Cacete, dar armas para uma criança, com a finalidade de dar continuação a uma tradição política é o que? Tanto quanto ensinar Trotsky, cristianismo, livre mercado, ou qualquer forma política-social-econômica a uam pessoa que não tem capacidade crítica de análise e contrassenso é uma forma pura de doutrinação e alienação, no caso, infantil.
Primeiro, não é uma tradição. Segundo, não é política; é contra-política. Os cidadãos de sociedades pseudodemocráticas minimamente bem organizadas, quando confrontam o "sistema político" (nunca é exatamente isso que é confrontado nesses casos), não o fazem como comunistas, que querem depor o governo para se instalarem no lugar dele como tiranos da pior espécie que puderem ser. Depois que organizam as coisas, voltam para suas casas como cidadãos normais, carregando suas armas porque, por serem realmente livres, conhecem o caminho e o custo da liberdade, e de mantê-la. Ter armas não é tradicional, é o instinto fundamental de toda e qualquer criatura; não ter armas é que surge de ideologias e se torna tradição; tradição fatal para a liberdade e para a própria sobrevivência.
Um tópico como esse me faz lembrar da velha piada sempre atual da lógica do selvagem:
Um grande general em incursão pela selva, por que cargas d'água não se sabe, qualquer motivo só para dar o contexto, topa com um chefe de uma tribo primitiva e trava amizade com o mesmo, de sorte que se põem a conversar durante uma prolongada noite à beira da fogueira. Num momento, a conversa se direciona para os grandes feitos de guerra de cada um.
O general, esfuziantemente vitorioso:
--Nós matamos muitos homens, aos milhares, em cada incursão de guerra!
--Nós aqui da tribo matamos bastante também, das outras tribos, mas não tanto quanto o general. O senhor e seu povo deve fazer um festim e tanto com tantos corpos...
--Como assim, festim???
--Com os corpos! O senhor deve se banquetear fartamente com eles. Talvez o senhor queira convidar a mim e meu povo, agora que somos amigos, para uma de suas festas...
--Mas... como... que horror! Nós não comemos nossos semelhantes!!
--Nãããão??? Oras, então por que os mata?
Entender o ponto de vista do outro, o significado do ponto de vista do outro, possivelmente a coisa mais proveitosa e conferidora de poder competitivo na percepção da realidade, mostra-se um das coisas mais difíceis. Eu gostaria muito de ouvir a opinião desses que oferecem armas aos seus filhos pequenos, de presente, com tanta naturalidade, sobre os indivíduos que não fazem isso. É muito provável que tenham muita dificuldade em entender.