Autor Tópico: Funcionário questiona politica de diversidade do Google  (Lida 2334 vezes)

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Offline Skeptikós

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Re:Funcionário questiona politica de diversidade do Google
« Resposta #75 Online: 20 de Fevereiro de 2018, 17:52:57 »
Isso de processar o google por "discriminação contra homens brancos" tem tudo para virar piada, ao menos para a maior parte das pessoas.

Para os tipos MRA e mais conservadores, deverá servir de mais evidência contra o establishment marxista [multi-]cultural feminizista gênero-ideólogo globalista.

Um estudo realizado na Austrália apontou que instituições públicas (onde a maioria conta com ambientes politicamente corretos, com cursos de conscientização sobre minorias sociais, treinamentos sobre sensibilidade e estes tipos de coisas) tendem a discriminar positivamente minorias sociais. Currículos de mulheres, descendentes de indígenas e membros de outras minorias sociais possuem mais chances de serem selecionados do que currículos de homens, principalmente se estes forem brancos (mantendo todos os outros fatores iguais, tais como formação acadêmica, idade e experiência). O estudo não é conclusivo e é passível de críticas (como todo estudo), mas pode ser usado para suportar alegações de que o ambiente e a politica de diversidade da Google (e similares), do jeito que foi (ou são) projetada(s), pode sim levar a discriminação de gênero, raça, orientação sexual e posicionamento político de pessoas que não se encaixam em minorias sociais ou que não se identificam com o pensamento político progressista.
"Che non men che saper dubbiar m'aggrada."
"E, não menos que saber, duvidar me agrada."

Dante, Inferno, XI, 93; cit. p/ Montaigne, Os ensaios, Uma seleção, I, XXV, p. 93; org. de M. A. Screech, trad. de Rosa Freire D'aguiar

Offline Buckaroo Banzai

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Re:Funcionário questiona politica de diversidade do Google
« Resposta #76 Online: 20 de Fevereiro de 2018, 19:29:56 »
Acho que isso é geralmente (e talvez até legalmente) contestado se apontando que essas empresas terão mesmo assim homens e brancos compondo a maior parte dos funcionários e especialmente em cargos elevados. Então "discriminação de classe" argumentavelmente não seria sustentável, mesmo que indivíduos desta classe sejam preteridos em detrimento de outros de classes que, em média, estão menos socialmente favorecidas. O resultado mesmo assim não é como se houvesse um "white males need not apply" de facto.

Sem falar que podem argumentar que é uma compensação para a discriminação negativa de grupos não-brancos/homens na maior parte do tempo.

Offline Skeptikós

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Re:Funcionário questiona politica de diversidade do Google
« Resposta #77 Online: 20 de Fevereiro de 2018, 22:45:05 »
Os homens brancos ainda são maioria nos cargos públicos em que os estudos pretendiam testar a discriminação, por isso fizeram este estudo. Os pesquisadores só não imaginavam que a discriminação era positiva em relação a minorias sociais, ao invés de negativa, como acreditavam. Eles partiram do pressuposto de que apesar dos treinamentos sobre conscientização e sensibilização a respeito de minorias sociais, os recrutadores ainda sim possuiriam vieses cognitivos que os fariam discriminar negativamente membros de minorias sociais, e por tanto usaram testes cegos na seleção de currículos acreditando que isso faria com que membros de minorias fossem selecionados com mais frequência quando comparado ao grupo de controle, que  recebia currículos com  informações que permitiam aos recrutadores identificarem o grupo
social do qual fazia parte o candidato a vaga. O resultado foi que testes cegos faziam com que membros de minorias sociais fossem recrutados para entrevistas com menos frequência do que quando seus currículos eram examinados pelo grupo de controle, que sabiam a qual grupo social pertenciam. Ou seja, existe de fato vieses cognitivos que levam os recrutadores a discriminar os candidatos, mas esses vieses favorecem as minorias sociais ao invés de as desfavorecerem. Os treinamentos e palestras de conscientização e sensibilização sobre minorias sociais nas instituições públicas da Austrália não acabam com a discriminação, eles só fazem elas mudarem de lado. No entanto isso não foi motivo de preocupação para os pesquisadores ou financiadores da pesquisa, já que eles aconselharam a não usaram testes cegos, já que isso poderia diminuir as chances de minorias sociais serem recrutadas, a preocupação deles mesmo é em aumentar a participação destas minorias em cargos públicos, mesmo que a custo de discriminação.
« Última modificação: 20 de Fevereiro de 2018, 22:50:43 por Skeptikós »
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Re:Funcionário questiona politica de diversidade do Google
« Resposta #78 Online: 20 de Fevereiro de 2018, 22:55:20 »
Acho que isso é geralmente (e talvez até legalmente) contestado se apontando que essas empresas terão mesmo assim homens e brancos compondo a maior parte dos funcionários e especialmente em cargos elevados. Então "discriminação de classe" argumentavelmente não seria sustentável, mesmo que indivíduos desta classe sejam preteridos em detrimento de outros de classes que, em média, estão menos socialmente favorecidas. O resultado mesmo assim não é como se houvesse um "white males need not apply" de facto.

