Acredito que a proibição não seja necessária, mas uma maior regulamentação, sim.
Concordo que seja função dos pais a educação dos filhos, mas considero algumas abordagens publicitárias inadequadas. Por exemplo, o uso excessivo de efeitos especiais em propagandas infantis, especialmente para as crianças mais novas, que não tem plenas condições de separar o que é o produto do que é apenas um efeito da propaganda. Nos anos 90, a Mattel teve problemas com algumas propagandas da Barbie, que aparecia se movimentando sozinha, trocando os acessórios como se fosse mágica e outros efeitos que iludiam as crianças (uma pena, não achei nenhum desses vídeos, mas eu lembro muito bem deles) e por isso hoje em suas propagandas sempre deve aparecer a mão da menina segurando e manipulando a boneca.
A imagem das crianças como sendo pequenos adultos e alguns roteiros, aparentemente inocentes, mas que trazem mensagens que podem exercer uma influência negativa sobre as crianças, também são fatores que eu acredito que deveriam ser melhor observados pelos profissionais de marketing.
Alguns exemplos:
http://www.youtube.com/v/tpTc97HclzE&feature=endscreen"Mas tem uma coisa que só as princesas de verdade podem ter: o colar de luzes mágicas!", enquanto passarinhos colocam o colar na menina. As pequenas consumidoras são tratadas por
Vossa Majestade… e uma majestade, deve ser obedecida (me chamem de exagerada, mas é o que eu percebo, especialmente por razões profissionais).
http://www.youtube.com/v/cKStoFdL7sw&feature=relatedComo se já não bastasse as garotas maquiadas como adultas, o nome desse set de maquiagem musical é
Patito Feo… para ser bonita, você tem que estar maquiada (aliás, pouca coisa parece mais importante do que
ser bonita no universo infantil feminino. E isso, muitas vezes, se estende até a fase adulta, ou eu estou louca?)
Esse não consegui postar direto aqui, sei lá porque.
http://www.youtube.com/watch?NR=1&feature=endscreen&v=5M2SsHTmrkkÉ um exemplo que eu considero positivo; as meninas estão vestidas como meninas, estão brincando e se divertindo de forma infantil e a única competição citada (sim, afinal competição é natural e faz parte da infância) é
"quem pula mais alto", ou seja, está baseada em uma habilidade individual e não em um bem material, como o
colar mágico, que precisa ser possuído para fazer de sua dona uma
princesa de verdade. Não passa, nitidamente, uma imagem mais saudável e alegre da infância? Então, acredito que é possível anunciar e ainda adotar uma postura mais ética e cuidadosa com a auto estima e os valores de quem ainda não tem filtros para julgar.
O mercado publicitário é gigantesco, a indústria de brinquedos e artigos infantis também. São empresas que empregam milhões de pessoas ao redor do mundo, pagam impostos e precisam vender. Publicidade infantil existe há muito tempo e não criou gerações inteiras de crianças infelizes e consumistas. E, afinal, faz parte do aprendizado ouvir não, não ter o
colar mágico, ganhar o que quer porque fez algo positivo e não ganhar algo que deseja desesperadamente e que, com certeza, dói mais nos pais que dizem um
não disciplinar-mesmo com o coração apertado- do que na criança que terá um novo desejo visceral já no mês que vem.