Autor Tópico: Chamar a crença dos outros de "muleta"  (Lida 5923 vezes)

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Offline criso

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Chamar a crença dos outros de "muleta"
« Online: 09 de Fevereiro de 2018, 03:34:34 »
Não poderia discordar mais de alguns ateus e materialistas que gostam de chamar as crenças dos outros de muleta. Não é muito mais fácil crer que se vem do nada, do nada, e se volta para o nada? Isso sim, me soa muito mais como uma muleta, do que pensar que se tem toda a eternidade pela frente, e que há de se deparar com as consequências de cada erro e pecado. Não é muito mais fácil achar que tudo é relativo, que não exista Moral, Razão ou Logos do que ter de orientar todas as suas decisões e atitudes conforme a providência de um permanente e onipresente all-seeing eye? E ainda tem gente que, no cúmulo da arrogância e autoafirmação, vem chamar a crença dos outros de muleta. Gente racional que nega uma Razão Universal, gente com consciência moral que nega uma Moral Transcendental, gente que acredita na Ciência e em Leis e que nega a existência de um logos ou princípio ordenador do cosmos, e que depois chama a crença dos outros de muleta...

Afinal, para um pequeno ser humano, frágil, vulnerável e confuso como é, não soam muito mais terríveis as visões da Eternidade, da Razão, da Moral e da Justiça do que a aposta no acaso, na sorte e no nada, que expressam com muito mais fidelidade nossa condição e mais secreto desejo ao nos confrontarmos com o absurdo e com o incognoscível? Como disseram as últimas palavras de Kierkegaard: "Varra-me de uma vez"...
« Última modificação: 09 de Fevereiro de 2018, 03:38:00 por criso »
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Offline Geotecton

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Re:Chamar a crença dos outros de "muleta"
« Resposta #1 Online: 09 de Fevereiro de 2018, 08:30:56 »
Ninguém vem do nada e ninguém volta para o nada.

Tudo que está em nossos corpos tem uma origem astronômica, começando pela formação do hidrogênio no período de expansão pós-Big Bang e terminando pela fusão dos demais elementos químicos nos núcleos das estrelas. Após a morte, os elementos químicos voltam ao seu 'estado elementar' no próprio Universo em que estamos.

Qual é o problema em reconhecer isto?
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Offline Lorentz

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Re:Chamar a crença dos outros de "muleta"
« Resposta #2 Online: 09 de Fevereiro de 2018, 08:34:45 »
Ninguém vem do nada e ninguém volta para o nada.

Tudo que está em nossos corpos tem uma origem astronômica, começando pela formação do hidrogênio no período de expansão pós-Big Bang e terminando pela fusão dos demais elementos químicos nos núcleos das estrelas. Após a morte, os elementos químicos voltam ao seu 'estado elementar' no próprio Universo em que estamos.

Qual é o problema em reconhecer isto?

E há uma beleza muito grande nisso. Como diria Carl Sagan, nós não estamos no universo, nós somos parte dele, feitos de elementos dele. E somos uma parte muito especial, que é aquela que pode contemplar o próprio universo.
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Offline Pasteur

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Re:Chamar a crença dos outros de "muleta"
« Resposta #3 Online: 09 de Fevereiro de 2018, 08:55:13 »
Ninguém vem do nada e ninguém volta para o nada.

Tudo que está em nossos corpos tem uma origem astronômica, começando pela formação do hidrogênio no período de expansão pós-Big Bang e terminando pela fusão dos demais elementos químicos nos núcleos das estrelas. Após a morte, os elementos químicos voltam ao seu 'estado elementar' no próprio Universo em que estamos.

Qual é o problema em reconhecer isto?

E há uma beleza muito grande nisso. Como diria Carl Sagan, nós não estamos no universo, nós somos parte dele, feitos de elementos dele. E somos uma parte muito especial, que é aquela que pode contemplar o próprio universo.

Mas só por um certo período, depois tudo se apaga inclusive a beleza, como se nunca tivesse existido...

