Autor Tópico: Vantagens das empresas estatais em relação às empresas privadas  (Lida 11164 vezes)

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Offline -Huxley-

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Re:Vantagens das empresas estatais em relação às empresas privadas
« Resposta #50 Online: 03 de Julho de 2015, 19:58:55 »
Nos dois post anteriores, coloquei os dois tipos de argumentos usados para cada lado no debate.
« Última modificação: 03 de Julho de 2015, 20:02:02 por -Huxley- »

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Re:Vantagens das empresas estatais em relação às empresas privadas
« Resposta #51 Online: 04 de Julho de 2015, 10:50:01 »
OESP e JB
29.08.1999

Privatização: as novas fronteiras ?
Gustavo H. B. Franco

O programa de privatização vai completar 9 anos, durante os quais venderam-se ativos da ordem de R$ 71,2 bilhões, e foram transferidas aos compradores dúvidas de R$ 17,1 bilhões, perfazendo um impacto total sobre a dívida pública de R$ 88,3 bilhões. Este programa, que já é o maior do mundo, nos ajudou um bocado a reduzir o déficit público e consolidar a estabilização, independentemente de seus efeitos setoriais.

As empresas estatais eram, e continuam sendo uma influência perniciosa sobre as finanças públicas por quatro bons motivos: (i) em média, dão prejuízo e pagam poucos impostos; (ii) exigem aportes do Tesouro para fazerem investimentos, os quais, quase sempre, fazem pela metade; (iii) quando dão lucro, a taxa de retorno é pífia especialmente se comparada ao custo dos recursos, ou seja, ao custo da dívida pública; e (iv) invariavelmente são focos de geração de obrigações previdenciárias e trabalhistas muito além do que conseguem custear a partir dos beneficiários, ou seja, estão repletas de passivos ocultos e "direitos" adquiridos pelas corporações.

Quando a privatização tem início o primeiro efeito sobre as contas públicas é negativo: é preciso sanear a empresa, assumir dúvidas e reconhecer passivos a fim de tornar positivo o patrimônio da empresa, que deve ficar num tamanho que guarde coerência com sua geração de caixa futura. Mas no momento seguinte, os efeitos fiscais ficam positivos e fortes. Infelizmente, há poucos estudos sobre o "antes" e o "depois" da privatização. Um ensaio de 1996, do economista Armando Castelar, mostra números extremamente favoráveis as teses que a privatização melhora o desempenho das empresas privatizadas em praticamente todas as dimensões examinadas.

No tocante aos efeitos sobre as finanças públicas, um exemplo individual é bem ilustrativo: a Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), privatizada em 1993 no Governo Itamar Franco, investiu cerca de R$ 256 milhões anuais no período 1993-97, contra R$ 65 milhões em mídia por ano para o período anterior é privatização (1985-92). A empresa tinha um prejuízo médio anual de R$ 1,0 bilhão em 1985-92, a passou a ter um lucro anual médio de R$232 milhões. Pagava cerca de R$128 milhões anuais de impostos antes da privatização, passando a R$ 208 milhões anuais depois de privatizada. A CSN foi vendida por cerca de R$ 1,2 bilhão, provocando também cancelamento de dívidas nesse mesmo valor. O valor da venda corresponde a um pouco mais de 2% das receitas totais da privatização, de modo que se imaginarmos que o restante das empresas privatizadas experimenta o mesmo tipo de reviravolta em seus resultados, os efeitos fiscais da privatização terão de ser muito significativos para as contas públicas nos próximos anos e em todas essas dimensões.

E a melhor notícia é que o processo está ainda pela metade. Na verdade, é possível dizer que a privatização entrou numa nova fase quando começou a trabalhar com serviços públicos, especialmente eletricidade, telecomunicações e saneamento. Nessas novas áreas é de se esperar que se observem os mesmos efeitos financeiros e fiscais acima aludidos, e se tenha em conta uma nova e importante prioridade: o consumidor. Por isso três tipos de providências tem sido tomadas: (i) o estabelecimento de compromissos explícitos das empresas no tocante a investimentos e atendimento ao público, mesmo que em detrimento da rentabilidade da companhia e, consequentemente, do preço de venda; (ii) a geração de competição entre os prestadores de serviços, notadamente na telefonia e na eletricidade; e (iii) as agências reguladoras destinadas a dar vazio é recém descoberta disposição do consumidor para reclamar. Note-se que, antigamente, ninguém tinha disposição para se queixar dos serviços sabendo que, do outro lado da linha, estava um funcionário público sem recursos e sem paciência para resolver o problema.

