Autor Tópico: A queda da URSS - 20 anos depois  (Lida 5489 vezes)

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A queda da URSS - 20 anos depois
« Online: 19 de Agosto de 2011, 15:16:25 »
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Vinte anos depois, ex-repúblicas soviéticas se blindam contra o comunismo

No dia 1º de agosto de 1991, o famoso monumento a Karl Marx, que se eleva sobre o centro da cidade de Moscou, apareceu com os seguintes dizeres pintados em tinta vermelha: “Proletários do mundo, perdoem-me!”

Era uma irônica alusão ao chamado aos trabalhadores contido no Manifesto do Partido Comunista, publicado em 1848 na Alemanha por Marx e Friedrich Engels.

Os comunistas que viviam na “casa da revolução mundial” se orgulhavam de seu papel na história e no cenário geopolítico.

Vinte anos após o colapso do maior país comunista do mundo, o Partido Comunista permanece um dos mais influentes do país.

Em números de parlamentares, só fica atrás do partido Rússia Unida, dos últimos ocupantes do Kremlin, Dmitri Medvedev e Vladimir Putin.

Mas a maioria dos analistas está de acordo com a opinião de que o partido não tem futuro político na Rússia.

Os filiados do PC de hoje pertencem a um setor determinado, mas em envelhecimento, da população. Se tudo continuar como está, os simpatizantes da sigla tendem a desaparecer.

A maioria dos simpatizantes da oposição na Rússia é nacionalista ou a favor de ideias ocidentais.

Existe, sim, muita nostalgia na Rússia pela antiga União Soviética, mas não da igualdade indiscriminada, das filas e da doutrinação política: os cidadãos sentem falta do tempo em que a União Soviética era uma nação poderosa, respeitada e temida em todo o globo.

Muitos especialistas crêem que os comunistas poderiam ter retomado o poder nos anos 1990, quando a Rússia se encontrava em meio à turbulência política, se tivessem um líder carismático líder.

Entretanto, a firme liderança de Genady Ziuganov assegurou o estabelecimento do capitalismo e de um sistema de democratização na Rússia.

Os eventos históricos que se desenrolaram na “casa da revolução” determinaram o destino do comunismo no resto do mundo.

Europa e Ásia Central

Nos países que conformavam as ex-repúblicas sob a batuta de Moscou, o que há de comum é a tentativa de evitar a influência da ideologia comunista.

A única ex-república soviética a manter o comunista é a Moldávia. Seu ex-presidente entre 2001 e 2009, Vladimir Voronin, foi o primeiro chefe de Estado comunista democraticamente eleito após a dissolução do bloco soviético.

Mas mesmo seus seguidores não são comunistas linha-dura no sentido tradicional: não desejam o retorno à vida soviética. Parte dos ativos do país foi privatizada e a melhor definição da estrutura sócio-econômica do país é capitalismo com um toque pós-soviético.

O país que mais preservou os valores e o estilo de vida soviéticos é Belarus, a “linha de montagem” do antigo bloco comunista.

A liberalização econômica e a ruptura dos antigos laços econômicos atingiram duramente o país, que não possuía recursos naturais.

Durante a 2ª Guerra Mundial, o país amargou a ocupação nazista, insuflando uma desconfiança em relação à influência ocidental na psique nacional.

Mesmo assim, o comunismo tem desvanecido e o presidente bielorrusso, Alexander Lukashenko – que chegou ao poder impulsionado por esse sentimento antiocidental – nunca invocou as ideias de Marx e Lênin.

A ideologia predominante é a do paternalismo estatal com liderança carismática e ditatorial.

Nos países da Ásia Central, que combinam capitalismo, autoritarismo secular e o uso oportunista de certos elementos islâmicos, os governos mantêm laços mais próximos com Moscou que com os países ocidentais – mas isso é porque a Rússia não os incomoda com questionamentos a respeito de direitos humanos.

Na Ucrânia, nos países do Cáucaso e nos Bálticos, o comunismo já não é digno de menção. As disputas políticas continuam nesses países, mas por forças inteiramente distintas.

