Por falar em perspectivas mais "modernas" (ou ocidentais?) do budismo, lembro de uma palestra da Monja Coen* (Zen-budismo) em que ele definia karma como um conjunto de ações que, por se repetirem, deixa marcas em nosso funcionamento mental e comportamento observável ao criarem um padrão inconsciente (por não estar explícito) de conduta. Nesse sentido, o "retorno" é a perpetuação de um padrão (e ela deixou claro que a idéia de "retorno" não faz muito sentido pois, para os budistas, não há bem um 'eu' para que algo retorne).
A libertação é perceber esses padrões e buscar novas formas de se relacionar com as pessoas e o mundo.
Essa perspectiva de karma é muito mais "psicológica" do que metafísica. Utiliza elementos religiosos orientais, mas os traduz em termos ocidentais e modernos. No fundo, parece-me, acaba por chegar a resultados semelhantes: sugere a busca de autoconhecimento como meio para a liberdade.
Entre a noção de karma, que ensina responsabilidade, e a de pecado, que permite o perdão desde que vc puxe o saco de javé, prefiro o karma.
A opção talvez se reduza a um utilitarismo interesseiro ou ao niilismo desesperançado.
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*É claro que aqui reproduzo meu entendimento da palestra.