter os polos das desigualdades.
« Última modificação: 09 de Maio de 2011, 22:18:39 por Donatello van Dijck »

Offline Fabrício

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Re: Em nome da Igualdade
« Resposta #1 Online: 08 de Maio de 2011, 17:51:41 »
Bom texto. O movimento gay é legítimo, a conquista de terem os mesmos direitos dos heterosexuais em relação ao casamento foi uma excelente conquista, mas em muitos discursos o que se vê é a busca por privilégios e não por igualdade.

Gays não são piores do que heteros, mas também não são melhores.
"Deus prefere os ateus"

Offline Liddell Heart

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Re: Em nome da Igualdade
« Resposta #2 Online: 09 de Maio de 2011, 17:54:39 »
Gays não são piores do que heteros, mas também não são melhores. ²
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Offline uiliníli

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Re: Em nome da Igualdade
« Resposta #3 Online: 09 de Maio de 2011, 18:26:27 »
Nos mais comentados da seção "Radar" da Veja.com desta semana:

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sexta-feira, 6 de maio de 2011
8:32 \ Diversos
Homens ofendidos

O bom humor é um artigo em falta em certos segmentos. Ontem, por exemplo, o Conar julgou um esdrúxulo pedido de suspensão da nova campanha da Bombril – aquela em que Marisa Orth e Dani Calabresa e Monica Iozzi (CQC) comparam os homens aos cachorros, sugerem adestra-los, ordenam que façam a limpeza da casa, mexem com aqueles “de brinquinho e que se depilam” e etc.

Quem fez a reclamação politicamente correta foi, veja só, um grupo de homens ofendidos. Segundo esses homens, a campanha estimula a discriminação. Os conselheiros do Conar, com bom senso e bom humor nas alturas, arquivaram o pedido.

Por Lauro Jardim

http://veja.abril.com.br/blog/radar-on-line/diversos/homens-ofendidos-com-a-bombril/

Uma das propagandas em questão:
<a href="http://www.youtube.com/v/TI1YiwfCmu0" target="_blank" class="new_win">http://www.youtube.com/v/TI1YiwfCmu0</a>

Alguns comentários selecionados:

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wyndson
-

09/05/2011 às 11:57

WYNDSON

ATENÇÃO: NÃO É BRINCADEIRA!!

ADENTREI COM AÇÃO CONTRA A BOMBRIL POR ME SENTIR OFENDIDO COM ESTE COMERCIAL, ASSIM COMO UM NEGRO SE SENTIRIA COM COMERCIAL RACISTA.

CASO QUEIRAM TIRAR A DÚVIDA A AÇÃO É 1787/2011 DO JUIZAOD ESPECIAL DE PAULISTA- PE E UM CONHECIDO ENTROU COM A AÇÃO 1173/2011 NO JUIZADO DE CAMARAGIBE PE.

CASO ESSAS AÇÕES DEEM CERTO, MILHARES DE HOMENS TAMBÉM ENTRARÃO COM AÇÕES, CAUSANDO UM COLAPSO JURÍDICO NA BOMBRIL.
SE HOMENS TIVEREM PREGUIÇA DE ENTRAR, ESTARÃO SENDO INERTES, E SÃO BAJULADORES DE MULHER, IGUAL AOS MALDITOS VEADOS DEFENSORES DA PEDOFILIA.



Renata de Matos - E.E. Prof Alício Araújo
-

08/05/2011 às 19:33

Acredito q essa atitude dos homens em relação a propaganda da Bombril é bastante exagerada, levando em consideração tantas outras formas de publicidade que expoem a mulher à situações ridículas, ou a reduzem a apenas “corpão”(como mulher “boa”).
Existem várias propagandas, principalmente as de cervejas ou as que são gravadas em praias que expoem a mulher de modo geral. A maioria da população feminina se sente ofendida com muitas destas, mas não tomam medidas tão drásticas.
Isso também pode ser visto como uma falta de direitos igualitários. Porque os homens podem fazer, ou se divertir com propagandas que envolvem as mulheres desse jeito e as mulheres não podem fazer o mesmo?
Se vivemos em uma democracia e o machismo é aceito normalmente o feminismo também deveria ser visto como algo comumente.
Em síntese, concordo com a posição da CONAR(Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária)em ter arquivado o processo, no qual, só se coloca o homem na mesma posição da mulher, em relação à tal publicidade.