No Leste Europeu, onde comunismo foi implantado força, a ocupação e a humilhação nacional, a maioria das populações nunca apoiou a ideologia.

A União Soviética provia os recursos para os seus “satélites” e permitia, neles, um grau de liberdade mais que em seu próprio solo. Mesmo assim, as tentativas de se livrar do jugo de Moscou só foram suprimidas com a intervenção do Exército Vermelho na ex-Alemanha Oriental, a Hungria e a ex-Tchecoslováquia.

Há partidos pós-comunismo em todos os países do antigo Pacto de Varsóvia, que advogam uma plataforma de esquerda moderada e europeia. Esses partidos têm tido espaço na Polônia, Hungria, Romênia, Eslováquia e Bulgária, mas não há possibilidade de voltar ao sistema político socialista de outrora.

China e Ásia

Se a revolução russa já não tinha grande relação com os ideais da ideologia marxista, a chinesa certamente não tinha. A China nunca teve um proletariado capaz de receber desempenhar a função histórica que lhe cabia segundo Marx.

Mao Tse Tung chegou ao poder em 1949 vindo da classe camponesa. Considerava-se líder de um “vilarejo global” em uma luta contra a “cidade global” e nunca escondeu sua rejeição à civilização urbana.

O seguidor de Mao no Camboja, Pol Pot, levou os ensinamentos de seu mestre à ação lógica, dizimando a população urbana do país.

Mao combinava a ideologia marxista com um nacionalismo chinês e um despotismo asiático, exemplificados pela coletivização e a obediência. O indivíduo era um coágulo no sistema e todo interesse material era substituído por um profundo sentimento de conformidade.

No Vietnã, o vizinho mais próximo da China, o caminho do comunismo foi semelhante.

A Mongólia foi o único país a estabelecer o socialismo ao estilo soviético antes da 2ª Guerra Mundial. Depois da queda da União Soviética, o país rejeitou o modelo e embarcou em um caminho de reformas de mercado e democracia multipartidária.

Hoje, a Coreia do Norte é o único bastião do comunismo stalinista. O país vive imerso em um sistema onde o mercado é inexistente e a ideia de coletividade é tão forte que os indivíduos são proibidos de cobrir as janelas com cortinas.

A doutrina oficial norte-coreana não se baseia nos princípios marxistas-leninistas, mas no espírito de autoconfiança. Na prática, isso se traduziu no desejo de Kim Il Sung e seu sucessor, Kim Jong Il, de se manter seu domínio sem se submeter a ninguém.

África e América Latina

Na África, a realidade social não poderia ser mais diferente dos cenários elaborados por Marx e Engles, que se debruçaram sobre os problemas das sociedades industriais.

Em parte, a aproximação dos países africanos com a URSS foi motivada pela rejeição ao imperialismo histórico das potências europeias.

Aos líderes anticolonialistas africanos também apetecia a ideia de modernizar seus países através de ditaduras. Eles sabiam pouco sobre as ideias de Marx e Lênin, mas entenderam que bastava dizer a palavra mágica – “socialismo” – para estar na lista dos receptores de armas e recursos da União Soviética.

Isto gerou todo tipo de confusão. Quando a Etiópia e a Somália entraram em guerra, por exemplo, ambos os países se consideravam socialistas. Levou tempo até Moscou decidir quem apoiar: a Etiópia.

Na América Latina, de forma semelhante ao que ocorreu na África, o apoio da URSS foi usado na Guerra Fria contra outra potência vista como imperialista – os Estados Unidos.

Mas muitas revoluções latino-americanas não foram diretamente inspiradas pelo marxismo. A Cubana começou como uma insurreição contra a autoridade vigente.

Fidel Castro era popular em Moscou tanto quanto Yuri Gagarin, o primeiro homem no espaço. O líder cubano da “ilha da liberdade” mostrava que o comunismo poderia ser jovem, cheio de vida e democrático.

