Esse debate sobre a primeira causa é muito difícil.
Digo isso por causa dos conceitos que temos de tempo.
Ao se falar em primeira causa, estamos fazendo uso do conceito intuitivo do transcorrer do tempo.
A Teoria do Big Bang nos informa que o tempo também começou. Se começou, não faz sentido se falar em causa primeira, porque não existe tempo fora do universo (ou antes dele). Não tem como imaginar um transcorrer de tempo antes do Big Bang e, por esse motivo, cai por terra a causa primeira, uma que estivesse inserida num tempo externo ao universo, esperando a hora de ocorrer. Ora, não temos tempo antes do Big Bang, portanto, não tem numeração ordinal, primeira nem segunda nem terceira.
Resumo: não temos apetrechos cerebrais para imaginar um tempo fora do universo, anterior ao Big Bang, que contivesse um tempo-filho dentro do universo, depois do Big Bang. E se houvesse esse tempo-pai, por que não haveria um tempo-avô?
A minha opinião é de que estamos dentro de um processo caixa-preta fechada. Por mais que venha a tecnologia e as descobertas científicas, o ser humano não chegará a uma visão global do quadro. Estamos dentro da caixa. Não temos como enxergar de fora da caixa.
Para complicar mais ainda o samba, veio a Mecânica Quântica estipulando que aquilo que é, pode não ser.
Eu desisti.
Mas apenas no sentido de determinar um veredito para a Verdade.
No que tange a apreciar a beleza das descobertas científicas, a beber todos os dias e cada vez mais das infinitas possibilidades daquilo que chamamos universo, a sorver com entusiasmo as notícias de novas ideias e teorias e suposições sobre os mistérios da vida, todas essas coisas, não. Quanto a isso, eu não desisti e não desistirei.
Mesmo assim, sou agnóstico.