- A ciência pode ter aliviado os sofrimentos das doenças e dos trabalhos enfadonhos e fatigantes, pode ter proporcionado uma série de aparelhos engenhosos para nossa conveniência e distração, mas deixou-nos em um mundo sem deslumbramento. Nossos crepúsculos foram reduzidos a comprimentos de ondas e frequências. As complexidades do universo foram desmembradas em equações matemáticas. Até o nosso amor-próprio de seres humanos foi destruído. A ciência proclama que o planeta Terra e seus habitantes são um cisco insignificante no grande plano. Um acidente cósmico.
Discordo que essas explicações cientificas tenham acabado com nosso deslumbramento do mundo. Quem jovem e leigo, não se deslumbrava com as explicações cientificas sobre o universo, dadas por Carl Cagan na série Cosmos. Quem não se maravilha com os grandes avanços da ciência, que com toda sua complexidade consegue nos apresentar um mundo muito maior do que o que acreditávamos existir. Eu discordo da ideia que o autor do texto tentou passar neste trecho da obra. A ciência não acabou com o deslumbramento que tínhamos do mundo, ela apenas nos deslumbra de uma maneira diferente daquela feita pela religião.
Até a tecnologia que promete nos unir, ao contrário, só nos divide. Cada um de nós está hoje eletronicamente conectado ao globo inteiro e, entretanto, todos nos sentimos sós.
Não acho que isso seja culpa da tecnologia em si, esta não tem vontade própria, e nem pode ser responsabilizada pelas nossas mazelas. A tecnologia moderna é como um velho martelo, uma simples ferramenta na mão de um operário, na mão certa esta ferramenta pode ser usada para edificar e construir, enquanto na mão errada esta ferramenta pode ser usada para destruir e causar sofrimentos. Logo, são os nossos valores que nos direcionam a um uso construtivo ou destrutivo da tecnologia que produzimos. não é ela mesma, a ferramenta, culpada por nossos problemas e sofrimentos atuais, e sim nós mesmos, que guiados por valores destrutivos, a usamos de forma nociva.
Somos bombardeados pela violência, pela divisão, pela desintegração e pela traição.
Isso sempre aconteceu, antes e depois da ciência, com armas primitivas ou com armas modernas, o avanço cientifico e tecnológico não devem serem responsabilizados por nossos problemas. São os nossos próprios valores os culpados por nossos problemas.
O ceticismo passou a ser uma virtude. O cinismo e a exigência de provas para tudo converteram-se em pensamento esclarecido.
E porque não deveria ser assim, o ceticismo e o cinismo são doutrinas filosóficas incríveis e deliciosas de se estudarem e praticarem, e a exigência de provas uma ótima maneira de se atingir com maio precisão os nossos objetivos.
Alguém ainda se admira que as pessoas hoje se sintam mais deprimidas e derrotadas do que em qualquer outra ocasião da história do homem?
Não tenha certeza que assim seja, mas mesmo que seja, ainda não vejo relação suficiente com a ciência e avanço tecnológico ao ponto destes serem exclusivamente culpabilizados por nossas desgraças.
Será que existe alguma coisa que a ciência considere sagrada?
"Sagrado" é um conceito religioso, não acredito por isso que a ciência considere algo como sagrado.
- A velha guerra entre a ciência e a religião está encerrada. Vocês venceram. Mas não
venceram honestamente. Não venceram fornecendo respostas.
Muitas respostas são fornecidas, mas nenhuma delas com caráter de ser considerada absoluta e inquestionável. E muitas perguntas foram feitas, muito mais do que respostas dadas, e isso devemos concordar, levou o homem a refletir e pensar por conta própria, levando-nos a grandes conquistas no campo intelectual, e sem ser punido e/ou proibido de pensar, algo corriqueiro nas mais diversas religiões do mundo.
O crescimento científico é exponencial. Alimenta-se de si mesmo como um vírus. Cada novo avanço abre caminho para outros novos avanços. A humanidade levou milhares de anos para evoluir da roda para o carro. E apenas décadas do carro para o espaço.
Concordo.