Elisa
-

08/05/2011 às 13:40

É uma pena que o amchismoa inda tente imperar no século XXI. Pobres homens! Sem uma mulher vocês nem nasceriam e nascendo, sem a participação ativa de uma mulher na sua vida desde o nascimento voces nunca terão base solida. Serão eternamente inseguros quando não desequilibrados psíquicos. Admitem que a mulher é o ser humano mais importante do planeta. Homens apenas completam a especie humana. Atualmente não precisamos do sexo oposto para nada,podemos até escolher o semen para engavidar-nos quando quizermos ser mãe.
Homens!!!!! SEjam mais dinâmicos,aprendam a usar os dois lados do cérebro e tenham mais inteligencia emocional,assim serão realmente quase perfeitos.
Grande beijo para todos os HOMENS deste país incluindo os da minha familia.


Igor
-

08/05/2011 às 13:22

Já comentei isso no video do comercial no youtube e voltarei a tocar neste ponto.

E se as mesmas palavras,frases e expressões que foram ditas contra os homens nos comerciais fossem direcionadas a gays, mulheres ou negros como seria a reação geral? Será que vcs levariam no bom humor e dariam risadinhas boçais como fizeram com essa esdrúxula campanha anti-homem?
Eu convido a todos que apoiaram essa desastrosa peça publicitária a me responder sem apelar para ataques e baixarias .

Desrespeito a mulheres = machismo.
Desrespeito a gays = homofobia.
Desrespeito a negros = racismo.
Desrespeito a estrangeiros = xenofobia.

.
.
.
Desrespeito a homens = … humor?

Onde está o bom humor quando se fala das minorias? Pq tanto ódio contra o sexo masculino?


alania souza
-

06/05/2011 às 18:27

Apesar de concordar com a decisão de tirar os comerciais do ar sou totalmente contra o argumento usado…concordo que não tem nada de construtivo mais na tv principalmente nos tempos de hoje so se vê pornografia,violencia e banalização da vida e se os homens se sentiram tão ofendidos deviam refletir a respeito de suas preferencias pq se o que esta na tv de hoje é 90% de mulheres mulheres praticamente nuas p e porque?… e isso que agrada o publico masculino…e as mulheres estão perdendo a essência também e estão se satisfazendo somente com coisas banais..e claro que toda regra tem sua exeção um conselho de bobo
NÂO ASSISTAM TV



Nidia
-

06/05/2011 às 17:39

Acho a propaganda cafona…. já foi-se o tempo desse negocio de coisa de homem x coisa de mulher… sei lá se fosse feita nos anos 80 seria legal! hj em dia é patética!!!



Larissa
-

06/05/2011 às 15:46

Sinceramente!Os homens ridicularizam tanto a mulher – e sempre fizeram isso! Humor é humor! Quantas “Loiras Burras” sempre estiveram ofendidas?? Quantas mulheres se indignam pela mídia divulgar as mulheres como simples objetos de desejo e prazer! Fala sério! Também temos direito de fazer humor sendo de bom ou mau gosto! Valorizando ou não o homem. Os que ficaram ofendidos talvez sofram isso dentro de casa e não queriam que tornasse público, quem sabe!Nós, mulheres, sempre aguentamos todo tipo de preconceito e desvalorização. E aí, momento em que fazemos humor nos mostrando poderosas, seremos vetadas!?
Francamente… era de se esperar!


Offline Liddell Heart

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Re: Em nome da Igualdade
« Resposta #4 Online: 09 de Maio de 2011, 19:02:03 »
O problema, como sempre, é que os meios de comunicação em massa são "controlados" pelo governo. No dia que as emissoras forem realmente privadas e independentes, não haverá tantos problemas assim. Acho.
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Offline Buckaroo Banzai

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Re: Em nome da Igualdade
« Resposta #5 Online: 09 de Maio de 2011, 19:11:27 »
Não concordo com tudo mas achei muito bom, e válidas as preocupações.

