Autor Tópico: É o Ateísmo uma Religião?  (Lida 7990 vezes)

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Offline Gaúcho

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Re: É o Ateísmo uma Religião?
« Resposta #50 Online: 20 de Junho de 2011, 07:53:03 »
Ateismo é simplesmente não acreditar na existência de deus(es). Não existem graus, níveis ou tipos de ateismo, não importa o quanto você queira que existam para poder se encaixar em algum e adicionar mais uma "ideologia" em sua vida.

Como já falaram antes, ateismo não é uma ideologia, não é nem mesmo uma visão de mundo, é apenas a constatação do óbvio.
"— A democracia em uma sociedade livre exige que os governados saibam o que fazem os governantes, mesmo quando estes buscam agir protegidos pelas sombras." Sérgio Moro

Offline Adriano

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Re: É o Ateísmo uma Religião?
« Resposta #51 Online: 20 de Junho de 2011, 08:29:05 »
É óbvio. E essa foi direta para mim. Mas fique tranquilo, não contesto estes dogmas ateus. Cada ateu faz o seu ateísmo, e nem o meu é uma religião, como já expliquei neste tópico. Só uso o sentido positivo do conceito de religião em alguns momentos, como acontece até com Dawkins nos seus livros. Assim como eu entendi o cristianismo ateu do uilinili. Sem dramatização ateista, morrendo de medo se  comparar aos crentes  :P

Tem crentes legais e até mesmo melhores que ateus, isso é um consenso por aqui. E podem até fazer ciência  :)
Princípio da descrença.        Nem o idealismo de Goswami e nem o relativismo de Vieira. Realismo monista.

Offline Gaúcho

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Re: É o Ateísmo uma Religião?
« Resposta #52 Online: 20 de Junho de 2011, 09:01:02 »
Você fala que é óbvio, mas duas palavras depois fala em "dogmas ateus" e "tipos de ateismo", mostrando que o óbvio, na verdade, é que você falha em perceber o óbvio. Teu ateismo não é diferente do ateismo de nenhuma outra pessoa, simplesmente porque não tem como tu não acreditar em deus(es) de uma maneira diferente da maneira que eu não acredito, por exemplo.

Se você tem uma maneira particular de agir, viver, conversar, respirar, cozinhar ou de fazer qualquer outra coisa, e atribui isso ao seu ateismo, você pode inventar uma nova palavra pra isso, mas não pode chamar isso de ateismo, pois ateismo é uma palavra que já existe, e já tem um significado bem simples e definido.
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Offline Adriano

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Re: É o Ateísmo uma Religião?
« Resposta #53 Online: 20 de Junho de 2011, 09:17:53 »
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Você fala que é óbvio, mas duas palavras depois fala em "dogmas ateus" e "tipos de ateismo", mostrando que o óbvio, na verdade, é que você falha em perceber o óbvio. Teu ateismo não é diferente do ateismo de nenhuma outra pessoa, simplesmente porque não tem como tu não acreditar em deus(es) de uma maneira diferente da maneira que eu não acredito, por exemplo.
Realmente a descrença é algo totalmente uniforme e não tem variação alguma de pessoa para pessoa  ::)

É aquela história, ninguém acredita em deus, já que não existe, nem mesmo os crentes, eles apenas tem uma crença, que é algo errado sobre o mundo, uma falha em perceber a realidade mostrada pela ciência, que é o óbvio, demonstrado empiricamente e perfeitamente falseável.

Se você tem uma maneira particular de agir, viver, conversar, respirar, cozinhar ou de fazer qualquer outra coisa, e atribui isso ao seu ateismo, você pode inventar uma nova palavra pra isso, mas não pode chamar isso de ateismo, pois ateismo é uma palavra que já existe, e já tem um significado bem simples e definido.
As palavras que utilizei, para este meu fanatismo ateísta e que você mesmo percebe e contraditoriamente aponta, foi primeiramente de crença na inexistência de deus e posteriormente de religiosidade ateísta.
« Última modificação: 20 de Junho de 2011, 09:22:11 por Adriano »
Princípio da descrença.        Nem o idealismo de Goswami e nem o relativismo de Vieira. Realismo monista.