Offline Fernando Silva

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Re:Chamar a crença dos outros de "muleta"
« Resposta #4 Online: 09 de Fevereiro de 2018, 08:59:15 »
Não poderia discordar mais de alguns ateus e materialistas que gostam de chamar as crenças dos outros de muleta. Não é muito mais fácil crer que se vem do nada, do nada, e se volta para o nada?
O que podemos observar é que viemos do pó e ao pó voltaremos. O resto é especulação e superstição de gente que não consegue aceitar a própria insignificância e finitude e prefere se considerar a criação especial de uma entidade superpoderosa que a ama, tem um plano só para ela e vai levá-la, depois da morte, para viver feliz num paraíso.

Offline AlienígenA

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Re:Chamar a crença dos outros de "muleta"
« Resposta #5 Online: 09 de Fevereiro de 2018, 09:28:54 »
Olá, pessoal! :)
« Última modificação: 09 de Fevereiro de 2018, 09:31:05 por AlienígenA »

Offline AlienígenA

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Re:Chamar a crença dos outros de "muleta"
« Resposta #6 Online: 09 de Fevereiro de 2018, 09:29:33 »
Concordo, Criso.

Penso, ao contrário disso, que as superstições são um fardo pesado e inútil na vida das pessoas. Prometem o paraíso, mas entregam o inferno, promovendo uma existência frustrante, cheia de medos e culpas inúteis.

Então, sim. O ateísmo é uma postura muito mais confortável do meu ponto de vista. Torna tudo mais simples. Sem tempo a perder com superstições me permito aproveitar mais e melhor o tempo.

Offline Lorentz

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Re:Chamar a crença dos outros de "muleta"
« Resposta #7 Online: 09 de Fevereiro de 2018, 09:59:29 »
Ninguém vem do nada e ninguém volta para o nada.

Tudo que está em nossos corpos tem uma origem astronômica, começando pela formação do hidrogênio no período de expansão pós-Big Bang e terminando pela fusão dos demais elementos químicos nos núcleos das estrelas. Após a morte, os elementos químicos voltam ao seu 'estado elementar' no próprio Universo em que estamos.

Qual é o problema em reconhecer isto?

E há uma beleza muito grande nisso. Como diria Carl Sagan, nós não estamos no universo, nós somos parte dele, feitos de elementos dele. E somos uma parte muito especial, que é aquela que pode contemplar o próprio universo.

Mas só por um certo período, depois tudo se apaga inclusive a beleza, como se nunca tivesse existido...

Ainda bem que a alma é imortal  :hihi:
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Offline criso

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Re:Chamar a crença dos outros de "muleta"
« Resposta #8 Online: 09 de Fevereiro de 2018, 10:07:47 »
Concordo, Criso.

Penso, ao contrário disso, que as superstições são um fardo pesado e inútil na vida das pessoas. Prometem o paraíso, mas entregam o inferno, promovendo uma existência frustrante, cheia de medos e culpas inúteis.

Então, sim. O ateísmo é uma postura muito mais confortável do meu ponto de vista. Torna tudo mais simples. Sem tempo a perder com superstições me permito aproveitar mais e melhor o tempo.
AlienígenA, só você pegou o "espírito" do tópico, que não tem muito a ver com a realidade ou não das especulações religiosas ou niilistas, mas com o efeito prático delas na consciência e na conduta. Justamente pelo motivo que você disse, me soa muito mais aterrorizante uma existência que gira em torno de um juiz absolutista transcendental do que uma mera aglomeração fortuita e efêmera. Entretanto penso que, por outro lado, uma postura niilista, de que não há absolutamente moral/razão/sentido para as coisas, pode servir de justificativa para um comportamento irresponsável, inconsequente, descompromissado com a virtude e com ideais mais nobres.