De toda maneira, o processo é mais complexo quando envolve serviços públicos, e será especialmente difícil quando envolver também questões ambientais, de saúde pública e de divergências quanto é identidade do poder concedente, como no caso do saneamento, sem dúvida, uma área chave para o progresso do programa tendo em vista os seus impactos sociais. O investimento em grande escala em saneamento, que apenas a privatização poderá permitir, além de melhorar as finanças públicas e melhor atender ao consumidor, como acima descrito, reduz a mortalidade infantil, e também a incidência de doenças provocadas pela péssima qualidade da água que entra em nossas casas. Melhora também, é claro, a administração dos recursos hídricos e do meio ambiente. Por que então essa hesitação toda nesse assunto ? Por que é que políticos tidos como progressistas andam resistindo à privatização do saneamento ?

O maior de todos os problemas, no saneamento como na eletricidade, é político. Na ausência de bancos estaduais e de recursos orçamentários, as autoridades estaduais e municipais, (e não vamos excluir os ministérios setoriais federais do problema), não mostram disposição para livrar-se de companhias que têm grande utilidade política: (i) como cabide de emprego e de preservação de corporações; (ii) como financiadora de seus controladores através de mecanismos nem sempre ortodoxos; (iii) como geradora de obras eleitoreiras e clientelismo eleitoral; (iv) como instrumento de demagogia no manejo das tarifas; e (v) como instrumento de chantagem política contra o governo federal.

Temos assistido muitas resistências ao avanço da privatização, em casos como Furnas, Chesf e também no caso da Cedae, Sabesp e outras companhias de saneamento. É preciso ter clareza que, diante dos resultados dos primeiros nove anos do programa de privatização é muito difícil dizer que não existem grandes vantagens financeiras para quem privatiza, para a saúde da empresa privatizada, e para quem usa os serviços dessas empresas. No caso do saneamento, melhora também a saúde do usuário e do meio ambiente.

O que é que está pegando então?

Fonte: http://www.econ.puc-rio.br/gfranco/a26.htm
« Última modificação: 04 de Julho de 2015, 11:00:56 por -Huxley- »

Offline -Huxley-

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Re:Vantagens das empresas estatais em relação às empresas privadas
« Resposta #52 Online: 04 de Julho de 2015, 10:50:58 »
27/01/2015 às 12:04 \ Economia

Três mitos sobre a Sabesp e a seca em São Paulo

Muitas falhas podem ser atribuídas à Sabesp, a estatal de saneamento de São Paulo. Mas entre acusações justas há equívocos que exalam pura ignorância econômica. Vejo muita gente dizer, por exemplo, que a seca em São Paulo se agravou porque a Sabesp, ao vender parte de suas ações na Bolsa, “passou a seguir a lógica do mercado”, “maximizando lucros e reduzindo investimentos”, para “privilegiar acionistas em detrimento do interesse público”. Há nesse raciocínio pelo menos três equívocos graúdos.

Mito 1: “Seguindo a lógica do mercado, a Sabesp reduziu investimentos”

Se a lógica do mercado levasse empresas a reduzir investimentos e privilegiar o lucro dos acionistas, o mundo viveria uma escassez generalizada. Enfrentaríamos falta de Coca-Cola, pois a empresa teria transferido dividendos a acionistas em vez de construir novas fábricas. Supermercados seriam lugares tristes repletos de prateleiras vazias, porque a Nestlé, a Ambev, Unilever e os produtores de frutas e verduras embolsariam lucros em vez de investir o necessário para atender o aumento da demanda.

