Autor Tópico: Irritar motoristas faz parte da política urbana em boa parte da Europa  (Lida 5983 vezes)

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Irritar motoristas faz parte da política urbana em boa parte da Europa

Enquanto cidades americanas sincronizam faróis verdes para melhorar o fluxo do tráfego e oferecem aplicativos para ajudar motoristas a encontrar lugares para estacionar, muitas cidades europeias vêm fazendo o contrário: criando ambientais abertamente hostis aos carros. Os métodos variam, mas a missão é clara: encarecer e dificultar o uso do carro, visando pressionar os motoristas a optar por tipos mais ecológicos de transporte.

Viena, Munique, Copenhague e outras cidades já fecharam grandes trechos de ruas para o tráfego de automóveis. Em Barcelona e Paris, as pistas para automóveis vêm sendo reduzidas pelo aumento dos programas populares de aluguel de bicicletas. Em Londres e Estocolmo, os motoristas precisam pagar taxas polpudas de congestionamento simplesmente para entrar no centro da cidade com seus veículos. E, nos últimos dois anos, dezenas de cidades da Alemanha passaram a fazer parte de uma rede nacional de "zonas ambientais" nas quais só podem entrar carros com emissões baixas de dióxido de carbono.

As cidades que aderem a essas políticas recebem novos shopping centers e prédios de apartamentos de braços abertos, mas limitam fortemente o número possível de vagas de estacionamento. A possibilidade de estacionar na rua está deixando de existir. Nos últimos anos, até mesmo capitais automobilísticas como Munique vêm se convertendo em "paraísos para os caminhantes", disse Lee Schipper, engenheiro sênior de pesquisas na Universidade Stanford e especialista em transportes sustentáveis.

"Nos Estados Unidos, a tendência tem sido muito mais de adaptar as cidades para receber carros", disse Peder Jensen, diretor do Grupo de Energia e Transportes da Agência Ambiental Europeia. "Aqui vêm ocorrendo mais movimentos para tornar as cidades mais vivíveis para as pessoas e relativamente livres de automóveis."

Com essa finalidade em vista, o Departamento de Planejamento do Trânsito de Zurique vem se esforçando nos últimos anos para dificultar a vida dos motoristas. As ruas da cidade ganharam faróis vermelhos em intervalos pequenos, provocando demoras e angústia entre os motoristas. Passarelas subterrâneas para pedestres que deixavam o trânsito fluir livremente em cruzamentos importantes foram demolidas. Os operadores do sistema de bondes da cidade, que não pára de crescer, podem mudar os faróis de trânsito em seu favor quando se aproximam, obrigando os carros a parar.

Hoje a circulação de carros é proibida em muitas quadras em volta da Löwenplatz, uma das praças mais movimentadas da cidade. Onde é permitida, a velocidade é fortemente limitada; os carros só podem avançar a passo de lesma, permitindo a remoção total de faixas de pedestres e dando aos pedestres o direito de atravessar quando e onde quiserem.

O chefe de planejamento de trânsito de Zurique, Andy Fellmann, sorriu enquanto observava alguns carros avançando lentamente em meio a uma massa de ciclistas e pedestres. "Por aqui os carros avançam devagar e param a todo momento", disse ele. "É disso que gostamos! Nossa meta é recuperar o espaço público para os pedestres, não facilitar a vida dos motoristas."

Embora algumas cidades americanas tenham feito esforços semelhantes --é o caso, notadamente, de San Francisco, que converteu partes da Market Street em zona de pedestres_, elas ainda constituem exceção nos Estados Unidos, onde, segundo Schipper, é difícil levar as pessoas a imaginar uma vida da qual os carros não constituam uma parte essencial.

De maneira geral, as cidades da Europa têm incentivos mais fortes para agir assim. Construídas, em sua maioria, antes do advento do automóvel, suas ruas estreitas têm dificuldade em lidar com tráfego pesado. Os transportes públicos são de maneira geral melhores na Europa que nos Estados Unidos, e a gasolina frequentemente custa mais de US$8 o galão, contribuindo para fazer com que o custo de andar de carro seja duas ou três vezes mais alto por quilômetro do que é nos EUA, disse Schipper.

