Autor Tópico: A nova cara da Via Láctea  (Lida 1163 vezes)

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APODman

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A nova cara da Via Láctea
« Online: 02 de Setembro de 2005, 10:37:17 »
Moramos em uma galáxia exótica e complexa.

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Novos estudos mudam cara da Via Láctea

SALVADOR NOGUEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

Aviso: a galáxia que está emergindo dos estudos de um grupo do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas da USP (Universidade de São Paulo) não é a Via Láctea dos seus pais.

Da pesquisa, uma coisa já ficou bem clara: os atuais mapeamentos estão todos errados, às vezes por margens bem grandes. Mas ainda não é possível ter uma visão muito clara das estruturas que dão forma à galáxia na qual o Sol e sua família de planetas, incluindo a Terra, estão imersos.
"Talvez ainda precisemos de mais uns dez anos para ter um mapa completo", diz Augusto Damineli, líder do grupo que desde 1999 já trabalha nesse esforço. "É um trabalho lento, penoso."

É irônico, mas, de todas as incontáveis galáxias já observadas por telescópio, a que oferece mais mistérios é a Via Láctea. Não que ela seja esquisita ou mais enigmática do que outros objetos do gênero. O problema, na verdade, é de ponto de vista: é muito difícil interpretar as formas da galáxia quando elas são observadas de dentro. O que se vê claramente é o formato de disco, mas todo o resto é trepidante e depende de inferências e suposições.

Trio de naipes
Do que se vê lá fora, são três as opções básicas para galáxias: espirais, elípticas e irregulares (vulgo curingas). Um consenso entre os astrônomos é que a Via Láctea tem um formato espiral. Mas ninguém sabe exatamente que tipo de espiral (há várias opções), nem quantos braços ela tem.

A versão mais comum é a que apresenta uma Via Láctea com quatro braços. Ela foi consolidada nas observações feitas com radiotelescópios, que se baseiam nas posições de certas nuvens densas de gás formadoras de estrelas.

Ocorre que, segundo Damineli, essas medições de rádio são problemáticas, porque elas não só precisam presumir uma certa taxa de rotação normal da galáxia como também ignoram o fato de que essas nuvens têm um movimento próprio, desligado da rotação, ocasionado pelos processos de formação estelar. Em menos palavras, a determinação de sua posição e distância são bem trepidantes e cheias de "supondo que".

Estrelas-guia
A alternativa a esse mapeamento é suar a camisa e usar, em vez de nuvens de gás, as próprias estrelas como referência. É o que Damineli e companhia estão fazendo, num trabalho que consome um bocado de tempo, porque exige análises individuais de estrelas. Eles observam vários astros de grande porte (com massas pelo menos oito vezes maiores que a do Sol) e, com base na análise de sua luz, medem suas distâncias e recalculam suas posições.

Os dados até agora recolhidos com o novo método já demonstram que as estimativas feitas com base na "radioescuta" das nuvens de gás estão bem erradas. "Uma região de densa formação de estrelas que antes aparecia a uma distância de uns 12 quiloparsecs [39 mil anos-luz] agora nós descobrimos que está a apenas uns 4 quiloparsecs [13 mil anos-luz]", diz Damineli. O parsec é uma medida de distância usada comumente pelos astrônomos para obrigar os outros a convertê-las para os anos-luz, que são mais populares e intuitivos. Já um ano-luz é a distância percorrida pela luz num ano, aproximadamente 9,5 trilhões de quilômetros.
Essa recalibragem de distâncias, a maioria delas por um fator de dois, leva a outras conclusões interessantes, além do simples fato de que o mapa da galáxia hoje mais parece um quebra-cabeça com todas as peças reunidas nos lugares errados. A partir disso, por exemplo, pode-se constatar que o surgimento de novas estrelas na Via Láctea é bem mais modesto do que antes se pensava. "A galáxia no final é bem menos prolífica. A taxa de formação de estrelas talvez seja até menos da metade do que se calculava a partir dos estudos de rádio", diz Damineli.