É verdade que investir em novas tubulações para evitar vazamentos não é tão rentável quanto uma nova fábrica de refrigerantes. No entanto, pela lógica da “maximização de lucros” no longo prazo, a pior coisa que pode acontecer a uma empresa é não ter o que oferecer aos consumidores, como é o caso da Sabesp hoje em dia. A melhor é crescer e conquistar mercados. Por isso previsões de demanda, aquisições, estudos de ampliação e análises do “capex” (o capital destinado a investimentos) são parte do dia a dia de empresas que buscam lucro.

Quem acompanha o mercado financeiro sabe que toda a semana o preço de ações cai porque empresas anunciam projetos e aquisições. Como investimentos geralmente significam menos lucros ou dividendos nos meses seguintes, acionistas interessados no gráfico de curto prazo se livram dos papéis. Isso aconteceu recentemente com ações do Facebook, da Intel, da Microsoft, da Vale, da Lenovo, da Tim, entre muitas outras. O preço da ação costuma se reerguer depois de algumas semanas. Os acionistas mais ligados ao longo prazo entendem que, se a empresa está investindo, terá melhores fundamentos no futuro.

Mito 2: “A Sabesp enriqueceu os acionistas”

Só existe um motivo para uma empresa evitar investimentos e privilegiar os acionistas: se o principal acionista for o próprio governo. No caso de empresas estatais, uma distribuição maior de dividendos resulta em caixa mais gordo aos políticos no poder. E o que político gosta de fazer é gastar dinheiro o mais rápido possível. Diferente de donos de empresas, políticos têm um objetivo de curto prazo: a próxima eleição. Poucos resistem à tentação de sacrificar o futuro de estatais ou das contas públicas para gastar em obras ou propaganda.

Foi esse o caso da Sabesp? Se a empresa não sofreu da lógica do mercado, teria sido vítima da lógica da política? Difícil dizer. Segundo esta reportagem da Exame, a Sabesp é uma das empresas de saneamento que mais pagam dividendos no mundo. O governo de São Paulo, dono de 50,3% das ações, é o maior beneficiário desses repasses. No entanto, entre 2008 e 2013, de acordo com a consultoria Economática, a Sabesp ficou em 28º lugar entre as 30 maiores pagadoras de dividendos do Brasil. O retorno médio aos acionistas foi de 4,9%. É uma boa média, mas bem inferior à Eletropaulo (23%) ou estatais administradas pelo governo federal, como o Banco do Brasil (6,9%). Sem contar o rendimento das ações, que depende da sorte, os acionistas da Sabesp ganharam de dividendos menos do que se tivessem investido na poupança. “A Sabesp é uma boa pagadora de dividendos, mas não é um caso excepcional”, me disse Gianmarcelo Germani, da MoneyMark. “Outras estatais, como a Copel ou a Cemig, pagam dividendos muito superiores.”

Mito 3: “Distribuir dividendos vai contra o interesse público”

Se você tem uma empresa e precisa de dinheiro para ampliar o negócio, é geralmente mais barato lançar ações na Bolsa que emprestar no banco. De um dia para o outro, investidores jogam milhões de reais na sua mão. Em troca, esperam uma remuneração anual que, segundo a lei, precisa ser no mínimo 25% dos lucros que você conseguir. As empresas costumam pagar um pouco mais do que manda a lei, para ficar em paz com os acionistas e poder captar mais dinheiro da próxima vez que precisarem.

Se o governo paulista quisesse manter a Sabesp 100% estatal e se recusasse a vender ações, teria que emprestar do BNDES ou de bancos internacionais, ou bancar do próprio bolso investimentos para a ampliação de represas e da rede de abastecimento. Isso significa tirar dinheiro de hospitais e escolas para colocar numa empresa que poderia andar com as próprias pernas. Diversas estatais de saneamento dão prejuízo no Brasil: o rombo que elas causam acaba sendo pago com o imposto dos cidadãos.

É tentador imaginar um acionista milionário nadando no dinheiro enquanto o povo morre de sede, mas isso não passa de ficção marxista. Se a empresa é bem administrada, a participação de investidores provoca melhoria e ampliação de serviços.

 

Repito: não acho a Sabesp um exemplo de empresa. Na verdade considero uma tremenda loucura legar a uma estatal algo tão importante quanto o abastecimento de água. Acredito que água potável só será abundante quando arranjarmos um jeito de haver concorrência nesse setor, pois monopólios legais (públicos ou privados) sempre vão decepcionar. O que me faz defender a Sabesp neste texto é somente a falta de noção de algumas acusações.