Além disso, os países da União Europeia provavelmente não conseguirão cumprir seus compromissos de redução de emissões de dióxido de carbono, previstos no protocolo de Kyoto, se não reduzirem a circulação de carros. Os Estados Unidos nunca ratificaram esse pacto.

Ao nível global, as emissões vindas dos transportes continuam a subir implacavelmente, sendo que mais da metade é gerada por automóveis de uso pessoal. Mas um impulso importante por trás das reformas do trânsito adotadas na Europa é algo que é igualmente importante para os prefeitos de Los Angeles e Viena: tornar as cidades mais convidativas, com ar mais limpo e menos trânsito.

Michael Kodransky, gerente de pesquisas globais do Instituto de Transportes e Política do Desenvolvimento, em Nova York, que trabalha com cidades para reduzir as emissões vindas dos transportes, disse que, anteriormente, a Europa estava seguindo "a mesma trajetória que os Estados Unidos, com mais pessoas querendo possuir mais carros". Nos últimos dez anos, porém, disse ele, houve "uma mudança consciente no pensamento, além da adoção de medidas firmes". E isso está tendo efeitos.

Depois de possuir carro próprio por duas décadas, Hans Von Matt, 52, que trabalha no setor de seguros, vendeu seu veículo e hoje se desloca em Zurique de bonde ou bicicleta, usando um serviço de partilha de carros quando quer sair da cidade. As estatísticas da cidade mostram que o número de famílias sem carro aumentou de 40% para 45% nos últimos dez anos e que as pessoas que possuem carros hoje os usam menos.

"Houve grandes brigas em torno do fechamento ou não desta rua, mas agora ela está fechada, e as pessoas se acostumaram", disse ele, descendo de sua bicicleta na Limmatquai, uma zona de pedestres à margem do rio, margeada por cafés, que, no passado, era ocupada por duas pistas de trânsito sempre engarrafado. O fechamento de qualquer rua importante precisa ser aprovado em referendo.

Hoje 91% dos deputados do Parlamento Suíço usam o bonde para chegar ao trabalho.
Mesmo assim, algumas pessoas reclamam. "Há muitas zonas onde só se pode dirigir a 20 ou 30 quilômetros por hora --é estressante", disse o consultor Thomas Rickli, estacionando seu Jaguar na periferia da cidade. "É inútil."

Os planejadores urbanos geralmente concordam que o uso diário do carro para ir ao trabalho não é desejável nas cidades, em qualquer parte do mundo.

Fellmann calculou que uma pessoa em um carro ocupa 115 metros cúbicos de espaço urbano em Zurique, enquanto um pedestre ocupa apenas três. "Logo, se você anda de carro, isso não é justo com as outras pessoas", disse ele.

As cidades europeias também perceberam que não poderiam atender às diretrizes cada vez mais rígidas da Organização Mundial de Saúde referentes à poluição ambiental com partículas finas se os carros continuassem a ter presença dominante. Muitas cidades americanas não cumprem os requisitos da Lei de Ar Limpo, mas esse fato "simplesmente é aceito por aqui", disse Kodransky, do instituto de transportes de Nova York.

Muitas vezes são necessárias medidas extremas para levar as pessoas a deixar seus carros em casa, e um primeiro passo crucial consiste em fornecer transporte público de qualidade. Uma estratégia inovadora empregada na Europa consiste em intencionalmente dificultar e encarecer o estacionamento. "Há lugares para estacionar em toda parte nos Estados Unidos, mas eles estão desaparecendo dos espaços urbanos da Europa", disse Kodransky, cujo relatório recente "Europe's Parking U-Turn" trata dessa mudança.

O novo shopping center Sihl City, em Zurique, é três vezes maior que o Atlantic Mall, no Brooklyn, mas tem apenas metade do número de vagas para estacionar. Em função disso, disse Kodransky, 70% das pessoas que vão ao shopping usam os transportes públicos para chegar.

