‘The Walking Dead’ promete ir além do hypeCom pouco sangue e muita história, nova série do mesmo canal de “Mad Men” e “Breaking Bad” ressurge com gênero do horror na TVCom raras exceções, uma produção aqui e outra ali – e se contarmos que séries como “Além da Imaginação” são consideradas ficção científica, e “True Blood” praticamente uma novela -, o gênero do horror é quase exinto na televisão, seja canal aberto ou fechado.
Isso já seria suficiente para causar certo
frisson quando o AMC, canal a cabo norte-americano, divulgou alguns meses atrás que estava trabalhando em um piloto baseado na HQ “Walking Dead”. E a julgar pelo piloto, a produção mantém todas as expectativas geradas sob a série e deposita o futuro do gênero nas “mãos” dos zumbis, que vêm sendo chamados de “
os novos vampiros de Hollywood”.
“The Walking Dead” não se preocupa muito em ambientar o telespectador em seu mundo apocalíptico: não há nenhum tipo de explicação para os zumbis terem dominado. Após sermos apresentados ao ex-oficial Rick Grimes em uma rápida cena pré-zumbis, logo nos deparamos com o protagonista acordando de um coma após sofrer um acidente. O mundo já “acabou” lá fora e só Rick ainda não sabe. O papel do protagonista é de Andrew Lincoln, desconhecido para a maioria dos fãs americanos, mas muito conhecido na Inglaterra – e ótimo ator, por sinal.
A direção fica nas mãos de Frank Darabont, que tem em seu currículo filmes como “O Nevoeiro”, “À Espera De Um Milagre”, “Um Sonho de Liberdade”, “Hora do Pesadelo 3″, “A Mosca 2″ e a série “Tales From the Crypt” (HBO). Há de se comemorar aqui: lembra-se daquela cena em “Um Sonho de Liberdade” em que Andy Dufresne, personagem de Tim Robbins, consegue para ele e seus amigos uma tarde de cervejas com o sol sobre suas cabeças? Em “The Walking Dead”, Darabont explora com maestria cenas em que nada acontece – alguém lembrou de “Breaking Bad”? -, e torna até uma cena em que o protagonista atira em uma criança zumbi em algo romântico.
Aliás, é bom não se ludibriar: o roteiro do piloto possui diversas sequências fiéis ao quadrinho, mas que podem deixar o telespectador leigo um pouco decepcionado: apesar do gore ser fantástico, não há tanto sangue quanto se espera quando ouve-se falar em “uma série sobre zumbis”. E este é o verdadeiro mérito aqui: os zumbis estão mais para pano de fundo, tendo as relações entre os personagens, entre o personagem principal com o mundo que restou, como protagonistas. E este pano de fundo deve se manter durante a série, já que na HQ existem volumes em que os zumbis sequer aparecem.
Por falar em
gore, outro nome que merece um parágrafo: Greg Nicotero. Para quem não conhece, o cara é o Mozart do sangue e dos efeitos: responsável pelos efeitos visuais de quase todos os filmes de Quentin Tarantino, George Romero (o pai de todos os zumbis), e responsável pelos efeitos de outras produções como “Piranha”, “Premonição”, “Arraste-me Para o Inferno”, o remake do “Massacre da Serra Elétrica”, entre outros. A foto acima é parte do trabalho de Nicotero na série.
Em suma, a produção é impecável: roteiro, produção, direção e elenco, com destaque para a participação especial do excelente Lennie James (“Jericho”). Infelizmente, não é ainda que vemos Laurie Holden, a eterna Marita Covarrubias de “Arquivo X” em ação, já que o piloto, assim como a HQ, se preocupa em introduzir o “novo” mundo e o personagem principal, deixando para a última cena a apresentação do restante do elenco – que conta com alguns outros rostos conhecidos, como o de Sarah Wayne Callies, a Sara Tancredi de “Prison Break”.
A demanda da temporada ainda é incerta, apenas seis episódios serão exibidos esse ano, e ainda não é público se estes seis são a primeira temporada, ou se a série volta com outros sete episódios, completando uma suposta demanda de 13 horas de história – o mais comum na TV a cabo.
Quanto as especulações de uma vida curta devido à premissa, a TV a cabo não exige tanta audiência quanto a TV aberta para uma série sobreviver, mas por abordar um tema muito específico, os zumbis podem enfrentar um problema: a ausência da audiência feminina, fundamental para qualquer série sobreviver e muito disputada pelas emissoras pagas.
A Fox estreia “The Walking Dead” por aqui no dia 02 de novembro.
http://colunistas.ig.com.br/seriesdetv/2010/10/27/the-walking-dead-promete-ir-alem-do-hype/