O que você pensa de intelectuais e outros personagens que, até o século IV mais ou menos, apenas ridicularizaram os costumes dos cristãos, e nunca invectivaram contra a figura do Cristo histórico, nunca desqualificaram a sua existência, nunca insinuaram a sua criação fictícia?
cavecanem, eu realmente não sou muito afeito a esta questão da historicidade de Jesus, e não sou a pessoa indicada para imparcialmente discorrer sobre. Mas seria fácil, muito fácil, explicar o motivo de qualquer um que seja a não criticar a existência de qualquer coisa que seja.
As pessoas em geral, e aqui incluo boa parte dos pesquisadores e cientistas, simplesmente não se debruçam sobre questões que não consideram atraentes e/ou fazem parte do repertório folclórico de uma cultura que não faz parte de seus interesses de pesquisa. Pense no caso do Hawking, que até não muito tempo atrás advogava em nome de um criador e, depois de conversar com alguns acadêmicos mais engajados na questão (entre eles Dawkins), tirou totalmente Deus da equação. Antes, ele simplesmente acompanhava a onda religiosa cultural-familiar. O que boa parte de nós aqui, se não todos, foram vítimas em algum momento de nossas infâncias. Ao crescer com isso fazendo parte de sua vida, as pessoas naturalmente aceitam uma condição que, de outro modo, soaria ridícula (o conhecido efeito rã na água quente).
Sabe, eu sugeri que não sou afeito a estas questões... e apenas por uma razão, bastante simples: eu já fui afeito! Ainda na época que era cristão (aquele cristão mixuruca, praticamente todos, que o é por razões meramente culturais, de se nascer ouvindo os contos que se passa a simplesmente aceitar, de tão arraigados na cultura), eu tentei me aprofundar sobre o assunto. E fiquei muito, mas muito mesmo, decepcionado com a quantidade de coisas que eu
não encontrei a respeito (mais tarde, ironicamente li algo bastante semelhante em um artigo cético sobre Jesus, sobre o quão incrível é a quantidade de coisas que não se encontra quando se dispõe a encontrar).
A propósito, eu tenho mais e maiores problemas com vários outros personagens da história. E não duvido de suas existências porque simplesmente fazem parte de um amálgama de informações históricas altamente substanciais. O problema não é gostar ou não gostar do indivíduo, ao menos em meu caso. É olhar com olho torto qualquer coisa fantástica, alegações fantásticas, sem corroborações fantásticas que lhes sustente. E com isso nem me refiro às mágicas de Jesus. E sim da falta de historicidade dele mesmo.
Mas olha... não quero parecer (muito) chato com isso. Se o James Cameron (ou o Mel Gibson
) encontrar e me mostrar as evidências de Jesus, eu realmente não teria problemas em aceitar sua existência histórica. Eu não ponho minha mão no fogo incondicionalmente em relação às minhas crenças céticas.
(mas aposto alto, se calhar, nas minhas convicções
)