Autor Tópico: Tecnocracia  (Lida 8338 vezes)

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Tecnocracia
« Online: 22 de Julho de 2011, 18:19:08 »
“Filosoficamente, as raízes da Tecnocracia podem ser encontradas na autocracia científica de Henri de Saint-Simon (1760-1825) e no positivismo de Auguste Comte (1798-1857), o pai das Ciências Sociais. O positivismo elevou a ciência e o método científico acima da revelação metafísica. Os tecnocratas aderiram ao positivismo por que acreditavam que o progresso social seria impossível somente por meio da ciência e da tecnologia. [Schunk, Learning Theories: An Educational Perspective, 5th, 315].

O movimento social da Tecnocracia, com seu sistema contábil baseado em energia, pode ser rastreado até os anos 1930, quando um obscuro grupo de engenheiros e cientistas a apresentou como uma solução para a Grande Depressão.

O principal cientista que estava por trás da Tecnocracia foi M. King Hubbert, um jovem geocientista que mais tarde (de 1948-1956) inventou a agora famosa Teoria do Pico do Petróleo, também conhecida como Teoria do Pico de Hubbert. Ele declarou que o consumo superaria a descoberta e produção de novas fontes de energia, o que eventualmente causaria colapsos sociais e econômicos. Muitos seguidores modernos dessa teoria acreditam que a recessão de 2007-2009 foi exacerbada em parte pelos preços recordes do petróleo, o que refletiu a validade da teoria.

Hubbert recebeu toda sua educação superior na Universidade de Chicago, obtendo seu doutorado em 1937; mais tarde, ele lecionou geofísica na Universidade Colúmbia. Ele foi altamente aclamado em toda sua carreira, recebendo muitas honrarias, como o Prêmio por Serviço Público, da Fundação Rockefeller, em 1977.

Em 1933, Hubbert e Howard Scott formaram uma organização chamada Technocray Inc. Tecnocracia é uma palavra derivada das palavras gregas techne, que significa habilidade, e kratos, que significa governo. Assim, é o governo dos engenheiros, cientistas e técnicos habilitados, em vez de governo por autoridades eleitas. Eles se opunham a todas as outras formas de governo, incluindo o comunismo, socialismo e o fascismo, todas as quais funcionam com uma economia baseada em preços.

Como fundadores da organização e do movimento político chamado Technocracy Inc., Hubbert e Scott também foram co-autores de um livro intitulado Technocracy Study Course, publicado em 1934. Esse livro serve como a "Bíblia" da Tecnocracia e é o documento-raiz ao qual a maior parte do pensamento tecnocrático moderno pode ser rastreado.

A Tecnocracia postulava que somente cientistas e engenheiros estavam capacitados para administrarem uma sociedade complexa, baseada na tecnologia. Como a tecnologia, eles argumentavam, mudou a natureza social das sociedades, os métodos anteriores de governo e de economia tinham se tornado obsoletos. Eles desdenhavam dos políticos e dos burocratas, a quem viam como incompetentes. Utilizando o método científico e as técnicas da administração científica, os tecnocratas esperavam eliminar as grandes ineficiências de uma sociedade, desse modo fornecendo mais benefícios para todos os membros da sociedade e, ao mesmo tempo, consumindo menos recursos. A outra parte integral da Tecnocracia era implementar um sistema econômico baseado na alocação de energia, e não em preços. Eles propuseram a substituição do dinheiro tradicional por Créditos de Energia.

O foco preferido deles era o uso eficiente da energia e, provavelmente, este foi primeiro indício do movimento ambiental e ecologicamente sustentável nos EUA. Por exemplo, eles declararam o seguinte em seu livro:

"Embora ela (a Terra) não seja um sistema isolado, as mudanças na configuração dos materiais, como a erosão do solo, a formação das montanhas, a queima do carvão e do petróleo, e a mineração são todos exemplos típicos e característicos de processos irreversíveis, que envolvem em cada caso um aumento da entropia. (Technocracy Study Course, Hubbert & Scott, pág. 49).

A ênfase moderna em reduzir o consumo de combustível que produz carbono e causa o aquecimento global e as emissões de CO2 é, essencialmente, um produto do pensamento tecnocrático primitivo.

Sendo cientistas, Hubbert e Scott tentaram explicar (ou justificar) seus argumentos em termos da física e da Lei da Termodinâmica, que é o estudo da conversão da energia entre o calor e o trabalho mecânico.

A entropia é um conceito dentro da Termodinâmica que representa a quantidade de energia em um sistema que não está mais disponível para realizar trabalho mecânico. Assim, a entropia aumenta à medida que a matéria e a energia no sistema se degradam em direção ao estado final de inerte uniformidade.

Em linguagem do leigo, entropia significa que, uma vez que você usou, aquilo perde a utilidade para fazer algo de bom. Além disso, o estado final da entropia é "inerte uniformidade", em que nada ocorre. Assim, se o homem consumir toda a energia disponível e/ou se destruir a ecologia, essa energia não poderá ser repetida ou renovada outra vez.

O tecnocrata evita a entropia social para conseguir aumentar a eficiência da sociedade por meio da alocação cuidadosa da energia disponível e medindo a saída subsequente de modo a encontrar um estado de equilíbrio. O foco de Hubbert na entropia é evidenciado pelo logotipo da Technocracy Inc., o bem-conhecido símbolo do Yin/Yang, que representa o equilíbrio.

Para facilitar esse equilíbrio entre o homem e a natureza, a Tecnocracia propôs que os cidadãos recebessem Certificados de Energia de modo a operarem a economia:

"Os Certificados de Energia são emitidos individualmente para todo indivíduo adulto na população... O registo da renda de uma pessoa e a velocidade em que ela realiza seus gastos é mantida pela Sequência de Distribuição, para que seja uma simples, a qualquer tempo, saber o saldo de um determinado cliente... Ao fazer compras de bens e serviços, o indivíduo apresenta os Certificados de Energia corretamente identificados e assinados."

"O significado disto, do ponto de vista do conhecimento do que está acontecendo no sistema social, e do controle social, pode ser melhor apreciado quando se investiga o sistema todo em perspectiva. Primeiro, uma única organização está fortalecendo e operando todo o mecanismo social. A mesma organização não somente produz, mas também distribui todos os bens e serviços."

"Com estas informações sendo continuamente atualizadas em uma sede central, temos um caso exatamente análogo ao painel de controle de uma central de geração de energia elétrica, ou uma ponte de comando de um navio de passageiros..." [Technocracy Study Course, pág. 238-239; tradução nossa].

Duas diferenças fundamentais entre dinheiro baseado em preços e Certificados de Energia são que: a) O dinheiro é genérico para aquele que o possui, enquanto que os certificados são registrados individualmente para cada cidadão e b) O dinheiro persiste, enquanto que os certificados têm data de validade. Esta última faceta reduz grandemente, ou talvez até elimina, a acumulação de riqueza e de propriedade.

Transição

Com o início da Segunda Guerra Mundial, a popularidade da tecnocracia diminuiu, à medida que a prosperidade econômica retornou. Entretanto, a organização e sua filosofia sobreviveram. Hoje, existem dois sítios na Internet que representam a Tecnocracia na América do Norte: Technocracy Inc., localizada em Ferndale, no estado de Washington, está representada em http://www.technocracy.org. Uma organização irmã em Vancouver, na Colúmbia Britânica, é Technocracy Vancouver, e pode ser encontrada em http://www.techocracyvan.ca.

Embora o foco original da Tecnocracia tenha sido exclusivamente na América do Norte, ela agora está crescendo rapidamente na Europa e em outros países industrializados. Por exemplo, a Network of European Technocrats (Rede de Tecnocratas Europeus), foi formada em 2005 como "um movimento social e de pesquisa autônomo que tem como objetivo explorar e desenvolver a teoria e o projeto da tecnocracia." O sítio na Internet afirma que eles têm membros em todo o mundo.

Logicamente, algumas organizações pequenas unidas em uma liga e seus sítios na Internet não podem ter a esperança de criar ou implementar uma política energética global, mas isto não é porque as ideias não estejam vivas e bem de saúde. Uma influência mais provável sobre o pensamento moderno deve-se à Teoria do Pico do Petróleo, de Hubbert, apresentada em 1954. Essa teoria tem aparecido de forma proeminente no movimento ecológico e ambientalista. Na verdade, todo o movimento do aquecimento global está assentado indiretamente sobre a Teoria do Pico do Petróleo. Como a Associação Canadense para o Clube de Roma declarou recentemente: "O pico do petróleo tem um impacto direto sobre a questão de mudança climática." (veja John H. Walsh, "The Impeding Twin Crisis — One Set of Solutions?", pág. 5).

A Proposta Moderna

Por causa da conexão entre o movimento ambientalista, o aquecimento global e o conceito tecnocrático dos Certificados de Energia, poder-se-ia esperar que uma Moeda do Carbono fosse sugerida a partir dessa comunidade particular e, de fato, isto aconteceu.

Em 1995, Judith Hanna escreveu em New Scientist, "Rumo a uma Moeda de Carbono Única": "Minha proposta é definir uma cota global para a queima de combustível fóssil a cada ano e compartilhá-la equitativamente entre todos os indivíduos adultos no mundo."

Em 2004, a prestigiosa Harvard International Review trouxe uma matéria com o título "Uma Nova Moeda" e declarou:

"Para aqueles interessados em retardar o aquecimento global, as ações mais eficazes estão na criação de 'fortes moedas nacionais de carbono... Para os acadêmicos e autoridades responsáveis pela criação de políticas regulatórias, a tarefa fundamental é investigar a história e procurar guias que sejam mais úteis. O aquecimento global é considerado uma questão ambiental, mas suas melhores soluções não são encontradas no cânon da Lei Ambiental. A ubiquidade do carbono na economia mundial exige que o custo seja uma consideração em qualquer regime para limitar as emissões. De fato, a negociação das emissões foi ungida como rainha por que é a mais responsiva ao custo. Como a negociação das emissões para o carbono é mais parecida com a negociação de moedas do que eliminar um poluente, os reguladores devem estar olhando para a negociação e finanças com um olho em como os mercados de carbono devem ser governados. Precisamos rever os desafios da política que surgirão à medida que esse sistema de baixo para cima emergir, incluindo a governança das linhas de junção entre os sistemas de negociação nascentes, regras de responsabilização para as permissões falsificadas e cooperação judicial. [Ênfase adicionada].

A revista concluiu que "após sete anos de enrolação e analogias erradas, o regime internacional para controlar o carbono está seguindo, ainda que experimentalmente, por um caminho produtivo.

Em 2006, o Secretário do Meio Ambiente da Grã-Bretanha, David Miliband declarou claramente em uma conferência:

"Imagine um país em que o carbono se torna a nova moeda. Temos em nossas carteiras cartões de bancos que armazenam dinheiro comum e pontos em carbono. Quando compramos eletricidade, gás e combustível, usamos nossos pontos de carbono, bem como o dinheiro. Para ajudar a reduzir as emissões de carbono, o governo definiria limites na quantidade de carbono que pode ser usada." [Ênfase adicionada].

Em 2007, o New York Times publicou "Quando o Carbono é Moeda", escrito por Hannah Fairfield. Ela declarou incisivamente: "Para construir um mercado de carbono, seus originadores precisam criar uma moeda de créditos de carbono que os participantes possam negociar."

PointCarbon, uma grande consultoria global, está em parceria com o Bank of New York Mellon para avaliar rapidamente os crescentes mercados de carbono. Em 2008, ele publicaram Towards a Common Carbon Currency: Exploring The Prospects For Integrated Global Carbon Markets (Rumo a uma Moeda de Carbono Comum: Explorando as Possibilidades Para Mercados de Carbono Globais e Integrados). Este relatório discute a eficiência ambiental e econômica em um contexto similar conforme visto originalmente com Hubbert em 1933.

Finalmente, em 9 de novembro de 2009, o jornal britânico Telegraph apresentou uma matéria intitulada "Todos na Grã-Bretanha poderão receber uma cota pessoal de créditos de carbono", que dizia:

"... implementar créditos de carbono para cada pessoa será o modo mais eficaz de atingir os alvos de cortar as emissões dos gases do efeito estufa. Isto envolverá a emissão de um número exclusivo para cada pessoa, que ela deverá fornecer ao comprar produtos que contribuem para seu consumo de carbono, como combustível, passagens aéreas e eletricidade. Como acontece com as contas bancárias, um extrato seria enviado mensalmente para ajudar as pessoas a controlarem o que estão usando. Se a "conta de carbono" delas zerar, elas terão de pagar para obter mais créditos." [Ênfase adicionada].

Como você pode ver, dificilmente se pode dizer que estas referências sejam irrelevantes em termos de autoria ou conteúdo. A corrente do pensamento tecnocrático primitivo finalmente chegou ao continente, e as ondas estão agora se quebrando na praia.

O Protótipo do Cartão de Energia da Tecnocracia

Um artigo escrito por Howard Scott na revista Technocracy, em julho de 1937, descreveu um cartão de Distribuição de Energia em grande detalhe. Ele afirmou que usar esse instrumento como um "modo de contabilização é uma parte da mudança proposta da Tecnocracia no curso de como nosso sistema socioeconômico pode ser organizado."

Scott escreveu:

"O certificado será emitido diretamente para o indivíduo. Ele é intransferível e inegociável; portanto, não pode ser roubado, perdido, emprestado ou dado. Ele não é cumulativo; portanto, não pode ser poupado e não rende juros. Ele não precisa ser utilizado, porém perde sua validade após um período designado de tempo."