(como nota menor quanto ao texto propriamente dito, "chingamento" é com x, não costumo pegar no pé disso mas esse é um texto que merece ser mais repetido por aí então é acho que vale a exceção)


Vi num debate sobre as ações afirmativas nos EUA onde uma defensora falou que "aqueles que querem o fim das ações afirmativas querem a volta das leis Jim Crow", e dentre os que argumentava contra estava até um negro. Eu já fico meio p. com isso mesmo sem ser negro, acho que se fosse e estivesse lá teria pulado no pescoço dela e arruinado a reputação dos anti-cotistas para sempre.

Offline Donatello

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Re: Em nome da Igualdade
« Resposta #6 Online: 09 de Maio de 2011, 22:17:19 »
A idéia do texto partiu exatamente de um debate no bom blog do Hyriun, sobre o comercial de Bombril.

Eu jurava que tanto valia ch com x, que ambas as grafias estavam certas: valeu a correção.

Offline Buckaroo Banzai

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Re: Em nome da Igualdade
« Resposta #7 Online: 10 de Maio de 2011, 01:22:55 »
Se prepare para ser infernizado e perseguido impiedosamente como odiador de mulheres, gays e até de negros (tem até um termo para isso, falam que os tipos como Sowell são meio que "fiéis aos senhores brancos" ou algo assim) à medida que o texto se popularizar. :-/

Offline Diegojaf

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Re: Em nome da Igualdade
« Resposta #8 Online: 10 de Maio de 2011, 08:41:10 »
Note, eu sou negro, e sou absolutamente afeito a boa parte das causas gays: acredito que homossexuais deveriam ter o mesmo direito de criar crianças que os heterossexuais, que deveriam ter direito a receber os direitos previdenciários de seus conjugues, que não possam ser agredidos em função de sua sexualidade... amo as paradas gay, participei de algumas e acho que nunca presenciei manifestação humana que louve tão bem a diversidade de humanos que somos quanto uma parada gay. Mas será que criminalizar a crítica ao homossexualismo é um direito ou um pivilégio? Será que tornar o crime de bater em alguém só porque ele é viado algo mais grave do que bater em alguém só porque ele é gordo ou flamenguista é mesmo um direito fundamental e equalitário?
Não seria melhor dizer que você é negro E hetero (se for caso, claro :lol: ). Porque ser negro não implica em ter algo contra movimentos homossexuais e nem seria estranho você participar de uma parada.
"De tanto ver triunfar as nulidades; de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça. De tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar-se da virtude, a rir-se da honra e a ter vergonha de ser honesto." - Rui Barbosa

http://umzumbipordia.blogspot.com - Porque a natureza te odeia e a epidemia zumbi é só a cereja no topo do delicioso sundae de horror que é a vida.

Offline Pregador

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Re: Em nome da Igualdade
« Resposta #9 Online: 10 de Maio de 2011, 09:10:37 »
Note, eu sou negro, e sou absolutamente afeito a boa parte das causas gays: acredito que homossexuais deveriam ter o mesmo direito de criar crianças que os heterossexuais, que deveriam ter direito a receber os direitos previdenciários de seus conjugues, que não possam ser agredidos em função de sua sexualidade... amo as paradas gay, participei de algumas e acho que nunca presenciei manifestação humana que louve tão bem a diversidade de humanos que somos quanto uma parada gay. Mas será que criminalizar a crítica ao homossexualismo é um direito ou um pivilégio? Será que tornar o crime de bater em alguém só porque ele é viado algo mais grave do que bater em alguém só porque ele é gordo ou flamenguista é mesmo um direito fundamental e equalitário?
Não seria melhor dizer que você é negro E hetero (se for caso, claro :lol: ). Porque ser negro não implica em ter algo contra movimentos homossexuais e nem seria estranho você participar de uma parada.

É que daí a opinião dele vale mais. Contrariá-lo seria um ato racista.  :?
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Offline Dbohr

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Re: Em nome da Igualdade
« Resposta #10 Online: 10 de Maio de 2011, 13:22:58 »
Dois contrapontos interessantes: uma feminista criticando a série de propagandas da Bombril, aqui:
http://www.digestivocultural.com/colunistas/coluna.asp?codigo=3326&titulo=Bombril:_a_marca_que_nao_evoluiu_com_as_mulheres.