Ao longo dos anos, Cuba perdeu a vitalidade e passou a ser um país governado por uma geração de octogenários. É possível que se torne o país a martelar o último prego no caixão do comunismo global.

http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2011/08/110819_comunismo_pos_urss_pu.shtml
Linha do tempo: O colapso da URSS
Fim da URSS não estremeceu esquerda brasileira, dizem brasilianistas
Rússia não é democracia plena, diz Gorbachev, 20 anos após fim da URSS
Neto de Prestes vê mais ganhos que perdas
URSS ainda é parte do cotidiano de Cuba

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Offline Geotecton

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Re: A queda da URSS - 20 anos depois
« Resposta #1 Online: 19 de Agosto de 2011, 18:35:43 »
Antes da 'queda e desintegração' da URSS foi realmente maravilhoso ver a queda (literal) do Muro de Berlin. Eu estava em Rio Claro, no início do mestrado, quando aquelas maravilhosas e estonteantes cenas apareceram na televisão em novembro de 1989.

E elas eram tão incríveis e inacreditáveis que muitos colegas de esquerda simplesmente duvidaram que fossem verdadeiras, ao ponto de alguns dizerem que era uma "armação capitalista capitaneada pela CIA".

Não era!

Hehehehehe.
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Offline gilberto

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Re: A queda da URSS - 20 anos depois
« Resposta #2 Online: 19 de Agosto de 2011, 18:41:40 »
Foi realmente impressionante não ter sido derramado nenhum sangue em um episódio daquela magnitude!
Será que foi uma vitória das ideologias e movimentos pacifistas? Acho que sim ... graças a deus ...  :biglol:.

Offline Arcanjo Lúcifer

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Re: A queda da URSS - 20 anos depois
« Resposta #3 Online: 19 de Agosto de 2011, 19:09:35 »
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Será que foi uma vitória das ideologias e movimentos pacifistas?

Foi a vitória de um buraco gigante no orçamento do Estado que não tinha mais  condições de pagar os gastos públicos e dar emprego para todo mundo, tal qual na ilha-prisão do iluminado revolucionário Coma-Andante  F#de# Castro que após 50 anos de racionamento arrotando "Viva la Corrupcion"  virou capitalista e botou todo mundo no olho da rua :histeria:

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Antes da 'queda e desintegração' da URSS foi realmente maravilhoso ver a queda (literal) do Muro de Berlin. Eu estava em Rio Claro, no início do mestrado, quando aquelas maravilhosas e estonteantes cenas apareceram na televisão em novembro de 1989.

E elas eram tão incríveis e inacreditáveis que muitos colegas de esquerda simplesmente duvidaram que fossem verdadeiras, ao ponto de alguns dizerem que era uma "armação capitalista capitaneada pela CIA".

Não era!

Hehehehehe.


Aquele bando de traidores que passaram para o lado bom deviam ser fuzilados por abandonar a causa e o paraíso esquerdinha. :histeria:

Eu adoro ver esquerdinhas se f#derem :histeria:

« Última modificação: 19 de Agosto de 2011, 19:16:47 por Arcanjo Lúcifer »

Offline gilberto

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Re: A queda da URSS - 20 anos depois
« Resposta #4 Online: 19 de Agosto de 2011, 19:17:54 »
To falando de não ter havido sangue ... vcs anti-comuna não perdem uma hein :nao3:

Offline Arcanjo Lúcifer

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Re: A queda da URSS - 20 anos depois
« Resposta #5 Online: 19 de Agosto de 2011, 19:19:47 »
To falando de não ter havido sangue ... vcs anti-comuna não perdem uma hein :nao3:

Talvez estivesse em falta tb.

Racionamento, vc sabe como é. :histeria:

Offline gilberto

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Re: A queda da URSS - 20 anos depois
« Resposta #6 Online: 19 de Agosto de 2011, 19:26:48 »
To falando de não ter havido sangue ... vcs anti-comuna não perdem uma hein :nao3:

Talvez estivesse em falta tb.