Isto pode ter parecido como ficção científica em 1937, porém hoje, é totalmente viável. Em 2010, a Techocracy oferece uma ideia atualizada de como poderia ser ser Cartão de Distribuição de Energia. A página deles na Internet diz:

"Agora é possível usar um cartão de plástico similar a um cartão de crédito com um microcircuito eletrônico. Esse microcircuito poderia conter todas as informações necessárias para criar um cartão de distribuição de energia conforme descritos neste livreto. Entretanto, como as mesmas informações seriam fornecidas da forma mais adequada para a tecnologia mais moderna que estiver disponível, o conceito de um 'Cartão de Distribuição de Energia' é o que é explicado aqui."



Se você analisar o cartão acima, observará que ele serve como um cartão de identidade universal e contém um microcircuito eletrônico. Isto reflete a filosofia da Tecnocracia que cada pessoa na sociedade precisa ser meticulosamente monitorada e contabilizada de modo a rastrear o que ela consume em termos de energia e também de que forma contribui para o processo de produção.

Participantes no Mercado de Carbono

O sistema moderno de créditos de carbono foi uma invenção do Protocolo de Kyoto e começou a ganhar força em 2002 com o estabelecimento do primeiro esquema de negociação na economia interna da Grã-Bretanha. Depois de se tornar lei internacional em 2005, a previsão é que os mercados de negociação alcancem 3 trilhões de dólares por volta do ano 2020, ou até antes.

Graciela Chichilnisky, diretora do Consórcio Colúmbia de Gerenciamento de Risco e uma das autoras do texto sobre crédito de carbono do Protocolo de Kyoto, diz que o mercado de carbono "envolve, portanto, dinheiro e negociação — mas é também um modo para um futuro lucrativo e mais verde" (Leia Who Needs a Carbon Market?).

Quem são os "negociadores" que oferecem uma porta aberta para todo esse lucro? Atualmente, liderando a corrida estão bancos internacionais como J. P. Morgan, Chase, Goldman Sachs e Morgan Stanley.

O site de notícias econômicas Bloomberg observou em "Carbon Capitalists", em 4 de dezembro de 2009 que:

"Os bancos estão se preparando para fazer com o carbono aquilo que fizeram antes: criar e vender contratos derivativos que ajudarão as empresas clientes a se protegerem de riscos nos preços no longo prazo. Eles também estão prontos para vender produtos financeiros relacionados com o carbono para investidores de fora."

No J. P. Morgan, a mulher que inventou originalmente os Credit Default Swaps (NT: Um instrumento financeiro contratado para que o comprador de títulos receba proteção de crédito, enquanto que o vendedor garanta a confiabilidade daquele produto. O risco de inadimplência é transferido do possuidor do título para o vendedor.), Blythe Masters, é agora chefe do departamento que negociará os créditos de carbono para o banco.

Considerando a força bruta dos gigantes financeiros globais que estão por trás da negociação dos créditos de carbono, não é maravilha que os analistas estejam agora prevendo que o mercado de carbono em breve se tornará maior do que o mercado de todas as outras commodities.

Conclusão

Se M. King Hubbert e os arquitetos iniciais da Tecnocracia estivessem vivos hoje, estariam muito satisfeitos em ver as sementes de suas ideias sobre a alocação de energia crescerem e frutificarem em uma escala tão grande. Em 1933, não existia tecnologia para permitir a implementação de um sistema de Certificados de Energia. Entretanto, com a tecnologia atual da informática, que avança continuamente, todo o mundo poderá ser facilmente gerenciado por um único supercomputador.

Este artigo teve o objetivo de mostrar que:

A Moeda do Carbono não é uma ideia nova, mas tem suas raízes na Tecnocracia.

A Moeda do Carbono cresceu de uma proposta continental para uma proposta global.

A Moeda do Carbono foi discutida consistentemente durante um longo período de tempo.
Os participantes no mercado de carbono incluem muitos líderes globais proeminentes, bancos e centros de estudos e debates.

O contexto dessas discussões tem sido muito consistente.
Os objetivos atuais para implementar a Moeda do Carbono são virtualmente idênticos aos objetivos originais dos Certificados de Energia, da Tecnocracia.

Logicamente, uma moeda é apenas um meio para se chegar a um fim. Quem controla a moeda também controla a economia e a estrutura política que a acompanha. Deixaremos a investigação sobre como será esse novo sistema para um ensaio futuro.

A tecnocracia e a contabilidade baseada em energia não são questões teóricas ou vãs. Se a elite global quer que a Moeda do Carbono suplante as moedas nacionais, então os sistemas políticos e econômicos de todo o mundo também serão fundamentalmente modificados para sempre.

O que a Tecnocracia não conseguiu alcançar durante a Grande Depressão parece ter finalmente encontrado força para engrenar com a Grande Recessão atual.

Os críticos que acham que o dólar americano será substituído por alguma outra moeda global estão, talvez, pensando pequeno demais.

No horizonte do mundo paira uma nova moeda global que poderá substituir as moedas de cada país e o sistema econômico sobre o qual elas estão baseadas.

A nova moeda, simplesmente chamada Moeda do Carbono, é destinada a suportar um novo sistema econômico revolucionário baseado na energia (produção e consumo), e não em preços. O atual sistema econômico baseado em preços e suas moedas relacionadas, que suportaram o capitalismo, socialismo, fascismo e o comunismo, está sendo encaminhado para o matadouro de modo a abrir caminho para um novo mundo baseado no carbono.

É bastante evidente que o mundo está operando sob um sistema moribundo de economia baseada em preço, conforme evidenciado pelo rápido declínio do papel-moeda. A era da moeda fiduciária (papel-moeda não resgatável, isto é, sem lastro) foi iniciada em 1971, quando o presidente americano Richard Nixon desatrelou o dólar do ouro. Como o dólar transformado em moeda fiduciária era a principal moeda de reserva do mundo, todas as outras moedas eventualmente seguiram o mesmo caminho, deixando-nos hoje com um mar global de papeis que são cada vez mais indesejados, instáveis e inúteis.

O estado econômico mórbido do mundo hoje é um reflexo direto da soma de suas moedas enfermas e moribundas, mas isto poderá mudar em breve.

Forças já estão em operação para posicionar uma nova Moeda do Carbono como a solução final para as propostas globais para a redução da pobreza, controle populacional, controle do meio ambiente, aquecimento global, alocação de energia e uma ampla distribuição da riqueza econômica.

Para as pessoas individuais que viverão neste novo sistema, ele também requererá um controle centralizado sobre todos os aspectos da vida, desde o berço até a sepultura.

O que é a Moeda do Carbono e como ela funciona? Sucintamente, a Moeda do Carbono estará baseada na alocação periódica de energia disponível à população de todo o mundo. Se não for usada dentro de certo período de tempo, a moeda perderá a validade (como os créditos de minutos mensais em um plano de telefonia celular) para que as mesmas pessoas possam receber uma nova alocação baseada em uma nova cota de produção de energia para o próximo período.

As moedas locais poderão permanecer por um tempo, mas eventualmente cairão em desuso e serão substituídas pela Moeda do Carbono, de forma muito parecida como o euro substituiu as moedas europeias individuais ao longo de um período de tempo.”

http://www.espada.eti.br/Rufo/carbono.htm


Outros links sobre o tema Tecnocracia:

Português:
http://pt.wikilingue.com/es/Movimento_tecnocr%c3%a1tico
http://pt.wikipedia.org/wiki/Tecnocracia
https://docs.google.com/present/view?id=dhn3hsn6_5dbt95v

Inglês:
http://en.wikipedia.org/wiki/Technocracy_movement

Vídeos:

<a href="http://www.youtube.com/v/SVYgMuQqYy0&amp;feature=related" target="_blank" class="new_win">http://www.youtube.com/v/SVYgMuQqYy0&amp;feature=related</a>

<a href="http://www.youtube.com/v/4-LaAOq1qMw&amp;feature=related" target="_blank" class="new_win">http://www.youtube.com/v/4-LaAOq1qMw&amp;feature=related</a>

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Re: Tecnocracia
« Resposta #1 Online: 22 de Julho de 2011, 18:39:43 »
Outra visão: Economia Baseada em Recursos, como alternativa à visão tecnocrata original (1930) da utilização de "Certificados de Energia" (ou "Cartões de Energia") para a aquisição de bens.

Citar
Para explicar o que significa uma economia baseada nos recursos temos de considerar um cenário hipotético apelidado de “pós-escassez”. Pós-Escassez é um sistema social baseado primeiramente na premissa de que os bens, serviços e recursos de primeira necessidade estão disponíveis e acessíveis em número suficiente de forma a serem distribuídos uniformemente por todos os cidadãos dos planeta.

Num ambiente destes, os recursos que a humanidade necessita serão geridos de uma forma inteligente considerando as suas características naturais, entre elas a sua disponibilidade, quantidade, impacto ambiental e distribuição.

Embora o sistema em causa represente uma forma de organização económica, não é um modelo económico. É um modelo social, um contrato social. Um modelo de sociedade inspirado na gestão eficiente, técnica e objectiva do planeta como um todo.

Daí que podemos definir a economia baseada nos recursos como um sistema económico e social onde todos os bens e serviços estão disponíveis sem necessidade de recorrer ao uso de dinheiro, crédito, caridade ou qualquer outro sistema de débito ou servidão. Todos os recursos tornam-se uma herança comum de todos os habitantes e não de apenas uns poucos seleccionados. A premissa base deste sistema é de que a Terra é abundante em recursos, no entanto a nossa prática de racionamento de recursos através de métodos monetários é irrelevante e contraprodutiva à nossa sobrevivência.

A sociedade moderna tem acesso a tecnologias de ponta e pode disponibilizar comida, vestimenta, alojamento e assistência médica, pode actualizar o nosso sistema de educação, e desenvolver um fornecimento ilimitado de energia renovável e não-poluente. Assim poderemos fornecer um modelo de uma economia eficiente onde todos podem desfrutar de um elevadíssimo padrão de vida com todas as vantagens de uma sociedade altamente tecnológica.

Uma economia baseada nos recursos usará os recursos existentes da terra e do mar, o equipamento físico, indústrias e tecnologia, para melhorar a vida de toda a população. Numa economia baseada nos recursos em vez do dinheiro, poderemos facilmente produzir todas as necessidades biológicas e fornecer um elevado padrão de vida para todos.

Consideremos os seguintes exemplos:

No início da Segunda Guerra Mundial os EUA tinha apenas cerca de 600 aviões de combate de primeira classe. Rapidamente superámos esse suprimento limitado ao produzir mais de 90 mil aeronaves por ano. A questão no início da Segunda Guerra Mundial era: “temos os fundos suficientes para produzir os utensílios de guerra necessários?”. A resposta era: “não. Não possuímos dinheiro, nem ouro o suficiente; mas tínhamos recursos mais do que suficientes. Foram os recursos disponíveis que possibilitaram aos EUA alcançar a alta produção e eficiência necessários para vencer a guerra. Infelizmente, isto é somente considerado em tempos de guerra.

Existem mais de mil milhões de criança pelo planeta fora. Todas elas necessitaram de um carrinho de transporte, mas nem metade delas tiveram acesso a esse bem. Todos sabemos a razão… essa (pobres) criança pobres pelo mundo fora, (pobres por serem) só o são por serem pobres financeiramente.

A questão que temos de colocar não é se existe dinheiro para fornecer 500 milhões de carrinhos de bébés pelo mundo fora mas se conseguimos os recursos naturais, materiais e humanos para tal. Plásticos, alumínio, tecidos, automação, etc.. Assim concluímos que 100 fábricas automatizadas a produzir 1000 unidades por dia rapidamente produziriam suficientes para todas as crianças em falta. O problema actual está na distribuição e no uso incorrecto dos recursos. Não é o dinheiro que trás felicidade….

Por fim, neste exemplo temos de considerar que os recursos terão de ser bem geridos, recicláveis e não-poluentes. E por falar de gestão, nesse caso, porque não um sistema automatizado universal de uso de carrinhos de bébés e posterior devolução?

Até já existem ideias em curso nesse sentido. Em certas cidades na Holanda, pode-se andar livremente de bicicleta, bastando para tal pegar numa e deixá-la num local publico novamente.

Pois é, quando temos abundância até se perde a noção de propriedade.

Numa economia baseada nos recursos, todos os recursos são tidos como património ou herança comum a todas as pessoas do planeta Terra, de forma a eventualmente transcender a necessidade de fronteiras artificiais que separam cidadãos. Esse é o imperativo unificador.

Devemos enfatizar que esta abordagem para um governo global não tem absolutamente nada em comum com os presentes objectivos da elite de formar um governo mundial dirigido por ela e pelas grandes empresas e instituições e com a maioria da população do mundo como seus servos. A nossa visão de globalização encoraja toda e qualquer pessoa a o melhor que puderem e não a viver sobre submissão de um corpo governamental corporativo.

As nossas propostas não só contribuem para o bem-estar das pessoas, como também forneceriam a informação necessária para que elas participem em qualquer área da sua competência. O sucesso seria medido pela satisfação das actividades individuais em vez da aquisição de riqueza, propriedade e poder.

Actualmente, temos recursos materiais suficientes para fornecer um altíssimo padrão de vida para todos (dos) os habitantes da Terra. Apenas quando a população excede a capacidade de sustentação da Terra é que muitos problemas como a ganância, o crime e a violência emergem. Ao superarmos a escassez, a maioria dos crimes e até as prisões da sociedade de hoje deixariam de ser necessários.

Uma economia baseada em recursos possibilitará o uso da tecnologia para superar a escassez de recursos ao utilizar fontes de energia renováveis, informatizar e automatizar a manufactura e o inventário; projectar cidades seguras e energéticamente eficientes e sistemas avançados de transporte. Fornecer um serviço de saúde universal e uma educação mais relevante e, sobretudo, ao gerar um novo sistema de incentivo baseado na preocupação com o Homem e o Ambiente.