Esforço à frente
Como o novo mapeamento está longe de estar concluído, há muito trabalho ainda pela frente. O grupo de Damineli submeteu recentemente um estudo ao "Astronomical Journal" (www.journals.uchicago.edu/AJ/) sobre o avanço das pesquisas e a tese de Elysandra Figuerêdo, do IAG-USP, deve aprofundar os resultados até agora obtidos.
Por enquanto, análises preliminares só garantem a existência de dois braços na Via Láctea, em vez de os tradicionais quatro.
A moral da história é que ainda há muito a se conhecer da galáxia em que o Sol reside. "Você vai numa conferência de astronomia e quando apresentam "a nossa galáxia", cada um apresenta uma diferente", diz Damineli. "Uns dizem, ela é mais parecida com Andrômeda; outros vêm e dizem, não, ela é mais parecida com a M51. Mas a verdade é que ninguém sabe ao certo. No fim, a galáxia que a gente menos conhece é a nossa."



fonte: http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ciencia/fe0209200501.htm


Considerava-se que Via Láctea fosse uma espiral comum como a galáxia  M74:






A descoberta da Spitzer demonstrou que ela é uma espiral barrada ( com uma barra central de estrelas que projeta-se do núcleo ), seu passado pode não ter sido tão tranquilo sendo que a barra central de de estrelas pode ter se formado quando da colisão da nossa galáxia com alguma outra, mas tb não é certo, na realidade não existe ainda um modelo eficaz para explicar a formação da barra de estrelas em galaxias barradas e nem a estabilidade desta estrutura após formada:

Nossa galáxia deve ser parecida com a M109:




ou M58





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Offline Südenbauer

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Re.: A nova cara da Via Láctea
« Resposta #1 Online: 02 de Setembro de 2005, 11:57:26 »
Uau! Pesquisa da USP!

Offline Ruy

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Re.: A nova cara da Via Láctea
« Resposta #2 Online: 02 de Setembro de 2005, 13:39:03 »
Putz! Muito legal isso... Ainda mais por ser uma pesquisa daqui do Brasil.... :D
Onde houver fé, que eu leve a dúvida...

Offline Diego

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Re.: A nova cara da Via Láctea
« Resposta #3 Online: 02 de Setembro de 2005, 15:19:42 »
Show!
E realmente o fato de ser no brasil tem q ser anunciado!

Offline Oceanos

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Re.: A nova cara da Via Láctea
« Resposta #4 Online: 02 de Setembro de 2005, 16:15:24 »
A-NI-MAL!!

Offline Hold the Door

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Re: A nova cara da Via Láctea
« Resposta #5 Online: 02 de Setembro de 2005, 23:00:35 »
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[...]e a tese de Elysandra Figuerêdo, do IAG-USP, deve aprofundar os resultados até agora obtidos.
Ela foi minha colega na faculdade de física.
Hold the door! Hold the door! Ho the door! Ho d-door! Ho door! Hodoor! Hodor! Hodor! Hodor... Hodor...

Offline Unknown

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Re: A nova cara da Via Láctea
« Resposta #6 Online: 13 de Abril de 2009, 01:55:36 »
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Galáxia acelerada


Grupo internacional de pesquisadores aponta que a Via Láctea se move 165 mil km/h mais rápido e tem massa 50% maior do que se estimava (ilust.: Nasa)

A Via Láctea é mais rápida, tem massa maior e corre maior risco de colisão do que se imaginava. Segundo um novo estudo, feito por um grupo internacional de cientistas, a velocidade de rotação da galáxia é aproximadamente 165 mil quilômetros por hora superior à estimada em medidas anteriores.

A diferença de velocidade é suficiente para fazer com que a massa seja 50% maior, aproximando-a ainda mais da vizinha galáxia de Andrômeda, segundo a pesquisa apresentada no 213º encontro da Sociedade Astronômica dos Estados Unidos, em Long Beach, na Califórnia, que terminou no dia 8/1.

“Deixaremos de pensar na Via Láctea como a irmãzinha de Andrômeda em nosso grupo local”, disse Mark Reid, do Centro Harvard-Smithsonian de Astrofísica, que apresentou o trabalho dia 5/1.