Racionamento, vc sabe como é. :histeria:
Essa foi boa!!!  :biglol:

Offline Gaúcho

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Re: A queda da URSS - 20 anos depois
« Resposta #7 Online: 19 de Agosto de 2011, 19:41:22 »
O que me deixa intrigado é por que tanta gente levou o socialismo a sério. :o
"— A democracia em uma sociedade livre exige que os governados saibam o que fazem os governantes, mesmo quando estes buscam agir protegidos pelas sombras." Sérgio Moro

Offline Arcanjo Lúcifer

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Re: A queda da URSS - 20 anos depois
« Resposta #8 Online: 19 de Agosto de 2011, 20:04:22 »
O que me deixa intrigado é por que tanta gente levou o socialismo a sério. :o

Imagine que vc trabalha em uma empresa privada onde vc tem que justificar seu salário porque a empresa vai falir se não tiver lucro, vc muda de emprego se encontrar uma empresa que pague melhor ou eles te mandam embora se encontrarem alguém mais capacitado que vc, ok?

Agora imagine que vc vive em um país onde todo mundo trabalha para o Estado, as empresas sobrevivem de dinheiro público e todos não estão nem aí para saber de onde vem a grana que  mantém seus empregos estáveis. Pouco importa qual seja a produção da tal empresa ou se vc fica lá de braços cruzados esperando a hora de registrar seu ponto...

Foi por isso que o socialismo fez sucesso, pelo menos enquanto conseguiam fechar as contas.
« Última modificação: 19 de Agosto de 2011, 20:55:40 por Arcanjo Lúcifer »

Offline gilberto

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Re: A queda da URSS - 20 anos depois
« Resposta #9 Online: 19 de Agosto de 2011, 22:13:00 »
Pra mim foi,
idealismo inicial, conformismo durante, inconformismo tardio.

Offline Eremita

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Re: A queda da URSS - 20 anos depois
« Resposta #10 Online: 19 de Agosto de 2011, 22:41:41 »
Antes da 'queda e desintegração' da URSS foi realmente maravilhoso ver a queda (literal) do Muro de Berlin. Eu estava em Rio Claro, no início do mestrado, quando aquelas maravilhosas e estonteantes cenas apareceram na televisão em novembro de 1989.
Olha, não sou nacionalista. Entretanto, devia ser realmente uma cena linda de se ver, pena que eu era muito pequeno pra acompanhar.

Os alemães ocidentais e orientais tiveram a capacidade que a Coréia estado-unidense e a Coréia chinesa não tiveram - de reverter uma imposição de Estados estrangeiros.

Foi realmente impressionante não ter sido derramado nenhum sangue em um episódio daquela magnitude!
Será que foi uma vitória das ideologias e movimentos pacifistas? Acho que sim ... graças a deus ...  :biglol:.
Muitas revoluções interessantíssimas são feitas pacificamente. Vide a Marcha do Sal, na Índia.

O que me deixa intrigado é por que tanta gente levou o socialismo a sério. :o
Di, eu sinceramente acho que se você analisar separadamente os eixos político e econômico, vai perceber que o problema não foi o socialismo.
Latebra optima insania est.

Offline Geotecton

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Re: A queda da URSS - 20 anos depois
« Resposta #11 Online: 19 de Agosto de 2011, 23:30:39 »
O que me deixa intrigado é por que tanta gente levou o socialismo a sério. :o
Di, eu sinceramente acho que se você analisar separadamente os eixos político e econômico, vai perceber que o problema não foi o socialismo.

