Podemos ver a influência não somente da "racionalização" da doutrina religiosa através de Tomás de Aquino, com a importante inserção da filosofia aristotélica, mas também o exagero de Francisco de Assis, na clara defesa na manipulação cristã. Esta ficou evidente na sua defesa da pobreza extrema terrestre tentando angariar a riqueza celestial.
Assim como existem os Escolásticos Tardios, que são vistos pelos "Austríacos Modernos" como os pais da "filosofia moral" (estou usando o termo no mesmo sentido do usado por Adam Smith) que deu origem à Economia. Além disso, o Catolicismo não defende explicitamente a pobreza (ser pobre não torna alguém mais virtuoso) e não vê a riqueza como algo necessariamente ruim (o apego a ele é visto como ruim).
O que corrobora esse entendimento de contribuição do cristianismo, e ainda por cima, numa perspectiva que considero de ideologia bem capitalista, de defesa de um suposto livre mercado e que a escola austríaca faz com maestria.
Esta é a grande influência que considero relevante, com a tentativa de construção de um novo estado, com a perspectiva revolucionária e que se consolidou no período leninista, com o engajamento de muitos na produção desta nova sociedade soviética, que foi acontecendo invariavelmente em conjunto com os seus percalços. Porém é deixada muito de lado, pois teve grandes avanços técnicos e científicos.
A tentativa soviética foi preciosa para nos mostrar que nunca mais deve ser repetida se almejamos um mundo melhor.
Como eu disse, essa é uma generalização comum. Eu discordo. É importante separar o joio do trigo e definir o que foi importante e o que foi ruim. O que atrasou o desenvolvimento econômico e imperialista foi, principalmente, perder espaço no setor de tecnologia da informação, com grande atraso. E claro que a ditadura política teve grande culpa, o que não deixa de ser mais uma contribuição, como você disse, sobre o que não fazer.
É estranho dizer que o que ele colocou como uma caricatura se o que ele listou ou são partes da "ortodoxia marxista" (inevitabilidade histórica, história como uma ciência precisa e governada por leis históricas) ou foram práticas bem documentadas na URSS (o aspecto quase-messiânico pode ser visto na propaganda soviética e seu culto aos governantes, especialmente Lênin). E mais estranho ainda é citar o começo da URSS como um período de avanços, sendo que a maioria deles ocorreram mesmo ao redor dos anos 50 e 60 (provavelmente haveria progressos já nos anos 40, mas os soviéticos tiveram que enfrentar a pior parte da "Guerra Patriótica"), quando a expectativa de vida soviética era uma das mais altas do mundo, e ocorreram mudanças especialmente no campo da educação e prestação de serviços básicos para o suporte de vida (que declinaram posteriormente nos anos 80).
Nenhum nem outro. Um dos problemas da URSS foi não iniciar o processo socialista em um país capitalista desenvolvido, tendo que superar grandes entraves econômicos. E a contribuição que considero muito é o desenvolvimento da teoria histórico cultural, com grande adesão ao marxismo mas que foi censurada pelo governo ditatorial, evitando assim grandes possíveis avanços no aspecto educacional que foram propostos. E esse declínio posterior, esteve relacionado a má administração tecnológica, que comprometeu seriamente a URSS que era mais avançada industrialmente que muitos países capitalistas em muitos outros setores.
E o marxismo-leninismo messiânico foi uma estratégia de Stalin para seu regime. E mesmo assim entendo essa fase no contexto da guerra fria, com a divisão político-econômica mundial em torno dos dois países. A nomenclatura ideológica de cada um dos lados não me parece refletir a real situação da competição existente.
E entrando neste contexto de simplificação, vejo o capitalismo como teísta e o socialismo como ateísta, mas sei bem que não é assim, apenas ampliando esta abordagem com relação ao cristianismo e sua influência ao capitalismo e do marxismo ao socialismo.
E claro que estou tentando avaliar de um ponto de vista mais avançado, saindo daquele bê-a-bá econômico de país de economia fechada e país de economia aberta, claramente tendencioso, ao meu ver, apesar da importância didática.