@lnarloch

Fonte: http://veja.abril.com.br/blog/cacador-de-mitos/2015/01/27/a-sabesp-privilegiou-acionistas-e-outros-mitos-sobre-a-seca-em-sao-paulo/
« Última modificação: 04 de Julho de 2015, 11:03:20 por -Huxley- »

Offline JJ

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Re:Vantagens das empresas estatais em relação às empresas privadas
« Resposta #53 Online: 05 de Julho de 2015, 09:28:44 »
[...]
Por favor, demonstre onde a gasolina sendo vendida mais barata, com a estatal dando lucro, o povo está tendo prejuízos. Menos inflação, custos de frete mais baratos, mais economia para quem abastece. Você confunde as coisas.

Os únicos que estão ganhando menos (e não estão perdendo) são os acionistas, que ainda tem a opção de vender suas ações ( o governo está louco para retomar a maioria das ações preferenciais). Mas vai lá tentar comprar grandes quantidades de ações da empresa pra ver se acha. Ninguém se desfaz da BR, basta ver a rentabilidade da última década, e entender o porque.
[...]

E aí _Juca_?

Você ainda mantém a mesma opinião de há um ano e meio?

As coisas mudam, mas BR continua dando imensos lucros, não?




E aí   Juca, a BR continua dando imensos lucros ? 


Você ainda é favorável a que o Estado seja dono e gerente de empresa de petróleo ?




« Última modificação: 05 de Julho de 2015, 09:31:12 por JJ »

Offline DDV

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Re:Vantagens das empresas estatais em relação às empresas privadas
« Resposta #54 Online: 05 de Julho de 2015, 10:21:33 »
[...]
Por favor, demonstre onde a gasolina sendo vendida mais barata, com a estatal dando lucro, o povo está tendo prejuízos. Menos inflação, custos de frete mais baratos, mais economia para quem abastece. Você confunde as coisas.

Os únicos que estão ganhando menos (e não estão perdendo) são os acionistas, que ainda tem a opção de vender suas ações ( o governo está louco para retomar a maioria das ações preferenciais). Mas vai lá tentar comprar grandes quantidades de ações da empresa pra ver se acha. Ninguém se desfaz da BR, basta ver a rentabilidade da última década, e entender o porque.
[...]

E aí _Juca_?

Você ainda mantém a mesma opinião de há um ano e meio?

As coisas mudam, mas BR continua dando imensos lucros, não?




E aí   Juca, a BR continua dando imensos lucros ? 


Você ainda é favorável a que o Estado seja dono e gerente de empresa de petróleo ?







O Juca queria dizer lucros para o PT, e ele estava certo.

Não acredite em quem lhe disser que a verdade não existe.

"O maior vício do capitalismo é a distribuição desigual das benesses. A maior virtude do socialismo é a distribuição igual da miséria." (W. Churchill)

Offline Derfel

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Re:Vantagens das empresas estatais em relação às empresas privadas
« Resposta #56 Online: 01 de Abril de 2017, 15:08:54 »
Achei um arquivo PDF (disponibilizado pelo MP) que contem muitas informações sobre as estatais federais.  A publicação é de 2014, pois infelizmente não teve em 2015 e 2016.


Perfil das Empresas
Estatais Federais
2014
Ano Base 2013


Na página 21:

Tabela 3 • TOTAL DO ATIVO               Tabela 4 • ATIVO IMOBILIZADO
ORDEM EMPRESA R$ MILHÕES            ORDEM EMPRESA R$ MILHÕES
1 PETROBRAS 633.173                       1 PETROBRAS 402.567
2 ELETROBRAS 94.243                       2 PNBV 60.204
3 PNBV 75.940                                  3 TAG 23.927
4 PIFCO 64.708                                 4 PAI 12.812
5 PIB BV 54.545                                5 VALEC 10.324
6 TAG 27.896                                    6 ELETRONUCLEAR 9.263
7 FURNAS 23.140                              7 ELETRONORTE 7.826
8 PAI 19.687                                     8 FURNAS 5.909
9 ELETRONORTE 19.660                     9 TRANSPETRO 5.208
10 BR 18.264                                  10 BR 4.642