Não deixo de reparar em um detalhe: é muito mais fácil, de ambos os lados, encontrar pessoas que, ao invés de buscar A Verdade (e conduzir sua vida de acordo com ela), simplesmente escolhem os "rótulos" que reforcem seus hábitos, vícios e comportamentos. Para exemplificar, já conheci muitos "cristãos" extremamente reacionários que, em sua defesa de atrocidades como pena de morte e ataques aos direitos humanos, contradiziam absolutamente tudo o que diziam crer. Entretanto, dentro de um ponto de vista comportamental, cultural, moral, lhes era conveniente assumir a identidade de "cristão". Me parecia óbvio que, internamente, espiritualmente, não tinham nada de cristão, e suas próprias falas e atitudes não são as de alguém que creia em justiça e amor divinos.

Ser cristão de verdade, com coerência entre vontade-pensamento-sentimento-ação, seria muito mais árduo, respeitável e admirável do que fazem parecer. Comparado com isso, o niilismo sim é que soa como uma muleta perfeita para a indulgência da fraqueza humana...
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Offline Fernando Silva

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Re:Chamar a crença dos outros de "muleta"
« Resposta #9 Online: 09 de Fevereiro de 2018, 10:43:39 »
Não se pode generalizar. Uns precisam da muleta, outros não.
Como alguém me disse, depois de debater sobre o meu ateísmo: "Concordo com o que você disse, mas não estou pronto para abandonar minha fé".


Offline Micrômegas

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Re:Chamar a crença dos outros de "muleta"
« Resposta #10 Online: 09 de Fevereiro de 2018, 10:49:35 »
Ninguém vem do nada e ninguém volta para o nada.

Tudo que está em nossos corpos tem uma origem astronômica, começando pela formação do hidrogênio no período de expansão pós-Big Bang e terminando pela fusão dos demais elementos químicos nos núcleos das estrelas. Após a morte, os elementos químicos voltam ao seu 'estado elementar' no próprio Universo em que estamos.

Qual é o problema em reconhecer isto?

Nenhum.. Aliás, é muito fácil reconhecer isto.

Agora tente encaixar a consciência no mesmo contexto.
____________________
"Toda filosofia aspira a difundir-se, a ser uma propaganda. Ter a mão cheia de verdades e conservá-la fechada é de espíritos tacanhos. O que seria, pois, uma verdade que não quisesse comunicar-se?"

Todas as vezes que um fato novo se revela no campo da Ciência, logo o averbam de apócrifo; depois, que é contrário à Religião; e, por fim, que há muito era sabido. Efetivamente, a verdade tem duas espécies de adversários: os cépticos do materialismo, e os céptico do dogma.

Offline criso

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Re:Chamar a crença dos outros de "muleta"
« Resposta #11 Online: 09 de Fevereiro de 2018, 10:57:46 »
Não se pode generalizar. Uns precisam da muleta, outros não.
Como alguém me disse, depois de debater sobre o meu ateísmo: "Concordo com o que você disse, mas não estou pronto para abandonar minha fé".

Da mesma forma, um ateu diria para Gautama:

"Concordo com o que você disse, mas não estou pronto para abandonar meu comodismo, meu conformismo, meu orgulho, meus vícios, minha arrogância, minha prepotência, meu pseudointelectualismo...."

Há muletas e muletas...
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Offline Lorentz

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Re:Chamar a crença dos outros de "muleta"
« Resposta #12 Online: 09 de Fevereiro de 2018, 11:15:06 »
Ninguém vem do nada e ninguém volta para o nada.

Tudo que está em nossos corpos tem uma origem astronômica, começando pela formação do hidrogênio no período de expansão pós-Big Bang e terminando pela fusão dos demais elementos químicos nos núcleos das estrelas. Após a morte, os elementos químicos voltam ao seu 'estado elementar' no próprio Universo em que estamos.

Qual é o problema em reconhecer isto?

Nenhum.. Aliás, é muito fácil reconhecer isto.

Agora tente encaixar a consciência no mesmo contexto.


Eu encaixo pra você: consciência > cérebro > matéria > elementos químicos > universo

Vai tudo pro mesmo lugar.