Em Copenhague, Jensen, da Agência Ambiental Europeia, disse que o edifício comercial onde trabalha tem mais de 150 vagas para bicicletas e apenas uma para um veículo, reservada para um deficiente físico.

Enquanto, na Europa, os códigos de construção muitas vezes limitam o número de vagas de estacionamento em edifícios novos, os códigos americanos tendem a fazer o contrário: estipular um número mínimo de vagas.

Novos complexos residenciais construídos ao lado da linha de trens leves em Denver dedicam seus oito pisos inferiores a estacionamentos. Para Kodransky, isso faz com que seja "fácil demais" para os moradores usarem seus carros, em lugar de aproveitarem o transporte ferroviário ao lado.

Enquanto, em Nova York, o prefeito Michael R. Bloomberg vem gerando controvérsia por converter algumas poucas áreas como a Times Square em zonas de pedestres, muitas cidades europeias já excluíram os carros de áreas enormes. Os comerciantes em Zurique temiam que isso levasse a uma queda no movimento de suas lojas, mas, segundo Fellmann, o temor mostrou ser infundado, porque o tráfego de pedestres aumentou entre 30% e 40% depois de os carros deixarem de circular.

Com o apoio dos políticos e da maioria dos cidadãos, os planejadores de Zurique pretendem seguir adiante em sua campanha para domar o tráfego, encurtando os períodos de farol verde e encompridando os de farol vermelho, para que pedestres não precisem esperar mais de 20 segundos para atravessar uma rua.

"Com nossa filosofia, jamais sincronizaríamos os faróis verdes para facilitar as coisas para os carros", disse um funcionário da prefeitura, Pio Marzolini. "Quando estou em outras cidades, parece que estou sempre esperando para atravessar uma rua. Não consigo me acostumar à ideia de que eu valho menos que um carro."

http://www1.folha.uol.com.br/mundo/935607-irritar-motoristas-faz-parte-da-politica-urbana-em-boa-parte-da-europa.shtml

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Re: Irritar motoristas faz parte da política urbana em boa parte da Europa
« Resposta #1 Online: 13 de Julho de 2011, 17:45:43 »
Um dos resultados mais gritantes no que se refere a preferência por fluição dos veículos particulares é o fato de se ter que se sujeitar a caminhar  para transpor extensas proteções em canteiros centrais de várias avenidas em muitas cidades, numa clara indeferência ao nosso direito de ir e vir, quando não por passarelas intermináveis e distantes em vias de tráfego pesado de veículos.
Até onde eu sei eu não sei.

Offline Geotecton

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Re: Irritar motoristas faz parte da política urbana em boa parte da Europa
« Resposta #2 Online: 13 de Julho de 2011, 21:11:32 »
Citar
Irritar motoristas faz parte da política urbana em boa parte da Europa
[...]
"Com nossa filosofia, jamais sincronizaríamos os faróis verdes para facilitar as coisas para os carros", disse um funcionário da prefeitura, Pio Marzolini. "Quando estou em outras cidades, parece que estou sempre esperando para atravessar uma rua. Não consigo me acostumar à ideia de que eu valho menos que um carro."
[...]

Nada como usar uma falaciazinha do espantalho.
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Re: Irritar motoristas faz parte da política urbana em boa parte da Europa
« Resposta #3 Online: 13 de Julho de 2011, 22:50:42 »
Perguntas aos mais letrados: O carro é mesmo o vilão? Onde enfiar a indústria automotiva?

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Re: Irritar motoristas faz parte da política urbana em boa parte da Europa
« Resposta #4 Online: 14 de Julho de 2011, 00:12:37 »
Nada como usar uma falaciazinha do espantalho.
Ele pode até estar enganado, mas se ele realmente se sente assim não seria um espantalho.