Tem estatal aí que eu nunca tinha visto nem o nome.



http://www.planejamento.gov.br/secretarias/upload/arquivo/dest-1/perfil-das-empresas-estatais-1/2014_ano_base_2013.pdf


Offline JJ

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Re:Vantagens das empresas estatais em relação às empresas privadas
« Resposta #57 Online: 01 de Abril de 2017, 15:16:58 »

E aqui na página 22 temos a tabela com os maiores lucros - tabela 8, e os maiores prejuízos - tabela 9:


Tabela 8 • LUCRO LÍQUIDO
 ORDEM EMPRESA R$ MILHÕES
 1 PETROBRAS 23.408
 2 PNBV 5.929
 3 PIB BV 4.122
 4 BB SEGURIDADE 2.474
 5 BR 2.132
 6 GASPETRO 1.662
 7 BB SEGUROS 1.578
 8 ELETRONORTE 1.268
 9 TAG 1.161
 10 TRANSPETRO 924



Tabela 9 • PREJUÍZO
ORDEM EMPRESA R$ MILHÕES
1 ELETROBRAS (6.287)
2 INFRAERO (2.655)
3 PIFCO (1.569)
4 AME (1.464)
5 FURNAS (818)
6 ELETRONUCLEAR (689)
7 PAI (636) 
8 PETROQUÍMICA SUAPE (555)
9 CGTEE (472)
10 CHESF (466)




http://www.planejamento.gov.br/secretarias/upload/arquivo/dest-1/perfil-das-empresas-estatais-1/2014_ano_base_2013.pdf


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Re:Vantagens das empresas estatais em relação às empresas privadas
« Resposta #58 Online: 16 de Março de 2018, 14:04:40 »
Correios: com menos funcionários, reclamações por atrasos disparam 


Sindicato diz que há déficit de 4.000 funcionários só em São Paulo e que equipe se reveza para atender as regiões da cidade
Por Fabiana Futema e Felipe Machado

access_time 5 mar 2018, 17h49 - Publicado em 28 fev 2018, 14h41


Centro de Distribuição dos Correios na rua Jaguaré Mirim, na Vila Leopoldina.  (Rivaldo Gomes/Folhapress)


Não é de hoje que os consumidores se queixam do atraso na entrega de encomendas e correspondências pelos Correios. Mas o problema se agravou ainda mais no final do ano passado, período em que muitas compras são feitas pela internet – as vendas de Natal acontecem logo na sequência da Black Friday, que no Brasil acontece muito mais na internet.


Levantamento feito pelo site Reclame Aqui mostra que foram registradas 3.704 queixas contra os Correios em dezembro, uma alta de 142% em relação a novembro. O ProconSP recebeu 512 reclamações sobre a empresa em 2017, ante 493 em 2016. Das ocorrências no último ano, 156 se referem à não prestação de algum serviço, e 33 a extravio de postagem.


“Pedido postado dia 30/01/18 com previsão de entrega até o dia 22 de fevereiro. E até agora nada, já fiz a reclamação no site e nada. Já liguei 2 vezes e também nada. Não sei mais o que fazer. Além de ter que ir buscar nos Correios uma entrega em que pago frete, ela ainda não chega na data certa”, escreveu um consumidor no Reclame Aqui.




Quem faz compras em sites de outros países sofre ainda mais com o atraso na entrega. “Hoje faz 93 dias que comprei um arco de violino pelo AliExpress, sendo que o vendedor enviou o mesmo no dia 25 de novembro de 2017. Acontece que os Correios daqui não lançaram no sistema, não recebi minha mercadoria até hoje. Entrei no site Fale com os Correios e lá fala que não tem nada registrado. É mais do que óbvio que minha encomenda chegou no país”, escreveu um outro na semana passada.

Nenhuma das 44.960 reclamações feitas contra os Correios no Reclame Aqui foi respondida pela empresa.

