Mas não vejo nada que impessa reformas graduais levando a isso
Na teoria, é possível sim. Depende de emendas constitucionais, requerendo 3/5 do Congresso para aprová-las.
Na prática...bem: dependemos dos políticos profissionais para extinguirmos os próprios. Esperar que o Congresso aprove isso seria tão lúcido quanto esperar que alguém aprove a extinção de sua própria galinha dos ovos de ouro - IMPOSSÍVEL.
Mas não são apenas os parlamentares - estes são apenas a ponta mínúscula do iceberg - existe uma enorme classe de pessoas que depende vitalmente do máquina estatal, e está espalhada em praticamente todos os estratos sociais e profissões. Essa classe não é apenas numerosa, como tem um poder de pressão e capacidade de mobilização gigantescos, muito acima de qualquer outro grupo social. Essa classe irá fazer o possível e o impossível para barrar qualquer tipo de alteração na estrutura política que afete seus ganhos, sejam estes lícitos ou ilícitos.
Com isso, chego à conclusão que apenas uma revolução poderia mudar de forma significativa a estrutura política do país.
É por isso que às vezes acompanho algum debate entre um socialista e um liberal e, à certa altura do campeonato, fica díficil identificar quem é quem extamente.

Socialistas e liberais têm muito mais em comum do que sonha nossa vã filosofia.

Ambos partem de um otimismo triunfante, baseado principalmente nos progressos da ciência, para fazer a apologia da mudança social radical e daí eu me valho do santo Edmund Burke, mestre jedi do consevadorismo moderno, que dizia que os revolucionários destroem muito mais do que são capazes de criar (uma opinião historicamente irrefutável).
Bom, tudo isso para dizer que eu sou totalmente contra um processo revolucionário que tenha a finalidade de nos salvar de um sistema representativo falido, da corrupção, dos petistas, etc, etc...
Prefiro que continue tudo como está. Acho que pela primeira vez eu e o DDV estamos aqui em lados opostos.

DDV, não acredito na sabedoria do nosso povo, dos nossos especialistas, da nossa elite, na minha ou na sua, para conduzir um processo revolucionário que supostamente vai nos salvar de nós mesmos. Prefiro apostar em reformas que possam, gradualmente, ajustar as instituições sem jamais colocá-las em risco.
O risco, por exemplo, de ao invés de ampliar as margens da democracia, tal processo revolucionário concentre todo poder nas mãos de um único Partido ou de um líder messiânico (Venezuela, Cuba e Bolívia se tornaram 'democracias' plebiscitárias).
Lembrem, por exemplo, que os revolucionários franceses prometiam Liberdade, Igualdade e Fraternidade. Os jacobinos se revelaram políticos cruéis, vingativos, despóticos, transformaram a França num país dominado pelo puro terror.
E pra quê? Depois os franceses entregaram o poder nas mãos de Napoleão Bonaparte.
Eu prefiro manter as (péssimas) instituições que temos aqui, e que ao menos dão algum respaldo às nossas liberdades civis, do que arriscar tudo em nome de possibilidades, promessas, hipóteses, que a realidade pode muito bem rejeitar.