Muitas pessoas acreditam que hoje exista demasiada tecnologia no mundo, e que essa tecnologia é a principal causa da nossa poluição ambiental. Não é essa a causa. É o abuso e o uso incorrecto da tecnologia que deve ser a nossa principal preocupação. Numa sociedade mais humana, em vez das  máquinas substituírem as pessoas elas reduziriam o horário de trabalho, aumentariam a disponibilidade de bens e serviços, e prolongariam o período de férias. Se usarmos novas tecnologias para elevar o padrão de vida de todas as pessoas, então a infusão da tecnologia mecânica deixaria de constituir uma ameaça.

Uma economia mundial baseada nos recursos também envolveria esforços completos para o desenvolvimento de novas fontes de energia, limpas e renováveis: geotérmica, de fusão controlada, solar, fotoelétrica, eólica, das ondas e das marés, e até combustível dos oceanos. Eventualmente seríamos capazes de possuir energia em quantidade ilimitada que poderia impulsionar a civilização por milénios.
Uma economia baseada nos recursos também deve abranger o replaneamento das nossas cidades, sistemas de transporte e indústrias, permitindo que eles sejam energéticamente eficientes, limpos, e que sirvam de forma conveniente às necessidades de todas as pessoas.

Que mais implicaria uma economia baseada nos recursos? A tecnologia, inteligente e eficientemente aplicada, economiza energia, reduz o desperdício e proporciona mais tempo livre. Com um inventário automatizado a escala global, podemos manter um equilíbrio entre a produção e a distribuição. Somente alimentos nutritivos e saudáveis estariam disponíveis e a obsolescência planeada (programada) seria desnecessária e inexistente numa economia baseada nos recursos.

Ao livrarmo-nos da necessidade de profissões baseadas no sistema monetário, como por exemplo advogados, banqueiros, vendedores de seguros, equipas de marketing e publicidade, vendedores e corretores de valores, uma quantidade considerável de desperdício será eliminada.

Enormes quantias de energia seriam também poupadas ao eliminar a duplicação de produtos competitivos como ferramentas, talheres, panelas, frigideiras e aspiradores de pó. É bom poder escolher. Mas em vez de centenas de várias fábricas e toda a papelada e pessoal necessários à produção de produtos similares, apenas uma pequena parcela da mais alta qualidade seria suficiente para servir a população inteira. A nossa única deficiência é a nossa falta de pensamento criativo, (e) inteligência e da capacidade dos nossos líderes eleitos em resolverem esses problemas. Actualmente o recurso mais valioso e inexplorado é a engenhosidade humana.

Com a eliminação da dívida, o medo de se perder o emprego deixará de ser uma ameaça. Esta segurança, combinada com educação sobre como se relacionar com os outros da forma mais significativa, poderiam reduzir considerávelmente tanto o stress mental como o físico e deixar-nos livres para explorar e desenvolver as nossas habilidades.

Se a ideia de se eliminar o dinheiro ainda o incomoda, considere isto: se um grupo de pessoas com ouro, diamantes e dinheiro ficassem presos numa ilha desprovida de recursos como comida, ar e água limpos, a riqueza deles seria irrelevante à sua sobrevivência. Somente quando os recursos são escassos é que o dinheiro pode ser usado para controlar a sua distribuição. Não se pode, por exemplo, vender o ar que respiramos ou a água que flui abundante da nascente de uma montanha. Apesar do ar e da água serem valiosos, enquanto forem abundantes não podem ser vendidos.

O dinheiro só é importante numa sociedade quando certos recursos para a sobrevivência devem ser racionados e nesse caso as pessoas aceitam o dinheiro como meio de troca para recursos escassos. O dinheiro é uma convenção social, um acordo por assim dizer. Ele não é um recurso natural nem representa um. Ele não é necessário à sobrevivência, a menos que tenhamos sido condicionados a aceitá-lo como tal.

Portanto, a Economia Baseada em Recursos é um sistema económico no qual a economia não é baseada no livre mercado e na livre iniciativa segundo os princípios liberais advindos do sistema Capitalista e firmado através da Revolução Industrial. Segundo a Teoria Marxista, a partir da produção maciça  por meio da indústria, países desenvolvidos teriam a capacidade de possuir recursos suficientes para serem distribuídos proporcionalmente para com a sociedade segundo o novo modelo económico proposto pelo Socialismo. Como um fim de organização social, a produção advinda da organização popular aliada à auto-gestão dos recursos que seria capaz de gerar como consequência uma auto-composição social onde o Estado não teria mais valor no contexto político, sendo possível uma Anarquia social que culminaria no Comunismo.

Tal teoria, muitas vezes encarada como utopia de facto é uma ideia bastante complexa diante dos factores exigidos para o cumprimento de tal sistema ideológico-político. A prova é tanta que até hoje, todas as tentativas de organizar um Estado Socialista fracassaram diante das condições exigidas, pois Marx imaginava países como Inglaterra e a Alemanha enquanto potências com recursos garantidos passando a distribuir seus bens no novo sistema social, e não países subdesenvolvidos como a Rússia que passou de uma economia praticamente feudal para um sistema onde não tinha recursos para serem divididos na URSS, o que justifica as várias crises durante o novo governo, assim como Cuba que também não possuía recursos, de modo que toda a estrutura social está desfasada diante da actual realidade mundial.

Eis a justificação para o porquê de nunca ter havido um governo de facto socialista: sem as condições para efectuar a correta distribuição dos bens, não era possível tal administração prevista, de modo que para gerir os poucos recursos existentes, o governo precisou de se fechar frente à instabilidade económica e política dos sistemas recém implantados, por isso, os governos ditos como socialistas tornaram-se ditaduras, e no caso da China, um sistema que de nada tem de Socialista, uma vez que o contexto económico em que se encontra não é possível manter um crescimento económico segundo os princípios marxistas dentro de uma economia de mercado.

Considerando tal ideia de que nenhum novo sistema pode actuar de facto enquanto houver um outro sistema dominante, é impossível acreditar que um sistema Socialista possa existir plenamente enquanto houver um sistema de mercado vigente em todo o mundo. Por outras palavras, é impossível que um governo isolado consiga implantar uma Revolução que efectue uma mudança concreta na política económica do Estado, de modo a passar a vivenciar a prática da teoria marxista da sociedade socialista. Por isso nunca Cuba, a antigas URSS, ou a China poderão se tornar de fato Socialistas enquanto o mercado económico actual existir. É tanto que para Marx, a Revolução só poderia ser implantada mediante uma crise económica forte que quebrasse o sistema, como a de 29. Pensando agora sob o viés da Economia Baseada em Recursos, a mesma defende as ideias marxistas de um sistema que evolui segundo o contexto histórico, chama-se dialéctica ascendente. A falha que tanto é apontada para a à Teoria Marxista diz justamente à essa evolução histórica em que a teoria não acompanhou. Não há mais proletariado no sentido do século XIX e século XX. Hoje passamos por uma revolução tecnológica global em que as relações económicas e sociais mudaram de forma drástica. O contexto agora é outro, cada vez mais a política se torna desfasada perante discursos vazios com um mero sentido diplomático. É preciso evoluir a política de modo que o acto político se separe do valor da imagem política tradicional.

Segundo a teoria da Economia Baseada nos Recursos, a mesma encontra-se além da política, da miséria e da guerra. Tal tripé factual é a tese principal que aponta a causa de todos os problemas actuais a serem superados. Criado a partir do Movimento Zeitgeist, baseado nas ideias do engenheiro e filósofo Jacques Fresco, o sistema de uma sociedade organizada segundo a Economia Baseada em Recursos, principia que no século XXI. (não compreendo a frase).

O mundo chegou a uma evolução tecnológica onde é possível que por meio da tecnologia existente, todos os recursos necessários à (uma) sociedade sejam produzidos e administrados pela mesma. Como foi mostrado no documentário Zeitgeist: Addendum, a miséria actual é inconcebível diante de tal capacidade de produção e gestão dos recursos por meio da actual tecnologia. O que acontece é que justamente tal independência social não interessa às elites mundiais que lucram milhares de milhões com o actual sistema de mercado capitalista, que por meio da política, que se entenda enquanto a política administrativa, o Direito, e as suas decisões no campo económico, geram tal miséria, por meio da exploração dos recursos, afectando também drasticamente o meio ambiente. Para tal fim, muitas vezes se utiliza a Guerra, enquanto um meio não só de explorar os recursos dominando o território político, quanto também como um meio de fazer o mercado produzir gerando cada vez mais lucros a essas elites que administram todo o sistema de produção mundial.

Considerando que chegamos a um limite onde o homem possui tal consciência desses factos sobre essa evolução, assim como tais práticas estão cada vez mais destruindo directamente os próprios recursos a serem administrados, bem como o próprio sistema de mercado está cada vez mais deteriorado diante de tamanho progresso social, é chegada a hora de haver um rompimento com tal sistema antes que o mesmo se desintegre. Tal temor de desintegração social está justamente na guerra, onde a tecnologia é capaz de destruir o mundo e o homem, assim como a mesma pode ser o factor evolutivo para tal mudança social.

É interessante notarmos que a ideia de que a responsabilidade do homem perante os seus actos é o factor principal de evolução ou deterioração da humanidade. Por outras palavras, dependendo de como agir, o homem pode salvar ou destruir o mundo, logo cabe ao mesmo escolher entre essa evolução a que o mesmo está condenado ou à destruição da sociedade segundo a mesma arma utilizada para fazê-la progredir, a tecnologia.

Considerando também que são justamente as divisões geopolíticas do mundo que geram conflitos entre as diversas culturas, por um motivo económico, disfarçado de um problema social, é preciso romper com a ideia de dividir o mundo em países. Com tal ideia de emancipação geopolítica, a Teoria do Movimento Zeitgeist, defende que após uma crise tão grande que seja capaz de romper todo o sistema actual de organização social do mundo, implante-se um novo sistema sem fronteiras políticas. Como solução, tal teoria propõe a extinção dos países enquanto limites geográficos e políticos, para que com isso se acabe com os conflitos originados pelo interesse económico através da ideia de independência e soberania frente aos demais países dentro do contexto a economia de mercado mundial. Considerando que com tal quebra no sistema económico aliado à evolução tecnológica de uma auto-suficiência em produção e distribuição dos bens, a economia por sua vez seria baseada em recursos, onde não mais existe a ideia de valor económico uma vez que os bens seriam produzidos para o consumo necessário à sociedade, com isso não existindo também o mercado onde os bens são trocados pelos valores estabelecidos na sociedade. Com isso, se acaba com o mercado económico, a ideia de moeda enquanto um ente de troca da produção, e por fim, com todo o comercio e produção voltada para as demandas da lógica de economia de mercado, voltando-se agora para uma produção segundo as necessidades da sociedade.

Assim acabaremos com a fome, a miséria, usando a tecnologia para produzir tudo o que o homem necessita. Devemos entender que a tecnologia surgiu para facilitar a vida do homem, e considerando tal evolução, podemos concluir que quase todos os trabalhos do homem seriam extintos pelo uso da tecnologia e programas de inteligência artificial que administrariam todo o sistema de produção e gestão dos recursos, de modo que dentro desse sistema o homem não precisaria trabalhar. A ideia de que “o trabalho dignifica o homem”, ou que precisamos trabalhar para a nossa sobrevivência, ou que o trabalho é típico da natureza do homem, são ideias que advém do sistema de mercado desde os primórdios do sistema capitalista, assim como são valores definidos pelo próprio homem, onde os mesmos deixam de ter razão dentro de um novo sistema. Historicamente, o homem precisou trabalhar para sobreviver, no contexto histórico primitivo, produzindo para satisfazer as necessidades de sua sobrevivência, ou para ocupar um cargo ou função dentro da lógica de mercado segundo as necessidades de produção dentro do sistema capitalista. Entretanto, como vemos ao longo do tempo, o mesmo sempre buscou facilitar o árduo trabalho através da tecnologia. No caso do trabalho braçal, instrumentos que demandassem menos força, e no caso do trabalho intelectual, a metodologia para se chegar mais rapidamente à solução do problema.

É clara a necessidade do homem de se utilizar da tecnologia para facilitar sua vida. E no caso dos dias actuais, substituir um esforço desnecessário, vista as possibilidades que o mesmo tem para ocupar melhor seu tempo. No sistema actual, o homem desgasta-se absurdamente, seja fisicamente ou mentalmente, para sobreviver neste mundo, retornando aos primórdios de sua existência.

No sistema de uma Economia Baseada em Recursos, com o fim de problemas gerados pelo sistema actual, o homem se verá livre de todos esses trabalhos, de modo que, seja por meio da tecnologia, ou pela inteligência artificial, o homem terá uma nova perspectiva pela frente, podendo dedicar-se somente ao crescimento intelectual, aprendendo sobre a História, sobre seu próprio pensamento, e sobre sua produção cultural e material, com isso havendo uma evolução no conhecimento, onde todos terão acesso ao mesmo. Tal cultura de conhecimento teria por princípio a livre iniciativa, onde o homem buscaria compreender aquilo que lhe atrai, levando-o cada vez mais a compreender a si mesmo e o seu ambiente. Da mesma forma, o homem viveria em fim em paz, sem conflitos, sem problemas, sem preocupações, podendo se dedicar às suas relações sociais assim como seu crescimento intelectual.