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Re: Irritar motoristas faz parte da política urbana em boa parte da Europa
« Resposta #5 Online: 14 de Julho de 2011, 00:23:57 »
Perguntas aos mais letrados: O carro é mesmo o vilão? Onde enfiar a indústria automotiva?
Na verdade, o maior problema aí é a grande concentração populacional em uma área pequena. Em locais assim realmente faz sentido desestimular o uso dos carros e incentivar o uso do transporte público. As regiões mais centrais de São Paulo e Rio de Janeiro já poderiam estar assim caso as malhas de metrô/trem fossem mais longas e bem distribuídas. Já no caso de cidades até uns 600 mil habitantes ainda é possível administrar razoavelmente bem a cidade sem criar essas políticas restritivas para os carros.

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Offline Cumpadi

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Re: Irritar motoristas faz parte da política urbana em boa parte da Europa
« Resposta #6 Online: 14 de Julho de 2011, 02:52:27 »
Onde as pessoas em média se deslocam mais rápido? Nas cidades "para carros" dos EUA, ou nas cidades "para pedestres" da Europa? Não vi esse ponto abordado em lugar nenhum, ao que me parece, mais pessoas se deslocam mais rapidamente com carros, logo, não vejo tanto motivo para tudo isso.
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Re: Irritar motoristas faz parte da política urbana em boa parte da Europa
« Resposta #7 Online: 14 de Julho de 2011, 03:05:29 »
Tóquio também foi feita "para carros" e mesmo assim chegou-se a um ponto em que andar de transporte público era mais rápido. Isso porque o espaço foi se tornando insuficiente para a frota crescente de carros.
Tudo tem um limite. Incentivar o uso de carros é bom dentro de certas condições. Uma hora chega-se a um ponto em que deixa de ser a melhor opção para a cidade como um todo.

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Re: Irritar motoristas faz parte da política urbana em boa parte da Europa
« Resposta #8 Online: 14 de Julho de 2011, 06:49:58 »
Nada como usar uma falaciazinha do espantalho.
Ele pode até estar enganado, mas se ele realmente se sente assim não seria um espantalho.

É um espantalho na medida em que ele insinua o seu menor valor frente a uma máquina. Ora, o carro foi o responsável pela mudança viária em todas as sociedades modernas, ocidentais ou não, e culpá-lo por uma opção humana de modo de transporte não é o correto.
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Offline Geotecton

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Re: Irritar motoristas faz parte da política urbana em boa parte da Europa
« Resposta #9 Online: 14 de Julho de 2011, 06:54:14 »
Onde as pessoas em média se deslocam mais rápido? Nas cidades "para carros" dos EUA, ou nas cidades "para pedestres" da Europa? Não vi esse ponto abordado em lugar nenhum, ao que me parece, mais pessoas se deslocam mais rapidamente com carros, logo, não vejo tanto motivo para tudo isso.

Mas o tempo de deslocamento não deve, e não pode, ser o único parâmetro a ser relevado. A perda de espaços urbanos; o avanço das cidades sobre áreas de campo e florestas; a poluição ao longo de todo o ciclo de vida do veículo e o uso de recursos em larga escala como combusíveis fósseis e metais são, no meu entender, tão ou mais importantes que o tempo ganho quando considerados em uma análise com perfil temporal mais longo.
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Offline Dr. Manhattan

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Re: Irritar motoristas faz parte da política urbana em boa parte da Europa
« Resposta #10 Online: 14 de Julho de 2011, 08:22:09 »
Aviso: não quero desviar o foco do tópico, por isso espero que continuemos a falar de carros, apesar do que vou dizer abaixo.

Certo dia eu notei que você pode fazer uma analogia entre a nossa dependência do automóvel hoje em dia com a escravidão no
século XIX[1]: a maioria das pessoas na época sabia que era algo ruim e degradante, mas havia o fato de que nossa economia era
bastante dependente do trabalho escravo. Muita gente, mesmo pessoas bem intencionadas, não conseguia ver uma maneira de acabar com
a instituição da escravidão de forma rápida. No entanto, a abolição foi feita e o país não se acabou. Claro, pode-se argumentar que
foi na verdade um processo gradual: primeiro a proibição do tráfico, depois a lei do ventre livre e etc., mas o fato é que em 1889 ainda
havia uma grande dependência do trabalho escravo.