Offline Luiz Fabris

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Re: É o Ateísmo uma Religião?
« Resposta #54 Online: 20 de Junho de 2011, 10:46:04 »
Ateísmo está longe do conceito de religião
Religião, qualquer uma das 3.000 existentes, tem sempre o sentido de [/i]re-ligare[/i], ou seja, a reunião entre o humano e um suposto plano metafísico sobrenatural. Como ateus não acreditam em tal plano, o ateu não tem a quem se "religar".
Ateísmo também não é postura política e nenhuma forma de regime jamais se instituiu pelo ateísmo em si, embora algumas ideologias políticas tenham o ateísmo como característica. O problema é que a ideologia principal tende a se tornar uma forma de "religião", com dogmas, cultos e rituais. Isto foi o que aconteceu com o socialismo real.
A base filosófica do ateísmo é o ceticismo, no sentido de não se aceitar nenhuma forma de crença a priori e de não considerar verdadeiro algo que se demonstre abaixo das probabilidades aleatórias.
O ateísmo se embasa no ceticismo.
É importante dizer que o ateísmo "forte" assume como válida a generalização de uma idéia jamais demonstrada - a inexistência de deuses, divindades ou planos sobrenaturais.
Os agnósticos, por outro lado, mantém ainda a janela da dúvida, não concluindo sobre o gema, generalizando-o.
Deuses e planos sobrenaturais jamais foram demonstrados e, usualmente, os crentes afirmam que também foram negados, sabendo que, em uma postura naturalista, a uma negativa não pode ser provada. Esquecem-se, porém, que toda a proposição de divindades nasce de uma postura dialética, que pode facilmente ser destruída. O deus da mitologia abrâmica é o mais fácil de ser refutado, já que suas próprias alegadas características o tornam inviável.
Ou seja: os crentes não conseguem demonstrar a existência da entidade que acreditam utilizando metodologia baseada em naturalismo e também não conseguem sustentar a validade filosófica da mesma.
Resta-lhes, como alternativa lógica, apenas o ateísmo.
A diferença entre a inteligência e a ignorância é que a inteligência tem limite

Offline Gaúcho

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Re: É o Ateísmo uma Religião?
« Resposta #55 Online: 20 de Junho de 2011, 12:46:31 »
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Você fala que é óbvio, mas duas palavras depois fala em "dogmas ateus" e "tipos de ateismo", mostrando que o óbvio, na verdade, é que você falha em perceber o óbvio. Teu ateismo não é diferente do ateismo de nenhuma outra pessoa, simplesmente porque não tem como tu não acreditar em deus(es) de uma maneira diferente da maneira que eu não acredito, por exemplo.

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Realmente a descrença é algo totalmente uniforme e não tem variação alguma de pessoa para pessoa  ::)

Pessoas não acreditam em Papai Noel de jeitos diferentes? Seria legal você dar um exemplo de como podemos simplesmente não acreditar em algo de mais de uma maneira do que simplesmente não acreditar.

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É aquela história, ninguém acredita em deus, já que não existe, nem mesmo os crentes, eles apenas tem uma crença, que é algo errado sobre o mundo, uma falha em perceber a realidade mostrada pela ciência, que é o óbvio, demonstrado empiricamente e perfeitamente falseável.

Oi?
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Offline Hitsuomy

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Re: É o Ateísmo uma Religião?
« Resposta #56 Online: 20 de Junho de 2011, 14:42:15 »
Ateísmo está longe do conceito de religião
Religião, qualquer uma das 3.000 existentes, tem sempre o sentido de [/i]re-ligare[/i], ou seja, a reunião entre o humano e um suposto plano metafísico sobrenatural. Como ateus não acreditam em tal plano, o ateu não tem a quem se "religar".
Ateísmo também não é postura política e nenhuma forma de regime jamais se instituiu pelo ateísmo em si, embora algumas ideologias políticas tenham o ateísmo como característica. O problema é que a ideologia principal tende a se tornar uma forma de "religião", com dogmas, cultos e rituais. Isto foi o que aconteceu com o socialismo real.
A base filosófica do ateísmo é o ceticismo, no sentido de não se aceitar nenhuma forma de crença a priori e de não considerar verdadeiro algo que se demonstre abaixo das probabilidades aleatórias.
O ateísmo se embasa no ceticismo.
É importante dizer que o ateísmo "forte" assume como válida a generalização de uma idéia jamais demonstrada - a inexistência de deuses, divindades ou planos sobrenaturais.
Os agnósticos, por outro lado, mantém ainda a janela da dúvida, não concluindo sobre o gema, generalizando-o.
Deuses e planos sobrenaturais jamais foram demonstrados e, usualmente, os crentes afirmam que também foram negados, sabendo que, em uma postura naturalista, a uma negativa não pode ser provada. Esquecem-se, porém, que toda a proposição de divindades nasce de uma postura dialética, que pode facilmente ser destruída. O deus da mitologia abrâmica é o mais fácil de ser refutado, já que suas próprias alegadas características o tornam inviável.
Ou seja: os crentes não conseguem demonstrar a existência da entidade que acreditam utilizando metodologia baseada em naturalismo e também não conseguem sustentar a validade filosófica da mesma.
Resta-lhes, como alternativa lógica, apenas o ateísmo.
Hun... acho que conseguiu pegar o ponto realmente, eu concordo que nao seja realmente uma religiao no sentido da palavra religiao já que nao ha a presença do metafisico.