... e um quadrinho do XKCD ilustrando de forma interessante o peso desmesurado que se dá a certas figuras-ícones da história, enquanto várias outras são quase esquecidas:
http://xkcd.com/896/

Offline Maeve Brooks

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Re: Em nome da Igualdade
« Resposta #11 Online: 10 de Maio de 2011, 14:25:29 »
Gostei muito do texto que o Dbohr sugeriu e já tinha chegado as mesmas conclusões, a Bombril errou bastante na caracterização dessa mulher evoluída.
Ao Donatello:
Cara, posso estar muito enganada e você tem todo o direito de ser ríspido comigo, mas toda vez que vejo um tópico seu sobre feminismo e afins penso: "Ele deve ter sido muito oprimido por alguma mulher". Porque simplesmente não me vejo nesse maravilhoso mundo de privilégios que o texto mostra. Não sou de forma nenhuma feminista e concordo quando o autor fala que aposentadoria em menos tempo e algumas questões criminais não são justas com os homens, mas daí a repensar os direitos adquiridos pelos movimentos no início do século XX já é demais.
Também não gosto do caminho que as coisas estão tomando com os gays, negros e demais minorias, as leis e campanhas deveriam impedir que esses grupos sofram preconceito e desrespeito e não dar a eles um salvo conduto pra desrespeitar os outros.

Enfim, fico sempre pensando que as relações entre homens e mulheres estão sendo constantemente ajustadas e é bom quem ambos se pronunciem quando sentem algum incomodo, nesse caso os homens, vou prestar mais atenção aos espaços onde eu possa ter algum privilégio, mas ainda não consigo ver a mulher como essa grande megera autoritária que exerce um poder injusto sobre o homem que paralisado vê qualquer reação possível ser interpretada como machismo.
     
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Offline Mahul

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Re: Em nome da Igualdade
« Resposta #12 Online: 10 de Maio de 2011, 16:24:44 »
Estou de pleno acordo com você, Maeve. :ok: Tanto em relação aos "privilégios" das mulheres quanto em relação a certos exageros dos movimentos negro e gay. Igualdade de direitos (e deveres), sim! Privilégios, não! A propósito, em BH foi ou está sendo julgado um promotor de eventos acusado de tentar matar a ex-namorada. Parece que ela foi atingida por três tiros mas, felizmente, não morreu (e nem ficou com sequelas muito graves, ao que parece). Estou para ver igualdade nesse ítem: mulheres que matam, ou tentam matar, homens nessa mesma proporção. :umm:
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Offline Madame Bovary

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Re: Em nome da Igualdade
« Resposta #13 Online: 10 de Maio de 2011, 16:27:13 »
Também não gosto do caminho que as coisas estão tomando com os gays, negros e demais minorias, as leis e campanhas deveriam impedir que esses grupos sofram preconceito e desrespeito e não dar a eles um salvo conduto pra desrespeitar os outros.

O problema é que todo movimento de afirmação das minorias vem junto com a contestação da maioria. A questão da autoestima é muito importante, mas é claro que qualquer preconceito deve ser punido. Fazer parte de grupos minoritários não implica em pagar na mesma moeda.

É muito comum aquelas frases do tipo "porque eu não posso usar uma camisa 100% branco?" ou "porque não existe parada hetero?". Alguém já foi discriminado por ser branco ou heterossexual? Quem tem que se afirmar são as minorias e parece que muita gente não percebe/aceita isso.
.
Olho, e as coisas existem.
Penso e existo só eu.

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Offline Dbohr

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Re: Em nome da Igualdade
« Resposta #14 Online: 10 de Maio de 2011, 16:37:40 »
Para falar a verdade, eu nunca encontrei uma "feminazi" destas que tentam podar os homens a qualquer custo. E já trabalhei com mulheres que faziam parte de grupos feministas...

Por outro lado, já tive contato com algumas mulheres anti-feministas que exigiam tratamento especial por serem mulheres (pague minhas contas, me dê coisas caras, coloque-me num pedestal, não exija comprometimento meu etc.) e que achavam que toda feminista era feia e lésbica...