E qual foi o problema então?
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Offline Gaúcho

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Re: A queda da URSS - 20 anos depois
« Resposta #12 Online: 19 de Agosto de 2011, 23:37:22 »
E onde que teríamos que analisar? Tem um mundão de lugar onde o socialismo foi tentado.
"— A democracia em uma sociedade livre exige que os governados saibam o que fazem os governantes, mesmo quando estes buscam agir protegidos pelas sombras." Sérgio Moro

Offline guicn

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Re: A queda da URSS - 20 anos depois
« Resposta #13 Online: 20 de Agosto de 2011, 00:29:51 »
Me causa extrema repulsa alguns idiotinhas negando os crimes cometidos pelos regimes socialistas, alegando que tudo não passa de mistificação causada pelo imperialismo. Essa semana um camarada aqui da UFRGS, do curseco de ciênciais sociais, postou algo nessa linha numa comunidade do orkut, dizendo que Stalin foi deturpado pela mídia ocidental. Negou, inclusive, o famoso caso de Holodomor.

Com esse tipo de gente é tolerância zero. Isso é na mesma linha de negar o holocausto.

Offline DDV

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Re: A queda da URSS - 20 anos depois
« Resposta #14 Online: 20 de Agosto de 2011, 00:45:27 »
Citação de: Kajsar
Os alemães ocidentais e orientais tiveram a capacidade que a Coréia estado-unidense e a Coréia chinesa não tiveram - de reverter uma imposição de Estados estrangeiros.

Acho que há muitas diferenças importantes entre os casos da Alemanha e da Coréia que explicam as suas diferentes situações.

Para começar, na Alemanha Oriental existia um enclave livre - Berlim Ocidental - em seu território. Isso dava uma sensação de maior facilidade para escapar da ratoeira comunista do que na Coréia, e bem mais tentadora e frequente as tentativas. Essas diversas tentativas e os vários resultados trágicos (pessoas alvejadas pelas costas quando tentavam escapar) eram transmitidos pela imprensa (já que Berlim Ocidental tinha imprensa livre e muitos jornalistas que registravam os ocorridos), ampliando a já grande comoção e revolta contra o regime comunista alemão.

Já nas Coréias, não existe nenhum enclave, sendo a separação total. A área norte da fronteira é completamente deserta, impossibilitando contatos entre as 2 Coréias e isolando completamente (física e mentalmente) os norte-coreanos.

Uma outra questão é cultural: os orientais tendem a ser mais conformistas e tolerantes.

Um último fator a ressaltar é experiência prévia dos povos envolvidos. Os alemães orientais já tinham gozado de mais liberdade e prosperidade, por isso seu nível de tolerância às privações advindas do regime comunista foi muito pequeno. Já os norte-coreanos nunca tiveram um padrão de vida muito superior ao atual. O atual desenvolvimento da Coréia do Sul é coisa bem recente.


 

« Última modificação: 20 de Agosto de 2011, 00:47:41 por DDV »
Não acredite em quem lhe disser que a verdade não existe.

"O maior vício do capitalismo é a distribuição desigual das benesses. A maior virtude do socialismo é a distribuição igual da miséria." (W. Churchill)

Offline DDV

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Re: A queda da URSS - 20 anos depois
« Resposta #15 Online: 20 de Agosto de 2011, 01:00:17 »
Citação de: Kajsar
Di, eu sinceramente acho que se você analisar separadamente os eixos político e econômico, vai perceber que o problema não foi o socialismo.

Não vejo como separar o eixo político do econômico, já que o "socialismo" não é algo economicamente espontâneo e natural (como o "capitalismo"): ele precisa ser artificialmente montado, ser ativamente construido e implementado. Portanto, depende de poder político.

Não acredite em quem lhe disser que a verdade não existe.

"O maior vício do capitalismo é a distribuição desigual das benesses. A maior virtude do socialismo é a distribuição igual da miséria." (W. Churchill)

Offline gilberto

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Re: A queda da URSS - 20 anos depois
« Resposta #16 Online: 20 de Agosto de 2011, 07:29:44 »
Muitas revoluções interessantíssimas são feitas pacificamente. Vide a Marcha do Sal, na Índia.
Eu suponho que o conceito de "revoluções pacíficas" são coisas do século XX pra cá.