Com a utilização da tecnologia o homem seria capaz não mais depender das condições do sistema, mas somente dele mesmo e de seus semelhantes. A própria solução de conflitos se daria através do próprio homem, e onde houvesse necessidade de intervenção para solucionar o conflito, o mesmo se daria através da tecnologia e de convenções já estabelecidas na sociedade. Opções hoje em dia não faltam programas de ressocialização pela via psicológica que já se mostraram mais eficazes que as prisões isolacionistas. E sem os vários problemas sociais e psicológicos que afligem o homem actualmente, a razão dos crimes cairia mais que significativamente, apenas restando problemas de relacionamento, onde os mesmos poderiam ser solucionados através da auto-composição dos conflitos, ou até mesmos supridos através dessa razão maior que seria mostrada ao homem por meio dessa nova sociedade.

Fora isso, a questão ambiental seria solucionada com a correta gestão dos recursos do planeta, onde a tecnologia mais uma vez agiria para produzir e preservar de uma maneira devidamente sustentável. No actual sistema de mercado, a ideia de uma economia sustentável é absurda, pois a vontade do lucro das empresas vai de directamente contra a preservação do meio ambiente. Não há como conciliar ideias totalmente opostas. Somente num sistema onde não há mais valor monetário para se estabelecer relações comerciais e de produção que visam cada vez mais o lucro é que seria possível não haver uma destruição desordenada dos recursos naturais.

Fora isso, com a tecnologia actual, e com o progresso na ciência da engenharia, será possível o desenvolvimento de técnicas que agridam minimamente o meio ambiente, de modo a preservá-lo da maneira correta. Verdadeiras cidades ecologicamente corretas surgirão onde todos os recursos necessários à sobrevivência do homem estarão presentes. Cada cidade será equipada para atender as demandas daquela localidade, onde ao mesmo tempo, com a evolução dos transportes, o homem poderá se deslocar em tempo mínimo de uma parte do mundo a outra, criando de fato uma interacção social definitiva. O mundo será movido pelo conhecimento da cultura alheia, onde o turismo será absurdamente incentivado. As pessoas conhecerão os quatro cantos do mundo, onde por meio dessa nova consciência, o homem passará a preservar sua História em detrimento dessa nova vida por meio da tecnologia. Não será mais preciso destruir sítios históricos para erguer ou expandir cidades. As chamadas cidades do céu se transformariam em verdadeiros arranha-céus metropolitanos, sobrando uma vasta área de preservação ambiental juntamente com locais de importância histórico. É unir o passado com o futuro.

Da mesma forma, por meio dessa auto-gestão tecnológica, onde as máquinas administram as máquinas, não seria mais necessário a democracia representativa, o qual o Movimento Zeitgeist aponta como um problema para tal evolução social. Com a formação dessa nova consciência, assim como pelo avanço tecnológico, seria possível estabelecer uma democracia directa, onde as leis e a administração seria gerida por meio de um programa mundial onde a população decidiria directamente sobre as leis e a solução dos problemas para o mundo e cada região. (a tecnologia ja existe) Considerando que tal Direito virtual não necessitaria da intervenção humana para aplicá-lo, devemos considerar que anteriormente à implantação de tal regime, seriam estabelecidas normas que impeçam criação de leis opressoras, assim como impedir o ataque aos direitos fundamentais, seja em qual parte do mundo for, de modo que tal programa judiciário e legislativo, ao mesmo tempo que seria definido pelas pessoas, teria um norte para evitar um ataque aos novos princípios e à organização social.

Muitos perguntam-se sobre os riscos de tal sistema se tornar numa ditadura. De facto, ele tem vários riscos, seja em sua criação, evolução ou durante o próprio sistema. Mas não é muito diferente da tecnocracia actual, onde o mundo vive apreensivo por conta das armas de destruição em massa, ou de sistemas normativos que mantém o povo na linha frente à projectos de governo que beiram ao totalitarismo frente às intenções de expansão económica no contexto político mundial dos dias de hoje. Não vemos, mas de fato, somos dominados por elites económicas, e um mínimo de tentativa de democratizar o conhecimento como no caso recente do Wikileaks, resultou numa intensa campanha mundial de abafar as verdadeiras práticas totalitárias de governos que se denominam exemplos de Democracia.
É preciso termos consciência que chegamos a um limiar onde ou o mundo de fato evolui para uma nova consciência de sociedade, frente aos avanços que conquistamos, ou ao existir tal confronto, o mundo entrará em guerra por não haver mais espaço para o crescimento nesse sistema, seja pelo esgotamento de recursos, o que gerará uma crise económica, seja pelos interesses cada vez maiores em lucro, o que gerará conflitos entre países pelos territórios ricos em recursos, ou seja pelos conflitos sociais gerados por tal globalização, onde em vez de termos consciência da existência de outras culturas, e da necessidade de coexistirmos em harmonia, preferimos ver o próximo enquanto um rival, um inimigo a ser aniquilado, quando na verdade todos fazemos parte da mesma História. Por isso, ou o mundo abre a possibilidade para concretizar tal evolução, ou de fato seremos exterminados por uma terceira guerra mundial, que é um facto. Um dia ou outro ela vai estourar, basta que todas as condições para tal facto estejam presentes.

E da mesma forma como a guerra pode ser o fim da nossa sociedade, a mesma pode ser o começo dessa nova proposta, onde caso as armas de destruição em massa não aniquilem todo o mundo, por meio dessa destruição do sistema seria possível reconstruir o planeta através dessa nova perspectiva, onde não mais seria necessário o investimento do capital advindo de uma economia de mercado para financiar a reconstrução do mundo, mas através da vontade de construir essa nova sociedade com uma Economia Baseada em Recursos. Tal sistema de reorganização social é de facto uma utopia, mas que se construída devidamente passando por todas essas etapas, de modo a cumprir sua finalidade de organizar uma sociedade além da política, da miséria e da guerra, é possível sim existirmos não enquanto países, mas enquanto planeta.

Como diria Bahá’u’lláh: “A Terra é um só país, e os seres humanos os seus cidadãos”. É possível sim implantarmos uma nova sociedade com um novo propósito, mas para alcançarmos essa nova era, é preciso antes de mais nada revolucionarmos nossas mentes, para compreendermos que chegou a hora de uma evolução no mundo, caso o contrário o mesmo será destruído por essa tentativa de barrarmos uma das poucas verdades no Universo: Tudo está condenado à evolução.

http://vozlivre.org/um-novo-sistema-social-parte-ii-o-pacto-social-natural/

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Re: Tecnocracia
« Resposta #2 Online: 25 de Julho de 2011, 14:26:08 »
Texto publicado na Revista A Ordem, do Centro D. Vital, Rio de Janeiro, 1938.

Resumirei alguma cousa do que dizem sobre Tecnocracia Allen Raymond - em artigo para a revista americana Current History, feb. 33 - e Simeon Strunsky - em artigo para o New York Times.

A palavra Tecnocracia foi posta em circulação em 1919 por William Smyth, engenheiro da Califórnia.

Só ultimamente, porém, entrou em voga, através de pesquisas científicas da universidade de Columbia. Criou-se o grupo dos tecnocratas.

Pretendem eles que a coordenação das energias do vapor, do óleo, do gaz e da água, vai levantar muito mais ainda o nível da vida, para cada cidadão

Afirmam que o ouro e a prata não podem continuar como símbolo do esforço humano acumulado em trabalho; não podem continuar a ser moeda. Desde que a máquina é que tudo produz, cumpre que o meio circulante seja uma tradução do valor dela. Daí a necessidade de substituir o dólar pelo certificado da energia.

Sustentam ainda que o direito ao consumo - poder aquisitivo - existirá numa base comum, para todos.

Não haverá mais desempregados, porque, fazendo a máquina quase todo o trabalho, os homens viverão numa folga semi-permanente, do dia em que a sociedade organizar a própria engrenagem em função da máquina,

O apóstolo da tcnocracia é Howard Scott. Diz ele, em três princípios fundamentais:

1 - A saúde é produto da energia humana ou mecânica; e a saúde pode ser medida na base da energia, como unidade.

2 - Como o elemento humano diminui cada vez mais, na indústria, a participação humana na produção precisa deixar de ser a medida dos direitos ao consumo.

3 - O atual sistema de preço acumulou tanto débito que impede a indústria, na liberdade de produzir, e ao público, na liberdade de adquirir; liberdade que existirá, no dia em que a moeda "energia" substituir ao ouro e ao crédito.

Até meios do século 19, a máquina era impulsionada pelo homem ou era o próprio homem. Mas a sua eficiência, daí para cá, sobretudo nos últimos 25 anos, cresceu tanto que hoje a máquina perfaz um trabalho de 9.000.000 de vezes superior ao da máquina-homem.

*****

Necessita, portanto, o sistema social transferir sua base, da energia humana para a energia mecânica.

- Um oleiro, há 5.000 anos, podia produzir, em media, 450 tijolos, em um dia de mais de dez horas. - Uma olaria moderna produz, por homem, ao dia, 400.000 tijolos.

- Um moleiro, em Roma ou Athenas, podia conseguir, em suas mós ao dia, 1 a 1,5% "barrel" de farinha grossa - Um moinho de Minneapolis ou Bufalo produz 30.000 "barrels" ao dia, por homem, em dia mais curto e com uma farinha muito melhor.

Exemplo original é o que apresenta Strunsky:

Imaginemos a edição domingueira do "New York Times", feita por copistas, em vez de oficinas com linotipistas, gravadores, estereotipistas, etc

Suponhamos a edição com um milhão de palavras.

Um bom copista escreverá, por hora, 2.500 palavras vale dizer, 20.000, num dia de 8 horas. Seriam necessários 50 copistas, ao dia, para tirar uma cópia do jornal.

E 37.500.000 copistas, para os 750.000 exemplares da edição. Isto significa 300.000.000 de homens-hora!

Agradeçamos a Guttenberg e seus aperfeiçoadores a possibilidade real de 1.000 artífices apenas tudo fazerem, num espaço de 6 horas. Num total de 6.000 homens-hora, so mente.

- Outro cálculo original dos tecnocratas é que, com a tecnologia atual, um standard [padrão] de vida elevado poderia ser conseguido pelo trabalho só da população adulta entre 25 e 45 anos, trabalhando apenas 660 horas no ano - seja uma média inferior a 2 horas diárias.

- Também o consumo do homem que, na era pre-mecânica, alcançava 2.000 kilogramas-caloria, no máximo, per capita, ao dia, pode atingir atualmente 150.000 kilogramas-caloria.

Os dados sucedem-se no sentido demonstrativo de que um homem de hoje, considerado como energia ou capacidade produtora, foi, pela máquina, multiplicado para 9.000.000. Um homem americano vale, hipoteticamente, a energia de 9.000.000 de romanos ou atenienses.

*****

Simeon Strunsky acusa as estatísticas tecnocráticas de ambigüidade e confusão. Refaz os cálculos delas e chega a resultados mais modestos. Mesmo assim, porem, ainda são fantásticos. E mostram quanto a máquina enriqueceu a humanidade de um potencial incrível de eficiência productiva.

O aspecto mais interessante, porém, da tecnocracia, por que e a tradução conclusiva e prática de seus princípios, é a proposição econômica da moeda-energia, no lugar do dólar; e a substituição dos políticos pelos técnicos, na direcção social.

*****

O tecnocrata detesta o político. Pela sua venalidade. Pela sua covardia. Pela sua estupidez e ignorância, sobretudo.

"What men chiefly resent in the politician is not his alleged venality, or his alleged cowardice, but his stupidity and his ignorance".

Seu talento é para o comércio da palavra, mas ele é um "ignoramus", embora dirija homens traquejados em atividades que exigem, cada vez mais, conhecimentos precisos.

O tecnocrata volta-se então para o engenheiro, contraste vivo do político. Porque lida com a realidade e trabalha numa base de precisão.

Pelo visto, a tecnocracia parece ter muito de comunismo. Principalmente quando estabelece o direito ao consumo, igual e comum para todos, baseando-o, não na produtividade humana, que é quase nula, mas na da máquina, que é quase tudo.

O tecnocrata responde:-Comparado com a tecnocracia, o comunismo é uma sentimental deificação do operário e o socialismo, um romântico movimento intelectual. Comunism is a sentimental deification of the worker and Socialism is a romantic intellectual movement (Jeferson Chase, in Reader's Digest, fev. 33).

Não deixa de ser original e, à primeira vista, aparente de verdadeira, a teoria tecnocrática.

*****

Quando o homem se perde, atualmente, pela máquina, pelo desequilíbrio entre o aperfeiçoamento dela e a desperfeição humana e social, é engraçado que, na pátria maior da máquina, se busque, nela o remédio ao mal que ela mesma tem produzido. E' o similia similibus inspirando ainda o filho de Adão.

A máquina teria sido admirável se tivesse sido entregue a uma humanidade toda igual aos cientistas que a inventaram e aperfeiçoaram.

Se o mundo fosse uma congregação geral de Edisons e Marconis, que maravilhas não conseguiriria ele com a eletricidade e as ondas hertzianas!

Desgraçadamente, porém, eles são cumes altos, insulados, acima dos horizontes, emquanto a caudal humana corre, grossa, disturbada, irrequieta, cá em baixo, apertada em um fundo difícil de vale, acidentado e tortuoso.

Caem-lhe, dos cimos serenos, os frutos da ciência, que ele adapta sofregamente às necessidades estreitas de suas ambições e suas lutas.

Repugna, à cultura latina, o conceito simplista de salvação pela técnica, destes Howards Scotts.

Não há muito, Gilberto Amado, falando sobre a Escola de Sociologia de S. Paulo, afirmava, muito lucidamente:

"O segundo ponto a frisar - conseqüência do primeiro - e que a Escola não deverá ser um ninho de "primários", um foco de formação de primários, isto e, de técnicos, no sentido americano da palavra. O primário tem sido a praga da democracia: o primário é mortifero: o primário é a maior praga do mundo moderno. O primário é um novo rico, é um recém-vindo da cultura. Instala-se no centro da vida como se ela tivesse começado com ele. Desconhece o passado. Grécia e Roma, para ele, não existem. E' capaz de perguntar quem foi Júlio Cesar..

