Retomando a discussão da intervenção, o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, anunciou que pretende solicitar 1 bilhão para as forças de intervenção. 1 bilhão de 3,2 bilhões que são previstos, ainda há um buraco de mais de 2 bilhões que não se sabe como fechar. ( Fonte Globo News )
Este 1 bilhão deverá vir sob a forma de empréstimo, com os royalties do petróleo como garantia, segundo o que está sendo veiculado pela mídia. Mas ainda há uma série de problemas processuais, constitucionais, e uma possível resistência de outros estados, porque implicaria em mexer no orçamento da União. Meirelles já adiantou que será necessário aumento de tributação para gerar parte destes recursos (reoneração).
https://g1.globo.com/economia/noticia/governo-deve-usar-recursos-da-reoneracao-da-folha-para-custear-intervencao-no-rio-confirma-meirelles.ghtmlSe o dinheiro não sair ninguém sabe como fica, mas se sair vai integralmente para as forças armadas. O RJ nem põe a mão, não pode ser usado nem na segurança, nem para pagar salários atrasados da polícia.
A intervenção não sai de graça para o RJ e não sai de graça para o país. Se o governo bancar, em 2018 outros estados serão prejudicados e a economia é prejudicada com a reoneração. Ainda aumenta a dívida e compromete a capacidade de investimento do RJ, talvez nos próximos anos. Sendo que há projetos importantíssimos paralisados pela crise, como o Comperj, que seriam chave para a recuperação econômica do estado e até do país. O RJ é o segundo estado que mais redistribui recursos para outros estados, através de tributos. Perde só para SP. O Rio reverte para estados recebedores quase o valor revertido por todos os outros estados pagadores juntos, tirando SP. De forma que o prolongamento da crise no RJ não afeta só este estado, mas empobrece também outros, atingindo mais alguns do norte e nordeste.
http://rothbardbrasil.com/o-seu-estado-e-um-pagador-ou-um-recebedor-de-impostos-federais-dados-atuais/(Observando que estados pagadores não são só do Sul e Sudeste. Am, Pe, Goiás, Mt, Mato Grosso do Sul são pagadores.)
Eu rogo para que percebam que destes 3,2 bilhões nem um centavo é investimento. Nem mesmo na Segurança, já que não vai ser usado para aparelhar a Polícia. É apenas para cobrir os custos operacionais do exército, logo é indiscutível que se estas operações não produzirem resultados nem durante e nem depois, este terá sido um dinheiro integralmente jogado no lixo.
Porque custo não é a mesma coisa que investimento. Investimento pode se pagar lá na frente e ainda gerando mais recursos, mas custo é apenas gasto.
Bobocas que se posicionam sobre qualquer questão condicionados por abstrações como "direita" ou "esquerda", não conseguem enxergar que aí está um problema técnico, prático, cuja viabilidade, custo e benefício, pode e deve ser avaliada da mesma forma que uma equipe de engenharia avalia a construção de uma ponte, ou os executivos de uma rede de varejo avaliam os riscos de se abrir uma nova filial.
Já se passou mais de um mês desde a chegada do exército. Neste sábado o trânsito em uma área na zona sul ficou paralisado por cerca de 40 minutos por conta de intenso tiroteio na Rocinha, e só nas últimas 24 horas foram registrados 29 tiroteios na região metropolitana, com 20 atingidos e 11 mortos. Hoje de manhã tiroteio na avenida mais movimentada do centro feriu 2 transeuntes e provocou a morte de um senhor aposentado.
Eu mais do que ninguém quero estar errado e espero que as coisas melhorem. Mas essa expectativa não tem muita base racional, porque já há considerável experiência acumulada sobre intervenções militares na segurança do RJ, que usadas como referência não recomendariam uma nova aventura. Está se brincando de fazer politicagem com coisa séria, e a demagogia só se perpetua como instrumento político, para prejuízo de todos, porque sempre tem gente se deixando enganar. Não importa quantas vezes já tenham sido enganadas antes.
Não me surpreenderia que, se tudo continuar dando errado como está dando, como não funcionou em 94 e 95, como foi um fiasco os 14 meses de ocupação do exército na Maré, como fracassaram todas as UPPs que focaram só na repressão, se daqui a uns 5 anos algum inconsequente lá em Brasília anunciar nova intervenção, os mesmos que aplaudem agora vão aplaudir de novo. E repetindo os mesmos argumentos!
Só me resta torcer para que, desta vez, algum milagre aconteça e eu queime a minha língua.