Se for pra ser mais específico ainda, Craig argumenta que "sem o deus judaico-cristão, "não há uma base realmente objetiva para os valores morais", por vezes se referindo aos ditos 10 Mandamentos.
E eu discordo que ele tenha razão, tanto pela referência quanto pela postura. Eu trocaria o discurso de Craig sobre o framework dentro do qual deveriamos desenvolver nosso comportamento para com irmãos humanos e primos não-humanos pelo discurso de Peter Singer a qualquer dia.
Eu conheço um pouco do sistema ético que Singer defende, e gosto bastante. Mas a afirmação de Craig não tem nada a ver com algum sistema ético particular. Tem a ver com o que você colocou aí em cima mesmo.
Existe um problema com esse argumento de Lane Craig que, por sinal, eu nunca o ví citar, que é um argumento de Platão.
Esse argumento gira em torno da idéia de que, para um deus sugerir um conjunto de instruções que definem um "bom comportamento" (ex. 10 Mandamentos), esse deus necessitaria de
referências e de uma base lógica para poder definir o que é bom e o que é mau. Dessa maneira esse deus estaria sujeito à uma moralidade que o transcede. Logo, a base objetiva para valores morais não emana de deus (e, pra piorar, esta ainda seria um produto de uma decisão parcial, portanto subjetiva).
A única saída para esse argumento é dizer que "deus" é indissociável da existência e que, portanto, não haveria como "deus" pegar "referências externas" pois ele É a referência. Porém, nesse caso, deus também englobaria o mau, e isso mancharia um dos
main-arguments de Craig, de que o deus judaico-cristão representa o bom supremo.