Articula-se a tudo que é mecânico, na vida, mas fica fora de tudo que não é mecânico".

*****

Quando, porém, se corrigira a sociedade de seu profundo desequilíbrio?

Vivemos a hora do homem-massa, que descreve Ortega y Gasset, na Rebelión de las masas. O homem-massa, que encontrou o conforto físico. Que adquiriu mentalidade intransigentemente reivindicadora.

Outrora, diz o sociólogo espanhol, a vida era uma limitação, uma obrigação, uma dependência, sofria a compressão exterior, no domínio social, no jurídico e até no ambiente cósmico. Mesmo para o rico, o mundo era um ambiente de pobreza, de suspresas, de perigos.

Mas a nova vida política, a técnica, a ciência, - continua o autor, deram ao homem século 19 uma idéia de progresso espontâneo e inesgotável. Acha que tudo é manifestação da natureza e se conduz como inconsciente herdeiro de um passado grande e genial...

- Eis o grande mal da sociedade moderna. Hipertrofiado pela irrestrição subjectiva, impulsionado por uma de formação nacional de seus direitos e obrigações, quebrada a harmonia da personalidade no meio humano, o homem moderno perdeu o ritmo vital que acusa a normalidade do funcionamento sadio, perturbando profundamente o metabolismo social.

Célula de um organismo complexo, desviou-se da noção de que a célula viva só na interdependência, e interceptou, pelas exigências de seu instintivismo desregido, a circulação vitalizadora da sociedade.

O que tem diante de si, entende que surgiu obrigadamente para ele.

Esquece-se de quanto custou a humanidade construir a civilização em que vive. Assenhoreia-se de um conforto elaborado em séculos e séculos de paciências e martírios, sem avaliação nenhuma da tradição humana que ele estaria chamado a continuar e perpetuar.

Vivemos uma época de hedonismo, inteiramente desaparelhada da altura moral que lhe presuporia a perfeição científica.

As conseqüências quais serão?

A ausência de um novo poder espiritual nesta época que é uma época revolucionária, diz Augusto Comte, produzirá uma catástrofe"

Contemplemos um formigueiro, na sua vida normal de operosidade. Há objetivos nítidos, que a miúda população se obriga a realisar. Há o caminho traçado pela experiência das vanguardeiras, que chegaram até a árvore, até a seara donde se abastecem. Na estrada batida, elas vão e vêm. Infatigáveis, constantes, ordeiras. Que uma propositada mão, entretanto, lhes intercepta a passagem. E' o vai-vem, é o confusionismo, é o desritmo da marcha, a desorientação do rumo, o entrechoque das unidades sociais, a desordem do formigueiro... Mas, afinal, depois de muito desandarem contra o ritmo, rebatem a estrada e a vida normaliza-se.

Quem nos reconduzirá?"

Texto publicado na Revista A Ordem, do Centro D. Vital, Rio de Janeiro, 1938.
http://www.letras.ufmg.br/lourenco/banco/EH34.html

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Re: Tecnocracia
« Resposta #4 Online: 01 de Agosto de 2011, 15:06:54 »
Foxconn planeja trocar trabalhadores por 1 milhão de robôs, diz jornal
Implementação seria feita em três anos para reduzir encargos trabalhistas.
Empresa tem histórico de acidentes com trabalhadores.

A Foxconn, maior fabricante mundial terceirizada de celulares, montadora de aparelhos como o tablet iPad e o iPhone, além de videogames, planeja substituir a força de trabalho humana por robôs. Segundo o jornal China Business News e o site Xinhuanet, a companhia taiwanesa quer incluir 1 milhão de máquinas em suas linhas de montagem dentro de 3 anos, substituindo os trabalhadores destes locais.

O principal motivo para o uso de robôs, segundo Terry Gou, CEO da Foxconn, em declaração ao jornal, é "reduzir custos com encargos trabalhistas e melhorar a eficiência nas linhas de produção".

A decisão da Foxconn destaca a tendência crescente de automação na indústria chinesa, à medida que questões trabalhistas como grandes greves e suicídios de operários surgem para criar problemas em empresas de setores que vão de automóveis à tecnologia.

Os robôs serão usados em serviços de rotina como pintura, solda e montagem de aparelhos, atividades que são realizadas atualmente por trabalhadores. A companhia, que tem 10 mil máquinas em operação, pretende aumentar este número para 300 mil em 2012 e para 1 milhão nos próximos três anos.

As fábricas da Foxconn na China possuem cerca de 1 milhão de empregados. Suicídios de funcionários fizeram com que clientes da empresa como HP, Apple e Sony abrisse uma investigação para avaliar como são as práticas trabalhistas da companhia. Em maio, uma explosão na fábrica de Chengdu, matou três pessoas e feriu outras 16.

"Os salários dos trabalhadores vêm crescendo tão rápido que algumas empresas já não suportam", disse Dan Bin, administrador de fundos na Eastern Bay Investment Management, de Shenzhen.

"A automação é a tendência geral em muitos setores da economia chinesa, como o eletrônico. Algumas empresas também podem considerar transferir suas linhas de produção ao exterior, mas isso é mais fácil de falar do que de fazer, já que a cadeia de suprimento está aqui", acrescentou.

http://g1.globo.com/tecnologia/noticia/2011/08/foxconn-pode-trocar-trabalhadores-por-1-milhao-de-robos-em-tres-anos.html


Offline Derfel

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Re: Tecnocracia
« Resposta #5 Online: 01 de Agosto de 2011, 16:01:31 »
Vou demorar um bocado para ler tudo isso! :biglol:

Offline jpsouzamatos

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Re: Tecnocracia
« Resposta #6 Online: 07 de Agosto de 2011, 12:20:44 »
isso acabaria virando um totalitarismo.

Offline ByteCode

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Re: Tecnocracia
« Resposta #7 Online: 07 de Agosto de 2011, 14:33:26 »
Porque acha isto?

Offline jpsouzamatos

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Re: Tecnocracia
« Resposta #8 Online: 07 de Agosto de 2011, 15:23:55 »
Iria acabar transformando isso numa ditadura, onde sabem tudo e todos os passos da população, e em longo prazo poderia piorar dependendo o tipo do lider.

Offline Irracionalista

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Re: Tecnocracia
« Resposta #9 Online: 08 de Agosto de 2011, 23:18:34 »
Citar
Quando, porém, se corrigira a sociedade de seu profundo desequilíbrio?

Vivemos a hora do homem-massa, que descreve Ortega y Gasset, na Rebelión de las masas. O homem-massa, que encontrou o conforto físico. Que adquiriu mentalidade intransigentemente reivindicadora.

Outrora, diz o sociólogo espanhol, a vida era uma limitação, uma obrigação, uma dependência, sofria a compressão exterior, no domínio social, no jurídico e até no ambiente cósmico. Mesmo para o rico, o mundo era um ambiente de pobreza, de suspresas, de perigos.

Mas a nova vida política, a técnica, a ciência, - continua o autor, deram ao homem século 19 uma idéia de progresso espontâneo e inesgotável. Acha que tudo é manifestação da natureza e se conduz como inconsciente herdeiro de um passado grande e genial...

- Eis o grande mal da sociedade moderna. Hipertrofiado pela irrestrição subjectiva, impulsionado por uma de formação nacional de seus direitos e obrigações, quebrada a harmonia da personalidade no meio humano, o homem moderno perdeu o ritmo vital que acusa a normalidade do funcionamento sadio, perturbando profundamente o metabolismo social.

Célula de um organismo complexo, desviou-se da noção de que a célula viva só na interdependência, e interceptou, pelas exigências de seu instintivismo desregido, a circulação vitalizadora da sociedade.

O que tem diante de si, entende que surgiu obrigadamente para ele.

Esquece-se de quanto custou a humanidade construir a civilização em que vive. Assenhoreia-se de um conforto elaborado em séculos e séculos de paciências e martírios, sem avaliação nenhuma da tradição humana que ele estaria chamado a continuar e perpetuar.

Vivemos uma época de hedonismo, inteiramente desaparelhada da altura moral que lhe presuporia a perfeição científica.

As conseqüências quais serão?

A ausência de um novo poder espiritual nesta época que é uma época revolucionária, diz Augusto Comte, produzirá uma catástrofe"

Contemplemos um formigueiro, na sua vida normal de operosidade. Há objetivos nítidos, que a miúda população se obriga a realisar. Há o caminho traçado pela experiência das vanguardeiras, que chegaram até a árvore, até a seara donde se abastecem. Na estrada batida, elas vão e vêm. Infatigáveis, constantes, ordeiras. Que uma propositada mão, entretanto, lhes intercepta a passagem. E' o vai-vem, é o confusionismo, é o desritmo da marcha, a desorientação do rumo, o entrechoque das unidades sociais, a desordem do formigueiro... Mas, afinal, depois de muito desandarem contra o ritmo, rebatem a estrada e a vida normaliza-se.

Quem nos reconduzirá?"

Incrível, se tirar a "technobabble" que está nesse trecho, é impossível discernir esse texto de um produzido por um Apocalipsista Cristão falando do quanto o homem abandonou sua "Era de Ouro" e hoje progride para sua "Era de Ferro" onde todos estamos destinados às fogueiras a menos que nos convertamos ao "Deus Ex-Machina" da vez.
"Make Money, Not War."

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Re: Tecnocracia
« Resposta #10 Online: 09 de Agosto de 2011, 14:37:53 »
Iria acabar transformando isso numa ditadura, onde sabem tudo e todos os passos da população, e em longo prazo poderia piorar dependendo o tipo do lider.

Realmente, este controle necessário sobre o consumo de cada pessoa adulta é um dos pontos vulneráveis da proposta tecnocrata, pois leva a muitas implicações sobre liberdades pessoais. Infelizmente não há nada perfeito e acredito que nunca haverá em questão de sistemas sociais. Mas lhe pergunto: hoje em dia já não somos controlados e rastreados por meio de nossos cartões de crédito e celulares? Alguém pode estar tendo acesso a estes dados com objetivos inescrupulosos neste exato momento. Quem garante que não?
« Última modificação: 09 de Agosto de 2011, 14:40:20 por ByteCode »

Offline Liddell Heart

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Re: Tecnocracia
« Resposta #11 Online: 09 de Agosto de 2011, 16:13:04 »
Mas lhe pergunto: hoje em dia já não somos controlados e rastreados por meio de nossos cartões de crédito e celulares? Alguém pode estar tendo acesso a estes dados com objetivos inescrupulosos neste exato momento. Quem garante que não?

Você escolhe ter cartões de crédito e celulares. Mas você não escolhe ser vítima ou não de engenharia social.
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Re: Tecnocracia
« Resposta #12 Online: 09 de Agosto de 2011, 20:11:33 »
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Realmente, este controle necessário sobre o consumo de cada pessoa adulta é um dos pontos vulneráveis da proposta tecnocrata, pois leva a muitas implicações sobre liberdades pessoais. Infelizmente não há nada perfeito e acredito que nunca haverá em questão de sistemas sociais.

Negociar uma liberdade (parcial, diga-se de passagem) como a de compra e venda e ainda por cima a propriedade de bens em troca de benefícios dúbios e um sistema que tem de tudo para ser totalitário não me parece uma opção remotamente decente ou digna de ser cogitada. Na verdade, a Tecnocracia é tão próxima da descrição de "sociedades fechadas" ou "sociedades orgânicas" que eu até fico surpreso por Popper não mencioná-la em Sociedade Aberta e seus Inimigos.
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Re: Tecnocracia
« Resposta #13 Online: 10 de Agosto de 2011, 10:37:40 »
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Quando, porém, se corrigira a sociedade de seu profundo desequilíbrio?

Vivemos a hora do homem-massa, que descreve Ortega y Gasset, na Rebelión de las masas. O homem-massa, que encontrou o conforto físico. Que adquiriu mentalidade intransigentemente reivindicadora.

Outrora, diz o sociólogo espanhol, a vida era uma limitação, uma obrigação, uma dependência, sofria a compressão exterior, no domínio social, no jurídico e até no ambiente cósmico. Mesmo para o rico, o mundo era um ambiente de pobreza, de suspresas, de perigos.

Mas a nova vida política, a técnica, a ciência, - continua o autor, deram ao homem século 19 uma idéia de progresso espontâneo e inesgotável. Acha que tudo é manifestação da natureza e se conduz como inconsciente herdeiro de um passado grande e genial...

- Eis o grande mal da sociedade moderna. Hipertrofiado pela irrestrição subjectiva, impulsionado por uma de formação nacional de seus direitos e obrigações, quebrada a harmonia da personalidade no meio humano, o homem moderno perdeu o ritmo vital que acusa a normalidade do funcionamento sadio, perturbando profundamente o metabolismo social.

Célula de um organismo complexo, desviou-se da noção de que a célula viva só na interdependência, e interceptou, pelas exigências de seu instintivismo desregido, a circulação vitalizadora da sociedade.

O que tem diante de si, entende que surgiu obrigadamente para ele.

Esquece-se de quanto custou a humanidade construir a civilização em que vive. Assenhoreia-se de um conforto elaborado em séculos e séculos de paciências e martírios, sem avaliação nenhuma da tradição humana que ele estaria chamado a continuar e perpetuar.

Vivemos uma época de hedonismo, inteiramente desaparelhada da altura moral que lhe presuporia a perfeição científica.

As conseqüências quais serão?

