Tem umas coisas também que, na minha opinião, contribuíram para essa popularidade do cristianismo. Jesus trouxe conceitos nem um pouco populares na sua época e até mal vistos, que depois se revelaram uma tendência na sociedade. Por exemplo, todos são iguais perante Deus. Hoje, todos são iguais perante a lei (ou pelo menos deveria ser).
Naquela época, era costume e até natural a ideia de que os ricos eram superiores perante Deus ou Deuses conforme cultura de alguns povos da época.
Outro ponto interessante é o regime societário e político patriarcal, que privilegia os homens em detrimento das mulheres, também foi objeto de atenção e denúncia de Jesus. As mulheres, em sua época, eram consideradas “coisas” e, consequentemente, marginalizadas. Tanto as religiões da época (muitas até hoje) como as regras sociais vigentes descartavam qualquer papel mais relevante para a mulher. Jesus se opôs duramente contra as leis discriminadoras das mulheres, que ditavam lapidação para o adultério (isso ainda acontece até hoje em países como o Irã), libelo de repúdio contra qualquer ato considerado indigno pelo poder machista etc. Defendeu a igualdade de tratamento e de condições de vida. Tudo que era negado às mulheres pela religião oficial, pelo poder político romano e pelas regras sociais, foi defendido por Jesus, que foi um dos pregadores mais exuberantes da igualdade cidadã.
A prática de Jesus era radicalmente diferente, por ser absolutamente inclusiva. A experiência de igualdade levou as discípulas de Jesus a desempenhar papéis de liderança nas igrejas cristãs antigas.
Jesus tratou as mulheres como iguais aos homens. Ele se refere a elas também como filhas de Abraão (Lucas 13.16). Coerentemente, violou várias regras da lei judaica contrárias à dignidade feminina. Sua ação em relação às mulheres, não há dúvida, foi revolucionária.
Ele ensinava às mulheres (Luke 10.38-42) e conversava com elas, mesmo que fossem estrangeiras (João 4.7-5.30). Para curar uma delas, ignorou as leis sobre a impureza.
Jesus aceitou mulheres no seu círculo íntimo. Ele era seguido por 12 discípulos e um número não especificado de discípulas, como Maria de Magdala, Joana, Suzana e muitíssimas outras (Lucas 8.1-3). Ele se preocupou com as viúvas (há seis referências a elas só no Evangelho de Lucas). As mulheres estão presentes na sua morte (Mateus 27.55-56, Marcos 15.40-41).
Atualmente, muitas pessoas que se dizem cristãs não seguem nem de longe os princípios de Jesus. Inclusive, até em nome dele pregam o enriquecimento individual, a busca incessante pelo lucro, quando ganham alguma coisa dizem que foi Deus quem deu (para ele sozinho), defendem a pena de morte (que praticamente só será aplicada contra pobres), pregam em nome de Jesus, mas querem em troca algum ganho financeiro etc. Pregam respeito e submissão às autoridades estabelecidas negando o princípio da igualdade total entre os homens. Na verdade, o deus dessas pessoas não é o mesmo do de Jesus, eles idolatram o deus dinheiro e o deus autoridade. São estas mesmas pessoas que discriminam outros por religiões diferentes, ou simplesmente por não ter religiões. Coisas que Jesus jamais fez e nem podia fazê-lo, pois pregava a liberdade de opinião.