Sem falar que podem argumentar que é uma compensação para a discriminação negativa de grupos não-brancos/homens na maior parte do tempo.
Outra questão é que estas políticas de diversidade partem do pressuposto de que as minorias sociais não alcançam as mesmas oportunidades que as classes dominantes em grande parte por causa de discriminação de gênero de colegas de trabalho e empregadores, e se estudos apontarem que na verdade a discriminação que ocorre no ambiente de trabalho, favorece as minorias, isso jogaria por terra toda a lógica desse tipo de política de diversidade.
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Re:Funcionário questiona politica de diversidade do Google
« Resposta #79 Online: 21 de Fevereiro de 2018, 14:46:28 »
Isso é tudo muito recente, então não dá para afirmar que é o "status quo" que não-brancos/homens estiveram sempre levando vantagem em seleção. Em parte isso deve ser justamente por "políticas de diversidade".

Outros estudos também famosos encontram aqueles efeitos de diferença de entrevistas para "nomes negros" e "nomes brancos". Em algum estudo um negro com currículo igual tinha piores chances até do que um branco que admitisse antecedentes criminais.

Offline Skeptikós

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Re:Funcionário questiona politica de diversidade do Google
« Resposta #80 Online: 21 de Fevereiro de 2018, 17:28:00 »
Isso é tudo muito recente, então não dá para afirmar que é o "status quo" que não-brancos/homens estiveram sempre levando vantagem em seleção. Em parte isso deve ser justamente por "políticas de diversidade".
Não chega a ser status quo, é uma mudança recente realmente, mas o objetivo de politicas de diversidade não deveria ser eliminar os vieses? ou para esta turma o que importa mesmo é a igualdade de resultados e o aumento da diversidade de grupos, mesmo que para isso os vieses sejam apenas trocados de lado?

Outros estudos também famosos encontram aqueles efeitos de diferença de entrevistas para "nomes negros" e "nomes brancos". Em algum estudo um negro com currículo igual tinha piores chances até do que um branco que admitisse antecedentes criminais.
Pode ser, mas nestes casos onde os vieses favorecem as minorias sociais é onde a politica de diversidade, de conscientização e sensibilização sobre minorias sociais já está em vigor, só que estas políticas não tornam recrutadores menos enviesados, apenas inverte o viés deles. Ou seja, se o objetivo é só aumentar a proporção de minorias sociais no ambiente de trabalho, o objetivo está sendo alcançado, mas se o objetivo inclui também acabar com a discriminação, então está politica não está funcionando, já que ela apenas inverte a discriminação.
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Re:Funcionário questiona politica de diversidade do Google
« Resposta #81 Online: 21 de Fevereiro de 2018, 17:54:14 »
A minha interpretação mais generosa disso é que na maior parte do tempo devem pensar ser preferível um viés pró-classes "desprivilegiadas" mais ou menos enquanto houver a disparidade média que se observa na sociedade. Esperando que em longo prazo vá levar não a uma "igualdade de resultados" mas uma maior homogeneização dos perfis de pessoas em todos os níveis da sociedade. E conforme isso vai sendo alcançado, vão se erodindo os preconceitos que prejudicam mais severamente a não-homens-brancos. E só então, essas políticas de discriminação positiva se tornam desnecessárias.

Isso deve ser visto como justo porque, apesar da discriminação negativa contra indivíduos brancos, na sociedade em geral eles ainda tenderão a ter menores desvantagens do que pessoas dos outros grupos, mesmo ajustando diversos outros fatores além de simplesmente ser homem e branco.


Eu acho isso apenas uma posição mais ou menos razoável, mas não acho que deixa de ser problemática pela ótica de injustiça individual, não contra um grupo, apesar de admitir que muito provavelmente é verdade esse último ponto, que na maior parte homens brancos estarão em menor desvantagem mesmo igualando outros fatores, o que é também injusto. Talvez isso compense, e em longo prazo, realmente tenha esse efeito positivo na homogenização dos níveis sociais. Não tenho uma posição bem definida sobre isso.



Porém, como disse, isso é apenas minha interpretação generosa das coisas, e admito que há também setores mais revanchistas e interessados mais em privilégios e ganhos pessoais, a partir do cultivo da segregação, fragmentação da sociedade, criando clientelas eleitorais ou nichos de ativismo messiânico salvador dos injustiçados. Para estes, os brancos são simplesmente vilões. E ironicamente, alguns ainda colocam no topo destes os judeus:



Me pergunto se talvez isso não seja meio que "trolagem" de neonazistas clássicos tentando parodiar as ações afirmativas, e/ou reforçar anti-semitismo esquerdista, que é algo que de fato existe em algum grau.

Asiáticos também são algumas vezes aglutinados à maioria branca, no Brasil, nessas considerações.


Essa parte da coisa me incomoda tanto quanto o vitimismo branco-masculino. Gostaria de mais comumente esbarrar com isso sendo reprimendado por aqueles que não são o "extremo" oposto, mas algo mais próximo disso que coloquei inicialmente.

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Re:Funcionário questiona politica de diversidade do Google
« Resposta #82 Online: 21 de Fevereiro de 2018, 18:39:25 »
 :ok:
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