A ausência de um novo poder espiritual nesta época que é uma época revolucionária, diz Augusto Comte, produzirá uma catástrofe"

Contemplemos um formigueiro, na sua vida normal de operosidade. Há objetivos nítidos, que a miúda população se obriga a realisar. Há o caminho traçado pela experiência das vanguardeiras, que chegaram até a árvore, até a seara donde se abastecem. Na estrada batida, elas vão e vêm. Infatigáveis, constantes, ordeiras. Que uma propositada mão, entretanto, lhes intercepta a passagem. E' o vai-vem, é o confusionismo, é o desritmo da marcha, a desorientação do rumo, o entrechoque das unidades sociais, a desordem do formigueiro... Mas, afinal, depois de muito desandarem contra o ritmo, rebatem a estrada e a vida normaliza-se.

Quem nos reconduzirá?"

Incrível, se tirar a "technobabble" que está nesse trecho, é impossível discernir esse texto de um produzido por um Apocalipsista Cristão falando do quanto o homem abandonou sua "Era de Ouro" e hoje progride para sua "Era de Ferro" onde todos estamos destinados às fogueiras a menos que nos convertamos ao "Deus Ex-Machina" da vez.

Perceba que este texto é de 1938, portanto um tanto quanto anacronico em relação a certas coisas. Coloquei ele mais a título de curiosidade histórica sobre o tema do tópico.

Offline ByteCode

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Re: Tecnocracia
« Resposta #14 Online: 10 de Agosto de 2011, 11:16:07 »
Mas lhe pergunto: hoje em dia já não somos controlados e rastreados por meio de nossos cartões de crédito e celulares? Alguém pode estar tendo acesso a estes dados com objetivos inescrupulosos neste exato momento. Quem garante que não?

Você escolhe ter cartões de crédito e celulares.

Digamos que, em termos, isto é verdade sim. Mas o livre arbítrio moderno em relação a estas coisas não é tão livre assim.

Offline ByteCode

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Re: Tecnocracia
« Resposta #15 Online: 10 de Agosto de 2011, 11:16:57 »
 
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Realmente, este controle necessário sobre o consumo de cada pessoa adulta é um dos pontos vulneráveis da proposta tecnocrata, pois leva a muitas implicações sobre liberdades pessoais. Infelizmente não há nada perfeito e acredito que nunca haverá em questão de sistemas sociais.

Negociar uma liberdade (parcial, diga-se de passagem) como a de compra e venda e ainda por cima a propriedade de bens em troca de benefícios dúbios e um sistema que tem de tudo para ser totalitário não me parece uma opção remotamente decente ou digna de ser cogitada. Na verdade, a Tecnocracia é tão próxima da descrição de "sociedades fechadas" ou "sociedades orgânicas" que eu até fico surpreso por Popper não mencioná-la em Sociedade Aberta e seus Inimigos.

O que seria um totalitarismo tecnocrata pra você? Como ele funcionaria na sua visão?

Eu certamente aceitaria um sistema deste, com algumas condições:
1 – haver democracia para assuntos que não sejam de natureza técnica, principalmente os relativos à ética e a moral.
2 – democracia exercida de forma mais direta possível, sem a necessidade de representantes. A tecnologia da informação pode ser utilizada e aperfeiçoada para este fim.
3 – total liberdade de expressão e de circulação de informação. Total liberdade de reunião e manifestação popular.
4 – Estado totalmente laico
5 – liberdade de crença religiosa, mas sem privilégios como isenção de impostos e afins.

Não vejo motivo para a suspensão de direitos democráticos com a instalação de uma sociedade automatizada e funcional aos moldes tecnocratas. Esqueça esta visão de Big Brother owreliano. Certamente deve haver uma constituição resguardando todos os direitos, inclusive o direito à educação e saúde de qualidade para todos.

Não proponho simplesmente aceitarmos sermos controlados por um cartão tecnocrata, assim como atualmente não aceitamos ter as vidas controladas pelo simples fato de existirem cartões de crédito, CPFs e celulares. O acesso e o uso de tais informações devem, assim como no sistema vigente, ser reguladas por leis. A diferença é que haveriam muito menos leis, pois haveriam muito menos instituições a serem controladas e, também, devido a ausência do dinheiro.

E sobre “benefícios dúbios”, tenho certeza que não são. Os benefícios seriam maravilhosos para a sociedade: acesso universal e irrestrito a coisas como saúde de qualidade, educação, informação, comida... enfim uma qualidade de vida realmente boa para toda a população e livre de problemas ambientais.

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Re: Tecnocracia
« Resposta #16 Online: 10 de Agosto de 2011, 17:46:17 »
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O que seria um totalitarismo tecnocrata pra você? Como ele funcionaria na sua visão?

Felizmente, não haveria "totalitarismo tecnocrata" porque a longo prazo, sistemas como esses tendem a ruir. O grande problema da Tecnocracia é que se baseia em um "Controle Central" que deve tomar decisões econômicas para todos indivíduos e toda sociedade, o que incorre no "Problema do Uso do Conhecimento", o erro fatal de sistemas desse tipo

Citar
Esqueça esta visão de Big Brother owreliano.

Claro que não. Se até em Democracias há ameaças à liberdade vindo tanto do Estado e sua tendência de crescer cada vez mais, de Corporações aliadas ao Estado que também não são exemplares da defesa da liberdade e mesmo de Movimentos Coletivistas com sanha de violência, e falo do sistema político com mais salvaguardas contra o totalitarismo, os medos de um Big Brother são ainda maiores em um sistema onde toda a administração econômica da sociedade é centralizado por alguém que tem todo tipo de informação sobre você (e que pode ter a propriedade privada abolida, se o Technocracy Study Course é para ser levado a sério). 

Citar
E sobre “benefícios dúbios”, tenho certeza que não são. Os benefícios seriam maravilhosos para a sociedade: acesso universal e irrestrito a coisas como saúde de qualidade, educação, informação, comida... enfim uma qualidade de vida realmente boa para toda a população e livre de problemas ambientais.

Que visão linda, parece a descrição típica dada por Cristãos ao "Paraíso". Tem certeza que falamos de algo real? Isso se torna ainda mais irreal quando acompanhado de "universal e irrestrito", o que implica que haverá uma demanda infinita a esses bens e serviços, mas quem irá pagar por eles? (afinal, alguém tem que suprir essa demanda, mas como satisfazer uma demanda infinita em uma mundo de escassez? Confiando no TecnoDeus?) A proposta tecnocrata se baseia no modelo de 'todos pagam por todos", algo que não tem funcionado historicamente.
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Re: Tecnocracia
« Resposta #17 Online: 10 de Agosto de 2011, 19:04:11 »
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O que seria um totalitarismo tecnocrata pra você? Como ele funcionaria na sua visão?

Felizmente, não haveria "totalitarismo tecnocrata" porque a longo prazo, sistemas como esses tendem a ruir. O grande problema da Tecnocracia é que se baseia em um "Controle Central" que deve tomar decisões econômicas para todos indivíduos e toda sociedade, o que incorre no "Problema do Uso do Conhecimento", o erro fatal de sistemas desse tipo

Me esclareça, o problema está em as pessoas não poderem gastar o tanto quanto gostariam em vez de quanto podem? Foi o que eu entendi deste trecho aqui:
Citar
O caráter peculiar do problema de uma ordem econômica racional é determinado precisamente pelo fato de que o conhecimento das circunstâncias do que devemos fazer uso nunca existe de forma concentrada ou integrada, mas unicamente como os bits dispersos de conhecimento incompleto e freqüentemente contraditório, que todos os indivíduos separados possuem. O problema econômico da sociedade é, portanto, não meramente um problema de como alocar "dado" recursos-se "dado", entende-se dado a uma única mente que deliberadamente resolve o problema definido por estes "dados". É sim um problema de como garantir o melhor uso dos recursos conhecidos para qualquer um dos membros da sociedade, para fins cuja importância relativa apenas estes indivíduos sabem. Ou, para resumir, é um problema da utilização do conhecimento que não é dado a qualquer pessoa em sua totalidade.

 E como isto levaria o sistema à ruína a longo prazo? Seria pelo descontentamento das pessoas por não terem acesso à quantidade de recursos que gostariam de ter?
O controle econômico tecnocrata seria o de dividir entre os indivíduos, igualmente, o que se pode produzir e gastar em termos de energia e matéria-prima, sem ultrapassar a capacidade do meio, evitando um grande desgaste ambiental e a escassez de recursos. O que não levaria às pessoas a viverem miseravelmente, mas estabeleceria um padrão de qualidade de vida para todos os indivíduos da sociedade. Se não for assim, realmente não valeria a pena tal sistema. Lembrando que, para se ter uma alta qualidade de vida, não são necessárias coisas como possuir um carro esportivo ou um super apartamento a beira mar, por exemplo.

Citar
Esqueça esta visão de Big Brother owreliano.

os medos de um Big Brother são ainda maiores em um sistema onde toda a administração econômica da sociedade é centralizado por alguém que tem todo tipo de informação sobre você (e que pode ter a propriedade privada abolida, se o Technocracy Study Course é para ser levado a sério). 

A economia não seria centralizada por “alguém”. De modo algum funcionaria dando-se todo o poder apenas a um individuo ou meia dúzia deles. O que haveria seriam conselhos técnicos para estudarem e calcularem (auxiliados por ferramentas tecnológicas, principalmente a informática), mensalmente, a demanda e a produção de bens e serviços para o período, que novamente seriam colocados a disposição das pessoas adultas, de forma igualitária.

Citar
E sobre “benefícios dúbios”, tenho certeza que não são. Os benefícios seriam maravilhosos para a sociedade: acesso universal e irrestrito a coisas como saúde de qualidade, educação, informação, comida... enfim uma qualidade de vida realmente boa para toda a população e livre de problemas ambientais.

Que visão linda, parece a descrição típica dada por Cristãos ao "Paraíso". Tem certeza que falamos de algo real?

Paraíso certamente não existe, nem nunca existirá. Acontece que, atualmente estamos tão acostumados a um regime de escassez e de desigualdade social imposto pelo atual sistema capitalista/monetarista, que nos parece algo totalmente irreal a grande massa de pessoas viver com qualidade, tendo acesso a serviços de qualidade e com taxas mínimas de criminalidade.  Nunca acreditei num sistema 100% perfeito, dado que somos humanos e falhos. O que acredito é que podemos melhor e muito as coisas.

Citar
Isso se torna ainda mais irreal quando acompanhado de "universal e irrestrito", o que implica que haverá uma demanda infinita a esses bens e serviços, mas quem irá pagar por eles? (afinal, alguém tem que suprir essa demanda, mas como satisfazer uma demanda infinita em uma mundo de escassez? Confiando no TecnoDeus?)

Utilizei a palavra “irrestrito” no sentido que não haveriam restrições de acesso a uma boa qualidade de vida, delimitadas por classes sociais, poder financeiro, escolaridade, cor da pele, sexo etc.

Não haveria uma demanda infinita, pois somente se teria acesso ao que se pode produzir de forma sustentável num período X de tempo.

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A proposta tecnocrata se baseia no modelo de 'todos pagam por todos", algo que não tem funcionado historicamente.

Como assim “todos pagam por todos”, se a produção seria automatizada e não haveria dinheiro?
« Última modificação: 10 de Agosto de 2011, 19:12:18 por ByteCode »

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Re: Tecnocracia
« Resposta #18 Online: 11 de Agosto de 2011, 15:16:13 »
Eu certamente aceitaria um sistema deste, com algumas condições:
1 – haver democracia para assuntos que não sejam de natureza técnica, principalmente os relativos à ética e a moral.

Sem discussão para assuntos técnicos, isso seria imposto, né? Naturalistas (da linha Rousseau) seriam obrigados a viver em uma sociedade tecnológica ou teriam escolha para viver como quisessem?
 
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3 – total liberdade de expressão e de circulação de informação. Total liberdade de reunião e manifestação popular.

As pessoas seriam obrigadas a bancar os serviços tecnológicos?

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5 – liberdade de crença religiosa, mas sem privilégios como isenção de impostos e afins.

Acho que isso responde a pergunta de cima.

Citar
Esqueça esta visão de Big Brother owreliano. Certamente deve haver uma constituição resguardando todos os direitos, inclusive o direito à educação e saúde de qualidade para todos.

E a mesma constituição obrigará as pessoas a seguirem esse modelo "prafrentex"?

Citar
Não proponho simplesmente aceitarmos sermos controlados por um cartão tecnocrata, assim como atualmente não aceitamos ter as vidas controladas pelo simples fato de existirem cartões de crédito, CPFs e celulares.

As pessoas controlam os cartões de créditos e celulares, e não o contrário.

Citar
O acesso e o uso de tais informações devem, assim como no sistema vigente, ser reguladas por leis. A diferença é que haveriam muito menos leis, pois haveriam muito menos instituições a serem controladas e, também, devido a ausência do dinheiro.

Você é obrigado a ceder essas informações para o Grande Irmão?

Citar
E sobre “benefícios dúbios”, tenho certeza que não são. Os benefícios seriam maravilhosos para a sociedade: acesso universal e irrestrito a coisas como saúde de qualidade, educação, informação, comida... enfim uma qualidade de vida realmente boa para toda a população e livre de problemas ambientais.

Quem iria bancar isso?
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Re: Tecnocracia
« Resposta #19 Online: 11 de Agosto de 2011, 18:53:06 »
Eu certamente aceitaria um sistema deste, com algumas condições:
1 – haver democracia para assuntos que não sejam de natureza técnica, principalmente os relativos à ética e a moral.

Sem discussão para assuntos técnicos, isso seria imposto, né?