Voltando ao tópico: isso me levou a concluir que o uso do automóvel tal como existe hoje[2] é algo insustentável e que o melhor
seria realmente encontrar formas de desestimular seu uso. Sei que uma simples proibição, digamos, do uso de carros de passeio
dentro do perímetro urbano causaria enormes problemas (eu bem sei: moro a 20 km do meu trabalho). Mas o fato é que isso pode
ser feito
. Com investimento em transporte público, reeducação da população e mudanças nas leis.
Sou a favor de cidades sem automóveis.

Naturalmente, não espero nada disso nos próximos 30 anos...



[1] Aos mais sensíveis: é CLARO que não estou igualando pessoas a máquinas, mas certamente isso era algo que os donos de escravos
faziam.

[2] Nessa minha fantasia, eu seria a favor de se manter a permissão do uso do automóvel para viagens interurbanas, trilhas e para emergências, fora a movimentação de agentes do estado.
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Offline uiliníli

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Re: Irritar motoristas faz parte da política urbana em boa parte da Europa
« Resposta #11 Online: 14 de Julho de 2011, 11:11:06 »
Motoristas mais estressados não aumentam a quantidade de acidentes? Por outro lado, se os europeus estão tendo sucesso em ter menos carros nas ruas, menos carros diminuem a quantidade de acidentes também...

Offline Cumpadi

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Re: Irritar motoristas faz parte da política urbana em boa parte da Europa
« Resposta #12 Online: 14 de Julho de 2011, 13:13:36 »
Sinto muito mas meu tempo vale bem mais que todos esses contra-pontos juntos supra-citados por você geo. Além disso, existem outras maneiras bem mais eficazes de combater essas coisas, mas claro que a culpa tem de cair em cima dos "individualistas". A poluição, por exemplo, pode ser reduzida usando-se tecnologia adequada para isso.

Dr. Manhattan
Nada a ver, cadê os dados mostrando que isso é insustentável? toda hora se descobrem mais reservas de petróleo, e ferro é algo que não irá faltar tão cedo.

A propósito, suas mensagens sempre saem todas quebradas sei lá por que, fica meio ruim de ler.
« Última modificação: 14 de Julho de 2011, 13:19:34 por parcus »
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Offline Geotecton

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Re: Irritar motoristas faz parte da política urbana em boa parte da Europa
« Resposta #13 Online: 14 de Julho de 2011, 13:45:07 »
Sinto muito mas meu tempo vale bem mais que todos esses contra-pontos juntos supra-citados por você geo.

Não tenho qualquer dúvida que o seu tempo vale mais para voce do que os aspectos que eu citei. Mas a decisão não pode ser baseada no que voce quer e sim no que for melhor para o conjunto da sociedade.


Além disso, existem outras maneiras bem mais eficazes de combater essas coisas,...

Discorra um pouco sobre estas "maneiras bem mais eficazes".


...mas claro que a culpa tem de cair em cima dos "individualistas".

Não se trata de culpar os "individualistas" e sim o de reconhecer que o custo ambiental para suportar tal modalidade de transporte em larga escala é muito grande. De fato, acho-o insustentável.


A poluição, por exemplo, pode ser reduzida usando-se tecnologia adequada para isso.

Sobre a poluição de qual parte do ciclo de vida de um automóvel voce está se referindo?

Daquela proveniente da geração de efluentes na parte de explotação de petróleo e minerais?

Daquela proveniente das linhas de produção dos carros e suas peças?

Daquela proveniente do uso do carro ao longo de sua vida útil?

No reaproveitamento dos materiais e na disposição final dos materiais após o carro ser sucateado?


Dr. Manhattan

A resposta não é para mim mas quero opinar mesmo assim.


Nada a ver, cadê os dados mostrando que isso é insustentável?

Onde estou agora não me permite fazer uma busca por dados de forma mais adequada.


toda hora se descobrem mais reservas de petróleo, e ferro é algo que não irá faltar tão cedo.

A não ser que voce demonstre cabalmente a origem inorgânica do petróleo, o fato é que este recurso é finito, a despeito de que ainda se pode achar e prospectar novas reservas.

