O governo Lula não foi socialista por criar o bolsa família, assim como não foi neoliberal por reduzir-se e ausentar-se em setores estratégicos. Somente a unitariedade de políticas tipificam a ideologia de um partido, isto é ciência política, lide.
Calma Price. Eu não preciso lidar com nada disso. Isto é uma briguinha puramente semântica que você se inventou sozinho, sem relação nenhuma com as minhas palavras aqui escritas.
O objetivo é normalizar a economia reduzindo o déficit. Na situação atual, a redução é fundamental.
Volto a repetir. Existem varias formas de conseguir este objetivo. O que estou questionando é o como, o quando e a radicalidade das práticas que estão sendo aplicadas.
Um exemplo. Em Julho de 2112 Krugman escreveu o seguinte:
Pointless Pain In Spain
… the new austerity measures just announced make no sense at all.
According to news reports, Rajoy has announced 65 billion euros of tax increases and spending cuts; this will clearly deepen Spain’s depression. So what purpose will this serve?
Think of Spain as facing a three-level problem. The topmost level is the problem of the banks; set that aside for now. Below that is the problem of sovereign debt. What makes the debt problem so serious, however, is the underlying problem of competitiveness: Spain needs to increase exports to make up for the jobs lost when its housing bubble burst. And it faces years of a highly depressed economy until costs have fallen enough relative to the rest of Europe to achieve the needed gain in competitiveness.
So, what do the new austerity measures contribute to the solution of these problems?
Well, Spain’s deficit will be smaller. Not 63 billion euros smaller, since the further depression of Spain’s economy will reduce revenues; say it’s 40 or 45 billion euros less debt, which is around 4 percent of Spanish GDP. Does anyone think this will make a big difference to the long-run fiscal outlook, or restore investor confidence?
What about competitiveness? Let’s be frank and brutal: the European strategy is basically for debtor nations to achieve relative deflation via high unemployment.
(…)
So, Rajoy is imposing harsh further austerity that will raise unemployment while making no significant dent in either the fiscal problem or the competitiveness problem. And this makes sense why?
http://krugman.blogs.nytimes.com/2012/07/11/pointless-pain-in-spain/
Será que as previsões de Krugman estavam tão erradas? Vejamos o que aconteceu com essas e outras medidas (dados da legislatura Rajoy, fonte:
http://elpais.com/especiales/2013/recortes-del-gobierno/#segunda):
Desemprego: 5.273.600 – 6.202.700 (é bom lembrar a redução que teve de população ativa)
Variaçao PIB (taxa anual) 0,0 – (-2,0)
Dívida pública: 67,5 - 87,0 (% PIB)
Uau!, parece que não funcionou muito bem. Nesta sexta o governo revisou, pela enésima vez, suas previsões de melhoria: Tudo postergado até ... 2016! Onde o futuro será fantástico com um déficit do 3% e um desemprego do ... 25%!!!!! Até agora o governo demostrou sua grande capacidade para mentir e manipular e muito provavelmente o futuro seja, ainda, pior do que isso.
Tanto dentro do FMI, como da EU como do setor menos radical do PP estão aparecendo leves sinais de arrependimento e de tímido reconhecimento de que erraram feio.
Então Price.
A discussão acaba aqui. Você está em um mundo diferente do meu.
Só existe um mundo, a diferença está no que você quer ver, nas suas prioridades e na sua capacidade para debater ou aceitar opiniões diferentes. Neste pedacinho de mundo do qual estamos falando está acontecendo uma catástrofe social. Fiz este pequeno cálculo. Coloquemos em fila todos os desempregados, cada um deles ocupando 70 cm. A fila sairia de Natal, onde que eu moro, e só pararia depois de Pelotas (4.300 km.). São famílias inteiras nessa fila, é o 58% dos jovens dum país nela, é o fim do futuro duma geração. E a única coisa que fizeram foi recortar e recortar as ajudas sociais em educação, saúde, investigação, criação de emprego, aposentadorias, ajudas de desemprego, etc. etc. que poderiam, ainda que pouco, aliviar esta tragédia e oferecer uma pequena esperança.
Ah! e isso sem falar das condiçoes que encontrarão no hipotético caso de conseguir um trabalho, pois a primeira coisa que aplicaram foi uma "reforma" laboral que o proprio ministro de Economía definiu com "terrivelmente agressiva".
Existem outras formas, sim!
Sem dúvida você preferiria viver em outro mundo, mas não existe. Só temos este, com uns dirigentes com umas ideias e prioridades absolutamente erradas.