Offline Liddell Heart

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Re: Em nome da Igualdade
« Resposta #15 Online: 10 de Maio de 2011, 17:25:19 »
Se prepare para ser infernizado e perseguido impiedosamente como odiador de mulheres, gays e até de negros (tem até um termo para isso, falam que os tipos como Sowell são meio que "fiéis aos senhores brancos" ou algo assim) à medida que o texto se popularizar. :-/

Bem, essas críticas às pessoas como o Sowell são, no geral, feitas pelos democratas. E isso é direcionado para todos os negros republicanos ou conservadores, que são até um número grande e bem influente, indo desde os neocons, como Condoleezza Rice, até os mais libertários, como Walter Williams.
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Offline Liddell Heart

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Re: Em nome da Igualdade
« Resposta #16 Online: 10 de Maio de 2011, 17:30:14 »
Gostei muito do texto que o Dbohr sugeriu e já tinha chegado as mesmas conclusões, a Bombril errou bastante na caracterização dessa mulher evoluída.
Ao Donatello:
Cara, posso estar muito enganada e você tem todo o direito de ser ríspido comigo, mas toda vez que vejo um tópico seu sobre feminismo e afins penso: "Ele deve ter sido muito oprimido por alguma mulher". Porque simplesmente não me vejo nesse maravilhoso mundo de privilégios que o texto mostra. Não sou de forma nenhuma feminista e concordo quando o autor fala que aposentadoria em menos tempo e algumas questões criminais não são justas com os homens, mas daí a repensar os direitos adquiridos pelos movimentos no início do século XX já é demais.
Também não gosto do caminho que as coisas estão tomando com os gays, negros e demais minorias, as leis e campanhas deveriam impedir que esses grupos sofram preconceito e desrespeito e não dar a eles um salvo conduto pra desrespeitar os outros.

Discordo sobre o direito das minorias de não serem criticadas, por mais repulsiva que seja a ofensa. Isso viola a liberdade de expressão.
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Offline Liddell Heart

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Re: Em nome da Igualdade
« Resposta #17 Online: 10 de Maio de 2011, 17:37:11 »
Também não gosto do caminho que as coisas estão tomando com os gays, negros e demais minorias, as leis e campanhas deveriam impedir que esses grupos sofram preconceito e desrespeito e não dar a eles um salvo conduto pra desrespeitar os outros.

O problema é que todo movimento de afirmação das minorias vem junto com a contestação da maioria. A questão da autoestima é muito importante, mas é claro que qualquer preconceito deve ser punido. Fazer parte de grupos minoritários não implica em pagar na mesma moeda.

É muito comum aquelas frases do tipo "porque eu não posso usar uma camisa 100% branco?" ou "porque não existe parada hetero?". Alguém já foi discriminado por ser branco ou heterossexual? Quem tem que se afirmar são as minorias e parece que muita gente não percebe/aceita isso.

O certo, na minha opinião, seria cada um poder usar a camisa que quiser, e qualquer um fazer parada do que quiser, desde que seja na sua propriedade.
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Offline HSette

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Re: Em nome da Igualdade
« Resposta #18 Online: 10 de Maio de 2011, 17:58:18 »
Gostei muito do texto que o Dbohr sugeriu e já tinha chegado as mesmas conclusões, a Bombril errou bastante na caracterização dessa mulher evoluída.
Ao Donatello:
Cara, posso estar muito enganada e você tem todo o direito de ser ríspido comigo, mas toda vez que vejo um tópico seu sobre feminismo e afins penso: "Ele deve ter sido muito oprimido por alguma mulher". Porque simplesmente não me vejo nesse maravilhoso mundo de privilégios que o texto mostra. Não sou de forma nenhuma feminista e concordo quando o autor fala que aposentadoria em menos tempo e algumas questões criminais não são justas com os homens, mas daí a repensar os direitos adquiridos pelos movimentos no início do século XX já é demais.
Também não gosto do caminho que as coisas estão tomando com os gays, negros e demais minorias, as leis e campanhas deveriam impedir que esses grupos sofram preconceito e desrespeito e não dar a eles um salvo conduto pra desrespeitar os outros.