Offline Luiz Otávio

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Re: A queda da URSS - 20 anos depois
« Resposta #17 Online: 20 de Agosto de 2011, 07:53:06 »
Me causa extrema repulsa alguns idiotinhas negando os crimes cometidos pelos regimes socialistas, alegando que tudo não passa de mistificação causada pelo imperialismo. Essa semana um camarada aqui da UFRGS, do curseco de ciênciais sociais, postou algo nessa linha numa comunidade do orkut, dizendo que Stalin foi deturpado pela mídia ocidental. Negou, inclusive, o famoso caso de Holodomor.

Com esse tipo de gente é tolerância zero. Isso é na mesma linha de negar o holocausto.

Tenho notado que o pessoal de história, ciências sociais e cursos parecidos, são em sua maioria marxistas, e estes não lidam muito bem com criticas ao marxismo, mesmo que fundamentadas.
Em uma aula de História e Sociedade da América Latina, um aluno comentou sobre o financiamento da intentona comunista (1935) pelo Komintern. A professora, que ja deixou claro que é marxista, ficou furiosa, e perguntou com um tom agressivo se ele possuía provas.

Offline FZapp

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Re: A queda da URSS - 20 anos depois
« Resposta #18 Online: 20 de Agosto de 2011, 08:16:45 »
Foi realmente impressionante não ter sido derramado nenhum sangue em um episódio daquela magnitude!
Será que foi uma vitória das ideologias e movimentos pacifistas? Acho que sim ... graças a deus ...  :biglol:.


...e é muito triste ver hoje o que acontece nos países árabes! Caras como Kadhafi ou AlAssad não vão largar o osso, e agora que a Europa está quebrada além dos EUA, difícilmente as forças rebeldes receberão ajuda. Muito derramamento de sangue para algo inevitável !
--
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Offline jpsouzamatos

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Re: A queda da URSS - 20 anos depois
« Resposta #19 Online: 20 de Agosto de 2011, 12:29:00 »
Socialistas e religiosos são muito bizarros, os caras são muito fanáticos.

Offline Liddell Heart

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Re: A queda da URSS - 20 anos depois
« Resposta #20 Online: 20 de Agosto de 2011, 12:33:48 »
Não podemos confundir marxistas com todos os outros socialistas. Há Socialismos e há socialismos.
"Onde mora a liberdade, ali está a minha pátria."
Benjamin Franklin

"Posso não concordar com uma só palavra sua, mas defenderei até a morte o seu direito de dizê-la."
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Offline Barata Tenno

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Re: A queda da URSS - 20 anos depois
« Resposta #21 Online: 20 de Agosto de 2011, 13:33:22 »
Socialistas e religiosos são muito bizarros, os caras são muito fanáticos.
Os liberalistas extremos estão no mesmo barco, só que na outra ponta.
He who fights with monsters should look to it that he himself does not become a monster. And when you gaze long into an abyss the abyss also gazes into you. Friedrich Nietzsche

Offline Eremita

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Re: A queda da URSS - 20 anos depois
« Resposta #22 Online: 20 de Agosto de 2011, 15:47:17 »
O que me deixa intrigado é por que tanta gente levou o socialismo a sério. :o
Di, eu sinceramente acho que se você analisar separadamente os eixos político e econômico, vai perceber que o problema não foi o socialismo.
E qual foi o problema então?
Geo, a gente já debateu bastantinho quanto a isso... sabe que, pra mim, o problema foi essencialmente político.
[No fim das contas, todos os lados mantiveram suas posições e ninguém convenceu ninguém :biglol:]

E onde que teríamos que analisar? Tem um mundão de lugar onde o socialismo foi tentado.
Comece analisando os trocentos debates sobre isso no CC :P

Mas uma proposta bem geralzona é ver quais países apresentavam os mesmos problemas, e ver o que há de comum entre eles. Até agora, entretanto, a gente sequer falou de qual dos N problemas p.ex. da URSS a gente quer analisar...
* Censura houve na América Latina inteira, também; é resultado político;
* Fragmentação estatal tem mais a ver com o passado da URSS ainda como Império Russo do que com a época de Stalin - ocorreu algo similar ao Império Otomano [embora por partilha devido a influências externas] e às ex-colônias espanholas;
etc.