Com discussão sim para assuntos técnicos, por um conselho técnico, escolhido por meio de testes (concursos públicos) que verifiquem objetivamente o conhecimento dos candidatos aos conselhos nas diversas áreas do conhecimento humano, escolhendo os que se saírem melhor.
E questões éticas e morais, envolvendo tais técnicas, seriam discutidas democraticamente por meio de voto direto da população adulta, sem necessidade de representantes (políticos).

Citar
Naturalistas (da linha Rousseau) seriam obrigados a viver em uma sociedade tecnológica ou teriam escolha para viver como quisessem?

Não entendi esta parte. Poderia ser mais específico por favor?
 
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3 – total liberdade de expressão e de circulação de informação. Total liberdade de reunião e manifestação popular.

As pessoas seriam obrigadas a bancar os serviços tecnológicos?

Não.

Citar
Esqueça esta visão de Big Brother owreliano. Certamente deve haver uma constituição resguardando todos os direitos, inclusive o direito à educação e saúde de qualidade para todos.

E a mesma constituição obrigará as pessoas a seguirem esse modelo "prafrentex"?

Atualmente como acontece? Somos obrigados a aderir o sistema econômico atual?
Nada impediria alguém de ir morar no meio do mato, caçar, pescar e realizar cultivo de subsistência. Mas, ainda assim, como ocorre hoje, tal pessoa ainda acabaria dependendo de alguma forma dos produtos da civilização, tais como ferramentas para trabalhar a terra, remédios etc.

Citar
Não proponho simplesmente aceitarmos sermos controlados por um cartão tecnocrata, assim como atualmente não aceitamos ter as vidas controladas pelo simples fato de existirem cartões de crédito, CPFs e celulares.

As pessoas controlam os cartões de créditos e celulares, e não o contrário.

A principio sim, até que alguém poderoso e inescrupuloso venha e se apodere dos dados com algum objetivo anti-ético ou imoral, desrespeitando as leis vigentes sobre o assunto. Quem garante que isto não ocorre hoje? (Vide caso Paloci no governo Lula, entre outros). A principio, na tecnocracia também o cartão (ou qualquer outra forma de controle de consumo) não seria utilizado para controlar a vida pessoal das pessoas, apenas o consumo da população. O mesmo cuidado que se tem hoje haveria de existir num sistema como o proposto pela tecnocracia.

Citar
O acesso e o uso de tais informações devem, assim como no sistema vigente, ser reguladas por leis. A diferença é que haveriam muito menos leis, pois haveriam muito menos instituições a serem controladas e, também, devido a ausência do dinheiro.

Você é obrigado a ceder essas informações para o Grande Irmão?

Não haveria grande irmão, ou seja, um líder central com poderes infinitos. E essas informações estariam disponíveis para que os técnicos competentes a analisassem de forma geral, com a ajuda de sistemas informatizados, para definir quanto cada um poderá gastar no próximo período, conforme os números da produção e da demanda, e distribuir os “créditos” para cada pessoa já devidamente cadastrada no sistema.
A diferença é que, em vez de políticos decidirem o que fazer, com a assessoria de especialistas das diversas áreas do conhecimento humano, como ocorre hoje em dia, eliminar-se-ia a necessidade de políticos, deixando a decisão de como aplicar os recursos disponíveis para os próprios técnicos especialistas, totalmente baseados em relatórios técnicos, sem nuances políticas como a necessidade de se dar “isto” pra receber “aquilo”. A eficiência e o melhor resultado possível com o que se tem em mãos é o que seria a prioridade e não construir sistemas de alianças que visam simplesmente manter o “status quo” e garantir necessidades particulares dos que estão no poder.

Citar
E sobre “benefícios dúbios”, tenho certeza que não são. Os benefícios seriam maravilhosos para a sociedade: acesso universal e irrestrito a coisas como saúde de qualidade, educação, informação, comida... enfim uma qualidade de vida realmente boa para toda a população e livre de problemas ambientais.

Quem iria bancar isso?

Ninguém, a produção agrícola e industrial e a construção civil seriam automatizadas ao máximo, de modo que houvesse a mínima necessidade de interferência humana em todo o processo. Ainda restaria o setor de serviços, que seria realizado por seres humanos somente em coisas que a tecnologia ainda não possa automatizar por completo, porém sempre com esforços científicos e tecnológicos no sentido de levar à automação completa todos os setores da economia. Isto baixaria a carga horária de trabalho para cerca de duas horas por dia, tirando fins de semana.
E os recursos para automação viriam da própria estrutura estatal (nem sei se poderia ser chamada de Estado tal estrutura) que possuiria total acesso a todos os recursos energéticos e de matéria-prima disponíveis, coordenada por técnicos em sua grande maioria, que iriam verificar as necessidades para liberar tais recursos destinados à fabricação de máquinas, instalações etc., totalmente norteados por laudos técnicos visando a eficiência e o não desperdício de recursos.
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Re: Tecnocracia
« Resposta #20 Online: 12 de Agosto de 2011, 12:38:24 »
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Naturalistas (da linha Rousseau) seriam obrigados a viver em uma sociedade tecnológica ou teriam escolha para viver como quisessem?

Não entendi esta parte. Poderia ser mais específico por favor?

Pessoas que, filosoficamente, têm aversão à tecnologias, pessoas que têm aversão à "Cracias", enfim, todos esses tipos de pessoas seriam obrigadas a viver em sua sociedade? Se, por exemplo, um grupo de pessoas, em determinada região, não quisessem reconhecer o poder dos tecnocratas, eles poderiam fazê-lo?


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Esqueça esta visão de Big Brother owreliano. Certamente deve haver uma constituição resguardando todos os direitos, inclusive o direito à educação e saúde de qualidade para todos.

E a mesma constituição obrigará as pessoas a seguirem esse modelo "prafrentex"?

Atualmente como acontece? Somos obrigados a aderir o sistema econômico atual?

Em parte.

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Nada impediria alguém de ir morar no meio do mato, caçar, pescar e realizar cultivo de subsistência. Mas, ainda assim, como ocorre hoje, tal pessoa ainda acabaria dependendo de alguma forma dos produtos da civilização, tais como ferramentas para trabalhar a terra, remédios etc.

E se eu, e um grande grupo de indivíduos, montássemos uma sociedade "paralela", aonde não reconheceríamos a autoridade da sociedade tecnocrata, o que fariam? Nos deixariam em paz?

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Não proponho simplesmente aceitarmos sermos controlados por um cartão tecnocrata, assim como atualmente não aceitamos ter as vidas controladas pelo simples fato de existirem cartões de crédito, CPFs e celulares.

As pessoas controlam os cartões de créditos e celulares, e não o contrário.

A principio sim, até que alguém poderoso e inescrupuloso venha e se apodere dos dados com algum objetivo anti-ético ou imoral, desrespeitando as leis vigentes sobre o assunto. Quem garante que isto não ocorre hoje? (Vide caso Paloci no governo Lula, entre outros). A principio, na tecnocracia também o cartão (ou qualquer outra forma de controle de consumo) não seria utilizado para controlar a vida pessoal das pessoas, apenas o consumo da população. O mesmo cuidado que se tem hoje haveria de existir num sistema como o proposto pela tecnocracia.

Então esta sociedade controlaria o consumo das pessoas? Ocorreria o mesmo problema que ocorreu na U.R.S.S, aonde os recursos eram mal alocados, gerando crises constantes de desabastecimento.

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O acesso e o uso de tais informações devem, assim como no sistema vigente, ser reguladas por leis. A diferença é que haveriam muito menos leis, pois haveriam muito menos instituições a serem controladas e, também, devido a ausência do dinheiro.

Você é obrigado a ceder essas informações para o Grande Irmão?

Não haveria grande irmão, ou seja, um líder central com poderes infinitos. E essas informações estariam disponíveis para que os técnicos competentes a analisassem de forma geral, com a ajuda de sistemas informatizados, para definir quanto cada um poderá gastar no próximo período, conforme os números da produção e da demanda, e distribuir os “créditos” para cada pessoa já devidamente cadastrada no sistema.
A diferença é que, em vez de políticos decidirem o que fazer, com a assessoria de especialistas das diversas áreas do conhecimento humano, como ocorre hoje em dia, eliminar-se-ia a necessidade de políticos, deixando a decisão de como aplicar os recursos disponíveis para os próprios técnicos especialistas, totalmente baseados em relatórios técnicos, sem nuances políticas como a necessidade de se dar “isto” pra receber “aquilo”. A eficiência e o melhor resultado possível com o que se tem em mãos é o que seria a prioridade e não construir sistemas de alianças que visam simplesmente manter o “status quo” e garantir necessidades particulares dos que estão no poder.

Só quem se cadastrasse teria suas informações enviadas para os técnicos ou, como nos Estados Totalitários, todos teriam qu dar satisfação ao Estado?

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E sobre “benefícios dúbios”, tenho certeza que não são. Os benefícios seriam maravilhosos para a sociedade: acesso universal e irrestrito a coisas como saúde de qualidade, educação, informação, comida... enfim uma qualidade de vida realmente boa para toda a população e livre de problemas ambientais.

Quem iria bancar isso?

Ninguém, a produção agrícola e industrial e a construção civil seriam automatizadas ao máximo, de modo que houvesse a mínima necessidade de interferência humana em todo o processo. Ainda restaria o setor de serviços, que seria realizado por seres humanos somente em coisas que a tecnologia ainda não possa automatizar por completo, porém sempre com esforços científicos e tecnológicos no sentido de levar à automação completa todos os setores da economia. Isto baixaria a carga horária de trabalho para cerca de duas horas por dia, tirando fins de semana.
E os recursos para automação viriam da própria estrutura estatal (nem sei se poderia ser chamada de Estado tal estrutura) que possuiria total acesso a todos os recursos energéticos e de matéria-prima disponíveis, coordenada por técnicos em sua grande maioria, que iriam verificar as necessidades para liberar tais recursos destinados à fabricação de máquinas, instalações etc., totalmente norteados por laudos técnicos visando a eficiência e o não desperdício de recursos.

E se eu quisesse criar uma empresa, que utiliza mão-de-obra assalariada, para competir com as empresas do Estado? Fariam o que?
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Re: Tecnocracia
« Resposta #21 Online: 16 de Agosto de 2011, 16:34:27 »
Pessoas que, filosoficamente, têm aversão à tecnologias, pessoas que têm aversão à "Cracias", enfim, todos esses tipos de pessoas seriam obrigadas a viver em sua sociedade? Se, por exemplo, um grupo de pessoas, em determinada região, não quisessem reconhecer o poder dos tecnocratas, eles poderiam fazê-lo?

Existem alguns exemplos disto hoje, como aqueles religiosos fanáticos nos EUA que detestam tecnologia e tudo que é relacionado à modernidade e, por isto, se isolam em fazendas distantes dos grandes centros urbanos. Assim como hoje, na tecnocracia tais pessoas teriam apenas que seguir a constituição e a suas leis derivantes, tal como leis ambientais de preservação da terra e das águas. E se quisessem obter algum beneficio da civilização, como tratamento médico ou algo assim, teriam obrigatoriamente de ser cadastradas no sistema.

 
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Atualmente como acontece? Somos obrigados a aderir o sistema econômico atual?

Em parte.

Por que acha isto?

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Nada impediria alguém de ir morar no meio do mato, caçar, pescar e realizar cultivo de subsistência. Mas, ainda assim, como ocorre hoje, tal pessoa ainda acabaria dependendo de alguma forma dos produtos da civilização, tais como ferramentas para trabalhar a terra, remédios etc.

E se eu, e um grande grupo de indivíduos, montássemos uma sociedade "paralela", aonde não reconheceríamos a autoridade da sociedade tecnocrata, o que fariam? Nos deixariam em paz?

Apenas deveriam obedecer a constituição vigente e as leis derivadas dela. Além de serem obrigados a se cadastrarem no sistema acaso queiram adquirir produtos e serviços da civilização tecnocrata. As terras seriam todas do Estado, portanto, tal sociedade alternativa estaria sujeita a ser desapropriada e transferida para outro local, conforme a exploração da área por parte do Estado fosse tecnicamente necessária.

Mas acredito que certamente a enorme maioria das pessoas, ao verem as facilidades de se viver numa sociedade tecnocrata, acabaria optando por permanecer nas cidades, assim como hoje. Quantas comunidades hippies você conhece que deram certo e qual o tamanho de suas populações? E olha que o atual sistema capitalista/monetarista não oferece tantas vantagens assim para a pessoa como haveria numa sociedade tecnocrata.

 
Então esta sociedade controlaria o consumo das pessoas? Ocorreria o mesmo problema que ocorreu na U.R.S.S, aonde os recursos eram mal alocados, gerando crises constantes de desabastecimento.

A diferença neste caso seria o investimento na tecnologia e na ciência para resolver a questão. Tal sistema informatizado, baseado em Inteligência Artificial, destinado a fazer este controle de acesso a bens e serviços através de um cartão com um chip ou algo assim, seria totalmente integrado e robusto do ponto de vista do processamento de informações em grande escala.
Além disso, não haveria política na produção e distribuição dos bens, mas sim análises técnicas e objetivas no sentido de tornar o mais eficiente possível a produção e distribuição deles, o que evitaria problemas subjetivos de alocação de recursos ligados à politicagem e mesquinharias tipicamente humanas. A questão da logística deveria ser muuuuuito bem trabalhada e informatizada pelos técnicos responsáveis por isto. Abaixo um post meu do tópico sobre singularidade tecnológica, que mostra um sistema informatizado a ser construído pelos europeus, que poderia servir muito bem de protótipo ou norteador para o sistema informatizado tecnocrata a que me refiro:

Citar
Tecnologia da informação futurista



Na Escola Politécnica de Zurique (ETH), na Suíça, um grupo de cientistas está propondo o casamento da sociologia com a tecnologia da informação.
O objetivo é antecipar as crises que assolam o mundo regularmente.
Dos seis projetos selecionados pela Comissão Europeia como candidatos ao título de "carro-chefe", o FuturICT é o único relacionado com as ciências humanas.
No ano que vem, a Comissão Europeia vai destinar 1 bilhão de euros para cada programa carro-chefe selecionado - ou pelo menos 100 milhões por ano, durante dez anos.

