Bom, não tenho hábito de criar tópicos. Este tem como principal objetivo postar uma resposta a um questionamento que me foi feito, mas que foi impossível postar já que o tópico foi imediatamente trancado pela moderação após a mensagem. ( De fato o tópico estava uma "bobeiragem" só. )
Mas ficam as questões: para você é possível definir inteligência? O que significa para você dizer que alguém é inteligente?
Segue abaixo a resposta solicitada pelo forista El Elyon
Pedro Reis
Eu gostaria de saber suas fontes sobre afirmações como "por mais que isso de QI seja besteira" (sic) e outras similares feitas durante o tópico. E em um ponto menor:
Bem, se você acompanhou a minha conversa pôde perceber que eu não fiz afirmações na linha: "Dr. Fulano de Tal. PhD, em seu famoso estudo sobre a Inteligência Humana: Conceitos e Construtos", demonstra cabalmente que o QI não é uma maneira apropriada e muito menos precisa de se aferir a inteligência, e bla, bla, bla...
Ao contrário, eu produzi argumentos sobre a subjetividade inerente do conceito de inteligência, as incongruências entre percepções sobre comportamentos e produções da inteligência humana e o que é estimado por testes padronizados, e coisas desse tipo.
Para isso, para os meus próprios argumentos, eu não preciso nem são requeridas fontes. A fonte sou eu mesmo, que embaso minha opinião pessoal com minhas próprias construções lógico-argumentativas. Que se consideradas falhas ou inválidas são passíveis de refutação direta, também através de construções lógico-argumentativas, ou de fatos que representem contra-exemplos para pressupostos deduzidos. Para estes fatos sim, é que se poderia desejar ter conhecimento da origem da informação, porque fontes são requeridas quando nos referimos a dados, eventos, citações, etc...
Bom, vejamos alguns dos fatos a que me referi:
- Na página do site da mensa americano que eu acessei certa vez, tinha lá a ubíqua seção "Quem somos nós". É interessante e significativo descobrir que um membro da mensa pode ser tanto um político, como também um ator pornô ou um limpador de piscina. A fonte, neste caso, é ( foi ) o próprio site da Mensa.
- Que o Roger é um membro da Mensa isto foi citado por outro forista, mas é algo que eu também já sabia por declarações do próprio. De qualquer forma isso é facilmente verificável.
- Que métodos de historiometria rankearam G.W.Bush como o segundo presidente americano mais brilhante desde 1900, para isto a fonte foi a Wikipedia.
Critique[edit]
Since historiometry is based on indirect information like historic documents and relies heavily on statistics, the results of these studies are questioned by some researchers, mainly because of concerns about over-interpretation of the estimated results.[17][18]
The previously mentioned study of the intellectual capacity of US presidents, a study by Dean Keith Simonton, attracted a lot of media attention and critique mainly because it classified the former US president, George W. Bush, as second to last of all US presidents since 1900.[15][19] The IQ of G.W. Bush was estimated as between 111.1 and 138.5, with an average of 125,[14] exceeding only that of president Warren Harding, who is regarded as a failed president,[15] with an average IQ of 124. Although controversial and imprecise (due to gaps in available data), the approach used by Simonton to generate his results was regarded "reasonable" by fellow researchers.[20] In the media, the study was sometimes compared with the U.S. Presidents IQ hoax, a hoax that circulated via email in mid-2001, which suggested that G.W. Bush had the lowest IQ of all US presidents.[21]
- Que historiometria não é "amplamente aceito por como uma metodologia confiável por TODA a comunidade científica" ou algo semelhante, você pode novamente se reportar à informação acima.
E por aí vai Elyon... As poucas afirmações que sustentei sobre fatos, dados, eventos, são todas facilmente verificáveis.
Mas veja bem, cruzando este artigo da Wiki com o que você linkou, parece haver alguma confusão. Veja o que diz este outro site:
Bush/Gore Grades and SAT Scores (posted March 23, 2000)
(Updated June 17, 2005)
Confidential college transcripts and test scores obtained by the Washington Post reveal that neither presidential candidate, George W. Bush nor Al Gore, were shining students during their college days at Yale and Harvard, respectively. Although each earned respectable scores on the SAT college admissions test (a total of 1355 of 1600 for Gore and 1206 for Bush), neither did that well in their college courses. Both earned a mix of B and C grades. Gore's lowest grade of D came in a natural sciences course, while his top grades were an A in French and English, an A in Visual and Environmental Studies, and an A- in Social Relations. Bush's lowest marks were a 70 (of 100) in Sociology and a 71 in Economics, while his highest scores were High Passes in History and Japanese.
In 2005, the Boston Globe obtained comparable information on John Kerry's undergraduate record at Yale. It shows that Kerry had a cumulate grade average of 76 over
http://www.insidepolitics.org/heard/heard32300.htmlA crítica - mencionada no artigo da Wiki - é justamente sobre a validade dos citados métodos de historiometria para avaliar o QI de uma pessoa. Com efeito, o SAT, ou mais exatamente a metodologia que utiliza testes como o SAT para inferir o QI, classifica como acima da média alguém que em tudo dá sinais de ser intelectualmente abaixo da média.