Uma das explicações mais óbvias para os problemas dos Correios é a falta de funcionários. A empresa não realiza concurso para contratação de funcionários desde 2011. Soma-se a isso o fato de os Correios terem aberto diversos programas de demissão voluntária no ano passado numa tentativa de reduzir custos.

O Sindicato dos Trabalhadores dos Correios de São Paulo, Grande São Paulo e de Sorocaba (Sintect-SP) avalia que há um déficit de 4.000 carteiros só na capital paulista.

O diretor de comunicação do sindicato, Douglas Melo, diz que a falta de funcionários faz com que agências tenham que alternar as zonas da cidade que recebem correspondência. O sindicato ressalta que desde 2011 não há concursos.

“Os carteiros vão para um setor, e voltam a ele depois de dois ou três dias. Quando retornam, o serviço está dobrado. É uma bola de neve. Tem agência em Taboão da Serra que abriu no  domingo porque não estava dando conta”, disse.

No fim de janeiro, os Correios extinguiram a função de operador de triagem, que tem cerca de 7.000 cargos no país, o que deve agravar ainda o problema. “Vai tirar carteiro da rua e jogar na área de triagem de mercadorias”, avalia Melo.

Quem faz negócios e depende dos Correios para que as entregas sejam realizadas também sofre com o problema de atraso na entrega de mercadorias. Esse é o caso do Mercado Livre, que atendeu 10 milhões de vendedores e 34 milhões de compradores no ano passado, sendo metade deles no Brasil. Leandro Soares, diretor da Mercado Envios, diz que o problema com atrasos já havia sido detectado, mas ficou ainda pior em novembro, dezembro e janeiro.

“A gente faz um monitamento e consegue saber o porcentual de entregas feitas dentro do prazo. Também conseguimos monitorar as reclamações”, afirma Soares.

Em seu quinto déficit, os Correios acumulavam um prejuízo de 2,03 bilhões de reais até novembro de 2017, uma alta de 17% em relação ao ano anterior. Relatório divulgado pela Controladoria Geral da União afirma que os Correios apresentaram “crescente degradação na sua capacidade de pagamento no longo prazo, aumento do endividamento e da dependência de capitais de terceiros, e principalmente, redução drástica de sua rentabilidade, com a geração de prejuízos crescentes a partir de 2013”. De 2011 a 2016, o patrimônio líquido da empresa sofreu uma redução de 92,63%.

Entre os principais fatores apontados para a situação financeira da empresa pela CGU estão a elevação dos custos com pessoal em 62,61%, que chegaram a 12,351 bilhões de reais em 2016.

O relatório conclui que se não forem tomadas medidas para ampliar a receita e reduzir custos, a empresa “irá se tornar gradativamente dependente de recursos transferidos pela União para o seu custeio”.

A crise dos Correios acabou refletindo também no fundo de pensão dos funcionários da empresa, o Postalis. Em janeiro, a Polícia Federal deflagrou uma operação para investigar a atuação de uma quadrilha que atuava desviando recursos do Postalis. Segundo as investigações, os desvios causaram um prejuízo de ao menos 6 bilhões de reais ao fundo.

Outro lado

Em nota, os Correios afirmam que a entrega de correspondências e encomendas está regular em todo o país. “Situações pontuais podem ocorrer e de imediato são adotadas soluções para cada caso. A entrega de encomendas continua sendo diária, ainda que tenha ocorrido expressivo aumento no volume de objetos nos últimos meses. A média do prazo da entrega de Sedex entre capitais tem sido de aproximadamente 1,5 dia. Número importante, tendo em vista o tamanho do país e as condições de infraestrutura existentes”, informa a estatal.

Questionado por VEJA, sobre eventual planos de privatização da empresa, o Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações negou qualquer iniciativa nesse sentido.


Veja também
Greve nos Correios

EconomiaMercado Livre lança campanha contra alta no frete dos Correiosquery_builder 27 fev 2018 - 18h02
Agência dos Correios

EconomiaCorreios eleva tarifa de despacho para encomendas internacionaisquery_builder 6 fev 2018 - 10h02



https://veja.abril.com.br/economia/correios-com-menos-funcionarios-reclamacoes-disparam/



Offline JJ

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Re:Vantagens das empresas estatais em relação às empresas privadas
« Resposta #59 Online: 16 de Março de 2018, 14:08:05 »

Estou com duas encomendas (uma vindo do interior de São Paulo, e outra de Curitiba) atrasadas. O prazo normal para o PAC era de dez dias úteis. Uma foi postada em 26/02/2018 e a outra 27/02/2018. Então uma já está com 15 dias úteis e a outra 14 dias.