O FuturICT teve seu nome construído sobre um trocadilho, com o "futurista" incorporando a sigla "ICT", que significa, em inglês, as tecnologias de informação e comunicação, ou todo o campo relacionado aos computadores pessoais, telefones celulares, internet e redes sociais.
O FuturICT se baseia em uma extensa rede de 51 universidades e institutos de tecnologia de 16 países, complementada por colaboradores do setor privado, como Yahoo e Telecom Itália. Todos sob a liderança de duas "matrizes", a Universidade College of London e a Escola Politécnica Federal de Zurique (ETH, na sigla em alemão).

Ciência humana exata?

A ideia básica é que essas tecnologias, e as montanhas de dados que podem coletar e processar, já oferecem aos sociólogos o material necessário para transformar sua disciplina em algo mais do que um discurso ("logos"), mas uma "verdadeira ciência" capaz de descrever seu objeto de estudo com uma precisão sem precedentes e até mesmo prever sua evolução.
O projeto é descrito "poeticamente" pelos responsáveis como um "acelerador de conhecimentos" e é comparado ao programa Apollo. A diferença é que desta vez não é mais a Lua que será explorada, mas a Terra.

Concretamente, os pesquisadores irão coletar o máximo possível de dados, principalmente da internet, mas também de arquivos ou pesquisas de comportamentos coletivos. Observatórios também serão instalados nos ambientes financeiro, econômico, social ou natural.
E todos esses dados alimentarão i "Living Earth Simulator" (Simulador da Terra Viva) que deverá ser capaz de modelar o funcionamento das sociedades como já acontece com os sistemas complexos da física ou da biologia.
Tudo isso, garantem os pesquisadores, em estrita conformidade com os princípios da proteção de dados. "Os pais de FuturICT são cientistas e seu objetivo não é se aprofundar na vida das pessoas, mas para alcançar resultados que poderiam beneficiar toda a sociedade".

Prever o futuro e calcular a ganância

Pois a compreensão da sociedade é só um primeiro passo. A ambição do projeto vai muito mais além.
O objetivo é conseguir prever o surgimento de crises para tentar amenizar seus efeitos.
No primeiro semestre de 2008, Dirk Helbing e dois de seus colegas haviam publicado um alerta na revista ScienceDaily contra a perigosa instabilidade do sistema financeiro. Poucos meses depois o mundo caía na crise que todos conhecemos.
Será que com isso o FuturICT conseguirá predizer o futuro, assim como a psico-história dos romances de ficção científica de Isaac Asimov?
"Devemos empregar o termo predição com muito cuidado. A predição ainda tem muitos limites, o melhor seria falar de previsão, como no caso da previsão do tempo. Por outro lado, o que é possível com certeza é obter uma compreensão suficiente dos sistemas sociais e econômicos para explicar como algumas mudanças nesses sistemas podem afetá-los", responde Dirk Helbing, físico convertido em sociólogo e co-diretor de FuturICT.
Além disso, acrescenta o sociólogo, "nem sempre é necessário fazer previsões para melhorar o sistema. Nosso objetivo principal é poder aliviar a crise, reduzir perdas e também gerar novos lucros, detectar novas oportunidades".
Resta levar em consideração que uma crise, como a crise financeira de 2008, deve muito também à ganância humana. Será que os "sócio-matemáticos" também serão capazes de calcular isso?
"Absolutamente," responde Dirk Helbing sem hesitar. "Acabamos de publicar um artigo sobre esta questão, que examina como a cobiça afeta o surgimento da cooperação e da coesão social. E pudemos estabelecer que um pouco de ganância torna as pessoas ambiciosas o suficiente para realmente tentar fazer algo juntas. Em compensação, tem um certo nível onde a ganância já não melhora o desempenho do sistema, mas, ao contrário, o desestabiliza."

http://www.inovacaotecnologica.com.br/noticias/imagens/010150110708-simular-a-terra-1.jpg

Aqui um link para maiores detalhes sobre o projeto:
http://www.futurict.ethz.ch/data/pubs/WhatFuturICTWillDo4Supporters.pdf

Um vídeo sobre o assunto:

<a href="http://www.youtube.com/v/aCTUYSphFrU" target="_blank" class="new_win">http://www.youtube.com/v/aCTUYSphFrU</a>

Outra coisa é que deveria haver disponibilidade irrestrita por parte do Estado à matéria-prima e fontes de energia limpas e renováveis. Por isto o ideal é que tal sociedade hipotética fosse global ou ao menos ocupasse uma vasta extensão territorial. Caso não fosse assim, o pais que adotasse tal sistema teria que trabalhar de forma a poder negociar com os demais países para conseguir acesso a material inexistente em seu território, comprando ou trocando por outras coisas tipo tecnologia ou outros produtos industrializados ou outro tipo de matéria-prima mesmo.

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Não haveria grande irmão, ou seja, um líder central com poderes infinitos. E essas informações estariam disponíveis para que os técnicos competentes a analisassem de forma geral, com a ajuda de sistemas informatizados, para definir quanto cada um poderá gastar no próximo período, conforme os números da produção e da demanda, e distribuir os “créditos” para cada pessoa já devidamente cadastrada no sistema.
A diferença é que, em vez de políticos decidirem o que fazer, com a assessoria de especialistas das diversas áreas do conhecimento humano, como ocorre hoje em dia, eliminar-se-ia a necessidade de políticos, deixando a decisão de como aplicar os recursos disponíveis para os próprios técnicos especialistas, totalmente baseados em relatórios técnicos, sem nuances políticas como a necessidade de se dar “isto” pra receber “aquilo”. A eficiência e o melhor resultado possível com o que se tem em mãos é o que seria a prioridade e não construir sistemas de alianças que visam simplesmente manter o “status quo” e garantir necessidades particulares dos que estão no poder.

Só quem se cadastrasse teria suas informações enviadas para os técnicos ou, como nos Estados Totalitários, todos teriam qu dar satisfação ao Estado?

Somente quem se cadastrasse. Tal acesso às informações de consumo dos cidadãos seria destinado somente para fins de se administrar o consumo de forma a se produzir o necessário a ser consumido, de modo a não faltar nem haver desperdícios. Acessos de qualquer outra natureza a tais dados seriam regulados e proibidos.

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a produção agrícola e industrial e a construção civil seriam automatizadas ao máximo, de modo que houvesse a mínima necessidade de interferência humana em todo o processo. Ainda restaria o setor de serviços, que seria realizado por seres humanos somente em coisas que a tecnologia ainda não possa automatizar por completo, porém sempre com esforços científicos e tecnológicos no sentido de levar à automação completa todos os setores da economia. Isto baixaria a carga horária de trabalho para cerca de duas horas por dia, tirando fins de semana.
E os recursos para automação viriam da própria estrutura estatal (nem sei se poderia ser chamada de Estado tal estrutura) que possuiria total acesso a todos os recursos energéticos e de matéria-prima disponíveis, coordenada por técnicos em sua grande maioria, que iriam verificar as necessidades para liberar tais recursos destinados à fabricação de máquinas, instalações etc., totalmente norteados por laudos técnicos visando a eficiência e o não desperdício de recursos.

E se eu quisesse criar uma empresa, que utiliza mão-de-obra assalariada, para competir com as empresas do Estado? Fariam o que?

Não haveria apropriação privada de recursos naturais, tudo pertenceria a todo mundo, sendo este “todo mundo” representado pelo Estado ou alguma estrutura similar a ele, que se encarregaria, através de seus técnicos e de um complexo sistema informatizado, de distribuir bens e acesso aos serviços de forma igualitária para todos os cadastrados no sistema.

E duvido que uma empresa utilizando mão de obra humana conseguiria competir com outras empresas quase que 100% automatizadas. É justamente isto que esta levando as indústrias a se automatizarem cada vez mais e mais, para manterem sua capacidade de concorrência.

Offline ByteCode

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Re: Tecnocracia
« Resposta #22 Online: 16 de Agosto de 2011, 17:09:17 »
Tecnologias existentes HOJE, que possibilitariam a automação em massa dos setores da economia:

No caso das indústrias, é sabido que ela vem sendo constantemente automatizada já há muito tempo. E já se poderia automatizá-la muito mais, dado já existirem mãos robóticas avançadas que imitam a mão humana em trabalhos mais precisos e delicados, como apertar parafusos. Aqui temos um exemplo recente da possibilidade real de substituir-se milhões de postos de trabalho por robôs autômatos:
http://g1.globo.com/tecnologia/noticia/2011/08/foxconn-pode-trocar-trabalhadores-por-1-milhao-de-robos-em-tres-anos.html

Na construção civil temos a tecnologia chamada “Contour Crafting”, que a Nasa pensa em utilizar futuramente para a construção de um posto avançado em outro planeta construído por impressão 3-D. Tal tecnologia poderia construir uma casa de 600 m2 em 24 horas, sem a necessidade de mão-de-obra humana.
http://arquitetesuasideias.wordpress.com/2010/08/22/contour-crafting-construira-casa-de-600-m2-em-24-horas/

Na agricultura temos máquinas agrícolas que tanto plantam como colhem automaticamente o campo, orientadas por um sistema ligado a GPS. Certa vez uma equipe de estudantes aqui da UFMT construiu um sistema deste, muito motivados pelo fato do MT ser um dos maiores pólos agrícolas do mundo.
Além disso, existem culturas que podem ser feitas diretamente na água, sem utilização de terra, que poderiam ser colocadas em grandes prédios com luz artificial dentro das próprias cidades, facilitando a sua colheita e distribuição.

O setor de serviços seria o mais complicado a se automatizar, por motivos óbvios. Mas o que a tecnologia atual de IA não conseguisse automatizar ainda, seria desempenhado por seres humanos. Porém, o campo nesta área é muito promissor e evolui rapidamente, o que poderia levar num futuro não tão distante à automação completa, ou quase completa, do setor de serviços.
« Última modificação: 16 de Agosto de 2011, 18:53:19 por ByteCode »

Offline jpsouzamatos

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Re: Tecnocracia
« Resposta #23 Online: 20 de Agosto de 2011, 13:09:23 »
Mas lhe pergunto: hoje em dia já não somos controlados e rastreados por meio de nossos cartões de crédito e celulares? Alguém pode estar tendo acesso a estes dados com objetivos inescrupulosos neste exato momento. Quem garante que não?
ByteCode, instituições comercias visam o lucro e não pode se dar o luxo de praticar certas coisas contra o freguês, em caso de governo a conversa é totalmente diferente.

Offline jpsouzamatos

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Re: Tecnocracia
« Resposta #24 Online: 20 de Agosto de 2011, 13:15:34 »
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Realmente, este controle necessário sobre o consumo de cada pessoa adulta é um dos pontos vulneráveis da proposta tecnocrata, pois leva a muitas implicações sobre liberdades pessoais. Infelizmente não há nada perfeito e acredito que nunca haverá em questão de sistemas sociais.

Negociar uma liberdade (parcial, diga-se de passagem) como a de compra e venda e ainda por cima a propriedade de bens em troca de benefícios dúbios e um sistema que tem de tudo para ser totalitário não me parece uma opção remotamente decente ou digna de ser cogitada. Na verdade, a Tecnocracia é tão próxima da descrição de "sociedades fechadas" ou "sociedades orgânicas" que eu até fico surpreso por Popper não mencioná-la em Sociedade Aberta e seus Inimigos.

O que seria um totalitarismo tecnocrata pra você? Como ele funcionaria na sua visão?

Eu certamente aceitaria um sistema deste, com algumas condições:
1 – haver democracia para assuntos que não sejam de natureza técnica, principalmente os relativos à ética e a moral.
2 – democracia exercida de forma mais direta possível, sem a necessidade de representantes. A tecnologia da informação pode ser utilizada e aperfeiçoada para este fim.
3 – total liberdade de expressão e de circulação de informação. Total liberdade de reunião e manifestação popular.
4 – Estado totalmente laico
5 – liberdade de crença religiosa, mas sem privilégios como isenção de impostos e afins.

Não vejo motivo para a suspensão de direitos democráticos com a instalação de uma sociedade automatizada e funcional aos moldes tecnocratas. Esqueça esta visão de Big Brother owreliano. Certamente deve haver uma constituição resguardando todos os direitos, inclusive o direito à educação e saúde de qualidade para todos.

Não proponho simplesmente aceitarmos sermos controlados por um cartão tecnocrata, assim como atualmente não aceitamos ter as vidas controladas pelo simples fato de existirem cartões de crédito, CPFs e celulares. O acesso e o uso de tais informações devem, assim como no sistema vigente, ser reguladas por leis. A diferença é que haveriam muito menos leis, pois haveriam muito menos instituições a serem controladas e, também, devido a ausência do dinheiro.

E sobre “benefícios dúbios”, tenho certeza que não são. Os benefícios seriam maravilhosos para a sociedade: acesso universal e irrestrito a coisas como saúde de qualidade, educação, informação, comida... enfim uma qualidade de vida realmente boa para toda a população e livre de problemas ambientais.
Byte Code, leis estatais sempre beneficiam o estado, tentar pensar em ua tecnocracia de forma não totalitária é ingenuidade, da esma fora que tentar teorizar socialismo, nazismo, fascismo e afins de forma não totalitária.

 

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