Critério"Um critério (do grego kritérion pelo latim criteriu) é um padrão que serve de base para que coisas e pessoas possam ser comparadas e julgadas." ( Cf.
Wikipédia, Critério)
"É um princípio ou conceito apropriado para a determinação de uma série de distinções fundamentais, p.ex. no âmbito cognitivo (verdade ou falsidade), ético (bem ou mal), e estético (beleza ou feiura)" (Cf. Houaiss, V. 3.0)
VerdadeTomando verdade aqui como sendo
"qualquer ideia, princípio ou julgamento aceito como autêntico; axioma" (Cf. Houaiss, V. 3.0). Podemos dizer que o julgamento daquilo que deve ser aceito como verdadeiro dependerá do critério fixado como capaz de conduzir a esta verdade.
Relativização da verdadeIsso relativiza a verdade pelo fato dela ser definida segundo o critério fixado, que pode variar de parte para parte que estejam envolvidas na discussão.
Disputas intermináveisPor decorrência disso, uma discussão entre pontos de vistas opostos pode se estender infinitamente caso cada parte avalie a questão segundo apenas o seu critério de verdade, ignorando por tanto o fato do outro estar a admitir um critério diferente.
PragmatismoAi entra o pragmatismo:
"O Pragmatismo constitui uma escola de filosofia estabelecida no final do século XIX, com origem no Metaphysical Club, um grupo de especulação filosófica liderado pelo lógico Charles Sanders Peirce, pelo psicólogo William James e pelo jurista Oliver Wendell Holmes, Jr., congregando em seguida acadêmicos importantes dos Estados Unidos." (Cf.
Wikipédia, Pragmatismo) O Pragmatismo é a doutrina filosófica que propõe um método do qual decorre uma teoria da verdade, baseado na ideia de tomar como critério de verdade, a utilidade prática de uma teoria, considerando verdadeiro tudo aquilo que se considerado, for capaz de conceber efeitos de natureza prática.
E como o pragmatismo pode ser útil para terminar discussões sem fim, onde as partes conflitantes estão a determinarem a verdade segundo pontos de vista conflitantes?
A solução"Nas palavras de William James: "O método pragmatista é, antes de tudo, um método de terminar discussões metafísicas que, de outro modo, seriam intermináveis. O mundo é um ou muitos? Livre ou fadado? Material ou espiritual? Essas noções podem ou não trazer bem para o mundo; e as disputas sobre elas são intermináveis. O método pragmático nesse caso é tentar interpretar cada noção identificando as suas respectivas consequências práticas (...) Se nenhuma diferença prática puder ser identificada, então as alternativas significam praticamente a mesma coisa, e a disputa é inútil." (Cf.
Wikipédia, Pragmatismo)
Um exemplo deste método sendo posto em prática (de outra maneira) pode ser conferido na passagem abaixo:
"Há alguns anos, enquanto eu estava em uma festa campestre nas montanhas, retornando de um passeio solitário, encontrei todos envolvidos em uma feroz disputa metafísica. O 'corpus' da disputa era um esquilo - um esquilo vivo que se punha a estar agarrado a um lado de uma árvore; enquanto defronte da árvore, do lado oposto, imaginava-se estar um ser humano. Esta testemunha humana tentava ver o esquilo movendo-se rapidamente em volta da árvore, mas não importa o quão rápido o ser humano se movia, o esquilo também se movimentava igualmente rápido na direção oposta, sempre mantendo a árvore entre ele e o homem, de modo que eles nunca se viam. O problema metafísico resultante agora é o seguinte: "O homem anda em torno do esquilo ou não?" Ele anda em torno da árvore, com certeza, e o esquilo está na árvore; mas será que ele anda também, em torno do esquilo? No ilimitado prazer do debate, a discussão não havia chegado a nenhuma conclusão.
Todo mundo tinha tomado partido, ambos obstinados em defender a sua posição; e os números de defensores de cada lado se equiparavam. Cada lado, quando eu apareci, portanto, apelou para mim para fazer a maioria. Ciente do ditado escolar que diz que sempre que você encontra uma contradição você deve fazer uma distinção, eu imediatamente procurei e encontrei a seguinte: "Que partido é certo," eu disse, "depende do que você quer dizer praticamente por 'andar em torno' do esquilo. Se você entende como passando do norte dele para o leste, em seguida, para o sul, depois para o oeste, e então para o norte dele de novo, obviamente, o homem anda em torno dele, pois ele ocupa estas posições sucessivas. Mas se, pelo contrário, se você entende que primeiro o homem esta na frente dele, e em seguida, à sua direita, em seguida por trás dele, e em seguida, à sua esquerda, e, finalmente, na frente dele de novo, é tão óbvio que o homem não consegue andar em volta do esquilo, pois pelos movimentos de compensação que o esquilo faz, ele mantém a sua barriga voltada para o homem o tempo todo, e suas costas para o lado oposto.
Faça uma distinção, e não haverá motivo para qualquer disputa posterior. Em um sentido prático ou de outro; os dois lados estão certos e errados de acordo com aquilo que se entende por 'andar em volta'." (Cf.
William James, Pragmatism, Lecture II, pp. 13-14, (1907), Tradução de Skeptikós, Clube Cético)
Então, o que acham do método do pragmatismo para por fim a disputas que de outro modo seriam intermináveis?