Ótimo texto de um camarada que demonstra de forma bem simples como a nossa frágil democracia assenta a dominação do capital nacional, consequentemente estrangeiro(devido a dependência da nossa fraca burguesia nacional), devido a sua instabilidade.
Por Fernando Fellows
A Democracia Representativa é o principal pilar que mantém os direitos da burguesia, por transformar um poder descentralizado, instável e com um poder de mudanças limitado.
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O principal motivo é a dinâmica de representantes, onde uma pessoa permanece no máximo oito anos no poder, onde isso influencia? Pode-se começar com um exemplo fictício: um líder de um partido de “esquerda” inicia obras que favorecem à classe proletária, quando seu tempo máximo de oito anos acaba, ele é obrigado a cessá-los, podendo ter cristalizado seu objetivo na sociedade ou não, geralmente não.
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Em seguida um líder de “direita” é eleito e dissolve as campanhas produzidas pelo primeiro e inicia suas próprias, até então, acabar seu tempo de mandato, quando então é eleito um terceiro personagem com cunho “esquerdista”, acabando com as obras do segundo e retomando as obras do primeiro do inicio, já que se passaram no mínimo quatro anos.
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Isso ocorre em um sistema circular, tornando toda e qualquer medida ineficaz, pois houve tempo de incrustá-la no cotidiano da sociedade, isso gera a estagnação do regime, da economia, das classes sociais e de toda uma população como um todo, favorecendo a classe que já está no poder, a burguesia.
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Contudo, ainda há a inexistência (caso ocorra, bem rara) de um movimento social dentro de um regime democrático representativo, onde o povo não se mobiliza por “achar que não vale a pena” e querer mudar tudo após quatro anos, nas eleições, assim a pressão social é nula, e nada realmente muda, outra vez.
Num regime que já tomou apelido de “ditador”, ou “absolutista” (o que foge dos padrões de julgamento racionais), mas que é um regime vitalício e permanente, ou pelo menos com duração indeterminada por sua vez, é um regime mais sólido e forte, com a maior consolidação de campanhas em prol da maioria pela pressão social, tendo uma campanha incrustada na cultura de um povo, sendo utilizada até depois da troca ou morte do líder.
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Um povo que está sob um regime com as características acima citadas, não possui a comodidade de esperar as eleições para cobrar do líder, ou trocá-lo, logo se manifesta para defender seus direitos, isto é, faz o uso da pressão social para dirigir o governo, isso atrapalha os interesses da burguesia, por esta, estar em minoria e não exercer uma pressão social quando esta for contra os interesses do proletariado.
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Deparamos-nos com dois exemplos de pressão social, ambos com o mesmo final:
1º A burguesia, insatisfeita com o presidente, ou regente, se organiza em um movimento social para depô-lo, pois ela não se vê beneficiada em este governo citado que está tomando medidas que agradam somente o proletariado. Digamos que ela consiga depor o regente, o proletário por sua vez, satisfeito com o regente deposto e insatisfeito com a nova ordem se organiza para defender seus direitos, sendo a maioria da população, exerce uma pressão social de dimensões superiores à da burguesia, trazendo o antigo presidente de volta ao governo, como aconteceu com Chávez na Venezuela, e isso se repete até que não haja mais burguesia, ou até que o proletário esteja insatisfeito com o regente, o que nos leva ao segundo exemplo.
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2º Com a crescente insatisfação do proletário para com o governo atuante, este se movimenta socialmente para depô-lo, tomando o lugar da burguesia no primeiro exemplo. Digamos que este também conseguiu depor o governante (o que é óbvio, levando as dimensões do proletário já citadas), e a burguesia que estava satisfeita tenta repô-lo ao poder, porém difere do primeiro caso, no instante que o movimento proletário é tão gigantesco que acaba de todas as formas as movimentações burguesas.
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Logo, a burguesia ataca de forma explicita qualquer forma de governo mais estável que a Democracia Representativa, pois na prática ela sabe que todo e qualquer tipo de governo deste tipo será direcionado pela pressão proletária, já que esta constitui a maioria da população em qualquer lugar do mundo, fora os países já socialistas.