Offline Salazar

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Re: É o Ateísmo uma Religião?
« Resposta #57 Online: 20 de Junho de 2011, 15:45:26 »
Pessoas não acreditam em Papai Noel de jeitos diferentes? Seria legal você dar um exemplo de como podemos simplesmente não acreditar em algo de mais de uma maneira do que simplesmente não acreditar.
Podemos diferenciar dois padrões diferentes no ateísmo moderno.
Uma mantem uma postura cética, duvidando, e não negando. Essa postura apenas diz que não acredita pois ainda não foram apresentadas evidencias contundentes a favor da hipótese.
Já a outra é uma postura ativa, negando veementemente qualquer possibilidade da existência de algum deus ou metafisica sobrenaturalista, geralmente não apresentando alguma evidencia convincente para essa generalização.

Ateísmo está longe do conceito de religião
Religião, qualquer uma das 3.000 existentes, tem sempre o sentido de [/i]re-ligare[/i], ou seja, a reunião entre o humano e um suposto plano metafísico sobrenatural. Como ateus não acreditam em tal plano, o ateu não tem a quem se "religar".
Ateísmo também não é postura política e nenhuma forma de regime jamais se instituiu pelo ateísmo em si, embora algumas ideologias políticas tenham o ateísmo como característica. O problema é que a ideologia principal tende a se tornar uma forma de "religião", com dogmas, cultos e rituais. Isto foi o que aconteceu com o socialismo real.
A base filosófica do ateísmo é o ceticismo, no sentido de não se aceitar nenhuma forma de crença a priori e de não considerar verdadeiro algo que se demonstre abaixo das probabilidades aleatórias.
O ateísmo se embasa no ceticismo.
É importante dizer que o ateísmo "forte" assume como válida a generalização de uma idéia jamais demonstrada - a inexistência de deuses, divindades ou planos sobrenaturais.
Os agnósticos, por outro lado, mantém ainda a janela da dúvida, não concluindo sobre o gema, generalizando-o.
Deuses e planos sobrenaturais jamais foram demonstrados e, usualmente, os crentes afirmam que também foram negados, sabendo que, em uma postura naturalista, a uma negativa não pode ser provada. Esquecem-se, porém, que toda a proposição de divindades nasce de uma postura dialética, que pode facilmente ser destruída. O deus da mitologia abrâmica é o mais fácil de ser refutado, já que suas próprias alegadas características o tornam inviável.
Ou seja: os crentes não conseguem demonstrar a existência da entidade que acreditam utilizando metodologia baseada em naturalismo e também não conseguem sustentar a validade filosófica da mesma.
Resta-lhes, como alternativa lógica, apenas o ateísmo.
Ótimo texto.  :ok: :ok:

Offline Adriano

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Re: É o Ateísmo uma Religião?
« Resposta #58 Online: 20 de Junho de 2011, 17:24:51 »
Ateísmo está longe do conceito de religião
Religião, qualquer uma das 3.000 existentes, tem sempre o sentido de [/i]re-ligare[/i], ou seja, a reunião entre o humano e um suposto plano metafísico sobrenatural. Como ateus não acreditam em tal plano, o ateu não tem a quem se "religar".
Ateísmo também não é postura política e nenhuma forma de regime jamais se instituiu pelo ateísmo em si, embora algumas ideologias políticas tenham o ateísmo como característica. O problema é que a ideologia principal tende a se tornar uma forma de "religião", com dogmas, cultos e rituais. Isto foi o que aconteceu com o socialismo real.
Pemita-me apenas desenvolver um pouco sobre o que chamo de ateísmo político, ou o ateísmo marxista. Para Marx, a religião é o ópio do povo e justamente por este fator de alienação para com a realidade que a religião inflige. Por isso a busca de um paraíso celeste deveria ser substituída pelo paraíso socialista.