O que voce quer dizer com o "ferro é algo que não irá faltar tão cedo"? Se voce estiver dizendo que há muito ferro na crosta (e no núcleo, hehehehe) eu concordo, mas a maior parte não está em concentrações que permitam a explotação com a atual tecnologia.


A propósito, suas mensagens sempre saem todas quebradas sei lá por que, fica meio ruim de ler.

Esta também é uma curiosidade minha, hehehehehe.
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Re: Irritar motoristas faz parte da política urbana em boa parte da Europa
« Resposta #14 Online: 14 de Julho de 2011, 13:48:54 »

Dr. Manhattan
Nada a ver, cadê os dados mostrando que isso é insustentável? toda hora se descobrem mais reservas de petróleo, e ferro é algo que não irá faltar tão cedo.

Dado: o trânsito de São Paulo. Dado: 35000 mortos ao ano no trânsito, só no Brasil.
Insustentável não era a palavra mais correta, é verdade. Seria melhor ter dito ineficiente, estúpido, sujo
e tudo isso (tirando a sujeira, concedo) de forma crescente.
Você já imaginou se o governo resolvesse que todo mundo teria que largar o carro e passar a usar exclusivamente um novo tipo de
trem urbano? Esse projeto (vamos imaginar) causaria a morte de milhares de pessoas ao ano em acidentes, seria bastante
poluidor, andaria a 20 km/h, e seria superdimensionado a tal ponto que em horários de pico os trens só andariam com 25% de ocupação.
O que você acharia desse projeto?

E bicho, o petróleo fácil de explorar vai acabar. Isso é um fato. Só não acho que vai ser essa tragédia que estão pintando aí, simplesmente
porque até lá estaremos usando carros elétricos. Vai ser mais complicado para os países que dependem de termelétricas para
sua geração de energia.

A propósito, suas mensagens sempre saem todas quebradas sei lá por que, fica meio ruim de ler.

É porque hora escrevo de um monitor grande, hora de um laptop. Dá nisso. :/
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Re: Irritar motoristas faz parte da política urbana em boa parte da Europa
« Resposta #15 Online: 14 de Julho de 2011, 14:08:13 »
Mas é que o meu navegador (IE, no meu caso), e talvez outros (talvez na verdade seja o fórum em si, não entendo bem), automaticamente ajustam os textos para o tamanho da minha tela, e, ao que parece, você tenta ajustar manualmente colocando linhas a mais, o que talvez deixe o texto um pouco mais bonito esteticamente para você, mas piora muito para as outras pessoas.
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Re: Irritar motoristas faz parte da política urbana em boa parte da Europa
« Resposta #16 Online: 14 de Julho de 2011, 16:37:55 »
É porque hora escrevo de um monitor grande, hora de um laptop. Dá nisso. :/
A impressão que dá é que quando você digita seu texto, em vez de deixar a linha mudar automaticamente na caixa de texto, você fica dando Enter para pular a linha. Aí quando alguém lê seu texto em resolução diferente, o vê todo estranho.

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Offline Dr. Manhattan

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Re: Irritar motoristas faz parte da política urbana em boa parte da Europa
« Resposta #17 Online: 14 de Julho de 2011, 16:45:09 »
É porque hora escrevo de um monitor grande, hora de um laptop. Dá nisso. :/
A impressão que dá é que quando você digita seu texto, em vez de deixar a linha mudar automaticamente na caixa de texto, você fica dando Enter para pular a linha. Aí quando alguém lê seu texto em resolução diferente, o vê todo estranho.