Atualmente, calculamos por semana o progresso científico. Estamos girando fora de controle, O abismo entre nós se aprofunda sem parar e, à medida que a religião vai ficando para trás, as pessoas se veem em um vazio espiritual. Imploramos pelo sentido das coisas. E, acreditem, imploramos de fato. Vemos OVNIS, frequentamos médiuns, buscamos contato com os espíritos, experiências extracorpóreas, uso do poder mental - todas essas ideias excêntricas têm um verniz científico, mas são descaradamente irracionais. São o grito desesperado da alma moderna, solitária e atormentada, deformada por seu próprio esclarecimento e por sua incapacidade de aceitar que haja sentido em qualquer coisa que seja estranha à tecnologia.
É uma observação interessante, mas muitas pessoas ainda se abraçam a religião, da mesma forma que se abraça estes exemplos citados acima, na mesma medida que toma a ciência e a tecnologia como guia. Não é necessário deixar de ser religioso por acreditar e se beneficiar da ciência. E muitos intelectuais e cientistas crentes em Deus estão ai para não me deixarem me contradizer.
A ciência, dizem vocês, vai nos salvar. A ciência, digo eu, nos destruiu.
Se alguma destruição de fato ocorreu ou esta a ocorrer, somos nós mesmos os culpados, e não a ciência ou a tecnologia em si mesmas, como pretende a ideia do texto.
Desde o tempo de Galileu, a Igreja vem tentando diminuir o ritmo da marcha implacável da ciência, às vezes por meios equivocados, mas sempre com intenções benéficas.
Como as inquisições, as mortes de pensadores acusados de heresias e blasfêmias, a destruição do conhecimento de várias formas, através do genocídio e do etnocídio de povos quase inteiros? Sei, as intenções poderiam serem benéficas, mas os resultados foram em grande parte maléficos. Sendo ao meu ver uma hipocrisia e contradição evidente acusar e condenar a ciência pelos problemas modernos, na medida que perdoa e inocenta a religião dos problemas passados.
- Quem é esse deus-ciência? Quem é esse deus que oferece poder a seu povo, mas nenhuma estrutura moral para lhe dizer como usar este poder?
O objetivo e/ou dever da ciência não é o de construir uma estrutura moral. A ciência pode ajudar a esclarecer os problemas morais, como no caso do racismo, ao apontar que não existem raças, e que por tanto toda a base da ideologia racista caria por terra, levando consigo todo o resto. Mas a ciência não pode de fato decidir o que é moralmente certo ou errado, este papel é da ética, e da própria religião, que ai pode se meter e ajudar. Mas assim como a ciência não pode dizer aquilo que é certo e aquilo que é errado, sendo ela apenas uma ferramenta, ela não pode por consequência ser responsabilizada pelas mazelas humanas, sendo estas responsabilidades exclusivamente nossa e de nossos valores morais e códigos de ética, que direcionam nossas ações.
Que tipo de deus dá fogo a uma criança, mas não a avisa sobre seus perigos? A linguagem da ciência não vem com diretrizes sobre o bem e o mal. Os livros científicos explicam-nos como criar uma reação nuclear, mas não têm nenhum capítulo discutindo se é uma boa ou má ideia.
Por que isso não é ciência, o bom ou o mal, o certo ou o errado, são valores de juízos, valores morais e éticos, que vem de uma educação moral e ética. Ai a religião pode ainda fazer valer a sua influência, assim como a filosofia e os estudos filosóficos da ética e da moral.
À ciência, quero dizer o seguinte: a Igreja está cansada. Estamos exaustos de tanto tentar ser uma diretriz para o mundo. Nossos recursos estão esgotados por sermos a voz do equilíbrio enquanto vocês se atiram de cabeça em sua busca por chips menores e lucros maiores. Nem perguntamos por que vocês não se controlam, pois como poderiam? Seu mundo anda tão depressa que, se pararem por um instante que seja para refletir sobre as implicações de seus atos, alguém mais eficiente pode ultrapassá-los em um piscar de olhos. Por isso, vocês
vão em frente. Promovem o aumento das armas de destruição em massa, mas é o Papa quem tem de viajar pelo mundo suplicando aos líderes que tenham prudência. Clonam criaturas vivas, mas é a Igreja que tem de lembrar a necessidade de considerarmos as implicações morais de nossos atos. Incentivam as pessoas a interagir através de telefones, telas de vídeo e computadores, mas é a Igreja que abre suas portas e nos lembra de comungar aqui, no mundo real, que é como se deve fazer. Vocês até matam bebês que ainda não nasceram em nome de pesquisas que salvarão vidas. Mais uma vez, cabe à Igreja comprovar a falácia de tal raciocínio.
