Clichês para mim não são as coisas que acontecem, mas as formas pelas quais as coisas acontecem. É por isso que alguns diretores conseguem pegar situações já batidas, com tendência a passarem como clichês, e apresentar elas de forma que ainda cativem o público.
Por outro lado, situações que não sejam comuns em histórias, mas que o diretor/escritor/etc. acabe apresentando de uma forma completamente óbvia ou forçada podem instantaneamente se transformar em clichês. Ou seja, clichês de certa forma são um emburrecimento da obra em si.
Num filme de terror, um personagem ficar histérico do nada e sair fazendo estupidez e arriscando as vidas dos outros até morrer é clichê. Mas se for mostrado que o personagem foi afetado por alguma coisa, alguma situação dramática que o afetou até ele perder o bom senso, e que por isso ele está cometendo atos de estupidez que normalmente não cometeria, aquilo que seria um clichê torna-se justificado. A causa do acidente deixa de ser os atos de estupidez do cara, e passa a ser os abalos que levaram ele a cometê-lo.
Imagino que justificar certas situações para tirar o potencial de clichê delas pode acabar pesando demais na trama, e por causa disso certos diretores/produtores/etc. preferem não justificá-las para que o foco que pretendem dar à trama não seja desviado. Eu particularmente acho que isso é planejamento ruim, descaso ou preguiça mesmo, mas fazer o quê.