Porém vou mais longe ainda e digo que pelo ateísmo cético, o de Carl Sagan, a beleza estonteante do universo é muito superior a qualquer tipo de religião. E eu pessoalmente não tenho como negar, por isso digo alegoricamente, que esta "religião ateísta" é muito mais sublime pela sua "verdade revelada". E Sagan tem muito este aspecto religioso com a ciência, que faz parte da "bíblia" ateísta de Dawkins,  o seu primeiro capítulo discorrendo sobre esta religiosidade científica em Sagan e em Einstein.

Porém para compreender esta sublimação do senso de religiosidade, deste religare, é possível com o ateísmo psicológico, mesmo com Freud. É este que demonstra a força dos instintos sexuais (máquinas gênicas replicantes) e seu aproveitamento social para a espécie (a sublimação). Numa tese de biologia e psicanálise, misturam Freud, Dawkins e Dennett, genial  :P


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Realmente a descrença é algo totalmente uniforme e não tem variação alguma de pessoa para pessoa  ::)
Pessoas não acreditam em Papai Noel de jeitos diferentes? Seria legal você dar um exemplo de como podemos simplesmente não acreditar em algo de mais de uma maneira do que simplesmente não acreditar.
Para simplificar de forma objetiva e diferenciar o meu ateísmo, este vai além de Dawkins e Sagan, e é neste ponto que se diferencia, pois engloba Marx, Freud, Feuerbach, Onfray, entre outros. E estas pessoas tem no ateísmo um traço marcante de suas vidas, queira você ou não  :wink:
« Última modificação: 20 de Junho de 2011, 17:31:47 por Adriano »
Princípio da descrença.        Nem o idealismo de Goswami e nem o relativismo de Vieira. Realismo monista.

Offline Cumpadi

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Re: É o Ateísmo uma Religião?
« Resposta #59 Online: 20 de Junho de 2011, 18:46:00 »
Só para concluir o problema da "crença" na não existência de deus. Dizer que um ateu tem essa crença é válido, mas só quando isso é dito a partir de um não-ateu. Por exemplo, quando Einstein elaborou a teoria da relatividade, para fins de eficiência de comunicação ele poderia dizer que acredita que a velocidade dos corpos não é absoluta. Reforço, isso só faz sentido para quando temos opniões divergentes, e mesmo assim, apenas para fins de uma comunicação mais eficiente. Usar isso de forma pejorativa, ou para colocar ateísmo no mesmo patamar de religiões não é válido, pois esse "patamar" não é mensurado por essa definição, mas sim pelas justificativas que uma pessoa tem para acreditar em algo.

Editado: acertei a posição do não.
« Última modificação: 20 de Junho de 2011, 22:41:37 por parcus »
http://tomwoods.com . Venezuela, pode ir que estamos logo atrás.

Offline Salazar

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Re: É o Ateísmo uma Religião?
« Resposta #60 Online: 20 de Junho de 2011, 18:59:07 »
Só para concluir o problema da "crença" na não existência de deus. Dizer que um ateu tem essa crença é válido, mas só quando isso é dito a partir de um não-ateu. Por exemplo, quando Einstein elaborou a teoria da relatividade, para fins de eficiência de comunicação ele poderia dizer que não acredita que a velocidade dos corpos é absoluta. Reforço, isso só faz sentido para quando temos opniões divergentes, e mesmo assim, apenas para fins de uma comunicação mais eficiente. Usar isso de forma pejorativa, ou para colocar ateísmo no mesmo patamar de religiões não é válido, pois esse "patamar" não é mensurado por essa definição, mas sim pelas justificativas que uma pessoa tem para acreditar em algo.
Exato.

Offline Luiz Fabris

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Re: É o Ateísmo uma Religião?
« Resposta #61 Online: 21 de Junho de 2011, 07:28:31 »
Pemita-me apenas desenvolver um pouco sobre o que chamo de ateísmo político, ou o ateísmo marxista.
Permita-me discordar totalmente de suas definições, já que elas me parecem totalmente nonsense. Ateísmo, por definição, é apenas e tão somente a não crença em deuses. Ponto! Ateísmo é uma definição polar (tipo sim/não) e nenhuma definição desse tipo admite qualquer tipo de qualificativo. Não existe, portanto, isso que define como "ateísmo político" ou "ateísmo psicológico". Seria o mesmo que definir coisas como "ausência vermelha" ou "inexistência verde", o que só é possível como licença poética.