Muitos dizem que a consciência é o "software" e a mente o "hardware", como se fossem coisas separadas. Pense na consciência como as ranhuras do disco de vinil, e o cérebro o disco. As duas coisas são uma só. Se destruir o disco, as ranhuras com as músicas são destruídas junto.
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Offline Micrômegas

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Re:Chamar a crença dos outros de "muleta"
« Resposta #13 Online: 09 de Fevereiro de 2018, 11:39:49 »
Ninguém vem do nada e ninguém volta para o nada.

Tudo que está em nossos corpos tem uma origem astronômica, começando pela formação do hidrogênio no período de expansão pós-Big Bang e terminando pela fusão dos demais elementos químicos nos núcleos das estrelas. Após a morte, os elementos químicos voltam ao seu 'estado elementar' no próprio Universo em que estamos.

Qual é o problema em reconhecer isto?

Nenhum.. Aliás, é muito fácil reconhecer isto.

Agora tente encaixar a consciência no mesmo contexto.


Eu encaixo pra você: consciência > cérebro > matéria > elementos químicos > universo


Você já se confundiu ao colocar a consciência numa ordem separada do cérebro e dos demais elementos.

Citar
Muitos dizem que a consciência é o "software" e a mente o "hardware", como se fossem coisas separadas. Pense na consciência como as ranhuras do disco de vinil, e o cérebro o disco. As duas coisas são uma só. Se destruir o disco, as ranhuras com as músicas são destruídas junto.

E de onde surgem as ranhuras?  Quem é o autor das músicas?
« Última modificação: 09 de Fevereiro de 2018, 11:43:39 por Micrômegas »
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"Toda filosofia aspira a difundir-se, a ser uma propaganda. Ter a mão cheia de verdades e conservá-la fechada é de espíritos tacanhos. O que seria, pois, uma verdade que não quisesse comunicar-se?"

Todas as vezes que um fato novo se revela no campo da Ciência, logo o averbam de apócrifo; depois, que é contrário à Religião; e, por fim, que há muito era sabido. Efetivamente, a verdade tem duas espécies de adversários: os cépticos do materialismo, e os céptico do dogma.

Offline Gigaview

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Re:Chamar a crença dos outros de "muleta"
« Resposta #14 Online: 09 de Fevereiro de 2018, 11:49:47 »
Citar
E de onde surgem as ranhuras?  Quem é o autor das músicas?

Surgem da criatividade crentóide, ora bolas. Dos devaneios metafísicos que propõem centenas de milhares de autores de músicas.
Brandolini's Bullshit Asymmetry Principle: "The amount of effort necessary to refute bullshit is an order of magnitude bigger than to produce it".

Pavlov probably thought about feeding his dogs every time someone rang a bell.

Offline Buckaroo Banzai

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Re:Chamar a crença dos outros de "muleta"
« Resposta #15 Online: 09 de Fevereiro de 2018, 11:50:49 »
Empiricamente, por seus próprios relatos, as pessoas se prendem mais às religiões e mesmo as promovem como fonte de conforto, sendo aparentemente muito mais raro ver isso ocorrendo com o ateísmo. Antes disso, a troca ou ausência de religião, que pode ser reconfortante para aqueles que tiveram impingido algum sentimento de culpa muito grande em torno de coisas como atração sexual ou comer carne na sexta feira.

Em praticamente todas as outras situações, a religião será vendida como uma realidade confortável do que uma alternativa ateísta e materialista, e as pessoas devem inclusive se tornar mais religiosas em momentos de crises pessoais ou mesmo coletivas.

Talvez o exemplo mais batido disso seja o argumento da "aposta de Pascal", que como conforto oferece somente a possibilidade de alguma religião arbitrariamente escolhida (mas assumida como a única) ser a verdadeira, e sua crença ser o passaporte para o paraíso, enquanto que a alternativa é o inferno. As religiões podem se oferecer como conforto/solução até para os problemas que elas mesmas inventaram.

