Mas talvez esses erros aparentemente técnicos se devam a esgotamento físico.
Eu fico curioso sobre uma avaliação técnica bem imparcial. Desconfio que com as mulheres a técnica seja bem mais baixa, também, em geral, tendo havido coisas como nadadoras bem baixinhas ganharem de altonas (ao menos até os anos 90, não acompanho realmente).
Talvez, aí seria necessário outro estudo para averiguar. É muito difícil isolar variáveis nesse tipo de estudo, sempre emerge alguma possível explicação "concorrente" à que o experimento tenta investigar.
Por outro lado, deve ser difícil fazer uma avaliação bem imparcial. Lembro de ter ouvido sobre um caso, supostamente histórico, onde um regente de orquestra fazia seleção dos músicos, e, as mulheres tendiam a ser mais rejeitadas; por qualquer motivo, eventualmente ele teve que fazer as avaliações apenas ouvindo, por trás de uma cortina ou biombo, sem saber então o sexo dos músicos. Então o viés sumiu ou se reduziu consideravelmente.
Esse viés é verídico.Ainda assim, os testes cegos geralmente só são aplicados nas primeiras fases de seleção, onde geram resultados próximos à paridade, mas as fases finais fazem um pouco do viés voltar.
(Na verdade isso apenas mostra que as mulheres são incompetentes com a postura corporal ao tocar. Até conseguem disfarçar o som, mas quando os avaliadores imparciais as vêem manejando mal os instrumentos acabam tendo que reprová-las.)Há alguns casos absurdos famosos em relação a isso, talvez seja um desses que você leu. Na década de 1980 a clarinetista Sabine Meyer foi aprovada com louvor em um teste cego para integrar a Filarmônica de Berlim, onde seria a primeira mulher como membro efetivo. Foi acolhida pelo maestro (Herbert von Karajan*) mas durante o probatório ("período de experiência") os outros músicos da orquestra fizeram uma votação pela saída dela, por 73 votos a 4. Alegavam que ela era incapaz de seguir a afinação do naipe. O próprio maestro discordava, dizendo que estavam implicando por ela ser mulher, mas acabou cedendo e Sabine saiu da orquestra. É tão talentosa que conseguiu sucesso imediato como solista, que exige muito mais técnica e tem muito mais prestígio que tocar na própria Filarmônica.
(* von Karajan era um nazista convicto, inclusive foi proibido de se apresentar em Israel até sua morte, mas aparentemente era mais progressista em questões de gênero. Terá sido ele o primeiro feminazi?)
Outro caso é da trombonista Abbie Conant com a Filarmônica de Munique. Na primeira fase da audição, que era com teste cego, ela impressionou tanto os avaliadores que nenhum candidato que tocou depois dela foi aprovado. Na segunda fase, mesmo sem teste cego, os avaliadores votaram para contratá-la. O então diretor musical, Sergiu Celibidache, foi contra a contratação por razões sexistas, mas não tinha poder para impedi-la. Depois de um ano, conseguiu reunir um comitê para invalidar o probatório e rebaixá-la a segunda trombonista por mau desempenho, mesmo sem ela ter recebido críticas durante os ensaios. Ela se ofereceu para fazer mais um ano de probatório, e o diretor respondeu aceitando, mas esvaziando a agenda de apresentações dela. Sem poder se apresentar, no fim do novo probatório ela acabou definitivamente rebaixada, até que resolveu sair da orquestra e acionar a Justiça. Em 1982, tentou novamente um acordo, se oferecendo para tocar como segundo trombonista para ele, mas primeiro trombonista quando viessem outros maestros. Ao que ele respondeu:
"Você sabe o problema, precisamos de um homem para o trombone solo."Desde então as audições usando testes cegos foram abolidas da Filarmônica de Munique.