Discordo sobre o direito das minorias de não serem criticadas, por mais repulsiva que seja a ofensa. Isso viola a liberdade de expressão.

Não entendi. Voce se refere a "críticas" ou "ofensas"?

A afirmativa ficou com um significado dúbio.
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Offline Liddell Heart

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Re: Em nome da Igualdade
« Resposta #19 Online: 10 de Maio de 2011, 18:10:01 »
Gostei muito do texto que o Dbohr sugeriu e já tinha chegado as mesmas conclusões, a Bombril errou bastante na caracterização dessa mulher evoluída.
Ao Donatello:
Cara, posso estar muito enganada e você tem todo o direito de ser ríspido comigo, mas toda vez que vejo um tópico seu sobre feminismo e afins penso: "Ele deve ter sido muito oprimido por alguma mulher". Porque simplesmente não me vejo nesse maravilhoso mundo de privilégios que o texto mostra. Não sou de forma nenhuma feminista e concordo quando o autor fala que aposentadoria em menos tempo e algumas questões criminais não são justas com os homens, mas daí a repensar os direitos adquiridos pelos movimentos no início do século XX já é demais.
Também não gosto do caminho que as coisas estão tomando com os gays, negros e demais minorias, as leis e campanhas deveriam impedir que esses grupos sofram preconceito e desrespeito e não dar a eles um salvo conduto pra desrespeitar os outros.

Discordo sobre o direito das minorias de não serem criticadas, por mais repulsiva que seja a ofensa. Isso viola a liberdade de expressão.

Não entendi. Voce se refere a "críticas" ou "ofensas"?

A afirmativa ficou com um significado dúbio.

Criticar no sentido de ofender.  :P
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"Posso não concordar com uma só palavra sua, mas defenderei até a morte o seu direito de dizê-la."
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Offline Mahul

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Re: Em nome da Igualdade
« Resposta #20 Online: 10 de Maio de 2011, 18:41:05 »
Discordo sobre o direito das minorias de não serem criticadas, por mais repulsiva que seja a ofensa. Isso viola a liberdade de expressão.
Sobre a liberdade de expressão: por que o uso de símbolos nazistas como a suástica, entre outros, é proibido em várias democracias enquanto a foice e o martelo são permitidos? Não são todos símbolos de regimes totalitários? O totalitarismo comunista foi menos pior? As (milhões de) vítimas de Stalin, Mao e Pol Pot sofreram menos que as (milhões de) vítimas do nazismo?
Em tempo:http://metafisicadoconsumo.blogspot.com/2011/05/quem-quer-um-boneco-nazista-de-r-800.htmlIntrigante mesmo é o Himmler sair mais caro que o Führer! :umm: ::)
Acho que na Folha Online a reportagem mostra a foto dos brinquedinhos, mas como não sou assinante... :no:
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Offline Donatello

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Re: Em nome da Igualdade
« Resposta #21 Online: 10 de Maio de 2011, 18:53:39 »
Respostas soltas e mais ou menos cronológicas:

Lindell, não encontrei o nexo entre o suposto controle estatal da mídia e as críticas do texto, pelo contrário, eu acho muito mais notável nestes casos uma posição estatal sendo tomada (as vezes apressadamente) à reboque de algum surto midiático sobre algum tema. E além do mais: será que todas as mídias do Ocidente são controladas pelos respectivos governos? Porque as idéias sobre igualdade tanto de gênero quanto de raça quanto de opção sexual são um tanto quanto homogêneas (tanto as pra bem quanto as pra mal, mais pra bem que pra mal, não estou dizendo o contrário e eu acho que alguns me entenderam: eu não acho que o Magreb esteja melhor que a América do Norte na forma que trata a diversidade de gêneros ou a diversidade de sexualidade, o que não anula o fato de haver críticas à forma como tais diferenças são tratadas nesta última)

Maeve, não tenho motivos para ser ríspido com você. E não, não sou nem nunca fui em qualquer nível oprimido pelas mulheres ou por alguma mulher em específico: nunca fui corno (não ao que eu saiba :P), nunca levei surra de namorada, minha mãe não me batia, estou no meu primeiro casamento e não tenho filhos(portanto ainda não perdi judicialmente a guarda dos meus filhos ouvindo como único argumento do meritíssimo a famosa frase "não é mamãe" sendo assim obrigado a pagar 30% do meu salário à mãe em troca do direito de ver a criança uma vez a cada 15 dias) e tampouco sou o Alexandre Pato :hihi:.