Offline Luiz F.

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Re:Vantagens das empresas estatais em relação às empresas privadas
« Resposta #60 Online: 16 de Março de 2018, 14:36:11 »
A última compra que eu fiz pela internet levou 40 dias corridos pra chegar, vindo de São Paulo (380km daqui), onde as encomendas costumam fazer apenas duas "escalas" no caminho (uma num centro de triagem em são paulo, outra em varginha) antes de chegar aqui...

A penúltima levou 4 dias corridos, vindo de São Paulo também, mas por uma empresa privada de entregas...
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Offline JJ

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Re:Vantagens das empresas estatais em relação às empresas privadas
« Resposta #61 Online: 16 de Março de 2018, 18:07:29 »
A última compra que eu fiz pela internet levou 40 dias corridos pra chegar, vindo de São Paulo (380km daqui), onde as encomendas costumam fazer apenas duas "escalas" no caminho (uma num centro de triagem em são paulo, outra em varginha) antes de chegar aqui...

A penúltima levou 4 dias corridos, vindo de São Paulo também, mas por uma empresa privada de entregas...


Na próxima compra vou ver se tem a opção de usar empresa privada, pois os Correios já estão me dando receio de usar.


Offline Gauss

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Re:Vantagens das empresas estatais em relação às empresas privadas
« Resposta #62 Online: 17 de Março de 2018, 00:23:26 »
Cada compra no Mercado Livre é um sofrimento. Lá só tem a opção pelo Correios.
Citação de: Gauss
Bolsonaro é um falastrão conservador e ignorante. Atualmente teria 8% das intenções de votos, ou seja, é o Enéas 2.0. As possibilidades desse ser chegar a presidência são baixíssimas, ele só faz muito barulho mesmo, nada mais que isso. Não tem nenhum apoio popular forte, somente de adolescentes desinformados e velhos com memória curta que acham que a ditadura foi boa só porque "tinha menos crime". Teria que acontecer uma merda muito grande para ele chegar lá.

Offline JJ

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Re:Vantagens das empresas estatais em relação às empresas privadas
« Resposta #63 Online: 18 de Março de 2018, 10:51:32 »
Estatais geraram mais custos do que retorno financeiro para a União nos últimos 5 anos, diz Tesouro Nacional


Instituição divulgou nesta segunda-feira estudo sobre dados fiscais das operações do Tesouro com as empresas estatais. Gastos foram de R$ 122 bilhões e retorno foi de R$ 89 bilhões.
Por Alexandro Martello, G1, Brasília

18/12/2017 15h24  Atualizado 18/12/2017 16h35

 
As empresas estatais geraram mais custo ao Tesouro do que retorno financeiro, de acordo com um estudo divulgado pela Secretaria do Tesouro Nacional nesta segunda-feira (18).

Segundo o estudo, que analisou a dados fiscais da relação do Tesouro com as estatais, essas empresas custaram R$ 122,31 bilhões ao governo nesses cinco anos, e geraram um retorno de R$ 89,35 bilhões no mesmo período. Ao avaliar ano por ano, somente em 2014 as empresas geraram um retorno maior do que o custo (veja quadro abaixo).

Custos X retorno das empresas estatais nos últimos anos (Foto: Reprodução de estudo do Tesouro Nacional) Custos X retorno das empresas estatais nos últimos anos (Foto: Reprodução de estudo do Tesouro Nacional)
Custos X retorno das empresas estatais nos últimos anos (Foto: Reprodução de estudo do Tesouro Nacional)
Entre os gastos do governo com as estatais, o Tesouro considerou os AFACs (Adiantamento para Futuro Aumento de Capital), as despesas com "instrumentos híbridos" (um tipo de reforço do capital das instituições, com características de participação acionária e também de dívida) e também as chamadas "subvenções" - gastos para o pagamento de despesas com pessoal, para o custeio em geral ou de capital, como investimentos.