Para o ateísmo, o que mais comumente vai se encontrar não são argumentos sobre porque é uma realidade mais confortável, mas simplesmente que é a realidade, e não tem nada que se possa fazer quanto a isso. O mais próximo são compensações como, "a eternidade deve ser muito chata", "pelo menos não somos formigas na fazenda de um deus sádico," "pelo menos não perdemos tempo com rituais de submissão ao papai Noel".


Offline Buckaroo Banzai

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Re:Chamar a crença dos outros de "muleta"
« Resposta #16 Online: 09 de Fevereiro de 2018, 12:00:05 »
Muitos dizem que a consciência é o "software" e a mente o "hardware", como se fossem coisas separadas. Pense na consciência como as ranhuras do disco de vinil, e o cérebro o disco. As duas coisas são uma só. Se destruir o disco, as ranhuras com as músicas são destruídas junto.

O mesmo acontece com software rodando, baideuêi.

Se você derruba um cofre em cima do PC, não vai sair dele um "windows fantasma", que continua rodando imaterialmente.





Citar
Muitos dizem que a consciência é o "software" e a mente o "hardware", como se fossem coisas separadas. Pense na consciência como as ranhuras do disco de vinil, e o cérebro o disco. As duas coisas são uma só. Se destruir o disco, as ranhuras com as músicas são destruídas junto.

E de onde surgem as ranhuras?  Quem é o autor das músicas?


https://www.infoescola.com/embriologia/desenvolvimento-embrionario-humano/

http://agencia.fapesp.br/aprendizagem_forma_sinapses/11436/

Offline Fernando Silva

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Re:Chamar a crença dos outros de "muleta"
« Resposta #17 Online: 09 de Fevereiro de 2018, 12:51:39 »
Não se pode generalizar. Uns precisam da muleta, outros não.
Como alguém me disse, depois de debater sobre o meu ateísmo: "Concordo com o que você disse, mas não estou pronto para abandonar minha fé".

Da mesma forma, um ateu diria para Gautama:

"Concordo com o que você disse, mas não estou pronto para abandonar meu comodismo, meu conformismo, meu orgulho, meus vícios, minha arrogância, minha prepotência, meu pseudointelectualismo...."

Há muletas e muletas...
Um ateu diria isto? Pode apresentar evidências?

Você me acusa de todas estas coisas? Sem me conhecer? Que vícios eu tenho, por exemplo?

Offline Fernando Silva

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Re:Chamar a crença dos outros de "muleta"
« Resposta #18 Online: 09 de Fevereiro de 2018, 13:00:43 »
Para o ateísmo, o que mais comumente vai se encontrar não são argumentos sobre porque é uma realidade mais confortável, mas simplesmente que é a realidade, e não tem nada que se possa fazer quanto a isso. O mais próximo são compensações como, "a eternidade deve ser muito chata", "pelo menos não somos formigas na fazenda de um deus sádico," "pelo menos não perdemos tempo com rituais de submissão ao papai Noel".
No meu caso particular, religião era como escovar os dentes: um troço chato que eu tinha que fazer. Não me trazia nenhum prazer, nenhum conforto, era apenas uma obrigação.

Quando me livrei dela, sim, senti-me aliviado, inclusive por não ter mais que ir à igreja ouvir abobrinhas ou falar com as paredes.
Eu não precisava da muleta; ela só me atrapalhava. Estou melhor sem ter que carregá-la. Mas entendo que outras pessoas tenham necessidade psicológica de uma crença.

Offline Geotecton

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Re:Chamar a crença dos outros de "muleta"
« Resposta #19 Online: 09 de Fevereiro de 2018, 15:13:12 »
Não se pode generalizar. Uns precisam da muleta, outros não.
Como alguém me disse, depois de debater sobre o meu ateísmo: "Concordo com o que você disse, mas não estou pronto para abandonar minha fé".
Da mesma forma, um ateu diria para Gautama:

"Concordo com o que você disse, mas não estou pronto para abandonar meu comodismo, meu conformismo, meu orgulho, meus vícios, minha arrogância, minha prepotência, meu pseudointelectualismo...."