Ah, sei lá, meu caro... joga um ponto aí pra gente debater!

Me causa extrema repulsa alguns idiotinhas negando os crimes cometidos pelos regimes socialistas, alegando que tudo não passa de mistificação causada pelo imperialismo. Essa semana um camarada aqui da UFRGS, do curseco de ciênciais sociais, postou algo nessa linha numa comunidade do orkut, dizendo que Stalin foi deturpado pela mídia ocidental. Negou, inclusive, o famoso caso de Holodomor.

Com esse tipo de gente é tolerância zero. Isso é na mesma linha de negar o holocausto.
Esses caras são bizarros. Concordo.

Não podemos confundir marxistas com todos os outros socialistas. Há Socialismos e há socialismos.
E não se pode esquecer que, como qualquer coisa em política, há N correntes marxistas.

Citação de: Kajsar
Di, eu sinceramente acho que se você analisar separadamente os eixos político e econômico, vai perceber que o problema não foi o socialismo.

Não vejo como separar o eixo político do econômico, já que o "socialismo" não é algo economicamente espontâneo e natural (como o "capitalismo"): ele precisa ser artificialmente montado, ser ativamente construido e implementado. Portanto, depende de poder político.
1. Separar os eixos político e econômico e social é interessante por levar em conta uma maior diversidade de opiniões do que simplesmente jogar tudo em um balaio de gatos unidimensional, onde um anarco-capitalista da vida é catalogado junto a Hitler como "extrema direita", por exemplo.

2. Essa de "capitalismo é natural, socialismo não" é uma que você viiiive colocando, só como deixa pra tacar aquela baboseira dos "três tipos de economia, a Boa, a Má e a Neutra"[sic], onde mistura-se moral e análise. Me desculpe, mas... aquilo é baboseira pura e plena.

E em off: antes que isso vire uma bagunça de novo, a gente ressucita um dos trocentos tópicos sobre isso? :biglol:

Socialistas e religiosos são muito bizarros, os caras são muito fanáticos.
Em nome de Lenin, Luxemburgo e Trotskii... aaaaaaaaaaaméééém!
Marx nosso que estais no proletariado,
Referenciado seja o vosso nome,
Venha a nós o vosso sistema econômico,
Seja feita a vossa revolução,
Assim no Ocidente como no Oriente.
O pão nosso de cada dia trabalhamos hoje,
Perdoai nossas peleguices,
Assim como nós perdoamos aos pelegos do PCO.
E não nos deixei cair em contradição,
Mas livrai-nos da burguesia.
Amém.
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Offline Liddell Heart

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Re: A queda da URSS - 20 anos depois
« Resposta #23 Online: 20 de Agosto de 2011, 15:54:36 »
Socialistas e religiosos são muito bizarros, os caras são muito fanáticos.
Os liberalistas extremos estão no mesmo barco, só que na outra ponta.

E viva o "Argumentum ad temperantiam".
"Onde mora a liberdade, ali está a minha pátria."
Benjamin Franklin

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Offline Liddell Heart

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Re: A queda da URSS - 20 anos depois
« Resposta #24 Online: 20 de Agosto de 2011, 16:00:50 »
O que me deixa intrigado é por que tanta gente levou o socialismo a sério. :o
Di, eu sinceramente acho que se você analisar separadamente os eixos político e econômico, vai perceber que o problema não foi o socialismo.
E qual foi o problema então?
Geo, a gente já debateu bastantinho quanto a isso... sabe que, pra mim, o problema foi essencialmente político.
[No fim das contas, todos os lados mantiveram suas posições e ninguém convenceu ninguém :biglol:]

Eu, pessoalmente, acredito que o problema do conhecimento econômico foi predominante na derrubada do Estado soviético.
"Onde mora a liberdade, ali está a minha pátria."
Benjamin Franklin

"Posso não concordar com uma só palavra sua, mas defenderei até a morte o seu direito de dizê-la."
Voltaire

 

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