Por outro lado, entre os retornos proporcionados pelas estatais ao governo, ou seja, os recebimentos proporcionados por elas, estão os juros recebidos pelos "instrumentos híbridos", os dividendos e os juros sobre capital próprio - que são uma forma de distribuição de lucros aos acionistas.






https://g1.globo.com/economia/noticia/estatais-geraram-mais-custos-do-que-retorno-para-a-uniao-nos-ultimos-5-anos-diz-tesouro-nacional.ghtml




Offline JJ

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Re:Vantagens das empresas estatais em relação às empresas privadas
« Resposta #64 Online: 18 de Março de 2018, 11:02:42 »
Cada compra no Mercado Livre é um sofrimento. Lá só tem a opção pelo Correios.


Mas, parece que os Correios dão maior atenção ao contrato que eles tem com o ML, pois as duas últimas compras que fiz pelo ML/Correios  não teve atraso. As duas compras que estão tendo atraso, eu fiz diretamente em sites de lojas fora do ML, e pedi envio por PAC, depois com o atraso é que fiquei sabendo que não estão cumprindo com o prazo que deveria ter sido de dez dias úteis, e que estão demorando pelo menos o dobro desse tempo para entregar as encomendas via PAC.

Antes, eu utilizava o PAC constantemente e não tinha problema, mas agora estou perdendo a confiança nessa modalidade, que é mais econômica, e que não tinha problema desde que não houvesse necessidade de muita rapidez para receber a mercadoria. Mas, agora está me inspirando desconfiança.


« Última modificação: 18 de Março de 2018, 14:49:49 por JJ »

Offline Gauss

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Re:Vantagens das empresas estatais em relação às empresas privadas
« Resposta #65 Online: 18 de Março de 2018, 13:03:35 »
Cada compra no Mercado Livre é um sofrimento. Lá só tem a opção pelo Correios.


Mas. parece que os Correios dão maior atenção ao contrato que eles tem com o ML, pois as duas últimas compras que fiz pelo ML/Correios  não teve atraso. As duas compras que estão tendo atraso, eu fiz diretamente em sites de lojas fora do ML, e pedi envio por PAC, depois com o atraso é que fiquei sabendo que não estão cumprindo com o prazo que deveria ter sido de dez dias úteis, e que estão demorando pelo menos o dobro desse tempo para entregar as encomendas via PAC.

Antes, eu utilizava o PAC constantemente e não tinha problema, mas agora estou perdendo a confiança nessa modalidade, que é mais econômica, e que não tinha problema desde que não houvesse necessidade de muita rapidez para receber a mercadoria. Mas, agora está me inspirando desconfiança.
Você teve sorte. Ou eu tive azar. As três últimas que fiz vieram por Sedex e cancelaram a entrega duas vezes. Uma veio rapidinho no prazo. Já sou amigo do entregador, pois compro com frequência da internet e ele costuma entregar no meu trabalho, que é perto de minha casa. Ele disse que os cancelamentos de entregas são comuns pois aqui em minha cidade (uma cidade de 250 mil habitantes, não é pequena para os padrões do RS) há apenas 3 entregadores, o que acaba sobrecarregando o trabalho.

Eu nem acho que uma simples privatização dos Correios resolveriam o problema que eu citei, apesar de achar a privatização desta e de todas as outras estatais necessárias. Mas pelo menos uma abertura do mercado, com outras empresas como a UPS e a FEDEX podendo operar em sistemas postais semelhantes aos correios, já resolveriam com toda a certeza estes problemas de demanda.
Citação de: Gauss
Bolsonaro é um falastrão conservador e ignorante. Atualmente teria 8% das intenções de votos, ou seja, é o Enéas 2.0. As possibilidades desse ser chegar a presidência são baixíssimas, ele só faz muito barulho mesmo, nada mais que isso. Não tem nenhum apoio popular forte, somente de adolescentes desinformados e velhos com memória curta que acham que a ditadura foi boa só porque "tinha menos crime". Teria que acontecer uma merda muito grande para ele chegar lá.

 

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