Bom, de qualquer modo, não é a primeira vez que ouço alguma coisa assim: mais de uma vez já me perguntaram se minhas idéias ateístas não seriam resultado de alguma mágoa que eu tive com algum "irmão" ou de alguma coisa que algum pastor me fez. É sério: já me perguntaram isso sim, e juro que não foi só uma vez. :D

Nunca lhe aconteceu de te perguntarem também (quem sabe até em tom quase afirmativo, acusativo), se você é atéia apenas por algum trauma que tenha tido em alguma religião ou alguma mágoa que tenha passado com algum pastor ou namorado crente? E você sabe que não é isso, né? Que apenas você pensou bastante sobre os assuntos referentes à fé religiosa: mais do que a maioria dos religiosos pensam, com toda certeza. Os examinou, provavelmente a fundo. E percebeu que eles não lhe fazem o menor sentido.

Pois é, é assim pra mim também: tanto em relação a religião quanto ao feminismo ocidental e contemporâneo.

E só uma coisa, você também afirmou que não gosta de como as coisas estão se encaminhando quanto a gays, negros e "et cetera". Depreendo disso que você concorda com o núcleo central do texto, só cisma com o fato de a minha implicância aparecer mais forte e constante com o feminismo. Bem, esta implicância é resultado exatamente de ser com o feminismo que estes desvios, que você concorda que existam, chegaram mais longe até agora: e eu acho que o exemplo Bombril que o Uili trouxe (não li ainda o texto do DBohr, mas vou ler) não deixa grandes dúvidas quanto a isso.

DBohr, eu também não sei se já conheci alguma feminazi, mas acho que boa parte do discurso que leio na mídia ou que ouço nas conversas cotidianas é feminazi. Talvez porque o pensamento feminazi já esteja tão incorporado que não precise mais ser tão nazi, digo, não precise mais (ou ainda) ser defendido de forma tão violenta.

Eu acho que o paralelo (como no caso da Maeve) é com a nossa posição em relação à religião: é tão comum a gente encontrar (pelo menos em relação à população de classe média, nas favelas e bairros mais pobres o pentecostalismo é forte e a história é outra) pessoas que possamos considerar extremistas religiosas? Não, né?

O grosso de nossa população é de moderados... talvez você pudesse dizer que nunca bateu com um religionazi... mas tenho certeza que se puxar pela memória você vai ver uma série de decisões judiciais e atos políticos que te fazem pensar "como num lugar de tanta gente moderada religiosamente atos tão exdrúxulos podem ser tão bem aceitos?".

É que se estamos numa sociedade em que a grande maioria acha normal e aceitável que o Estado mantenha com seus cofres milhares de templos e monumentos católicos, que secretarias de educação obriguem crianças a participar de cultos nas escolas ou que pais cometam pequenas agressões com o fim de levar o filho à missa... então a necessidade de um religioso ser extremista é insignificante.

1985, não, definitivamente não era isso: era apenas para me defender de antemão contra qualquer provável acusação de racismo que viesse. Se você der uma relida nos comentários do Buckaroo e do Diego vai perceber que eles compreenderam perfeitamente o motivo da menção à quantidade de melanina na minha pele, portanto: este trecho não estava ininteligível.

Diego, sim: também pensei nisso depois que li, mas preferi deixar assim memso. Sim, este trecho realmente leva à dúbia interpretação que você apresentou (ao contrário do que o que eu acabei de comentar), mas apesar de concordar, neste caso, com a ambiguidade e com a piada :D acho que também dá pra entender. A idéia era algo como "não odeio os negros, inclusive sou negro; e também não odeio os gays, inclusive apóio muitas das suas causas... mas isso não me impede de me posicionar contra determinados pontos do discurso padrão dos movimento negro ou GLTB.".

