Exato. Eu só explicitaria um pouco mais que os religiosos têm, sim, consideração pelo conhecimento científico, tanto que seus cães de briga recorrem frequentemente a ela para defender suas proposições. Mas, como dissesses, eles irão deliberadamente "salvar seus fenômenos" (um termo comum entre os antigos filósofos naturais) com um número de ad-hocs suficiente para impedir qualquer ataque sério aos fundamentos basais de sua crença.
O processo de "conversão" é bastante complexo e pessoal, sendo que evidências científicas só passam a ser relevantes e determinantes para quem já apreendeu minimamente o que venha a ser um sistema explicativo de compromisso empírico e sua importância na decisão entre explicações incompatíveis. Em suma, não se muda de ideia simplesmente devido a evidências, e sim devido a uma postura racional prévia que se convenceu de que estas são um bom critério para se mudar de ideia. Em geral, o religioso passa a objetivamente respeitar evidências quando sua crença já está em uma posição, muitas vezes inconsciente, de ruptura.