Há muletas e muletas...

Na pressa, você deve ter confundido um crente com um ateu.
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Offline Geotecton

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Re:Chamar a crença dos outros de "muleta"
« Resposta #20 Online: 09 de Fevereiro de 2018, 15:17:33 »
Ninguém vem do nada e ninguém volta para o nada.

Tudo que está em nossos corpos tem uma origem astronômica, começando pela formação do hidrogênio no período de expansão pós-Big Bang e terminando pela fusão dos demais elementos químicos nos núcleos das estrelas. Após a morte, os elementos químicos voltam ao seu 'estado elementar' no próprio Universo em que estamos.

Qual é o problema em reconhecer isto?

Nenhum.. Aliás, é muito fácil reconhecer isto.

Agora tente encaixar a consciência no mesmo contexto.

A consciência é posterior a formação dos elementos químicos e do surgimento da vida.

Qual é o problema?
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Offline AlienígenA

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Re:Chamar a crença dos outros de "muleta"
« Resposta #21 Online: 09 de Fevereiro de 2018, 18:46:53 »
Concordo, Criso.

Penso, ao contrário disso, que as superstições são um fardo pesado e inútil na vida das pessoas. Prometem o paraíso, mas entregam o inferno, promovendo uma existência frustrante, cheia de medos e culpas inúteis.

Então, sim. O ateísmo é uma postura muito mais confortável do meu ponto de vista. Torna tudo mais simples. Sem tempo a perder com superstições me permito aproveitar mais e melhor o tempo.
AlienígenA, só você pegou o "espírito" do tópico, que não tem muito a ver com a realidade ou não das especulações religiosas ou niilistas, mas com o efeito prático delas na consciência e na conduta. Justamente pelo motivo que você disse, me soa muito mais aterrorizante uma existência que gira em torno de um juiz absolutista transcendental do que uma mera aglomeração fortuita e efêmera.

Com certeza é mais aterrorizante. E se o medo em certa medida é útil, em excesso, assim como em falta, é nocivo.

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Entretanto penso que, por outro lado, uma postura niilista, de que não há absolutamente moral/razão/sentido para as coisas, pode servir de justificativa para um comportamento irresponsável, inconsequente, descompromissado com a virtude e com ideais mais nobres.

Não há maior incidência desse tipo de comportamento por você descrito nas sociedades com maiores índices de ateísmo. Isso é apenas o que diz o senso comum, que não é nada confiável. Por essa lógica, se você parar para pensar, era para a população carcerária, por exemplo, ser predominantemente ateia, mas não é o que se verifica. E essa talvez seja uma das consequências mais nocivas da falta de ceticismo - não se nutre o hábito de verificar, ir buscar na realidade dados concretos - se confia intuição, na lógica e na razão pura, que são apenas ferramentas auxiliares, para a formulação de ideias.

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Não deixo de reparar em um detalhe: é muito mais fácil, de ambos os lados, encontrar pessoas que, ao invés de buscar A Verdade (e conduzir sua vida de acordo com ela), simplesmente escolhem os "rótulos" que reforcem seus hábitos, vícios e comportamentos. Para exemplificar, já conheci muitos "cristãos" extremamente reacionários que, em sua defesa de atrocidades como pena de morte e ataques aos direitos humanos, contradiziam absolutamente tudo o que diziam crer. Entretanto, dentro de um ponto de vista comportamental, cultural, moral, lhes era conveniente assumir a identidade de "cristão". Me parecia óbvio que, internamente, espiritualmente, não tinham nada de cristão, e suas próprias falas e atitudes não são as de alguém que creia em justiça e amor divinos.

A bíblia, que é o livro sagrado dos cristãos, prega tanto atitudes louváveis quanto atrocidades. Não tem nada de absoluto ali, diferente do que se diz. É possível encontrar bases tanto para a defesa da pena de morte e o ataque aos direitos humanos quanto o oposto. Não é de se estranhar, portanto, esse relativismo cristão. Não poderia ser de outra forma.