E... ahhh, você entendeu porra: só não quis perder a chance de me dar uma cantada :)
« Última modificação: 11 de Maio de 2011, 09:04:53 por Donatello van Dijck »

Offline Liddell Heart

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Re: Em nome da Igualdade
« Resposta #22 Online: 10 de Maio de 2011, 19:21:45 »
Respostas soltas e mais ou menos cronológicas:

Lindell, não encontrei o nexo entre o suposto controle estatal da mídia e as críticas do texto, pelo contrário, eu acho muito mais notável nestes casos uma posição estatal sendo tomada (as vezes apressadamente) à reboque de algum surto midiático sobre algum tema. E além do mais: será que todas as mídias do Ocidente são controladas pelos respectivos governos? Porque as idéias sobre igualdade tanto de gênero quanto de raça quanto de opção sexual são um tanto quanto homogêneas (tanto as pra bem quanto as pra mal, mais pra bem que pra mal, não estou dizendo o contrário e eu acho que alguns me entenderam: eu não acho que o Magreb esteja melhor que a América do Norte na forma que trata a diversidade de gêneros ou a diversidade de sexualidade)

Eu falei sobre o post acima do meu, do uiliníli. Tipo, quando acabar o monopólio do Estado nos meios de comunicação, e todos os canais/redes forem "privados", haverá menos problemas do tipo. Os canais ofensivos a um grupo, por exemplo, poderão continuar a ser ofensivos, pois as redes já não serão públicas, mas sim particulares.
Entendeu?  :?
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Offline DDV

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Re: Em nome da Igualdade
« Resposta #23 Online: 10 de Maio de 2011, 19:44:50 »
Discordo sobre o direito das minorias de não serem criticadas, por mais repulsiva que seja a ofensa. Isso viola a liberdade de expressão.
Sobre a liberdade de expressão: por que o uso de símbolos nazistas como a suástica, entre outros, é proibido em várias democracias enquanto a foice e o martelo são permitidos? Não são todos símbolos de regimes totalitários? O totalitarismo comunista foi menos pior? As (milhões de) vítimas de Stalin, Mao e Pol Pot sofreram menos que as (milhões de) vítimas do nazismo?
Em tempo:http://metafisicadoconsumo.blogspot.com/2011/05/quem-quer-um-boneco-nazista-de-r-800.htmlIntrigante mesmo é o Himmler sair mais caro que o Führer! :umm: ::)
Acho que na Folha Online a reportagem mostra a foto dos brinquedinhos, mas como não sou assinante... :no:

A questão principal é o racismo.

Mesmo que o comunismo na prática tenha causado mais sofrimento, mortes, destruições e atraso do que o nazismo, a teoria por trás do comunismo é menos feia, pois prega a igualdade das pessoas ao invés da superioridade de uma raça.

Não acredite em quem lhe disser que a verdade não existe.

"O maior vício do capitalismo é a distribuição desigual das benesses. A maior virtude do socialismo é a distribuição igual da miséria." (W. Churchill)

Offline Donatello

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Re: Em nome da Igualdade
« Resposta #24 Online: 10 de Maio de 2011, 19:46:04 »
Ahhh sim, Lindell, foi mal :). Mas, de qualquer modo, esta questão não é regulamentada pelo governo: o Conar não é governamental, pelo contrário: é um órgão empresarial que tem como função regulamentar e policiar as atividades da próprias empresas que o compõem.

É formado por uma associação entre empresas do ramo de comunicação social que exerce muito mal, mas muito mal mesmo, a função do controle dos abusos de propaganda (e não digo nem destes, quanto a propagandas consideradas ofensivas, mas coisa muito mais importante como coibir propagandas enganosas tipo aquelas promoções de tv por assinatura que anunciam as vantagens do pacote mais caro com preço do mais barato e por aí vai).

Ahhh, também acho que não deveria haver sanção legal à Bombril (exceto a sanção feita por cada um que não gostou, de evitar produtos da empresa) nem proibição ao comercial.

Mas se lembrarmos que a provavelmente mais famosa medida do Conar foi a proibição da propaganda da Devassa no carnaval do ano passado por terem-na considerada ofensiva demais às mulheres e que pouco mais um ano depois eles consideraram que a propaganda da Bombril não tinha nada de ofensivo a ninguém...

 

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