Para Marx, a religião é o ópio do povo e justamente por este fator de alienação para com a realidade que a religião inflige. Por isso a busca de um paraíso celeste deveria ser substituída pelo paraíso socialista.
Marx publicou seus estudos durante o auge da revolução industrial, período em que os trabalhadores e a classe proletária não gozavam de direito algum e em uma época em que os estados europeus finalmente começavam a tomar forma (unificações alemã e italiana, definição de espaços étnicos europeus, etc). Marx explica claramente o papel da religião como um dos artifícios de dominação sobre os povos (ele ainda não conhecia a mídia de massa...). A menção ao ateísmo, como postura filosófica, é muito pequena, na obra de Marx.

Porém vou mais longe ainda e digo que pelo ateísmo cético, o de Carl Sagan, a beleza estonteante do universo é muito superior a qualquer tipo de religião.
Primeiramente, todo ateísmo é, necessariamente, cético (ou então será apenas uma opção vazia). A postura de Sagan, em relação à ciência é de deslumbramento frente ao que ela descobre e conclui. Muitos cientistas (entre eles Einstein, que era deísta) experimentam esse mesmo sentimento. Incluo-me nessa lista. Em minha opinião, existe muito mais poesia na realidade do que na fantasia e no sonho.

E eu pessoalmente não tenho como negar, por isso digo alegoricamente, que esta "religião ateísta" é muito mais sublime pela sua "verdade revelada". E Sagan tem muito este aspecto religioso com a ciência, que faz parte da "bíblia" ateísta de Dawkins,  o seu primeiro capítulo discorrendo sobre esta religiosidade científica em Sagan e em Einstein.
Maravilhar-se é muito diferente do que o zelo religioso. A maior homenagem que se pode prestar à ciência é justamente duvidar de suas conclusões, continuar pesquisando e admitir que o método científico não inclui a verdade absoluta e que tudo o que afirmamos hoje pode ser questionado amanhã, pelo próprio método da ciência. A verdade absoluta é totalmente acientífica e não existem respostas fáceis em nenhum campo de pesquisa. Se você quiser a certeza e a resposta fácil, procure uma religião.
Minha opinião sobre Dawkins (e eu poderia incluir, também, Dennett, Harris e Huitchens): ele é um cientista de contribuições modestas e que toma o ateísmo como uma cruzada. Penso que isso é pura perda de energia. Deixe quietinho e as religiões tornam-se irrelevantes, como se pode observar pela situação atual das mesmas na Europa. O grande problema dos 4 cavaleiros reside na impaciência e intolerância que os mesmos têm com o ser humano (submetido a milhares de anos de religião). Além disso, utilizam-se do mesmo tipo de discurso e pregação usado pelos pastores fundamentalistas. Há uma enorme distância entre Dawkins e Sagan: a distância da compreensão do ambiente humano.

Porém para compreender esta sublimação do senso de religiosidade, deste religare, é possível com o ateísmo psicológico, mesmo com Freud. É este que demonstra a força dos instintos sexuais (máquinas gênicas replicantes) e seu aproveitamento social para a espécie (a sublimação). Numa tese de biologia e psicanálise, misturam Freud, Dawkins e Dennett, genial  :P
Nada disso deveria ser misturado, não é mesmo? Sugiro, também, que reestude as obras de Freud para entender a diferença entre sublimação sexual e a projeção da ciência ao sublime, produzida por Sagan (o qual jamais propôs essa forma de sublimação como mecanismo fisiológico).

Para simplificar de forma objetiva e diferenciar o meu ateísmo, este vai além de Dawkins e Sagan, e é neste ponto que se diferencia, pois engloba Marx, Freud, Feuerbach, Onfray, entre outros. E estas pessoas tem no ateísmo um traço marcante de suas vidas, queira você ou não  :wink:
O fato de uma ou mais pessoas terem o ateísmo como traço marcante de suas vidas é totalmente irrelevante. Isso não passa de puro argumento de autoridade.
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Offline Gaúcho