Em outras palavras, a afirmação de que o SAT pode ser usado para inferir o QI já é em si bastante questionável. Ou talvez, não podemos descartar, o próprio "score" no SAT do
Bush possa ser posto em suspeição, sendo ele como é, de uma família rica, poderosa e influente. Será que os Bushs já não contemplaram a prestigiosa instituição de Yale com generosas doações em dinheiro? Não sei. Mas o que os dados vazados demonstram é um histórico acadèmico longe do brilhantismo. E por que o SAT seria mais confiável para se inferir o QI do que um desempenho acadêmico consistentemente inexpressivo avaliado ao longo de anos?
Se alguém propõe um método de avaliação de capacidades intelectuais que indica um sujeito como o Bush como uma pessoa especialmente dotada, então este sistema está inevitavelmente sob descrédito. Afinal estamos falando do indivíduo que expressa preocupação porque metade dos estudantes tem desempenho abaixo da média. É possível qualificar como brilhante um cara que fez cadeira de Economia em Yale mas não consegue entender o conceito de média aritmética? Ele que, na sua vida pública, produziu um verdadeiro compêndio de declarações idiotas como essa.
Mas para além disso, existe a questão sobre se o teste de QI representa realmente uma estimativa confiável da inteligência. E, para além disso, existe a questão de se definir, afinal, o que vem a ser inteligência. A definição é impraticável. Todos nós temos uma noção intuitiva, um tanto vaga, do que seja uma pessoa inteligente, ou comportamentos inteligentes. A maioria reconhece sem dificuldade algo ou alguém expressivamente inteligente, mas isso não é o mesmo que ter uma definição.
Da mesma forma que todos sabemos dizer que um objeto é uma cadeira quando estamos diante de uma, mas ninguém é capaz de produzir uma definição de "cadeira".
Se você não é capaz de definir, então como avaliar? E mais difícil ainda: mensurar. Se definirmos inteligência humana como aquilo que é medido pelos testes de QI seria uma definição sem serventia porque circular. "Inteligência é o conjunto de capacidades e habilidades expressas pelo Quociente de Inteligência".
Não faz sentido.
Então, no máximo, o QI poderia ser uma expressão qualitativa ( e não quantitativa ) dessa percepção geral e intuitiva do que venha a ser inteligência.
O uso de escalas intervalares ou ordinais torna impossível obter
qualquer informação sobre a relação de proporção de potencial entre dois QIs. Permite apenas medir proporções de raridade de potencial. Por exemplo: pessoas com QI 150 são 10 vezes mais raras do que pessoas com QI 137. Mas quantas vezes as pessoas com QI 150 são mais “inteligentes” do que as pessoas com QI 137? Isso não é possível determinar com base no método atual. À parte a discussão sobre o que o teste de QI efetivamente mede, o fato é que mede algum tipo de habilidade, mas pelo método atual não é possível estabelecer uma relação de proporção dessa habilidade
Hindemburg Melão Jr. - Resumo Histórico Sobre Testes de Inteligência - pág. 5
Obs: Note a colocação do "inteligentes" entre aspas pelo autor quando o termo é relacionado com Ouociente Intelectual.
Mas até isto é muito questionável e com frequência quocientes intelectuais parecem não refletir a avaliação subjetiva da inteligência de uma pessoa.
Se G.W.Bush alcançar mesmo mais que 130 pontos é um caso mais que ilustrativo. Mas o Roger do Ultraje a Rigor é um membro da Mensa. Músico e compositor medíocre, apesar de se dedicar integralmente à música. Suas criações mais conhecidas são "a gente somos inútil" e "eu tinha uma galinha que se chamava Mary Lou..." O QI elevado não fez dele um Vinícious de Moraes, um Milton Nascimento, um Gilberto Gil, um cara interessante como um Nando Reis, o que ele fez até hoje não chega nem aos pés da genialidade de umm Tom Jobim ou de um Chico Buarque. Não seria difícil encontrar centenas de pessoas na MPB com uma obra muito mais genial que o Roger e que não tem pontuações expressivas em testes de QI. Então o que significa exatamente ter um QI elevado além da habilidade de fazer estes testes específicos?
Voltando à história dos testes, vimos que os chineses já os utilizavam 1500 anos atrás. Até onde sabemos, esses foram os primeiros esforços no sentido de medir a inteligência, mas é provável que os testes sejam muito mais antigos do que isso, talvez mais antigos do que a própria escrita. A essa altura, o leitor poderia perguntar: “Mas o quê esses testes estavam medindo? A inteligência?” E nossa resposta é categórica: tanto os antigos testes chineses do século V d.C. quanto os testes modernos medem o desempenho da pessoa na realização de tarefas específicas. Acredita-se que os escores atribuídos aos desempenhos nesses testes correlatam positivamente com uma grandeza inapreensível que chamamos “inteligência”. Os testes não medem a inteligência propriamente dita, mas medem o desempenho da inteligência enquanto
ela se manifesta na resolução de problemas.
Hindemburg Melão Jr. - Resumo Histórico Sobre Testes de Inteligência - pág. 9
Os testes de QI também já foram muito populares nos anos 50 e 60 nos departamentos de RH de empresas americanas, usados para seleção de contratações. Os resultados foram desencorajadores: a experiência acabou por demosntrar pouca ou nenhuma relação com o potencial de um funcionário para a empresa e o seu quociente intelectual.