Sem desmerecer (muito) alguns pontos procedentes em relação ao referido "chororô", o segundo link apresentado mostra um texto com uma visão bem bobinha a respeito do chamado "orgulho hétero". Há alusão a um argumentando, supostamente do Bule Voador, que escreve o seguinte:
Félix,
eu sei que você tem uma tendência de apelar para o relativismo epistemológico, mas estamos num blog cético, e aqui acreditamos em argumento.
Então, se eu estou errado, eu estou errado e ponto final, fazendo você o certo. E se eu estou certo, então você está errado, e a vida segue. Não existe esse negócio de todas as opiniões serem igualmente justificadas.
Em seguida, o contra-argumentando argumenta:
Incrível: na mesma frase ele consegue desqualificar os argumentos do interlocutor atacando-o com um ad hominem e afirmar que acredita em argumentos. Na frase seguinte consegue reduzir um debate político complexo sobre o qual não há qualquer concordância quanto à validade das premissas a um maniqueísmo trivial do tipo “certo ou errado”. E com essa brilhante intervenção o sujeito acha que encerra a discussão…
Mas, anteriormente, este contra-argumentando, que é tomado, aqui, como porta-voz da razão, comete o mesmíssimo tergiversatório:
Depois aparece um heterossexual, propõe uma data (talvez vítima de heterofobia, não sei), e a galera faz até mesmo abaixos-assinados, e vem uma galera que se diz Humanista Secular e Laica, e acha-se no direito de determinar que os heterossexuais não devem ter o direito a uma data comemorativa equivalente ao Dia do Orgulho Gay, com isso adotando a mesma intolerância, tratando essas pessoas como piada e desrespeitando seus motivos.
O que me assusta é que acho que vocês esqueceram que quando a constituição (e a DUDH) dizem que os direitos são iguais para todos, eles são DE FATO iguais para todos, independente de qualquer condição a que eles pertençam. A igualdade de direitos, pela DUDH, é direito inalienável.
Ou seja, também resume a situação a uma definição de verbete frívola, que não releva a complexa história que há por trás de um "orgulho gay". Um dia do orgulho gay tem uma justificativa que denota uma repressão histórica a esta idiossincrasia, e que tenta equilibrar, justamente, os direitos que deveriam ser iguais mas não são. O orgulho gay luta para que um dia não precise mais lutar, quando não fará mais sentido "orgulho qualquer coisa", pois todos seremos igualmente tratados como pessoas que transcendem toda essa ladainha auto-afirmativa.
E, olha, se tem uma coisa que me irrita, é eu não ter a liberdade de sair em um certo domingo sem ter que me preocupar com a rota que irei pegar, porque tem uns dois mil "homens alegres" parando o trânsito. Mas eu seria o primeiro a assinar seu direito de o fazê-lo, em função de uma justa clemência por igualdade. Minha irritação é infinitamente mais fácil de gerenciar do que as injustiças cometidas contra os homossexuais, e o preço que pago ao ter que planejar minha rota é pequeno demais em relação ao preço que estas pessoas pagaram anteriormente (e ainda pagam), por sua posição (as pessoas costumam falar em "opção sexual"... isto é bobagem - como se escolhêssemos isto). Assim, não se trata de um direito "igual", a de se fazer um dia do orgulho hétero. Não existe sentido em se ter orgulho por ser alguém que nunca sofreu uma repressão social por sua "posição orgulhosa". Mas já estou divagando bastante... a questão é que temos coisinhas fraquinhas de ambos os lados, e só perdi meu tempo aqui na esperança de que vejam isso, e não percam tanto tempo com fontes rasas.