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Re: É o Ateísmo uma Religião?
« Resposta #62 Online: 21 de Junho de 2011, 07:57:09 »
Pemita-me apenas desenvolver um pouco sobre o que chamo de ateísmo político, ou o ateísmo marxista.
Permita-me discordar totalmente de suas definições, já que elas me parecem totalmente nonsense. Ateísmo, por definição, é apenas e tão somente a não crença em deuses. Ponto! Ateísmo é uma definição polar (tipo sim/não) e nenhuma definição desse tipo admite qualquer tipo de qualificativo. Não existe, portanto, isso que define como "ateísmo político" ou "ateísmo psicológico". Seria o mesmo que definir coisas como "ausência vermelha" ou "inexistência verde", o que só é possível como licença poética.
Exatamente isso.
"— A democracia em uma sociedade livre exige que os governados saibam o que fazem os governantes, mesmo quando estes buscam agir protegidos pelas sombras." Sérgio Moro

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Re: É o Ateísmo uma Religião?
« Resposta #63 Online: 21 de Junho de 2011, 08:53:47 »
Permita-me discordar totalmente de suas definições, já que elas me parecem totalmente nonsense. Ateísmo, por definição, é apenas e tão somente a não crença em deuses. Ponto! Ateísmo é uma definição polar (tipo sim/não) e nenhuma definição desse tipo admite qualquer tipo de qualificativo. Não existe, portanto, isso que define como "ateísmo político" ou "ateísmo psicológico". Seria o mesmo que definir coisas como "ausência vermelha" ou "inexistência verde", o que só é possível como licença poética.
Fique a vontade para discordar das minhas definições assim como eu discordo das suas. Primeiramente cada ateu tem o seu ateísmo e poder ficar nesse ateísmo dogmático e simplificado, segundo a minha modesta opinião  :)

A poesia e a arte representam aspectos importantes da humanidade, ajudando na sua criatividade e conseguentemente no avanço científico, como postulou Herbert Spencer no embasamento de sua psicologia.

Para Marx, a religião é o ópio do povo e justamente por este fator de alienação para com a realidade que a religião inflige. Por isso a busca de um paraíso celeste deveria ser substituída pelo paraíso socialista.
Marx publicou seus estudos durante o auge da revolução industrial, período em que os trabalhadores e a classe proletária não gozavam de direito algum e em uma época em que os estados europeus finalmente começavam a tomar forma (unificações alemã e italiana, definição de espaços étnicos europeus, etc). Marx explica claramente o papel da religião como um dos artifícios de dominação sobre os povos (ele ainda não conhecia a mídia de massa...). A menção ao ateísmo, como postura filosófica, é muito pequena, na obra de Marx.
Pequena porém muito contundente. Ele demonstra este aspecto de desilusão com a realidade, de desgosto com ela e a aceitação das maravilhas da fantasia como uma forma de amenizar este sofrimento. Por isso a associação da religião com o ópio.

Porém vou mais longe ainda e digo que pelo ateísmo cético, o de Carl Sagan, a beleza estonteante do universo é muito superior a qualquer tipo de religião.
Primeiramente, todo ateísmo é, necessariamente, cético (ou então será apenas uma opção vazia). A postura de Sagan, em relação à ciência é de deslumbramento frente ao que ela descobre e conclui. Muitos cientistas (entre eles Einstein, que era deísta) experimentam esse mesmo sentimento. Incluo-me nessa lista. Em minha opinião, existe muito mais poesia na realidade do que na fantasia e no sonho.
Também já me opus a esta definição de ateísmo cético com o ateísmo dogmático. Eu não tenho dúvida alguma de que deus não é um ser real. A postura de Sagan é também um argumento de autoridade que gostamos de utilizar no meio cético. A sua base psicológica é muito fraca e fácil de derrubar, como a sua utilização da falácia do argumento de autoridade, que já é uma falácia por si própria, é uma regra do ceticismo de Sagan.


E eu pessoalmente não tenho como negar, por isso digo alegoricamente, que esta "religião ateísta" é muito mais sublime pela sua "verdade revelada". E Sagan tem muito este aspecto religioso com a ciência, que faz parte da "bíblia" ateísta de Dawkins,  o seu primeiro capítulo discorrendo sobre esta religiosidade científica em Sagan e em Einstein.
Maravilhar-se é muito diferente do que o zelo religioso. A maior homenagem que se pode prestar à ciência é justamente duvidar de suas conclusões, continuar pesquisando e admitir que o método científico não inclui a verdade absoluta e que tudo o que afirmamos hoje pode ser questionado amanhã, pelo próprio método da ciência. A verdade absoluta é totalmente acientífica e não existem respostas fáceis em nenhum campo de pesquisa. Se você quiser a certeza e a resposta fácil, procure uma religião.
Esse tipo de argumento que me parece ser um terço ateísta, com direito a uma ética de humildade diante da grande realidade desconhecida. Para mim a ciência é a certeza, é a verdade absoluta, é o conhecimento real. Já a religião é a mentira, é a enganação, é a resposta errada. Não significa ser fácil ou difícil, pois o conhecimento científico é bem disponível e faz parte do nosso embasamento em nossas discussões nó fórum, por exemplo, além das produções acadêmicas que são científicas também.