É verdade. Mas eu só faço fazia isso no monitor da universidade. Aqui no meu laptop eu deixo a linha se quebrar por sua livre e espontânea vontade (como agora).
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Re: Irritar motoristas faz parte da política urbana em boa parte da Europa
« Resposta #18 Online: 14 de Julho de 2011, 17:43:22 »
Pois é, os Estados parece que querem contrariar o uso de automóvel..., mas vivem muito do imposto automóvel, tanto na sua aquisição como na sua circulação, e do imposto sobre os combustíveis, multas, centros de inspeção, estacionamento pago... Se o cidadão largasse o automóvel lá se evaporava muita receita... Há muita hipocrisia dos políticos neste assunto.
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Re: Irritar motoristas faz parte da política urbana em boa parte da Europa
« Resposta #19 Online: 14 de Julho de 2011, 19:15:33 »
Pelo que eu vi até agora, o problema sempre gira ao redor da super concentração de pessoas. Logo, as medidas primeiras deveriam ser tomadas no sentido de conter o aumento populacional desses locais, não?

Ora, se a população aumenta indiscriminadamente(!), mesmo sem carros, haverá um momento em que o transporte coletivo, se for essa a saída, também começará a incomodar e se tornará fatalmente insustentável.

O que vejo como solução aliada à contenção do aumento populacional é uma reformulação do negócio automotivo. Reformulação essa que daria motivo para mais umas boas páginas por aqui.

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Re: Irritar motoristas faz parte da política urbana em boa parte da Europa
« Resposta #20 Online: 14 de Julho de 2011, 19:31:08 »
Mas, Johnny, nesses lugares onde se combate o automóvel a população já não vem diminuindo?
Pra cidade de Sp eu concordo que seria bom.

Offline Johnny Cash

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Re: Irritar motoristas faz parte da política urbana em boa parte da Europa
« Resposta #21 Online: 14 de Julho de 2011, 19:35:45 »
Mas, Johnny, nesses lugares onde se combate o automóvel a população já não vem diminuindo?
Pra cidade de Sp eu concordo que seria bom.

O que percebo é que há um mal estar geral em relação aos automóveis, mesmo nos lugares que teoricamente não existe o conflito populacional. Além disso, enxergo o problema populacional - além do tratado aqui para os automóveis - sempre de forma global.

Li numa publicação respeitável que, com o passar do tempo, haverão comparações semelhantes ao uso do cigarro como: "Não vá dirigir sozinho na frente das crianças". O autor exagerou para ser didático, mas é fácil visualizar esse caminho sendo trilhado.

Offline Südenbauer

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Re: Irritar motoristas faz parte da política urbana em boa parte da Europa
« Resposta #22 Online: 15 de Julho de 2011, 01:54:01 »
Mas também não adianta icentivar o uso de transportes alternativos continuando com o modelo urbano centro-subúrbio. Uma cidade bem coesa e distribuída é uma cidade com menos necessidade de transportes.
http://en.wikipedia.org/wiki/New_urbanism



Offline Cumpadi

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Re: Irritar motoristas faz parte da política urbana em boa parte da Europa
« Resposta #23 Online: 15 de Julho de 2011, 03:01:44 »
É muito interessante mesmo isso: não queremos que as pessoas andem de carro, já que o transporte coletivo é muito melhor, mais eficiente e blábláblá.

Mas o que acontece de fato: vamos transformar o transporte indivídual tão lento quanto o coletivo para as pessoas verem como transporte coletivo também é bom.

Lembro que em Vancouver (onde o trânsito não era ruim e o transporte coletivo também não acredito eu), uma volta de 10 minutos até o centro da cidade de carro no horário de pico transformava-se em 40 no transporte coletivo, (sem contar com o preço, que tenho minhas dúvidas se realmente saia mais caro que pagar a gasolina), realmente, me parece mesmo que o transporte coletivo é inteligentérrimo.
http://tomwoods.com . Venezuela, pode ir que estamos logo atrás.

Offline Dr. Manhattan

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Re: Irritar motoristas faz parte da política urbana em boa parte da Europa
« Resposta #24 Online: 15 de Julho de 2011, 06:41:04 »
Parcus, você está escolhendo um exemplo negativo. Existem várias cidades nas quais é possível se movimentar rapidamente e em segurança usando o transporte público, principalmente o metrô. É o caso de Paris e Londres. Já em Nova Iorque, muita gente simplesmente não usa o automóvel.
You and I are all as much continuous with the physical universe as a wave is continuous with the ocean.

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