A maior massa implica um empuxo gravitacional superior, que, por sua vez, aumenta a chance de colisões com a galáxia de Andrômeda ou com outras menores.

O Sistema Solar está a cerca de 28 mil anos-luz do centro da Via Láctea. Segundo as novas observações, o sistema se desloca a cerca de 990 mil km/h na órbita galáctica, mais do que a velocidade estimada até então, de 825 mil km/h.

Os cientistas estão usando o Very Long Baseline Array (VLBA), um sistema de dez radiotelescópios distribuídos do Havaí ao Caribe capaz de produzir imagens extremamente detalhadas, para refazer o mapa da Via Láctea.

“As novas observações com o VLBA têm resultado em medidas diretas de distâncias e de movimentos altamente acuradas. Diferentemente de estudos anteriores, essas medidas usam o método tradicional de triangulação e não dependem de qualquer tipo de inferência baseada em outras propriedades, como brilho”, disse Karl Menten, do Instituto Max Planck de Radioastronomia, na Alemanha, outro autor da pesquisa.

“Essas medidas diretas têm alterado nossa compreensão da estrutura e dos movimentos de nossa galáxia. Por estarmos dentro dela, é difícil determinar sua estrutura. Em outros casos, temos que simplesmente olhar, mas não podemos fazer isso para a Via Láctea: é preciso medi-la e mapeá-la”, disse Menten.

Os cientistas observaram na galáxia regiões de grande formação de estrelas. Em áreas dentro dessas regiões moléculas de gases ampliam as emissões de rádio, de forma semelhante à que os lasers ampliam os raios de luz. Essas áreas, chamadas masers cósmicos, servem como pontos de referência luminosos para as medidas feitas com o VLBA.

Ao observar essas regiões repetidamente, quando a Terra está em lados opostos de sua órbita em torno do Sol, os astrônomos são capazes de medir a pequena alteração aparente na posição dos objetos em relação ao plano de fundo de objetos mais distantes.

Quatro braços

O VLBA é capaz de fixar posições no céu de modo tão exato que o movimento real dos objetos pode ser detectado à medida que eles orbitam o centro da Via Láctea. Ao adicionar medidas de movimentos ao longo da linha de visão, determinadas a partir de alterações na frequência da emissão de rádio de masers, os astrônomos podem determinar os movimentos completos, em três dimensões, das regiões que formam estrelas.

“A maior parte das regiões que formam estrelas não segue um caminho circular à medida que orbita a galáxia. Em vez disso, verificamos que elas se movem mais lentamente do que outras regiões e em órbitas não circulares, mas elípticas”, afirmou Reid.

Segundo os autores do estudo, isso pode ser atribuído às chamadas ondas de choque de densidade espiral, que acumulam gases em órbitas circulares, comprimem esses gases para formar estrelas e fazem com que eles entrem em uma órbita nova e elíptica. Isso ajudaria a reforçar a estrutura espiral.

Ao medir as distâncias de regiões múltiplas em um único braço espiral da Via Láctea, os cientistas conseguiram calcular o ângulo do braço. “As medidas obtidas indicam que nossa galáxia tem não dois, mas quatro braços espirais de gases e poeira que estão formando estrelas”, disse Reid.

Recentes estudos conduzidos a partir de observações com o telescópio espacial Spitzer apontaram que as estrelas mais velhas residem em dois braços espirais, o que levanta a questão de por que elas não estão em todos os braços. De acordo com os autores do novo estudo, para responder a essa pergunta será preciso fazer mais medidas e ter uma compreensão maior do funcionamento da Via Láctea.

http://www.agencia.fapesp.br/materia/9919/divulgacao-cientifica/galaxia-acelerada.htm

Há mais alguns tópicos interessantes que ajudam a compreender como seria a 'cara' da Via Láctea. Para os que se interessarem:
Uma viagem ao coração da Via Lactea
Estrelas gigantes nascem perto do buraco negro da Via Láctea (esse complementa o anterior)
Espiral da Via Láctea possui dois grandes braços, em vez de quatro

"That's what you like to do
To treat a man like a pig
And when I'm dead and gone
It's an award I've won"
(Russian Roulette - Accept)

 

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