Não se trata de uma questão de racismo, se trata de uma questão de justiça social. Se o indivíduo é pobre, o Estado tem o dever de lhe propiciar as condições de desenvolvimento como ser humano que é, seja a cor da sua pele amarela, branca, preta, azul, verde, etc...
O critério unicamente racial é claramente falho em se tratando de justiça social. Se determinada etnia é a que tem a maioria de seus membros marginalizados, uma política social voltada para os mais carentes seria suficiente para fazer justiça social sem precisar recorrer a políticas de viés racial. No caso das cotas, por exemplo, um sistema que beneficiasse pessoas de determinada faixa de renda. Nesse caso, se os negros realmente compõem a maior parcela da população nessa faixa de renda eles acabariam sendo os maiores beneficiados. A dívida social deverá ser paga aqueles historicamente excluídos, explorados e marginalizados, independentemente de raça.
Na verdade, o que é essencialmente racistas é a instituição de leis raciais (como um sistema de cotas racial, p.exemplo) por considerar que pessoas devem ser tidas como diferentes e por isso receber proteção especial por parte do Estado unicamente em função da cor da sua pele. Um critério há muito execrado dos sistemas jurídicos modernos, um anacronismo jurídico que não tem mais lugar no nosso atual estágio civilizatório.
Essa questão da culpabilidade coletiva também não resolve nada. Na verdade só piora porque acaba por fazer recrudescer ódios e diferenças há muito esquecidos e trazer de volta a prática do racismo, só que agora do ponto de vista inverso. Dizer que os brancos devem indenizar o negros pela escravidão me parece algo absurdo a ser dito atualmente.
Agora se o que se busca com essas políticas é apenas a autoafirmação ou o desagravo de uma raça (seja lá o que isso queria dizer) que se acha ferida em seu orgulho, é melhor que isso fique claro e não se use de subterfúgios ou argumentos atravessados.