Muito pertinente esta questão.
Antes, entretanto, de responder a pergunta de qual seria a razão da ignorância das massas, estenderei a questão sobre a concepção de “povo”, afinal existem várias. Para tanto, utilizando da exposição de Friedrich Müller, para esta argumentação adotarei a concepção de “povo ícone”. O povo ícone é aquele usado para justificar certos regimes e as ações deste, todavia esta justificativa é absolutamente carente de legitimidade democrática. O povo ícone, então, é apenas um fantoche para justificar (e não legitimar!) um poder. Ele é tido como algo mítico, sacro, que não se pode atingir, mas, na realidade, o povo ícone se mostra em demasia distante da realidade que, ilusoriamente, forja.
Respondendo, por fim: talvez os meios de comunicação sejam os grandes responsáveis pela “ignorância das massas”, sobretudo, neste caso, a televisão. Ela, em específico, tem o poder de modelar a conduta e as ambições de vida de seus espectadores, dando, a um imenso número de pessoas (para esta questão, evitou-se utilizar a denominação “indivíduos”), objetivos iguais a serem atingidos. Todos querem o celular da propaganda, todos têm uma opinião sobre aquela personagem da novela, todos querem vestir a roupa e dirigir os mesmos carros das personagens desta e daquela novela. Pasme: a realização plena dessas pessoas passa, então, ser atingir o patamar de sucesso imposto pela tevê.
Ressalta-se o uso da expressão “imposto”, afinal a tevê “impõe uma preferência”, não “põe uma alternativa”. O indivíduo que não assume essa personalidade criada pela tevê e pelos outros meios de comunicação de massa tem facilitada a capacidade de variação de valores, o que, em suma, não é ruim.