Como foi bom Aécio Neves não ter ganho a eleição do ano passado...
Na hora, a gente nem achou isso. Mas o tempo foi sábio e está dando aos petistas, petrouxas e petralhas o devido remédio de realidade que eles sempre se recusam a tomar.
O PT está perdidão. Sem apoio das ruas, sem apoio do Congresso, sem saber para onde correr.
Domingo é dia de cantar, de rir, de reivindicar, de distribuir abraços…
09/03/2015 às 16:34
O tempo passou na janela, e como passou!, e só as Carolinas vermelhas de raiva — e desinformação —, mas nunca de vergonha, não viram. O bem que Dilma Rousseff está fazendo à democracia brasileira é incomensurável. Vou propor que se erga para ela e para o marqueteiro João Santana uma estátua na Praça dos Três Poderes. Nos pés de barro do ídolo de bronze, gravaremos algo assim: “Com a sua propaganda enganosa, ajudaram a tirar milhões de brasileiros do reino da mistificação, levando-os para a realidade”.
Não, senhores! Não foi Dilma quem destruiu um modelo que era funcional com Lula. Isso é mentira. Fatores alheios ao Brasil ajudaram a manter o arranjo tosco do lulismo. Ela deu continuidade e piorou o que era ruim. Para se reeleger, teve de atribuir ao adversário as medidas amargas que ela mesma seria obrigada a adotar — e sempre me pergunto se, no fim das contas, Aécio Neves não deveria lhe ser grato… —, num exercício da política como cinismo que raramente se viu. Como o país estava na pindaíba, nem lhe foi possível espichar no tempo o saco não de maldades, mas de realismo. O pacote teve de sair de cambulhada.
Pior: a crise estaria aí com ou sem a roubalheira na Petrobras. Com ou sem o petrolão, Dilma estaria em maus lençóis. Mas é claro que tudo fica pior quando a população se dá conta de que foi assaltada por uma quadrilha. E a tempestade perfeita se instala se, no curso da investigação dos malfeitos, a base de apoio ao governo no Congresso se esfarela, entre bisonhices e espertezas.
É… O povo ocupou as janelas no domingo. E meteu a mão na buzina. E bateu panela. O governo insiste que eram utensílios Le Creuset; que não havia na percussão do saco cheio alumínio barato. Se é assim, por que Dilma não vai passear num supermercado em Vila Nova Cachoeirinha, na Vila Carrão, no Jardim Ângela? Ir às compras num bairro chique de Montevidéu, onde só se vendem utensílios Le Creuset, não lhe dá a medida da insatisfação do povo, não é?
Olhem aqui! A população e os organizadores dos protestos terão de ter o juízo que tem faltado ao governo federal. Os Executivos estaduais, que respondem pela segurança pública, devem, desde já, pensar um plano que garanta a livre manifestação dos descontentes, mas que também assegure a ordem.
Desde já, é preciso ter em mente que o potencial para a provocação barata e para a ação de baderneiros infiltrados é grande. As únicas armas admissíveis num protesto democrático são a indignação, a serenidade e a defesa do estado democrático e de direito. Para não variar, é possível que a turminha que defende a tomada do poder pelos militares dê as caras. Essa gente é tão inimiga da democracia como aqueles que espancaram manifestantes em frente à Associação Brasileira de Imprensa. Nós repudiamos o petralhismo porque queremos liberdade, não porque flertamos com ditaduras, ainda que temporárias.
Domingo é dia de cantar, de rir, de reivindicar, de distribuir abraços… É dia de exercitar todos os sentimentos de alegria.
A melhor atitude no dia 15 é a serenidade.
E também tentar ignorar e evitar os bandidos infiltrados, black blocs, turma alimentada a pão e mortadela que, com toda certeza, chegará para tocar zorra na manifestação.
Ignoremos essa turminha, na medida do possível. Eles estão lá para azedar a festa popular.
Vai ter também a turminha do golpe militar, dos Bolssonaros, das viúvas da ditadura. Essa turma também deve ser evitada e isolada. São inimigos.
A festa legítima é a do povo trabalhador que sustenta com impostos toda sorte de bandalheira que esse governo tem plantado na
terra brasílis.
A manifestação genuína é a das pessoas comuns, as que saem de casa cedo, pegam transporte coletivo e voltam para casa já tarde, que paga uma das maiores cargas tributárias do mundo na feira do supermercado, que está sendo arrochada com aumentos seguidos na conta de energia, que vê os juros subirem acima da estratosfera, que vê a economia do país descer cada vez mais para o buraco sem fundo, que se assusta com a inflação de todo dia mais caro no que compra, que dá duro de sol a sol e tem que ficar vendo Zé Dirceu dar "consultoria" laranja por milhões de reais, Renato Duque e João Vaccari embolsarem outros milhões por debaixo da mesa da PTbras, bilhões e bilhões descerem pelo ralo da corrupção e ver o orgulho do petróleo nacional descer de ladeira abaixo na escala da seriedade internacional da noite para o dia.
É também a do povo que sofre e morre nas filas de hospitais, que se angustia com um câncer diagnosticado mas não tratado por falta de leitos ou de outros recursos, ou pior, por incompetência gritante e gigante que se instalou no SUS.
Esse povo é o que vai mostrar sua indignação ao estado de coisas a que se chegou. E não os pregadores de golpe militar nem os black blocs quebradores de tudo e armados com coquetel molotov. A esses, a denúncia, o isolamento, o afastamento e a recriminação pública. São inimigos da democracia.