Minha opinião sobre Dawkins (e eu poderia incluir, também, Dennett, Harris e Huitchens): ele é um cientista de contribuições modestas e que toma o ateísmo como uma cruzada. Penso que isso é pura perda de energia. Deixe quietinho e as religiões tornam-se irrelevantes, como se pode observar pela situação atual das mesmas na Europa. O grande problema dos 4 cavaleiros reside na impaciência e intolerância que os mesmos têm com o ser humano (submetido a milhares de anos de religião). Além disso, utilizam-se do mesmo tipo de discurso e pregação usado pelos pastores fundamentalistas. Há uma enorme distância entre Dawkins e Sagan: a distância da compreensão do ambiente humano.
Então você está validando uma resposta positiva ao tópico e relacionando o comportamento destes como tipicamente religioso. Este é um entendimento comum sobre estes autores e que não se restringe aos crentes, como logo afirmaram acima. Porém somos, aqui, inúmeros leitores que apreciam os livros destes ícones do ateísmo. Sagan não era propriamente ateu, estava mais para agnóstico, daí o enfoque no cetismo científico.

Porém para compreender esta sublimação do senso de religiosidade, deste religare, é possível com o ateísmo psicológico, mesmo com Freud. É este que demonstra a força dos instintos sexuais (máquinas gênicas replicantes) e seu aproveitamento social para a espécie (a sublimação). Numa tese de biologia e psicanálise, misturam Freud, Dawkins e Dennett, genial  :P
Nada disso deveria ser misturado, não é mesmo? Sugiro, também, que reestude as obras de Freud para entender a diferença entre sublimação sexual e a projeção da ciência ao sublime, produzida por Sagan (o qual jamais propôs essa forma de sublimação como mecanismo fisiológico).
Tudo é misturado. E a mistura é para saber separar bem tudo. A sublimação não é um mecanismo fisiológico e sim psicológico. O que liga o fisiológico ao psicológico que é abordado na tese e de maneira muito brilhante. Mas não se preocupe, a psicologia cognitiva me aguarda  :)

Mas Sagan é especial mesmo, eu o tenho como um gênio, principalmente na divulgação científica (assim como o Dawkins). Estes dominaram a mídia televisiva, depois do sucesso de seus livros, e transmitiram a informação que científica que detinham com grande sucesso. 

Para simplificar de forma objetiva e diferenciar o meu ateísmo, este vai além de Dawkins e Sagan, e é neste ponto que se diferencia, pois engloba Marx, Freud, Feuerbach, Onfray, entre outros. E estas pessoas tem no ateísmo um traço marcante de suas vidas, queira você ou não  :wink:
O fato de uma ou mais pessoas terem o ateísmo como traço marcante de suas vidas é totalmente irrelevante. Isso não passa de puro argumento de autoridade.
É como eu disse acima. Uma regra da listinha de falácias do Mundo assombrado pelos demônios é muito simplista. O histórico disto é que ficamos tentando enquadrar os argumentos alheios em alguma possível falha deste mandamentos do argumento perfeito.

Mas de qualquer forma, agradeço as suas respostas e me sinto honrado. Sei que você é das antigas por aqui e já ouvi histórias destes tempos nos encontros  :lol:
Princípio da descrença.        Nem o idealismo de Goswami e nem o relativismo de Vieira. Realismo monista.

Offline lusitano

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Re: É o Ateísmo uma Religião?
« Resposta #64 Online: 02 de Agosto de 2011, 17:51:04 »
Luiz Fabris - escreveu:

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Ateísmo está longe do conceito de religião

Religião, qualquer uma das 3.000 existentes, tem sempre o sentido de re-ligare, ou seja, a reunião entre o humano e um suposto plano metafísico sobrenatural. Como ateus não acreditam em tal plano, o ateu não tem a quem se "religar".

Ateísmo também não é postura política e nenhuma forma de regime jamais se instituiu pelo ateísmo em si, embora algumas ideologias políticas tenham o ateísmo como característica. O problema é que a ideologia principal tende a se tornar uma forma de "religião", com dogmas, cultos e rituais. Isto foi o que aconteceu com o socialismo real.

