Aqui na UnB, todas as pessoas que passaram por cotas para negros na minha turma de medicina tem uma condição financeira melhor que a minha. Me parece que justiça está realmente sendo feita (com base no karma?) com esses descendentes dos oprimidos.
Eu nunca vou conseguir entender, e ninguém ainda conseguiu me explicar, por que diabos uma cota baseada em cor de pele e não uma cota baseada em situação econômica.
Eu já ouvi dos próprios grupos ativistas negros 3 argumentos em favor de cotas baseadas em cor da pele: racismo difuso, engenharia social e dívida histórica.
1- Racismo Difuso: Várias pesquisas mostram que os negros tiveram desempenho escolar inferior aos brancos, mesmo estando em condições iguais (mesma escola, mesmo nível de renda). Logo, existe uma espécie de "racismo difuso" que atrapalha os negros a terem desempenho igual aos brancos (eles não explicam ou detalham como é esse racismo). Daí, a única forma de anular o efeito desse "racismo difuso" é com cotas raciais.
2- Engenharia Social: As estatísticas mostram uma proporção muito pequena de negros em cursos superiores (no caso, cursos superiores mais concorridos). Logo, isso deve ser "consertado" imediatamente, por isso as cotas. As cotas também teriam os seguintes própósitos de longo prazo: 1- Facilitar a formação de uma elite negra*, que traria impacto cultural contra o racismo e serviria de exemplo 2-Aumentaria o número de negros nas faculdades, que estariam em contato com os brancos e deixaria estes últimos menos preconceituosos.
3- Dívida Histórica: Os negros foram escravizados há mais de 100 anos atrás. Logo, todos os descendentes dos brancos possuem uma "dívida" com os descendentes dos negros, que deve ser paga. Cotas raciais seria uma dessas formas de pagamento.
*Há um tópico onde se argumenta que a ascenção social de alguns negros (seja por méritos próprios, seja por cotas) não necessariamente reduzirá as desigualdades de renda entre pessoas de pele escura e clara nas estatísticas, já que os negros ricos (no Brasil) tendem a casar-se mais com pessoas de pele mais clara, o que acaba "embranquecendo" a sua família em poucas gerações.