É que o tópico é sobre a estrutura pedagógica que os cursos devem ter, os melhores conteúdos, cargas horárias, ênfases de ensino, e não como isso seria implementado no campo político e econômico. Nada contra essa discussão, mas como dito, já há outros tópicos com esse enfoque.
Descreva como seria, em termos de estrutura curricular e pedagógica, esse modelo que você defende.
Ok. A estrutura pedagógica que defendendo é... a liberdade do mercado definir estruturas pedagógicas num sistema de "descoberta empreendedora" com auxílio do sistema de preços livres baseado na propriedade privada.
O Raphael resumiu bem isso aqui:
Nesse modelo, as escolas vão ser basicamente cursos preparatórios para a vida corporativa, com os pais escolhendo desde o início o que os filhos estudarão. A ideia de ter um monte de disciplinas no ciclo básico é justamente a de dar a chance de o próprio aluno identificar quais são suas inclinações e que caminho quer seguir. Se ele sequer tiver a oportunidade de ter contato com um grande número de temas, vai perder grande parte da autonomia de decidir o rumo da própria vida.
Citando casos pessoais, eu apenas tive relativa segurança sobre a área que queria seguir com 17 anos. Sequer imagino o que teria feito se, com 10 anos ou menos, já tivesse sido obrigado a escolher uma área "profissional" em detrimento de outras. Imagina um adolescente que tem convicção de que quer ser médico, por exemplo, estuda a vida toda com ênfase nesse assunto e perto dos 18 anos descobre que não é isso que quer (algo que não é incomum). Para escolher outra área, vai precisar refazer todo o ciclo básico de outra ênfase para seguir, sei lá, uma carreira de advogado.
Não tem por que supor que esse seria o único resultado de só haver ensino privado. É uma conclusão meio parecida com a de que, se só houvesse navegação privada, só haveria cargueiros levando produtos de um país para outro.
Se um número suficiente de pessoas tem determinada perspectiva filosófica sobre o que a escola deveria oferecer, deverão haver escolas privadas (e até filantrópicas) com perspectivas de acordo.
Apesar da situação de terem que pagar do próprio bolso de maneira mais direta (para si/seus filhos, ou para a comunidade) tender a reduzir desperdícios do estilo "faculdade cracolândia", mesmo essas coisas mais viajandonas/apenas menos "preparação direta para o emprego" poderão ainda existir, desde que as pessoas interessadas diretamente nisso financiem tais iniciativas.
Os problemas com um fornecimento exclusivamente privado deverão ser na tendência à filantropia não dar conta de prover um acesso tão amplo quanto o ensino gratuito financiado por impostos, bem como aqueles problemas já existentes nesse e em qualquer empreendimento decorrentes do "lucro como objetivo", mas estes independem de um fornecimento exclusivamente privado e nem é algo sem no mínimo um análogo no setor público, seja com desvio de verbas ou populismo.
MAS, isso é mais viagem na maionese do que algo objetivo. Se abrirmos um tópico sobre, sei lá, cura do câncer, se perguntando se alimentação, exercício, quimioterapia, vírus geneticamente alterados ou o escambau, são os caminhos mais promissores de prevenção e cura, não tarda a aparecer o argumento "o câncer já teria sido resolvido no anarcocapitalismo, qualquer que seja a cura para o câncer será eventualmente chegada através da eliminação do estado, blablalbá, praxeologia, blablablá." Ou, em outro ciclo ideológico, comunismo e expansão do milagre da medicina cubana.