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(1) Essa frase na verdade é de Louis Blanc (De chacun selon ses facultés, à chacun selon ses besoins) e, no contexto em que Marx a utilizou, não haveria margem para almoço grátis:
Na condição de que todos, na medida de suas respectivas habilidades, contribuissem para o desenvolvimento da sociedade e tivessem acesso livre àquilo de que necessitam para viver dignamente, não haveria escassez. Haveria sim abundância. Claro que a existência desse modelo pressupõe condições ideais, virtualmente impossíveis de serem mantidas à longo prazo.
Marx, entretanto e até onde eu sei, não incluiu na equação a existência de indivíduos capazes porém improdutivos que voluntariamente se beneficiariam do sistema sem prestar quaisquer contribuições por uma período significativo de suas vidas.
Se não há um limite para a necessidade, o passo seguinte é o estabelecimento de um sistema de benesses para quem tem poder. Ou seja a situação será insustentável, conforme as suas próprias palavras.
Aí que está. Há um limite para a necessidade. Eu até apontei isso pro Johnny Cash.
Os problemas estão em establecer (a) o conceito daquilo que seria necessário e (b) fazer isso vigorar em todas as esferas, independente se o indivíduo for entregador de pizza ou ministro da defesa.
Dou um exemplo prático aqui da Alemanha, como descrito por aqueles que viveram na DDR:
Todos tinham direito a usufruir de uma moradia em bom estado, saúde pública, transporte, alimentação etc. Mas tudo era restrito.
- Sua casa não ia ser roxa. Você não precisa de uma casa roxa. Você tinha direito à uma casa pintada e as cores disponíveis eram branco, cinza e amarelo claro.
- Seu carro não ia ser uma BMW. Você não precisa de uma BMW. Você tem direito a um automóvel. Suas opções são o Trabant ou Lada.
Era assim.
Agora... Quem tinha amigos em
high-places ou era agente da Stasi usufruia de algumas vantagens, enquanto estes deveriam estar submetidos aos mesmos limites do "cidadão comum". Aí já viu...
(2) Não nos esqueçamos dos direitistas que nada conhecem de economia e que pleiteiam pela supressão de direitos trabalhistas e sociais e nem se dão conta do impacto que isto traz, tanto para aqueles que efetivamente movimentam uma economia de mercado como para aqueles que dela usufruem.
Não existem "direitos trabalhistas" porque estes não existem per se no espaço e no tempo. Eles são o resultado de "negociações ou imposições", no qual frequentemente os políticos populistas, os empresários sindicalistas alienados e os sindicalistas corruptos de funcionários se refestelam.
Direitos Humanos
per se também não existem no espaço e no tempo.
Novamente, existe pressão nefasta de ambos os lados da mesa de negociação.
Na Inglaterra o trabalhador não tem direito a adicional de hora-extra, nem adicional por trabalhar nos domingos e feriados, nem adicional de insalubridade. Dizem que prejudica a competitividade.
Na Alemanha, Na Suiça e na Austria, o trabalhador tem direito aos três benefícios. Em ambos os países os negócios vão muito bem obrigado.
A palavra-chave é moderação. Imbecís, inconsequentes e aproveitadores existem de ambos os lados.
As palavras-chave são, entre outras, 'eliminação de benesses', 'livre negociação' e 'cumprimento de contratos, sociais ou não'.
Sim. Passa por aí.