Já o ateísmo é naturalmente uma postura questionadora, já que, como não tem um livro sagrado com todas as respostas sobre a vida, o universo e tudo mais, tira o sujeito de sua zona de conforto, obrigando-o a refletir sobre questões que para os religiosos já vem prontas. Com frequência, sobretudo na era digital, com acesso fácil a informação, leva ao ceticismo - que é uma postura confrontadora. Mas é possível encontrar de tudo entre ateus, assim como entre os religiosos.

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Ser cristão de verdade, com coerência entre vontade-pensamento-sentimento-ação, seria muito mais árduo, respeitável e admirável do que fazem parecer. Comparado com isso, o niilismo sim é que soa como uma muleta perfeita para a indulgência da fraqueza humana...

Eu diria que ser cristão de verdade, isto é, seguir ao pé da letra o que prega a bíblia é impossível, já que esta é uma coleção de contradições - o que coloca o sujeito em constante conflito interno, o que por sua vez, alimenta a culpa e o medo - que é a base do cristianismo. 
« Última modificação: 09 de Fevereiro de 2018, 18:54:13 por AlienígenA »

Offline AlienígenA

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Re:Chamar a crença dos outros de "muleta"
« Resposta #22 Online: 09 de Fevereiro de 2018, 18:51:31 »
Não se pode generalizar. Uns precisam da muleta, outros não.
Como alguém me disse, depois de debater sobre o meu ateísmo: "Concordo com o que você disse, mas não estou pronto para abandonar minha fé".

Da mesma forma, um ateu diria para Gautama:

"Concordo com o que você disse, mas não estou pronto para abandonar meu comodismo, meu conformismo, meu orgulho, meus vícios, minha arrogância, minha prepotência, meu pseudointelectualismo...."

Há muletas e muletas...

Eu diria para Gautama: Ah, tá!  :hihi:

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Re:Chamar a crença dos outros de "muleta"
« Resposta #23 Online: 09 de Fevereiro de 2018, 18:55:05 »
Entretanto penso que, por outro lado, uma postura niilista, de que não há absolutamente moral/razão/sentido para as coisas, pode servir de justificativa para um comportamento irresponsável, inconsequente, descompromissado com a virtude e com ideais mais nobres.
Não há maior incidência desse tipo de comportamento por você descrito nas sociedades com maiores índices de ateísmo. Isso é apenas o que diz o senso comum, que não é nada confiável. Por essa lógica, se você parar para pensar, era para a população carcerária, por exemplo, ser predominantemente ateia, mas não é o que se verifica. E essa talvez seja uma das consequências mais nocivas da falta de ceticismo - não se nutre o hábito de verificar, ir buscar na realidade dados concretos - se confia intuição, na lógica e na razão pura, que são apenas ferramentas auxiliares, para a formulação de ideias.
Eu não disse ateísmo, disse niilismo. Você projetou o senso comum em minha fala e argumentou contra suas próprias projeções. Atacando sua imaginação, concordo com você quanto às consequências nocivas da falta de ceticismo. Deixei claro que estava me referindo aos que não acreditam em moral e razão. Alguém pode desacreditar em divindades e acreditar em Moral, como Sidarta, ou desacreditar em divindades e acreditar em Razão, como Aurélio. Muitos filósofos e cientistas ateus foram pessoas firmemente comprometidas com um senso maior de Moral e Razão.
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e que as rosas floresçam em vossa cruz!

Offline criso

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Re:Chamar a crença dos outros de "muleta"
« Resposta #24 Online: 09 de Fevereiro de 2018, 18:56:49 »
Aliás, hoje em dia, existem aos montes, principalmente entre os pós-modernos e nas universidades, pessoas que são ateias não por uma via racional ou moral, mas por simplesmente negarem tudo e justificarem sua degeneração e vícios dizendo que não há verdade, que tudo é relativo, que nada tem sentido etc.
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