Leia sobre a religião da Humanidade e verá que está enganado na sua interpretação da palavra religião, apenas como uma forma de ligar os humanos a entidades sobrenaturais.

Um homem pode religar-se com os outros homens e até mesmo com o universo natural.

O sentimento pátrio, é um exemplo perfeito dessa religação.

Auguste Comte, partiu dum postulado "absolutamente" ateu, para criar a sua igreja.

Ademais, nem tod'os deuses são sobrenaturais.

O ateismo, transforma-se numa religião, a partir do momento em que um grupo de ateus, decide comungar do "mesmo adeismo" e reunir-se para conviver e formar um clube céptico como este.
 
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Vamos a ver se é desta vez que eu acerto, na compreensão do sistema.

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Offline Mahul

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Re: É o Ateísmo uma Religião?
« Resposta #65 Online: 02 de Agosto de 2011, 19:23:49 »
Ateísmo está longe do conceito de religião
Religião, qualquer uma das 3.000 existentes, tem sempre o sentido de [/i]re-ligare[/i], ou seja, a reunião entre o humano e um suposto plano metafísico sobrenatural. Como ateus não acreditam em tal plano, o ateu não tem a quem se "religar".
Ateísmo também não é postura política e nenhuma forma de regime jamais se instituiu pelo ateísmo em si, embora algumas ideologias políticas tenham o ateísmo como característica. O problema é que a ideologia principal tende a se tornar uma forma de "religião", com dogmas, cultos e rituais. Isto foi o que aconteceu com o socialismo real.
A base filosófica do ateísmo é o ceticismo, no sentido de não se aceitar nenhuma forma de crença a priori e de não considerar verdadeiro algo que se demonstre abaixo das probabilidades aleatórias.
O ateísmo se embasa no ceticismo.
É importante dizer que o ateísmo "forte" assume como válida a generalização de uma idéia jamais demonstrada - a inexistência de deuses, divindades ou planos sobrenaturais.
Os agnósticos, por outro lado, mantém ainda a janela da dúvida, não concluindo sobre o gema, generalizando-o.
Deuses e planos sobrenaturais jamais foram demonstrados e, usualmente, os crentes afirmam que também foram negados, sabendo que, em uma postura naturalista, a uma negativa não pode ser provada. Esquecem-se, porém, que toda a proposição de divindades nasce de uma postura dialética, que pode facilmente ser destruída. O deus da mitologia abrâmica é o mais fácil de ser refutado, já que suas próprias alegadas características o tornam inviável.
Ou seja: os crentes não conseguem demonstrar a existência da entidade que acreditam utilizando metodologia baseada em naturalismo e também não conseguem sustentar a validade filosófica da mesma.
Resta-lhes, como alternativa lógica, apenas o ateísmo.
Perfeito esse pequeno texto. :ok:
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Offline lusitano

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Re: É o Ateísmo uma Religião?
« Resposta #66 Online: 03 de Agosto de 2011, 05:41:23 »
Mahul - disse:

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Esquecem-se, porém, que toda a proposição de divindades nasce de uma postura dialética, que pode facilmente ser destruída. O deus da mitologia abrâmica é o mais fácil de ser refutado, já que suas próprias alegadas características o tornam inviável.

Concordo :!:

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Ou seja: os crentes não conseguem demonstrar a existência da entidade que acreditam utilizando metodologia baseada em naturalismo e também não conseguem sustentar a validade filosófica da mesma.
Resta-lhes, como alternativa lógica, apenas o ateísmo.

Aqui discordo totalmente :no: Se como acima você diz, toda a proposição divinista - nasce duma postura dialéctica - então tod'a concepção de deus, baseia-se numa aceitação consensual, fundamentada numa persuação argumentativa.

Desde que surja um consenso, nasce uma divindade...
 
Ora parece-me que nem todas as divindades, são sobrenaturais e algumas alicerçam-se num conceito lógico de racionalidade comparada.

Acontece, que consensualmente, os homens são animais racionais; portanto são deuses naturais, porque certos grupos humanos estabeleceram por unanimidade, que ser "deus", é o mesmo que ser humano e animal racional...

Logo você é uma divindade natural, embora afirme a inexistência de deus.

Com mais rigor, você é um deus "ateu", que não se reconhece como deus.

Atrevo-me a sugerir-lhe, que leia um pouco sobre Auguste Comte, Descartes, Espinosa, Feuerbach, Hegel e hilozoismo... :)

Especulativamente - artur 

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