Interessante, de fato é a moral e a ética que guia as nossas ações, nisso eu concordo, é preciso haver sim uma educação moral e códigos de ética para manter a ordem e harmonia do homem com o homem no uso da ciência e sua tecnologia, voltada para bens pacíficos e positivos.
Mas esta educação, apesar de poder ser ministrada e influenciada pela religião, não deve nem precisa ser reduzida somente a ela, a filosofia, os costumes e tradições culturais diversos, também podem e devem participar do debate e formação moral da população.
E a ciência, apesar de não poder definir certo e errado, bom e ruim, pode ajudar a esclarecer fatores que nos guiem a uma melhor decisão, como já falado aqui, no caso do racismo, hoje condenado em partes por um maior esclarecimento cientifico do assunto, que nos mostrou o racismo como ilógico em sua própria base, fato este que aliado aos demais nos ajudou a proibir e condenar tal ato.
- Vocês perguntam com que Deus se parece, e eu, por minha vez, pergunto também: de onde vem essa pergunta? A resposta é uma só, a resposta é a mesma. Não veem Deus em sua
ciência? Como podem deixar de vê-lo! Vocês proclamam que a menor alteração na força da gravidade ou no peso de um átomo teria convertido nosso universo em uma névoa sem vida em vez do magnífico mar de corpos celestes que contemplamos, e ainda assim deixam de ver a mão de Deus nisso? Será que é mesmo tão mais fácil acreditar que escolhemos a carta certa em um baralho em que há bilhões delas? Será que estamos tão falidos espiritualmente que preferimos acreditar numa impossibilidade matemática e não em um poder maior do que nós?
- Se vocês acreditam em Deus ou não,
Prefiro me manter agnóstico sobre esta questão, não nego nem aceito a existência de Deus, suspendo o meu juízo.
têm de acreditar nisto: quando nós, como espécie, abandonamos a confiança em um poder maior do que nós, abandonamos também nossa noção da obrigatoriedade de prestar contas.
Isso pode ser feito com um sentimento de compromisso com a comunidade e seus valores estabelecidos. De forma racional através da filosofia e da razão, como demonstrado em várias doutrinas filosóficas da moral, do utilitarismo ao kantismo. A religião pode ser útil a desempenhar este papel, mas não é necessária e nem mesmo exclusivo da religião este papel
A fé, todas as formas de fé, são advertências de que existe algo que não podemos compreender, algo a que temos de responder. Com fé, prestamos contas uns aos outros, a nós mesmos e a uma verdade maior.
A fé é de fato muito importante, e eu já falei sobre isso
neste tópico aqui.
A religião é falha, mas só porque o homem é falho.
Assim como a ciência é usada para o mal, mas somente por que o homem também é mal, e não por que a ciência é má em si mesma.
Se o mundo exterior pudesse ver esta igreja como eu vejo, além do ritual de
dentro dessas paredes, veria um milagre moderno, uma fraternidade de almas imperfeitas e simples, querendo apenas ser uma voz de compaixão em um mundo do qual se está perdendo o controle.
- Somos mesmo obsoletos? Será que esses homens são mesmo dinossauros? Será que eu
também sou? Será que o mundo realmente precisa de uma voz para os pobres, os fracos, os oprimidos, para as crianças que ainda não nasceram? Será que realmente precisamos de almas como essas que, apesar de imperfeitas, passam a vida nos implorando para seguirmos as diretrizes da moralidade e não nos extraviarmos de nosso caminho?
- Nenhum de nós pode se dar ao luxo da indiferença. Quer encarem toda essa maldade como Satã, corrupção ou imoralidade, o fato é que as forças do mal estão vivas e crescendo a cada dia. Não as ignorem. As forças são poderosas, mas não são invencíveis, O bem pode prevalecer. Ouçam a voz de seus corações. Ouçam a voz de Deus. Juntos, podemos recuar deste abismo.
- Rezem comigo.
A religião tem a sua utilidade, eu não nego, e pode inclusive ser positiva, mas a critica a ciência, da forma como fora feita acima, é falha, como já demonstrado por mim em diversos pontos do texto.
Abraços!